segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18074: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (23): aspetos do aquartelamento de Cufar


Foto nº 1 > Um militar da CCAÇ 4740 dando banho, numa tina, a uma criança da população local


Foto nº 2 >  Fontanário de Cufar... Provavelmente do tempo do colono cabo-verdiano, grande produtor e comerciante de arroz, Álvaro Boaventura Camacho que terá cedido estas instalações  (incluindo  o aeródromo) à administração do território, com o início da guerra... 


Foto nº 3 > O Luís Mourato Oliveira e ao fundo o edifício da Intendência, o PINT 9288, de que era cmdt o nosso camarada João Lourenço.


Foto nº 4 > O "refeitório" das praças... Cufar não era um aquartelamento construído de raiz...


Foto nº 5 > c. jun / jul / agos 1973 > Na messe de oficiais, à esquerda o alf mil mil António Eiriz [, oficial trms do CAOP1],  seguido do Luís Mourato Oliveira [, CCAÇ 4740,] , o António Graça de Abreu e outro camarada do CAOP1. O Oliveira e o Graça de Abreu ainda estiveram juntos em Cufar cerca de 2 meses.


Foto nº 6 > Perímetro do 3º pelotão da CCAÇ 4740  (que era comandado pelo alf mil inf Luís Mourato Oliveira)

Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mais fotos do álbum do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro, que foi alf mil inf, de rendição individual, na açoriana CCAÇ 4740 (Cufar, 1.º semestre 1973) e, no resto da comissão, comandante do Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, 1973/74).

Afinal, o Oliveira ainda esteve umas largas semanas em Cufar com o António Graça de Abreu, do CAOP1 (, que lá esteve de fins de junho de 1973 a princípios de abril de 1974). Eis o comentário que o António deixou no poste anterior (*)

É verdade, não falo no Oliveira [, no meu "Diário da Guiné"], embora o cite sem o nomear, numa estrondosa palhaçada quando recebemos em Cufar, com praxe e circunstância, o pelotão de piras, o pelotão de canhão sem recuo, a 19 de Agosto de 1973.

É um texto divertido, no meio das desgraças da guerra. Aí vai, talvez o Luís Graça ache que a minha prosa terá direito a um post no blogue:

"Cufar, 19 de Agosto de 1973

No meio dos infortúnios quotidianos, a guerra também pode ser divertida. Esta semana tivemos um dia de grande comédia, com uma espectacular encenação e actores de primeira.

Em Cufar existe um pelotão de canhão sem recuo comandado pelo alferes Nascimento, de Alpiarça, do meu curso de Mafra, que reencontrei na Amadora e mais tarde em Bissau. São trinta homens que têm por missão defender o aquartelamento com a pequena artilharia de que dispomos. Acabaram agora a comissão e na LDG chegou o pelotão de 'periquitos' que os vem substituir. Os alferes, furriéis e soldados da companhia de açorianos [, CCAÇ 4740,], eu também, resolveram ir esperá-los ao porto grande do Cumbijã e encenar uma espectacular paródia de modo a que os “piras” ao chegar aqui se borrassem de medo." (...)

Pois, sim, senhor, em homenagem ao dois nossos grã-tabanqueiros vamos publicar esta entrada do "Diário da Guiné", com as anotações do autor, na respetiva série, em data oportuna.
______________

2 comentários:

Manel Luís Lomba disse...

Olá, Luís:
Antes da guerra, Cufar seria o principal centro da produção arrozeira do chamado celeiro da Guiné - Catió e Cacine. O edifício da vossa "intendência" era o que restava da moderna fábrica de descasque de arroz, que pertencera ao cabo-verdiano de origem madeirense Álvaro Boaventura Moreira. O abrigo subterrâneo parece dos escavados por nós (em 1965). A bomba de picota também é desse tempo. A pista de Cufar era a segunda maior da Guiné, inaugurada em 1958 pelo PR. General Craveiro Lopes, na ocasião da inauguração do aeroporto/aeródromo base de Bissalanca, transitado de Brá (futuro aquartelamento da Engenharia, dos Comandos, dos Adidos e futuro Ministério das Obras Públicas da Rep. da Guiné-Bissau).
A nossa sub-unidade (CCav 703) ocupou Cufar - a fábrica e a povoação estavam totalmente destruídas -, por acções de guerra, entre Janeiro e Março de 1965, em operação de "intervenção às ordens do Comando-chefe"; em Dezembro de 64 participara na operação à mata de Cufar-Nalu e em Maio de 65 foi recorrente na operação que limpou essa mata, pelo desempenho decisivo da CCaç 763, do camarada Mário Fitas, que nos havia rendido na ocupação de Cufar. Nessa altura, a base de Cufar Nalu do PAIGC era comandada por Manuel Saturnino Costa, que virei a conhecer pessoalmente como ministro das Obras Públicas no consulado de consulado de Nino Vieira e que chegará a seu Primeiro-ministro, ainda vivo, creio eu, - os meus votos da melhor saúde.
Falei à dias com o ex-alferes Ramos Sequeira, julgo que foi o último comandante do pelotão de canhões s/r de Cufar, recentemente regressado da visita a Cufar, que me disse: "Cufar encontra-se destruída e abandonada, os seu campos de arroz não foram recuperados, o capim vai até à pista de aviação que, do seu contributo à guerra da Guiné, passou a contribuir para a sua desgraça".
E como o blogue me permite, informo-te que sou autor de um livro centrado em Cufar e na mata de Cufar Nalu.
Ab.
Manuel Luís Lomba

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Manel, está na altura de pegar neste teu comentário, juntar-lhe mais algumas linhas e publicar um poste sobre Cufar...Aliás, podias selecionar algumas partes do teu livro, mais relevantes para o conhecimento da povoação de Cufar...

Como sabes, o nosso desconhecimento sobre o passado recente das terras para onde nos mandaram, era mais do que muito... Todos os dias estou a aprender coisas, com o nosso blogue... Desde 2004!...

Eu, quando cheguei a Bambadinca, em 18 de julho de 1969, não tinha informação nenhuma sobre a sua geografia, sociodemografia e história recente, nomeadamente sobre os últimos anos de guerra...

Boas festas, santo Natal para ti e família!... Luís Graça