sábado, 27 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18261: O cancioneiro da nossa guerra (4): "o tango dos periquitos" ou o hino da revolta da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) (Silvino Oliveira / José Colaço)


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > 1964 >Abrigo "Cova do Comando" da CCAÇ 557 no Cachil. Alguém chamou a esta subunidade, que também participou na Op Tridente (jan/mar 1964), "a esquálida e esgroviada Companhia de Caçadores 557". Por detrás desta foto estão cinquenta e cinco dias a ração de combate, cerca sessenta dias sem mudar de roupa nem tomar banho, e com água racionada para beber

Legenda: a começar da esquerda para a direita o 1.º Cabo Enfermeiro Leiria; 1.º Cabo Radiotelegrafista Joaquim Robalo Dias; Dr. Rogério Leitão, que já partiu; atrás o 1.º Cabo Enfermeiro António Salvador, e por último, de quico, a sair do buraco, eu, Soldado de Transmissões José Colaço. mAs barbas com cerca de 90 dias. Os cabelos já tinham levado um corte para melhor se aguentar o calor. Aquela "divisória" entre o 1.º Cabo Dias e dr. Rogério, é uma cobra que durante a noite se lembrou de nos assaltar o abrigo e que só de manhã com a luz do dia foi detectada a um canto da cova. Foi condenada à morte pela catana de um milícia.

Foto (e legenda): © José Colaço (2015). Todos os direitos reservados. [Edição elegendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem do  José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), fidelíssimo membro da nossa Tabanca Grande desde junho de 2008:


Data: 30 de dezembro de 2017 às 00:19
Assunto: Contribuição da CCaç 557 para o cancioneiro da Guiné

Caro Luís,  com ou sem razão todos nós sentimos por vezes discriminados e, no que toca às companhias ditas independentes [, caso da CCAÇ 557], eram um pouco os filhos do "vento".

E foi nesta base que o ex-1º cabo condutor rádio telegrafista Silvino Oliveira fez estes versos que eram cantados com adaptação da música "O amor do estudante".Para  mostrar a nossa insatisfação como eramos tratados a nível de comando das Companhias. a que estivemos adidos.

Para demonstrar a nossa  "revolta",  foi-se solidificando a ideia que no dia da despedida organizássemos uma marcha pelas ruas de Bafatá a cantar a nossa canção de despedida.

Mas com tudo isto quando se deu conhecimento ao capitão ele disse por outras palavras mais ou menos isto: "Não façam isso,  uma coisa é o que vocês cantam e dizem entre muros,  outra é a praça pública"... E  ficou sem efeito o acto de "provocação".

Mas mesmo que o nosso programa se mantivesse, ele ficaria sempre sem efeito porque a nossa saída de Bafatá foi bastante  atribulada: quando faltavam três dias para sairmos, o que nós considerávamos a peluda, já depois de termos entregue todo o material de guerra inclusive o fato camuflado, recebemos ordem  para levantar todo o material de guerra para ir para a última operação de dois dias... 

O regresso foi tudo à pressa, entregar novamente o material de guerra e tomar as camionetes Mercedes para Bambadinca e o barco, a Bor, estava já ancorado no cais para nos transportar até Bissau onde o paquete Niassa nos esperava, ancorado ao largo do cais de Pidjiguiti. por este motivo as despedidas pessoais de Bafatá e Bissau ficaram adiadas "sine dia".

Ao nosso administrador e editores se este hino de "revolta" em alguma parte fere os princípios do blogue estão à vontade para não publicar.

Um abraço, José Colaço.
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O Tango dos periquitos

[Com música de "Amores de estudante"]

I

Oficiais e soldados
Estão a ser embarcados
Por motivos esquisitos,
Não respeitam a velhice,
Estes montes de imundice
Que se chamam periquitos.
De avião fazem a guerra,
Mas quem anda por terra
No perigo se meterá,
Mais um louvor que surge
Para quem anda na 'babuge'
Dos velhinhos de Bafatá.

Coro

Queremos que chegue a bola,
Para corrermos Bafatá de cartola,
Para mostrar aos amigos periquitos
Que vamos embora
E ficam os periquitos.



II

Nas bolanhas traiçoeiras,
No capim e nas palmeiras,
O perigo nos espreita,
Com o tempo terminado
É triste ser mandado
Por semelhante seita,
Periquitos manhosos.
Como são vaidosos,
Quando abrem os bicos,
Necessito desabafar,
Por isso vou cantar
O tango dos periquitos.

III

Já estamos habituados
A ser enganados
Na nossa comissão,
Mas nunca previa
Que ainda surgia
Mais outro aldrabão,
Mas que grande periquito
Que em tudo se mete
Mas podes correr e saltar
Que nunca chegas aos calcanhares da 557.

Hino de "revolta",
 autor Silvino Oliveira,
ex-1º cabo condutor rádio telegrafista CCaç 557


Texto: © Silvino Oliveira (2017). Todos os direitos reservados. [ Edição / revisão / fixação de texto: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor:

Último poste da série >  27 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18259: O cancioneiro da nossa guerra (3): mais quatro letras, ao gosto popular alentejano, do Edmundo Santos, ex-fur mil, CART 2519, Os Morcegos de Mampatá (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71)

Guiné 61/74 - P18260: Os nossos seres, saberes e lazeres (250): À sombra de um vulcão adormecido (5) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 7 de Novembro de 2017:

Queridos amigos,
Havia um sentimento profundo subjacente a esta jornada açoriana, era uma autêntica peregrinação de saudade, sem detrimento do que sempre deslumbra cada vez que aqui se arriba. Um amigo franqueara as portas de sua casa em pleno Vale das Furnas, não havia que hesitar um local de encantamento, havia mesmo necessidade de passeios pedestres e de horas de recolhimento em leitura frutuosa. 
Em termos de saldo, só notas positivas, dentro da afabilidade até se voltou a visitar as estufas de ananás, cobertas de vidro caiado, com os seus alboios para regular a temperatura, de alguém a explicar as etapas sucessivas daquela morosa cultura, pois o ciclo completo dura 18 meses. 
E, como num passo de mágica, minutos depois fomos depositados no aeroporto. 
Adeus, até ao meu regresso. 

