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sábado, 8 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10350: Historiografia da presença portuguesa em África (44): Construção da ponte-cais do porto de Bissau, em betão armado, pela empresa Moreira de Sá & Malevez (1910-1913) (Luís Calafate, bisneto de Moreira Sá)







Guiné > Bissau > Antiga ponte cais do porto de Bissau,em madeira. Fotos c. 1910, "édition Philipe Garès". Em 1910-1913 irá ser construída uma ponte cais em betão armado... a cargo da empresa portuguesa Moreira Sá & Malevez... O nosso leitor Luís Calafate é bisneto de Moreira Sá, a quem se deve, associado a Malevez, a construção das primeiras pontes em betão armado em Portugal, nos finais da monarquia e início da República.... (L.G.)

 Fotos do álbum Cartes postales de jadis, do sítio Guinnée-Bissau.net (com  a devida vénia...)



Imagem nº 1: Engenheiros construtores Moreira de Sá & Malevez, agentes gerais do sistema de betão armado Hennebique, e a quem foi concessionada a construção da ponte cais do porto de Bissau, em 1910-1913.


Documento gentilmente cedido por Luís Calafate (2012)


1. Mensagem do nosso leitor Luís Calafate, professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto:

Data: 3 de Setembro de 2012 21:39

Assunto: Porto de Bissau: ponte cais

Estimado colega Luís Graça,

Enviei este email à Administração dos Portos de Bissau porque descobri uma imagem histórica do Porto de Bissau na página web.

Saudações,
Luís Calafate
http://www.facebook.com/luis.calafate.3

2. De Luís Calafate para a Administração do Porto de Bissau:

To: abgl_5@yahoo.com.br

Subject: Porto de Bissau: ponte cais

Date: Sat, 1 Sep 2012 09:35:34 +0100


Exmo. Senhor

Eng.º Anselmo Gomes Lopes

Gabinete de Estudos e Planeamento,


1- Venho informar que, na base de dados francesa Archiwebture encontrei um registo relativo à Ponte-Cais do Porto de Bissau, datado de 1910-1913:

1.1. Concessionnaire Hennebique: Bernardo J. Moreira de Sa et Malevez;

1.2. Ingénieur: Raoul Mesnier de Ponsard.


2 - Após consulta da página web da "Administração dos Portos da Guiné-Bissau", encontrei no 'Historial do porto de Bissau' uma imagem histórica do Porto de Bissau. Consequentemente, venho solicitar mais informação (escrita e imagens), eventualmente disponível, sobre a Ponte-Cais de Bissau.

3 - Em anexo, envio uma Vista do Porto e Ponte Cais de Bissau, datada de 1907.

4 - Aproveito para informar que os engenheiros-construtores Moreira de Sá & Malevez eram agentes gerais do Sistema Hennebique em Portugal. [Imagem nº 1].(*)

Com os melhores cumprimentos,

Luís Calafate
lcalafat@fc.up.pt

Faculdade de Ciências - Universidade do Porto
Porto - Portugal
http://www.facebook.com/luis.calafate.3
____________

Nota do editor:

Último poste da série > 22 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10179: Historiografia da presença portuguesa em África (42): Missão zoológica na Guiné, 1944/46, chefiada pelo naturalista Fernando Frade (1898-1983) (Parte II)


(*) Não podemos reproduzir aqui, por se tratar de material sujeito aos direitos de propriedade intelectual, o registo de arquivo que nos mandou o Luís Calafate: trata-se do projeto de construção, em betão armado, da ponte cais do Porto de Bissau, a cargo da empresa Moreira de Sá & Malevez, concessionária da Hennebique. 


Recorde-se que François Hennebique, (1841-1921), pedreiro e depois chefe de estaleiro [, não era engenheiro diplomado!], francês, foi o inventor do cimento armado, e o primeiro a usá-la na construção civil: o seu sistema foi patenteado e o inventor criou uma rede internacional de concessionários do seu sistema. Em Portugal era representado pela empresa Moreira Sá & Malevez.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7423: Agenda Cultural (94): A exposição A Marinha na República, Museu da Marinha, em Lisboa, Belém, até ao dia 5 de Janeiro de 2011 (Luís Graça)


Exposição A Marinha na República... Museu da Marinha, Lisboa, de 1 de Outubro de 2010 até 5 de Janeiro de 2011, das 10:00 às 17:00 horas.
 

