quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17076: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte IV: por castigo ("falta de brio e aprumo" de alguns militares no desfile de embarque!...) , o 1.º Batalhão do Onze é impedido de ostentar a Bandeira do Exército Português... (O cmdt do Onze era o cor inf Florentino Coelho Martins, um português da "escola de Mouzinho")... Na ilha do Sal, "a vida e a morte lá iam decorrendo"...


Cabo Verde > Ilha de Santo Antão > 19943 > "Pesca de um grande tubarão". Foto nº 26 do álbum fotográfico de Feliciano Delofim Santos (1922-1989), ex-1º cabo expediionário, 1ª compangia, 1º batalhão, RI 11 (Ilha do Sal e Ilha de Santo Antão, 1941/43), pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73)

Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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"Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.)

Parte IV (pp. 19-20)



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(Continua)


Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do Capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à esquerda].(*)

O autor é José Rebelo, Capitão SGE que foi em 1941/43 um dos jovens expedicionários do RI I1, então com o posto de furriel. Não sabemos se ainda hoje é vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. Em qualquer dos casos, este nosso velho camarada é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão.

O nosso camarada Manuel Amaro diz-nos que o conheceu pessoalmente: (...) "Por volta de 1960, fez a Escola de Sargentos, em Águeda e após promoção a alferes, comandou a Guarda Nacional Republicana em Tavira, até 1968. Como homem de cultura, colaborava semanalmente, no jornal "Povo Algarvio", onde o conheci, pessoalmente. Em 1969, já capitão, era o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa." (...)

O então furriel José Rebelo,
expedicionário do 1º batalhão
 do RI 11
A brochura que estamos a reproduzir é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73) (*)

Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, tem 76 páginas, inumeradas.

O batalhão expedicionário do Onze partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santigao, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.

No texto acima há referência a um castigo ao RI 11, impedido de usar a Bandeira do Exército Português, por alegada falta de aprumo, disciplina e brio de alguns militares durante o desfile de embarque a que a um ministro (não se diz qual) assistiu... O autor da brochura, o Cap  SGE José Rebelo, sugere que a punição também seria devida ao facto de o comandante do Onze, "um homem com H", não jogar no mesmo clube (sic) do ministro... Ou seja, devia ser um militar republicano (, era alferes em 1911 no BCAÇ 5), que não devia morrer de amores pelo  Estado Novo...

Na altura, o ministro do exército (ou da guerra) era o próprio Salazar, que acumulava, interinamente (1936-1944),  com o cargo de Presidente do Conselho... mas que não é crível que estivesse presente da cerimónia de despedida...

O comandante do Onze era o Coronel de Infantaria Florentino Coelho Martins, "que era daqueles portugueses da 'Escola de Mouzinho' " (sic) (página, inumerada, 1). O Comandante do Batalhão Expedicionário era o Major Abel Alfredo da Costa.

Na comunicação social (ou, pelo menos, no "Diário de Lisboa") não há notícia deste embarque de tropas para Cabo Verde.
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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17062: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte III: Mobilização do batalhão e composição das companhias (3)

2 comentários:

Hélder Valério disse...

Essa foto do tubarão, ou outra semelhante, também estava entra as fotos do meu pai que julgo também ter enviado.

Mas, para além desse pormenor, os relatos que este documento nos transmite são muito interessantes para podermos, pelo menos tentar, perceber como também foram heróicos os tempos vividos por esses nossos pais, de como tiveram que enfrentar dificuldades impensáveis e de como a terra e as suas gentes viviam essas dificuldades.

Hélder Sousa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Hélder, também penso o mesmo. Temos o "dever de memória" em relação aos nossos pais que estiveram ao serviço do país, num dos períodos mais trágicos da história da Europa e do Mundo, como militares, enviados à pressa para os Açores e Cabo Verde, em 1941, quando estes dpis arquipélagos ganharam importância estratégica, face ao desenvolvimento do conflito: a batalha do Atãntico e a guerra no norte de África...

É uma geração credora do nosso apreço e ternura, não apenas por serem "nossos pais, nossos velhos, nossos camaradas"..., mas também por que algumas dezenas deles (, não tenho nºs precisos) pagaram com a vida as precárias condições (de alojamento, de alimentação, de clima, de saúde...) enquanto expedicionários, nomeadamente em Cabo Verde (ilhas de São Vicente, Sal e Santo Antão...)... Eram conissões de dois anos e meio... Por outro lado, Cabo Verde conheceu neste período a tragédia da seca e da fome...que dizimou dezenas de milhares de vítimas... Sei que os nossos pais também foram generosos e solidários com as populações locais... Esta parte da história de Cabo Verde é tão mal conhecida de todos nós, portugueses e cabo-verdianos...