Um abraço do 
Mário


À sombra de um vulcão adormecido (5)

Beja Santos

O viandante tomou um autocarro (a “urbana”) e veio a Ponta Delgada, há amigos a visitar, sítios a rememorar, cabem dentro do termo da saudade. Esta fachada situa-se na Rua do Frias n.º 101, aqui viveu o último dos poetas do Orpheu, Armando Cortes Rodrigues, é hoje a sede do Instituto Cultural de Ponta Delgada. Aí para Fevereiro de 1968, o poeta convidou o viandante para jantar, recebeu-o numa indumentária excêntrica, volumoso, encantador, dotado de um vozeirão de sílabas soltas, canalizou a conversa para usos e costumes micaelenses, o poeta seguramente passará à história como grande etnógrafo, sem hesitações. À saída ofereceu dois livros, um deles impressionou muito o viandante, era a correspondência dele com Fernando Pessoa, foi através da leitura destas cartas que ficou a saber que o autor de "Mensagem" vivia permanentemente em apuros financeiros. Impossível deixar no limbo tal jantar e tal serão.



Era necessário vir fazer uma consulta no Arquivo e Biblioteca de Ponta Delgada, casa de grande conforto e com funcionários altamente prestáveis. Finda a leitura, preferiu-se a escada ao elevador, deparou-se esse painel de azulejos e, sabe-se lá porquê, lembrou-se o viandante do mar dos Açores.


Em frente à Biblioteca e ao Arquivo há um aprimorado jardim, tem no centro um monumento alegórico a Antero de Quental, o que naquele caso importava era visitar o jardim antes que desabasse uma carga de água. Atraído por tanta pétala no chão, desconhecedor do nome da árvore, perguntou ao jardineiro. “Senhor, é uma macaqueira”. Já procurou no dicionário, nada aparece para o esclarecer. O assunto também não tem importância, os dicionários também não trazem a palavra bagacina, o que é de todo incompreensível, bagacina é o que não falta por todo o solo açoriano. Saúde-se a macaqueira por nos oferecer este tapete digno de uma importante procissão.


O casco histórico de Ponta Delgada tem destas surpresas, aqui estacionou muita fidalguia, antiga do tempo dos povoadores e de extração mais recente, como o liberalismo. Diante destas armas, deu o viandante a meditar na fidalguia de caráter, a de grandes princípios, e pronto lhe veio à mente um nobre fidalgo republicano, Manuel Arriaga cujo civismo devia ser ministrado nos bancos da escola, o exemplo modelar de quem servia e não se servia, insensível às tentações do uso indigno do poder.


As últimas recordações vão para os Arrifes, sede do BII 18, sigla para o Batalhão Independente de Infantaria n.º 18, foi aqui que o viandante aterrou e deu duas recrutas, foi gerente de messe até ser despedido por ser sovina e estar indisponível para cavalarias altas, quem não tem dinheiro não tem vícios, se em Mafra descobrira que podia puxar pelo corpo e estava preparado para as futuras grandes canseiras, aqui descobriu, quase atónito, que saber liderar é um misto de ciência e dom e da prática de cuidar. Por isso sorria feliz, dava e recebia confiança, imbuído de respeito e aprendiz curioso destes padrões culturais que os recrutas transmitiam. Olhando estas fotografias, o que daria o viandante para abraçar estes homens, cinquenta anos depois.


Sabe-se lá por que escrutínio um dia foi chamado ao comandante e dada a ordem de preparar o discurso do juramento de bandeira, a parada repleta, os ilustríssimos convidados abancados na tribuna, os familiares em redor, era preciso dizer coisas como dever, amor à Pátria, e algo mais. Foi o que se tentou fazer, sem quaisquer cedências ao jargão propagandístico. De acordo com a opinião alheia, tudo correu bem e sem subserviência.


Os Arrifes eram uma freguesia populosa e com pobreza indisfarçável. Logo da primeira vez que esteve de oficial de dia, o cabo rancheiro perguntou se podia distribuir a sobra das batatas. O aspirante a oficial miliciano pediu explicações: “Estão lá fora as crianças que aqui vêm a esta hora, levam batata, ou massa, às vezes couves, são sobras e agora não temos aqui no quartel nem porcos nem galinhas”. Foi ver as crianças e tocou-lhe a sua candura e o olhar famélico. Mandou abrir latas de atum, distribuir pão e peças de fruta, conduta que lhe podia ter custado caro. A criançada saiu dali mais aconchegada, e ao fim do dia de instrução, prestes a regressar a Ponta Delgada, era sacramental perguntarem-lhe se amanhã não estaria de oficial de dia…



Última recruta, última fotografia de conjunto, a partir de agora o destino é incerto para todos nós, com este corpinho fomos todos parar à guerra. Prometemos um dia voltar à fala, o que não aconteceu. A importância, para o viandante, é olhar com ternura esta fotografia e o que ela encerra. E ponto final. E aqui acaba a viagem, mostra-se um bilhete-postal dos arrifes daquele tempo, o viandante mandou à sua mãe, fala de alegria, de boa saúde e de muito entusiasmo. Alegria e entusiasmo que tanto o ajudaram ao longo da vida.
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18232: Os nossos seres, saberes e lazeres (249): À sombra de um vulcão adormecido (4) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18259: O cancioneiro da nossa guerra (3): mais quatro letras, ao gosto popular alentejano, do Edmundo Santos, ex-fur mil, CART 2519, Os Morcegos de Mampatá (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71)

CART 2519, Os Morcegos de Mampatá (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71) > A bordo do T/T Uíge que levou o pessoal até Bissau, em maio de 1969: os fur mil  Edmundo Santos, à esquerda, e o Mário Pinto, à direita. Foto do álbum do Mário Pinto, reproduzido aqui com a devida vénia.


Foto: © Mário Pinto (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].




A comissão na Guiné


A comissão na Guiné,
tão custosa e dolorida,
nunca nos faltou a fé
de regressarmos com vida.


Graças à nossa unidade,
transpondo qualquer maré,
não se esquece, na verdade,
a comissão na Guiné.

Deixar a vida civil
foi difícil à partida
entrar numa guerra hostil,
tão custosa e dolorida.

Ter firmeza no andar,
saber onde pôr o pé,
pensar em poder voltar,
nunca nos faltou a fé.

Lutar no mato foi duro,
não havia outra saída,
senão pensar no futuro,
de regressarmos com vida.


Saídos de Bissau, com rumo ao sul


Saídos de Bissau, com rumo ao sul,
embarcámos numa lancha da marinha,
sulcámos águas calmas, céu azul
e chegámos a Buba já noitinha.

Assentou-se arraial nesse quartel
e algum tempo tivemos de ficar,
foi-nos dada a missão e o papel
de fazer segurança e patrulhar.

Depois de Buba, a nossa companhia
foi destacada para ir p´ra Mampatá,
a coluna militar onde seguia,
sofreu vários ataques até lá.

Nesse local estivemos vinte meses
até findar a nossa comissão,
lutámos e sofremos muitas vezes
em nome de um país, de uma nação.

O regresso a Lisboa já não tarda,
deixámos a Guiné, missão cumprida,
é a esperança no futuro que se aguarda
e que nos faz voltar de novo á vida.