A exposição, organizada no âmbito das Comemorações do 1.º Centenário da Implantação da República, está dividida em dois núcleos: (i)  o papel dos Marinheiros e Navios no desenrolar dos acontecimentos do 5 de Outubro de 1910; (ii) o papel da Marinha na Implantação da República e das unidades navais na primeira década do século XX.


Num primeiro núcleo evoca-se a participação dos Marinheiros, abordada de forma sequencial, desde os dias que precederam o Cinco de Outubro, sendo localizado no Arsenal da Marinha, que confinava com a Praça do Município, o Terreiro do Paço e o rio Tejo. O segundo núcleo  respeita aos Navios que a Marinha possuía em 1910 e em especial aos que estavam ancorados no estuário do Tejo na altura dos acontecimentos.


Este poste resulta de uma pequena reportagem feita a pensar sobretudo nos camarigos que, vivendo fora de Lisboa, não irão ter oportunidade de ver esta exposição de grande interesse cultural e historiográfico... Afinal, trata-se da nossa história e da nossa marinha... É também uma pequena homenagem aos nossos camaradas da Marinha que passaram pelo TO da Guiné, entre 1961 e 1974, bem como a todos os meus parentes, os Maçaricos de Ribamar, Lourinhã, que ao longo de séculos viveram (e ainda vivem) no mar, junto ao mar, com o mar, do mar,  para o mar e por causa do mar, servindo nomeadamente a nossa Marinha... (Um exemplo extraordinário de gente de gente corajosa e abnegada que não se deixa facilmente encantar pelas sereias de terra...). (LG)



O papel da Marinha foi determinante no triunfo da República em 5 de Outubro de 1910... O desenvolvimento da nossa moderna Marinha de Guerra está, por sua vez,  associado à reacção do País ao Ultimato Inglês, em 1890, e à expansão colonial...


Legenda > 1- Rotunda; 2- Quartel de marinheiros (em Alcântara); 3 - Baixa.... No estuário do Tejo, estavam ancorados três cruzadores (D. Carlos I, S. Rafael e Adamastor) e um navio de transporte (Pêro de Alenquer)...




A adesão de oficiais, sargentos e marinheiros aos ideais republicanos é explicada, na exposição, por factores de natureza sociológica: (i) duas importantes unidades da Marinha, em terra - o Arsenal da Marinha e o aquartelamento de marinheiros em Alcântara - situavam-se em zonas de habitação popular onde era maior a implantação do Partido Republicano; (ii) a longa permanência, no estuário do Tejo, de navios da Marinha, ou em fase de construção no Arsenal... Um desses navios, o cruzador Adamastor, tinha sido construído graças a uma subscrição pública nacional... 


Foto acima:  Os cruzadores da Marinha salvando a terra, aquando da proclamação da República. Imagem de Illustração Portugueza, nº 243, de 17 de Outubro de 1910.

As canhoneiras Zagaia e Lúrio navegavam, em 5 de Outubro de 1910, pelas águas de Cabo Verde e Guiné...



A esquadra de guerra portuguesa, em 1910, defendia a soberania do país nos diferentes territórios ultramarinos, desde a África à Ásia... Portugal dispunha de um couraçado (Vasco da Gama) e de cinco cruzadores (D. Carlos I, S. Gabriel, S. Rafael, Adamastor e Rainha D. Amélia)...


A canhoneira Pátria, óleo sobre tela, da autoria de Jorge Estrada (1906) (Museu da Marinha)... Construído no Arsenal da Marinha em Lisboa com fundos recolhidos por portugueses do Brasil, no âmbito de um Subscrição Patriótica... Entrou serviço da Armada em 1903...




O famoso Mapa Cor de Rosa (1886) cuja contestação, pela Inglaterra, levaria ao humilhante Ultimatum, de 1890... O  ultimato do governo britânico, então chefiado pelo primeiro ministro Lord Salisbury,  foi entregue a 11 de Janeiro de 1890 na forma de um Memorando que exigia a retirada das forças militares portuguesas, chefiadas pelo major Serpa Pinto,  do território compreendido entre as colónias de Moçambique e Angola (actuais Zimbabwé e Zâmbia).  Essa vasta região, de Angola à contra-costa, era reivindicada como direito histórico por Portugal. O  famoso Mapa cor-de-rosa terá nascido justamente da Conferência de Berlim (1884/85), na altura em que as grandes potências europeias (Inglaterra, Alemanha e França) disputam entre si a partilha de África...


