quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18318: Humor de caserna (41): Em dia de namorados: a história do Pequenitaites e outros camaradas avantajados... Ou quando os homens (e as mulheres...) não se medem aos palmos... (Virgílio Teixeira / Luis Graça)

Virgílio Teixeira, São Domingos, 1969
1. Comentário do Virgílio Teixeira, ex-alf mil SMS, CCS/BART 1933 (Nova Lamego e  São Domingos, 1967/69), hoje economista reformado, a viver em Vila do Conde (*)

Estou farto de me rir, até as lágrimas me caem pela cara. Faço ideia esses Cabucanos, não foi no tempo em que lá estive, ainda fui a Cabuca até fins de Fevereiro de 1968. Depois voltei lá em Outubro de 1984, mas não encontrei nada, a não ser uma Tabuleta à beira dum lago, a alertar da mosca TséTsé, pode este nome parecer-se com outras conotações mas não é.

Eu andava para falar do assunto, mas agora aproveito, e espero que não seja nenhum desses que participaram no concurso. Eu tinha em Nova Lamego um Furriel Algarvio, que me veio parar de paraquedas ao meu estaminé de trabalho. Não sei de onde veio, mas tenho algumas fotos com ele que um dia vou publicar, pois fazem parte de um álbum de recordações. Pois ele um dia, estávamos a conversar e a beber qualquer coisa, lá no Club de Nova Lamego. Ele lamentava-se, ele tinha ainda menos do que a minha altura, usava bigode e tinha ares de quem andava na zona. E disse-me mais ou menos isto: Que não conseguia ter relações com nenhuma rapariga, pois, exactamente como aconteceu ao Pequinitates, elas fugiam, ele disse que tinha um instrumento que era uma aberração e tinha imensos complexos por causa disso. Nunca confirmei tal facto, pois não era médico nem psicanalista, nem tinha interesse em ver a sua ferramenta.

Li num livro, que aliás recomendo a todos, do autor Manuel Arouca que se chama ' Deixei o meu coração em África' que narra a história de um Pelotão Daimler que foi destacado para Guilege 'A terra da morte', como lhe chamava o autor do romance, mas com realidades que eu encaixava perfeitamente, por me parecerem reais, muitas delas, em especial no que tocava a beber muito. Tinha lá também um 'probe xoldado' lá do Sul do lado de lado Tejo, e que tinha esse problema, até tinha casado antes de ir para a Guiné e a mulher ficou tão traumatizada, que nunca mais o quis ver. 

Ela acabou por se enrolar com um ex-fuzileiro enquanto ele estava na Guiné, e a sorte dele foi também bem pior, acabou por se suicidar com o desgosto da mulher porque acabou por saber tudo. Não vou alimentar mais este assunto, mas vale a pena ler este livro porque é para rir a bandeiras despegadas, por cenas inimagináveis.

Um bom dia de namorados para todos,

Virgilio Teixeira


2. Comentário do nosso editor LG (*):
Luís Graça > Bambadinca, 1970


Meu caro Zé Ferreira, grande escritor do "pícaresco"...

O  teu poste ganhou o prémio do melhor "cegada" da 3ª Feira Gorda de Carnaval... Confesso que também eu não consegui conter o riso, ao ler (e imaginar) as "cenas" dos dois concursos... 

Como é Carnaval, ninguém leva a mal. O Carnaval é, de resto, desde tempos imemoriais, a transgressão, o desregramento, o excesso, o não-senso... E depois os nossos leitores não são propriamente "meninos de coro"...Tu tens o grande talento de saber pegar... no "material" com potencialidades humorísticas e construir com ele uma pequena grande história.

Só tu na nossa Tabanca Grande, mais o "alfero Cabral", têm o dom ou o sentido do burlesco (que há/havia nas situações de guerra como a nossa...). Por burlesco, entenda-se "aquilo que incita ao riso por ser ridículo"... 

Na realidade, a história do Pequenitaites só vem confirmar "a teoria de que os homens não se medem aos palmos", por um outro lado, e de que "ser o mais avantajado, pode nem sempre ser uma vantagem em termos evolucionários", por outro...

Não tenhamos pudor de contar coisas aparentemente tontas como estas ("Concurso da Mama Firme", "Concurso... de piças") ou outras ainda mais "estúpidas", que se faziam no CTIG, nas nossas casernas dos nossos "campos de concentração"(que eram, afinal, para todos os efeitos, os nossos aquartelamentos...). 

Foi o sentido do burlesco que, de certo modo, nos ajudou a salvar a nossa sanidade mental no TO da Guiné...

O problema é que poucos de nós têm o talento do Zé Ferreira de saber contar estas históricas pícaras sem cair... no ridículo, no mau gosto ou no "hard core"! (**)
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Notas do editor:


(**) Último poste da série > 21 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16864: Humor de caserna (40): Granadas, loiras e inofensivas, apreendidas no Aeroporto de Lisboa (José da Câmara, ex-Fur Mil)
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