Quem me dera que esta guerra

Quem me dera que esta guerra,
Por que estamos a passar,
Pois todo o mal que ela encerra,
Faz-nos sofrer e pensar.
Quem me dera que esta guerra
Pudesse um dia acabar.

Quem me dera não ser alvo
Do perigo que nos espreita,
Procuro estar são e salvo
E de saúde perfeita.
Quem me dera não ser alvo
De apanhar qualquer maleita.

Quem me dera regressar
na posse dos meus sentidos
e o futuro desenhar
em vários tons coloridos.
Quem me dera regressar
p´ra abraçar os entes queridos.
Quem me dera que acabasse
o regime em Portugal
e um governo se instalasse
de salvação nacional.
Quem me dera que acabasse
a guerra colonial.

Quando saímos p'ro mato


Quando saímos p´ro mato,
Há uma tristeza,
É sempre um momento ingrato
E de incerteza,
O perigo espreita
E a malta suspeita
Que haja emboscada.
Devemos estar atentos,
Ver os movimentos
Em toda a picada.

É em Mampatá
que fica o quartel,
dá-nos confiança,
também segurança
e um certo bem estar.

A malta dirá
de modo fiel
que não te esquecemos,
decerto teremos
algo a recordar.

Toda a nossa companhia
foi destemida,
não nos faltou valentia,
logo á partida
não mostrar receio

Talvez fosse o meio,
eficaz e forte,
e reconhecer
p´ra sobreviver
foi preciso sorte



Texto: © Edmundo Santos (2017). Todos os direitos reservados. [ Edição / revisão / fixação de texto: .Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Mário [Gaulter Rodrigues] Pinto:

Data: 18 de novembro de 2017 às 13:45
Assunto: Novos versos alusivos à nossa comissão na Guiné

Caro Luis:

Recebi este e-mail do meu camarada e amigo Edmundo, com  uns versos recentes que fez,  como explica. Uma vez que fala de um telefonema que com ele tiveste, e não sabendo se os mesmos te foram enviados,  aqui os envio com a aprovação do Edmundo.

Um abraço

Mário Pinto
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Mensagem do Edemundo Santos, [novembro de 2017]

Amigo Mário Pinto;

Votos sinceros de melhorias na tua saúde e na da tua esposa. Felizmente eu e a minha mulher cá vamos andando bem.

Estou a escrever-te e a enviar-te uns versos que fiz, antes do almoço que eu e o José Ramos organizámos em Benavente. Um deles foi cantado depois do almoço, para além daqueles dois que tu já fizeste o favor de publicar no Blogue dos Morcegos de Mampatá ( "Fado da Metralha" e " Estou farto deles tirem-me daqui" ).

Há um indivíduo que me telefonou na semana passada, que é o [Luís] Graça,  e me perguntou se eu tinha versos para publicar e eu disse-lhe que tinha feito estes, que te estou a enviar, por ocasião do último almoço em Benavente.

São letras simples que eu adaptei a algumas músicas de fado. Vão em primeira mão e espero que sejam do teu agrado.

Um abraço do Edmundo


2. Nota do editor LG:

Mais um contributo para "o cancioneiro da nossa guerra"...  Já aqui falámos do Edmundo Santos, fur mil da CART 2519, "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosda e Mampatá, 1969/71) (*).  Estive, em novembro último, à fala com ele, através do telemóvel.  Mandou-me, por intermédio  do seu amigo e camarada Mário Pinto, mais uns versos, ao gosto popular alentejano, que ficam bem no "cancioneiro de Mampatá".  Os versos não traziam título. O Edmundo e o Mário têm sido alguns dos dinamizadores dos convívios anuais do pessoal da CART 2519, também conhecidos por "Os Coirões de Mampatá".

Reforço aqui o meu convite para o Edmundo passar a integrar a nossa Tabanca Grande. Lisboeta, reformado, vive em Pedrógão Grande. O nosso obrigado ao Mário Pinto.

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Nota do editor:

(*) Vd. os dois primeirso postes da nova série:

8 de novembro de  2017> Guiné 61/74 - P17944: O cancioneiro da nossa guerra (2): três letras do Edmundo Santos, ex-fur mil, CART 2519, Os Morcegos de Mampatá (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71): (i) Os Morcegos; (ii) Estou farto deles, tirem-me daqui; (iii) Fado da Metralha

30 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17811: O cancioneiro da nossa guerra (1): "Asssim fui tendo fé, pedindo a Deus que me ajude"... 4 dezenas de quadras populares, do açoriano Eduardo Manuel Simas, ex-sold at inf, CCAÇ 4740, Cufar, 1972/74


Guiné 61/74 - P18258: Parabéns a você (1383): Mário Serra de Oliveira, ex-1.º Cabo Escriturário - BA 12 (Guiné, 1967/68)

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Nota do editor

Último poste da série de 26 de Janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18254: Parabéns a você (1382): Fernando Macedo, ex-1.º Cabo Apont Art do 5.º Pel Art (Guiné, 1971/72)

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18257: Memória dos lugares (372): Cachil, na altura da extinção do aquartelamento, em 1 de julho de 1968 (Manuel Cibrão Guimarães, ex-fur mil, CCAÇ 1620, Bissau, Cameconde, Cacine, Sangonhá, Cacoca, Cachil e Bolama, 1966/68)


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Foto nº 1: posto de vigia


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Foto nº 1A: posto de vigia


 Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Foto nº 1B: posto de vigia


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Foto nº 2:  instalações


 Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Foto nº 2A:  instalações


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Foto nº 2B:  instalações... "grafitadas"...


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Foto nº 3:  1 de julho, retração do aquartelamento


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Foto nº 3A:  1 de julho, retração do aquartelamento. O fur mil Manuel Cibrão Guimarães à direita


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Foto nº 3B:  1 de julho, retração do aquartelamento. O fur mil Manuel Cibrão Guimarães à direita


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Foto nº 4:  1 de julho,  partida


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Foto nº 4A:  1 de julho,  partida


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Foto nº 4B:  1 de julho,  partida.


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Foto nº 5:  1 de julho,  partida


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Foto nº 5A:  1 de julho,  partida


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Foto nº 5B:  1 de julho,  partida


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 1620 >  1968 > Em 20 de março de 1968, por troca com a CCAÇ 1621, assumiu a responsabilidade do subsector de Cachil, ficando então integrada no dispositivo e manobra do BART 1913, tendo entretanto, cedido um Grupo de Combate para reforço de forças daquele batalhão em operações, de 22 de março a 27 de abril de 1968.  