Cartoon do grande Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905)... A claudicação de Portugal face às exigências britânicas será vista como uma suprema humilhação nacional pelos republicanos portugueses, que crucificaram o governo e o rei D. Carlos I. António de Serpa Pimentel será então nomeado primeiro-ministro, na sequência da queda do governo. Estes acontecimentos estão também na origem da criação de A Portuguesa, o nosso futuro hino nacional.


Sob a liderança do Ministro da Marinha, o açoriano Jacinto Cândido da Silva (1857-1926), e com a lei de 21 de Maio de 1896, Portugal iniciou um programa de modernização da sua esquadra de guerra, substituindo por modernos cruzadores as velhas e obsoletas corvetas mistas (compare-se a esquadra de 1880 com a de 19910). Foram construídos cruzadores no estrangeiro, em Inglaterra (D. Carlos) e em França (S. Gabriel e S. Rafael), mas também no Arsenal de Lisboa (Rainha D. Amélia)... Mas o primeiro cruzador a ser construído, em Itália, será o cruzador Adamastor, fruto da Grande Subscrição Nacional, uma campanha patriótica de recolha de fundos que mobilizou o país, na sequência da humilhação que foi o Ultimato inglês e da nossa incapacidade de resposta, política, diplomática e militar...




A canhoneira Chaimite, no Rio Tejo, em 3 de Outubro de 1898 (Foto do arquivo fotográfico do Museu da Marinha). Foi, além ao cruzador Adamastor, a outra unidade naval adquirida com os fundos resultantes da Grande Subscrição Nacional... Foi, além disso,  a primeira unidade naval a ser construída em aço, no nosso país, no estaleiros da Parry & Son, em Lisboa... Lançada à água em 1898, será abatida em 1920, aos efectivos da Armada, depois de intensa actividade operacional.




Ainda com os dinheiros da Grande Subscrição Nacional (, iniciada em Lisboa, no Teatro da Trindade, em 23 de Janeiro de 1890, doze dias depois do Ultimato), foram construídos duas lanchas-canhoneiras, a Pero d'Anaia e Diogo Cão, em aço, nos estaleiros da Parry & Son. Foram navios como este que participaram nas campanhas de pacificação em África, nos últimos anos da Monarquia e depois durante a República... Ambos os navios foram lançados à água em 1895... Na foto acima, a Diogo Cão "num dos rios africanos por onde navegou entre 1895 e 1910" (Imagem do arquivo fotográfico do Museu da Marinha).



O cruzador Adamastor... Entrou ao serviço da Marinha em 1897 e foi abatido ao efectivo em 1932.  A revolução industrial e os progressos tecnológicos no domínio da metalurgia permitiram substituir a vela e a madeira pelo aço e pela energia a vapor, bem, como equipar os novos navios com peças de artilharia mais potentes, sofisticadas e seguras. Houve igualmente uma revolução a nível do armamento e das transmissões: por exemplo, o cruzador D. Carlos foi a primeira unidade da nossa Armada a dispor de telegrafia sem fios (TSF).

Marinheiros do cruzador Adamastor, em exercício de manobras, em 1905. Na madrugada de 4 de Outubro de 1910, a guarnição tomou conta do navio e,  sob as ordens do 2º tenente Mendes Cabeçadas (1883-1965), foram disparados três tiros de artilharia, sinal de código, para as forças em terra, significando que os navios no Tejo estavam sob controlo dos revoltosos... (Pormenor de fotografia do arquivo fotográfico do Museu da Marinha).



Machado Santos (1875-1921), o "herói da Rotunda", tinha o posto de 2º tenente... Morrerá assassinado,  na noite de 19 de Outubro de 1921...





O resto da exposição é para se ver,com tempo e vagar, no Museu da Marinha, até ao próximo dia 5 de Janeiro de 2011. Sobre as comemorações do I Centenário da República, e as iniciativas culturais que se realizaram ao longo de 2010, vd. o sítio oficial da respectiva comissão.


Reportagem fotográfica: Luís Graça (2010) (com a devida vénia ao Museu da Marinha...)
___________


Nota de L.G.:


Último poste da série > 3 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7376: Agenda Cultural (93): A Sociedade Filarmónica de Crestuma (José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Esp, CART 1689, 1967/69)