Em 1 de julho de 1968, por retirada das forças aquarteladas em Cachil e consequente extinção do subsector, a CCAÇ 1620 recolheu a Bolama, onde permaneceu até ao embarque de regresso, no T/T Uíge. A ordem de retirada (e consequente destruição) do aquartelamento foi dada por Spínola, que esteve no local quinze dias antes. De há muito que o Cachil não oferecia condições para a permanências das NT: por exemplo, não havia água potável; o abastecimento era feito a partir de Catió, através de uma lancha, que vinha num dia, na maré-cheia, e só podia regressar no dia seguinte...

Fotos (e legendas): © Manuel Cibrão Guimarães (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem, de 22 do corrente, do novo membro da
Manuel Cibrão Guimarães:
 vive em Rio Tinto, Gondomar
Tabanca Grande, nº 766, Manuel Cibrão Guimarães, ex-fur mil, da CCAÇ 1620 (Bissau, Cameconde, Cacine, Sangonhá, Cacoca, Cachil e Bolama, 1966/68):

Caros colegas,
Espero que esteja tudo bem convosco.

Conforme vosso pedido, envio em anexo fotos com identificação dos locais [Sangonhá, Cacine e  Cachil] em que foram tiradas.

As fotos no Cachil são do momento da extinção do aquartelamento [, em 1 de julho de 1968, já no tempo de Spínola] (*).

Grato pela postagem de fotos no blog!

Um abraço,

Manuel Cibrão Guimarães

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Notas do editor:

Guiné 61/74 - P18256: Agenda cultural (624): Vamos apoiar a música guineense: Mamadu Baio (e convidados, entre eles João Graça), na 8ª edição do Mundo Mestiço, Lisboa, "Titanic Sur Mer", Cais do Sodré, dia 3 de fevereiro, sábado


Mamadu Baio, foto da época em que era o líder dos "Super Camarimba"... Foto do Facebook do artista.


Mamadu Baio. Foto do Facebook do artista.


Amadora, Alfragide > 21 de janeiro de 2014 > Mamadu Baio em casa do nosso editor, Luís Graça. em dia de anos do João Graça. 

Foto (e legenda): © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís GRaça & Canaradas da Guiné]



Mamadu Baio (em segundo plano, à direita) e amigos (João Graça, à esquerda), em sessão de ensaio, para o espetáculo da 8ª edição do Mundo Mestiço (3 de fevereiro de 2018). Foto: cortesia de Aluísio Neves / Mamadu Baio (2018)




1. O nosso grã-tabanqueiro nº 642,  Mamadu Baio, originário da tabanca de Tabató (, região de Bafatá, Guiné-Bissau), vai atuar no "Titanic Sur Mer", no Cais do Sodré, em Lisboa, no dia 3 de fevereiro... O Mamadu Baio (voz e viola) é um talentoso músico do género afro-jazz e afro-mandinga... Tem, pelo menos,  dois amigos  convidados para essa noite: João Graça (violino) e, se não erro,  Ibo Galissá (kora) (nome a confirmar)...

O nosso bogue apoia os músicos guineenses. E, para mais,  os que integram a nossa Tabanca Grande ("onde todos cabemos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos pode separar") Sábado, dia 3, o nosso editor Luís Graça lá estará no "Titanic Sur Mer" e gostava de lá ver mais amigos e camaradas, fãs da música guineense.

Recorde-se aqui que o João Graça, membro da nossa Tabanca Grande e elemento da banda musical portuguesa Melech Mechaya, conheceu, em finais de 2009, a mítica Tabatô (que é, na Guiné-Bissau, a tabanca que tem mais músicos por metro quadrado) bem como os Super Camarimba, de que o Mamadu Baio faz(ia) parte. O Mamadu é hoje cidadão português, por casamento, e pai de um menino adorável chamado Malick.



Programa da 8ª edição do Mundo Mestiço, cujo nome de cartaz são os Irmãos Makossa: Participação de Yaaba FunK (Gana / UK), Mamadu Baio (Guiné-Bissau), Silvino Branca y  Banda (Cabo Verde), Irmãos Makossa (Angola / Itália) e Guerrilha Soundsystem (Portugal)

Titanic Sur Mer > Cais da Ribeira Nova , Armazém B. Cais do Sodré, Lisboa

Horário: das 23h00 às 6h00

Telefone: 938 833 532

{Sobre o novo espaço Titanic Sur Mer, vd artigo do Público >  Fugas, de 20/2/2016)


2. Notícia transcrita, com a devida vénia, da página do Facebook Mundo Mestiço:

Mundo Mestiço #08 - Irmãos Makossa 10 anos

Mundo Mestiço apresenta “Irmãos Makossa – 10 anos”

A oitava edição do Mundo Mestiço está marcada para dia 3 de Fevereiro, como habitualmente terá lugar no Titanic Sur Mer e início agendado para as 23 horas, e será inteiramente dedicada à celebração dos 10 anos de carreira dos Irmãos Makossa.

Produzido pela Ritmo e Cultura,  o Mundo Mestiço, que celebrou no passado mês o seu primeiro aniversário, é o resultado miscigenado de uma experiência rica em ritmos, batidas e melodias. A celebração de um ideal. O ideal de um mundo livre. A apologia da diversidade e da mistura.

Depois de terem sido cabeças de cartaz da sexta edição, os Irmãos Makossa estão de volta ao evento que desta vez conta também com os apoios da Antena 3, do Largo Residências, do restaurante Pizzeria Mezzogiorno e da Afromats.

Esta dupla ítalo-angolana é referência incontornável na partilha da música africana, no seu todo, mas com particular destaque para a africanidade da década de 70. Os Dj sets dos Irmãos Makossa são a história de uma viagem por África e da foma como o continente influenciou o mundo musical, contada pela música extraída dos vinis que preenchem as suas malas e prateleiras apinhadas de cd’s.

Nesta década os Irmãos Makossa lotaram salas de espetáculo do norte a sul do país, ilhas e estrangeiro. De botecos a festivais, dos concertos na rua a sessões nas maiores rádios e editoras nacionais, onde quer que haja uma oportunidade, lá estão eles a girar discos e celebrar com muita alegria e ritmos quentes, uma das coisas que África tem de melhor, a Música nos estilos Afrobeat, Afrofunk, Soukous, Chimurenga, Rebita, Ethio Jazz e Afro Rock.

Os Irmãos Makossa não estarão sozinhos nesta comemoração. A noite será abrilhantada com as atuações de Yaaba Funk, Mamadu Baio, Silvino Branca e Guerrilha SOUND System.

De Londres, Reino Unido, chegam-nos os Yaaba Funk, um grupo com tendências tão ecléticas que conjuga jazz, funk, e claro, ritmos africanos. O seu segundo álbum “My Vote Dey Count”,  lançado na primavera de 2014,  recebeu muito boas críticas de praticamente toda a imprensa inglesa e foi considerado o melhor algum do mês de Junho pelos utilizadores da World Music Network.

O Guineense Mamadu Baio teve o seu primeiro álbum de originais “Silá Djanhara” apadrinhado por Salif Keita, e desde então tem apresentado o seu trabalho em diversos festivais em Portugal, casas da cultura e encontros de artistas guineenses.

Da Ilha de Santiago em Cabo Verde vem Silvino Branca, uma figura importante do funaná moderno. Os seus dedos conhecem a gaita desde os 7 anos de idade, resultando em música (ainda) mais rápida, com mudanças mais bruscas e um hipnotismo mais óbvio, largando as letras e referências a tempos com pobreza, seca e perseguição, vividos pela geração anterior e assim nasce o Cotxi Pó. Silvino Branca chegou há cerca de três anos a Portugal, Oeiras,  e tem uma banda explosiva com toda a velocidade e poder do funaná mais puro com esta nova visão nascida nos guetos de Cabo Verde.

Guerrilha SOUND System vem espalhar momentos de pura folia através dos seus ritmos afro-tropicais, que integram a vasta bagagem musical da dupla Guilherme Macedo & Walter Martins. Uma mestiça sonoridade com raízes africanas e afro-latinas que promete incendiar as pistas de dança de Lisboa e do resto do mundo com grooves calorosos e contagiantes.

Do Samba ao Semba, do Kuduro ao Funaná, do Funk ao Afrobeat, da Cumbia à Salsa, do Forró ao Merengue, uma viagem musical que não deixa ninguém indiferente.

Embarca dia 3 de fevereiro no Titanic Sur Mer e torna-te parte integrante da tripulação do oitavo cruzeiro ao Mundo Mestiço!

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Nota do editor:

Último poste da série > 23 de dezembro de 2017 >  Guiné 61/74 - P18131: Agenda cultural (623): Dois grandes concertos dos 'Melech Mechaya', a banda musical a que pertence o nosso grã-tabanqueiro João Graça: em Lisboa, no Tivoli, dia 27, 4ª feira; no Porto, Casa da Música, a 29, 6ª feira ( já esgotado este último concerto)

Guiné 61/74 - P18255: Notas de leitura (1035): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (19) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 12 de Outubro de 2017:

Queridos amigos,

Nesta fase do levantamento que estou a fazer à documentação do BNU na Guiné (Bolama e Bissau) fica-me a arreigada convicção de que é impossível fazer um estudo da economia da Guiné desde o início do século XX até à independência sem consultar estes relatórios emitidos de Bolama e Bissau. Por múltiplas razões: o cadastro dos clientes, as empresas e os seus empréstimos, as falências, as mudanças de negócios, o BNU como acionista de diferentes empresas, como a Sociedade Comercial Ultramarina, o conhecimento das atividades de António da Silva Gouveia, etc.

Neste texto junta-se uma primorosa carta do gerente de Bissau ao governador do BNU em Lisboa acerca de um safardana que era o Dr. Pinto. Doravante, será impossível talhar a vestimenta do funcionário colonial inescrupuloso sem trazer este desassombrado documento a público.

Atenção, avizinha-se nova revolta dos Bijagós. Consta na história oficial que foi a última sedição.

Um abraço do
Mário


Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (19)

Beja Santos

Estamos em 1934. A nível internacional, vemos a Guiné representada na Exposição Internacional Colonial de Paris. O BNU da Guiné é perguntado sobre o que se pode oferecer e responde que muito pouco, o mercado é pobre, tal como a arte (julga-se). Seja como for, o jornal “O Comércio da Guiné” não deixará de referir a representação da colónia, ressaltando que se deu uma ideia exata das possibilidades e realizações da Guiné Portuguesa. Havia um stand, nas vitrinas estavam expostos os tipos de mancarra, de milho, café, coco, óleo de palma, copra e borracha, sobretudo.

“Com as referidas amostras a Guiné apresenta o catálogo dos tipos comerciais habitualmente exportados, sendo possível a todos aqueles que se interessarem pelo assunto encontrarem no escritório de informações as estatísticas que poderão definir a exata situação e posição do valor deste rico mercado exportador”.

Em Abril desse ano, o gerente de Bissau responde ao governador do BNU sobre uma queixa apresentada pelo médico José Vitorino Pinto que se queixara por não lhe terem dado uma avença médica:

“Conhecemos razoavelmente o Dr. Pinto; mas, com franqueza o dizemos a V. Exa., não o julgávamos capaz de mentir tanto. O Sr. Dr. Pinto, chefe da repartição de saúde desta colónia, médico e major, mentiu a V. Exa., julgando que, mentindo, lhe seria fácil auferir mais 800 escudos por mês. Todo o mundo sabe que na colónia que o Sr. Dr. Pinto por dinheiro é capaz de ir até ao impossível. Nós, apesar de tudo, não o julgávamos capaz de torcer tanto a verdade, por 800 escudos. Calculávamos, é certo, que o Sr. Dr. Pinto se dirigisse a V. Exa., pedindo que lhe fosse dada a avença médica, invocando fundamentos extraordinários, porque sabemos que ele é capaz; que mesmo se queixasse magoadamente de nós, embora sem dizer a razão porque não demos a avença ainda o compreendíamos; mas que mentisse com tal descaro e por 800 escudos, é que nos deixou surpreendidos, por se tratar de um indivíduo que, além de ser médico e chefe de uma repartiçã,  usa galões de major.

Nunca nesta agência e nas que temos gerido se guardaram lugares a médicos do quadro avençados. Os médicos do quadro estão sujeitos a transferências de conveniências de serviço, e era desprestigiante para o médico substituinte e melindroso para o gerente dizer-lhe que quando o substituído regressasse a avença lhe seria entregue. Era de presumir que ela não fosse aceite nestas condições e o prejudicado seria o banco por ter de pagar mais caro o seu serviço clínico durante a ausência indefinida do privilegiado. Mas, mesmo que assim não fosse, o Sr. Dr. Pinto embarcou para a metrópole, pela Junta, como gravemente doente, sem o estar – todos o sabem –, com o propósito firme de não voltar à colónia, e encaixar-se no lugar de chefe de serviços de saúde do Ministério das Colónias, ficando ali anichado à espera do tempo que lhe falta para a reforma.

Chegou a Lisboa e, para conseguir os seus fins, obteve da Junta apenas 30 dias para se tratar, apesar de ter saído da colónia em estado grave…

Fez o que lhe foi possível, mas como em Portugal o regime de compadrio vai acabando, o Sr. Dr. Pinto não conseguiu o nicho almejado e teve de embarcar, não o fazendo no primeiro vapor após a licença porque na véspera do embarque adoeceu. O Sr. Dr. Pinto quando embarcou da Guiné já sabia que a avença do banco tinha sido dada ao Sr. Dr. Pereira Brandão, que o substituiu em todos os serviços. Foi para a metrópole e nada nos disse de lá sobre o seu regresso e nem sequer avisou disso o colega que o substituiu nos serviços públicos. Desde que ele regressava, dava-se fatalmente movimento no quadro: o Dr. Brandão iria para Bolama, como de facto foi, e em Bissau ficaria o Dr. Pinto e o Dr. Leite de Noronha, como delegado de saúde. Este, avisado pelo chefe interino, Dr. Brandão, veio ao banco pedir a avença no caso de ser deslocado o seu colega. Como o Sr. Dr. Pinto nada nos tinha dito nem escrito, dissemos ao Sr. Dr. Noronha que lhe daríamos a avença se fosse transferido o Sr. Dr. Brandão.

Muitos dias depois do seu desembarque, o Sr. Dr. Pinto veio procurar-nos para nos cumprimentar (!) e pedir a avença do banco. Se ele sabia que era costume reservar-lhe a avença porque a veio ele pedir depois de chegar? Parece que tendo a consciência de que a avença lhe estava ou deveria estar reservada, nada mais tinha a fazer do que esperar que o chamássemos quando dos serviços carecêssemos. Dissemos que por ignorarmos o seu regresso já a tínhamos dado ao Dr. Noronha, porque a tinha pedido, como era costume. Esta entrevista decorreu o mais cordialmente possível. 

Pela carta de V. Exa. depreendemos que os factos não foram assim relatos na queixa magoadamente formulada pelo Sr. Dr. Pinto. Mentiu, pois, convencido que V. Exa. imediatamente nos ordenava a entrega da avença, sem nos ouvir, estalando-nos a castanha na boca. Enganou-se. V. Exa. entendeu que o seu gerente – que se orgulha de ser correto, leal e verdadeiro, não deveria ser desprestigiado e mandou ouvir. Bem haja por isso e pela confiança com que sempre tem honrado.

Dissemos que o Sr. Dr. Pinto não convinha aos interesses do banco. Não convém porque é chicaneiro, malcriado e pouco atencioso. Há tempos, o signatário passou um mês a levantar-se e a deitar-se com impertinentes cólicas hepáticas. Coincidiu ter de o mandar chamar, por duas vezes, às nove ou dez horas da noite, em noites diferentes. Ao empregado que o foi chamar, respondeu com esta grosseria: “O Sr. Machado parece que está à espera que eu me deite para me mandar chamar”. De uma das vezes em que o signatário se contorcia com dores violentíssimas na cama houve necessidade de dar uma injeção de morfina. Quis o referido médico ferver a seringa voltando para a esposa do gerente disse-lhe: “Vá buscar água!”, num tom imperioso e malcriadamente. Só mais tarde teve o signatário conhecimento destas grosserias, porque se na ocasião lhe fossem contadas o Sr. Dr. Pinto teria descido apressadamente as escadas da residência”. 

Já ia longa a carta para o governador em Lisboa, e o gerente lança a estocada final sobre o Dr. Pinto:

“Um facto, dentre mil conhecidos, queremos ainda relatar que o definem como médico na sua missão humanitária, a quem o Estado paga para prestar assistência aos indígenas: Um alfaiate indígena enterrou uma agulha de croché grande, atravessando-a na unha, de lado a lado. Correu o hospital cheio de dores para lha extraírem. O Dr. Pinto perguntou-lhe se levava dinheiro. Que não, que não tinha, que era pobre, mas que estava cheio de dores, respondeu o indígena. Então, era necessária uma guia da administração do concelho. Era domingo. A administração estava fechada. O indígena foi-se sem tratamento. Um criado do Dr. Marques Mano, chamado Bernardo, levou um tiro nas costas. Foi ao hospital para ser tratado. Pergunta fundamental do Dr. Pinto: “Trazes dinheiro, trazes?”. Também este não levava dinheiro. Um pincelada de tintura de iodo na ferida e mandou-o embora. Mais tarde, cicatrizou a ferida mas sentia dores horríveis. Foi ao hospital à consulta, mandado pelo Dr. Marques Mano. O Dr. Pinto foi gentilíssimo com o indígena porque já havia quem pagasse”.

1934 é novo ano de carestia, falta o papel-moeda, houve redução do poder de compra, o comércio sofre, a população local perdeu igualmente dinheiro devido às consequências da baixa cotação das oleaginosas nos mercados europeus. Veremos mais adiante a situação com detalhes, fica-se mesmo a saber o censo da população geral da colónia segundo o recenseamento realizado entre 1933 e 1935. E depois haverá notícias da revolta dos Bijagós, em 1936.



Fotografias de Mário Novais, Guiné, acervo depositado na Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian

(Continua)
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Notas do editor:

Poste anterior de: 19 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18227: Notas de leitura (1033): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (18) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 22 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18239: Notas de leitura (1034): “Modelo Político Unificador, Novo Paradigma de Governação na Guiné-Bissau”, por Livonildo Francisco Mendes; Chiado Editora, 2015 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18254: Parabéns a você (1382): Fernando Macedo, ex-1.º Cabo Apont Art do 5.º Pel Art (Guiné, 1971/72)

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Nota do editor

Último poste da série de 25 de Janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18250: Parabéns a você (1381): João Alberto Coelho, ex-Alf Mil Op Esp do BART 6522 (Guiné, 1972/74)

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18253: Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capítulo 21 e 22: Tive uma sorte incrível: a minha família na tropa foi a melhor.


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BCART 6520/72 (1972/74) >  Os camaradas (etimologicammente, os que dormem na mesma "câmara", quarto, camarata, no mesmo "buraco",  que dormem, comem, vivem e... morrem juntos), sempre presentes no dia a dia da guerra, vão substituindo a família, os vizinhos, os colegas de escola, os amigos, etc. que ficaram lá longe, na terra... São também companheiros, porque comem o mesmo mão à mesma mesa (do latim, cum + panis, o que partilha o pão connosco). 

 Foto (e legenda): © José Claudino da Silva (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Mapa da província (1961) > Escala 1/500 mil > Região de Quínara > Posição relativa de Fulacunda,que tinha a oeste Tite e a leste Xitole, a sudeste Buba e a norte Porto Gole~. Todas as ligações terrestres, em 1972/74, estavam inoperacionais. A ligação ao resto da Guiné fazia-se por barco (a sudoeste, a através do Rio de Fulacunda, afluente do Rio Grande de Buba) e por ar (Heli ou DO-27).



Guiné > região de Quínara > Fulacunda > Mapa de Fulacunda (1955) > Escala: 1/50 mil > Tite ficava a noroeste. Era sede de circunscrição (concelho) e tina pista de aviação... Com a guerra entrou em decadência. Era o coração do "chão beafada"...

Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)


1. Continuação da pré-publicação do próximo livro (na versão manuscrita, "Em Nome da Pátria") do nosso camarada José Claudino Silva:

Nasceu em Penafiel, em 1950, foi criado pela avó materna, reside hoje na Lixa, Felgueiras. Está reformado como bate-chapas. Tem o 12.º ano de escolaridade.

Foi um "homem que se fez a si próprio", sendo já autor de dois livros, publicados (um de poesia e outro de ficção). Tem página no Facebook. É membro n.º 756 da nossa Tabanca Grande .

Sinopse:

(i) foi à inspeção em 27 de junho de 1970, e começou a fazer a recruta, no dia 3 de janeiro de 1972, no CICA 1 [Centro de Instrução de Condutores Auto-rodas], no Porto, junto ao palácio de Cristal;
(ii) escreveu a sua primeira carta em 4 de janeiro de 1972, na recruta, no Porto; foi guia ocasional, para os camaradas que vinham de fora e queriam conhecer a cidade, da Via Norte à Rua Escura.

(iii) passou pelo Regimento de Cavalaria 6, depois da recruta; promovido a 1.º cabo condutor autorrodas, será colocado em Penafiel, e daqui é mobilizado para a Guiné, fazendo parte da 3.ª CART / BART 6250 (Fulacunda, 1972/74);

(iv) chegada à Bissalanca, em 26/6/1972, a bordo de um Boeing dos TAM - Transportes Aéreos Militares; faz a IAO no quartel do Cumeré;

(v) no dia 2 de julho de 1972, domingo, tem licença para ir visitar Bissau,

(vi) fica mais uns tempos em Bissau para um tirar um curso de especialista em Berliet;

(vii) um mês depois, parte para Bolama onde se junta aos seus camaradas companhia; partida em duas LDM parea Fulacunda; são "praxados" pelos 'velhinhos', os 'Capicuas", da CART 2772;

(viii) Faz a primeira coluna auto até à foz do Rio Fulacunda, onde de 15 em 15 dias a companhia era abastecida por LDM ou LDP; escreve e lê as cartas e os aerogramas de muitos dos seus camaradas analfabetos;

(ix) é "promovido" pelo 1.º sargento a cabo dos reabastecimentos, o que lhe dá alguns pequenos privilégio como o de aprender a datilografar... e a "ter jipe";

(x) a 'herança' dos 'velhinhos' da CART 2772, "Os Capicuas", que deixam Fulacunda; o Dino partilha um quarto de 3 x 2 m, com mais 3 camaradas, "Os Mórmones de Fulacunda";

(xi) Dino, o "cabo de reabastecimentos", o "dono da loja", tem que aprender a lidar com as "diferenças de estatuto", resultantes da hierarquia militar: todos eram clientes da "loja", e todos eram iguais, mas uns mais iguais do que outros, por causa das "divisas"... e dos "galões"...

(xii) faz contas à vida e ao "patacão", de modo a poder casar-se logo que passe à peluda;

(xiii) ao fim de três meses, está a escrever 30/40 cartas e aerogramas por mês; inicialmente eram 80/100.


2. Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capºs 21/22


[O autor faz questão de não corrigir os excertos que transcreve, das cartas e aerogramas que começou a escrever na tropa e depois no CTIG à sua futura esposa. Esses excertos vêm a negrito. O livro, que tinha originalmente como título "Em Nome da Pátria", passa a chamar-se "Ai, Dino, o que te fizeram!", frase dita pela avó materna do autor, quando o viu fardado pela primeira vez. Foi ela, de resto, quem o criou. ]


21º Capítulo  > O RACAL


A primeira grande estupidez que cometi, no teatro de guerra, teve um epílogo feliz, mas podia ter corrido muito mal. Foi no dia 12 de Setembro [de 1972].

O 1º pelotão, do qual eu fazia parte, tinha sido destacado para ir à lenha. De notar que o combustível para cozinhar era lenha que cortávamos nas matas circundantes do aquartelamento.

Nesse dia, estava a decorrer, próximo de Fulacunda, uma operação com forças especiais, compostas por comandos e paraquedistas, na tentativa de expulsar o inimigo da nossa zona.

No exterior do arame farpado, e paralela ao mesmo, tínhamos uma pequena pista de aviação em terra batida e um heliporto. Regra geral, uma avioneta vinha semanalmente trazer-nos correio ou um medicamento urgente. Era a outra forma de sermos abastecidos, embora também o fôssemos de paraquedas mas, na ocasião, era um helicóptero da força aérea que estava estacionado no heliporto para socorrer eventuais soldados que fossem feridos nos combates que se travavam nos arredores.

Não sei porquê, nós não tínhamos sido informados da dita operação, e o único rádio Racal que possuíamos a funcionar estava com os meus colegas no mato, no corte da lenha, de maneira que do quartel não podíamos contactar com os militares envolvidos na operação de combate, que estava a decorrer.

O meu capitão pediu que alguém fosse à procura dos meus colegas e trouxesse o dito rádio. Sem hesitar, ofereci-me para ir de jipe, e dois colegas prontificaram-se a ir comigo. Não me lembrei que iríamos por estrada quase intransitável, Fulacunda-Tite. (Esta estrada está nos meus escritos, mencionada da seguinte maneira):

“O carreiro que se vê à esquerda na foto, é uma estrada internacional que liga Conácri, capital da República da Guiné, a Bissau, capital da Guiné portuguesa, atravessa o quartel ao meio. Devido à guerra, não passam aqui pessoas ou carros, pois está minada, ainda se nota na foto um sinal de trânsito. Fui de Jeep por esse carreiro buscar um rádio correu tudo bem”.
Chovia torrencialmente - uma daquelas fortes chuvadas tropicais e podíamos até ficar atolados. O certo é que fomos os três a cerca de seis km de distância e trouxemos o rádio rapidamente.

Sendo eu um medricas, atribuí esta audácia às pastilhas que,  dizem, nos davam para não termos medo ou então era mais corajoso do que pensava. Foi o meu primeiro pequeno ato heróico (ou estúpido) mas uma coisa vos afirmo: “Tomates” tiveram os dois colegas que me acompanharam, pois durante a viagem com as armas prontas a disparar, fizeram-me sentir completamente seguro. Obrigado ao “Zé” que infelizmente já não se encontra junto de nós; o outro ainda anda por cá, não quer que diga o nome.

22º Capítulo >  E VAMOS ESQUECENDO ...


Não andarei longe da verdade se afirmar que é aí pelo terceiro mês que começámos a quebrar as promessas que fizemos antes de partir. Escrever à Ana ou à Rosa, aos irmãos, tios ou primos, amigos, ou companheiros de trabalho passa a ser negligenciado. Pouco e pouco criámos laços com aqueles com quem lidávamos diariamente e, das promessas que fizemos, que escreveríamos muito e a todos, vamo-nos esquecendo. Cumpríamos com a namorada e os pais. (No meu caso,  avó.) E, muito esporadicamente, com os outros. Pelos meus apontamentos, fui diminuindo cerca de 10% ao mês, até estabilizar mais ou menos nas 30/40 cartas/aerogramas mensais. Nos primeiros meses, eram 80/100.

Nada mudou nesse aspecto, até aos dias de hoje. Os que hoje, por qualquer razão, estão distantes, apesar de poderem contactar ao segundo, fazem exactamente o mesmo e vão esquecendo família e amigos. Connosco, uma resposta a uma carta tardava, no mínimo, 15 dias, o que ajudava e desculpava esse “esquecimento”.

Em suma, é no seio dos camaradas de armas que crio uma nova família. Tive uma sorte incrível: a minha família na tropa foi a melhor.

Não sei explicar psicologicamente o que leva a criarem-se laços mais afectuosos com este ou aquele. Dos quatro do “Refúgio dos Mórmons”, somente de um fui íntimo amigo; os outros com quem mais convivi estavam espalhados por toda a unidade.

Pensem no que seria não termos amigos, num lugar como aquele. Garanto que, embora poucos, havia quem não os tivesse. Cada um de nós é singular na sua personalidade, mas foi a convergência de muitas coisas em comum que deram origem aos vários grupos que, melhor ou pior, se ajudaram mutuamente.

Na doença, nos momentos de combate, nas dores da alma por más noticias recebidas, na falta de comida ou bebida, este e os outros grupos da 3ª Companhia, que iriam ficar conhecidos como “Os Serrotes de Fulacunda”, estiveram unidos e pude, nas condições mais dramáticas que alguma vez vivi, aprender o significado da palavra solidariedade, no seu total e completo exemplo, do que deve ser uma família. Desejo, com todo o meu fervor, que todas elas, por laços de sangue ou não, sejam como esta que me colocou no topo da mesa, no dia do meu aniversário.

Não podendo garantir categoricamente que só a eles o deva, posso pelo menos afirmar que o estar hoje a escrever-lhes estes textos, a estes homens formidáveis muito se deve.

(Continua)

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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P18252: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XII: Mulheres e bajudas (4): São Domingos, "chão felupe", 1968: na festa e no trabalho


Foto nº 335 A > Bajudas em festa, em S. Domingos, 1968. [No grupo, um menino da Mocidade Portuguesa]


Foto nº 335 > Bajudas em festa, em S. Domingos, 1968  [No grupo, um menino da Mocidade Portuguesa; todos se apresentam calçados, elas,  de chinelos de plásticos, podem ser cabo-verdianas, tal como o menino]



Foto nº 336 A > Mulheres em festa, S. Domingos, 1968 [, pelo traje e colares parecem ser felupes; a primeira figura da esquerda, parece ser um homem]


Foto nº 336  > Mulheres em festa, S. Domingos, 1968 [, ao fundo, militares]


Foto nº 323 A > Bajuda felupe [, em traje de ronco], S. Domingos, 1968



Foto nº 316 A > Lavadeira, S. Domingos, 1968


Foto nº 316 A > Lavadeira, S. Domingos, 1968


Foto nº 377 A > Mãe e filha ao colo, mais bajuda, S. Domingos, 1968


Foto nº 377 > Mãe e filha ao colo, com outra mulher,  S. Domingos, 1968



Foto nº 317 >  Mulher caboiana, S. Domingos, 1968





Foto nº 317 >  Mulher caboiana, S. Domingos, 1968


Foto nº 314 > Jovem mulher balanta, [costurando,] S. Domingos, 1968


Foto nº 315 > Mulher a joeirar  o arroz, S. Domingos, 1968


Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69).

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), e que vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado [, foto atual à esquerda].

Legenda:

As mulheres e raças na Guiné – Nova Lamego, São Domingos e Bissau:

 As fotos de tronco nu foram feitas exclusivamente para mostrar a variedade de modelos e formas dos seios das mulheres africanas, destas raças que conheci.

Este conjunto é apenas uma parte, tenho mais, mas apenas seleccionei estas.  Tem outras de corpo vestido, eram em ocasiões especiais de festas e roncos, em que as meninas e mulheres se vestiam a rigor.

A maioria delas são da raça Felupe, predominante em São Domingos onde passei a maior parte do tempo, também tem de Balantas e outras. As Felupes já andavam avançadas 50 anos em relação ao Ocidente, pois usavam apenas tanga e fio dental (...). Já utilizavam muitas pulseiras e colares por todo o corpo, era uma  espécie de selecção entre elas.

As fotografias a preto e branco foram capturadas entre setembro 67 até fevereiro de 68 em Nova Lamego e depois desta data algumas em Bissau em Março, e em S. Domingos a partir de abril. As fotografias, slides,  a cores só começam em finais do 1º semestre de 68, embora também tenha a preto e branco depois dessa data, ora fazia a preto e branco, ora a cores, como tinha  duas câmaras a funcionar era conforme os rolos que havia.

Algumas fotos eu estou também incluído, algumas com brincadeira de ocasião e da idade, nada era de maldade, eu conhecia as tabancas e as famílias e era lá mesmo em frente aos pais que fazia estas fotos. Depois eu dava uma cópia para cada uma delas, era isso que as motivava a deixarem fazer as fotos. Algumas não queriam mesmo, especialmente as chamadas mulheres grandes, casadas e com filhos.  Era mais fácil tirar fotos às bajudas, raparigas solteiras e ainda muito jovens.

Não afirmo que todas as raças estejam certas, era o que escrevia nas fotos, mas a maioria já era passado algum tempo, e depois os slides não dava para escrever.

As Felupes são fáceis de identificar, pela sua nudez, pelos roncos e pelos cabelos.

Espero que quem as visualizar que gostem, é esse o meu propósito. (VT)



Guiné > Região de Cacheu > Carta de Cacheu / São Domingos (1953) > Escala 1/50 mil > Pormenor dos rios Cacheu e seus afluentes: Pequeno de São Domingos (margem norte); Caboi, Caboiana e Churro (margem sul), a montante da vila de Cacheu.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015).