quinta-feira, 9 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16180: Os nossos seres, saberes e lazeres (158): A pele de Tomar (8) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Março de 2016:

Queridos amigos,
Para desenfastiar, temos aqui a exaltação e exultação do anúncio da Primavera, a região tomarense não escapou à regra no do Inverno chuvoso, acresce que a região também tem manhãs brumosas e os ventos são mesmo sibilantes.
Nesta incursão foi-se bem sucedido com a flora a despontar, nas margens de um Nabão sempre a murmurejar. Para o viajante, a paciência foi compensada, finalmente naquele dia e àquela hora a luz garantiu ao fotógrafo amador a brutalidade espetacular de uma pedreira que, sabe-se lá, está em plena laboração desde que a Ordem do Templo aqui assentou arrais.

Um abraço do
Mário


A pele de Tomar (8)

Beja Santos


Era Fevereiro e anunciou-se a Primavera. Por isso, o viandante pôs-se ao caminho, na rota do Nabão, apetecia-lhe captar brotoejas da natureza florida, campestre, silvestre, à beira rio, o que ali nasce é bravio e é a primeira mensagem de que aquele frio que esfarela os ossos em breve vai partir, não será o estio mas o primeiro andamento da sinfonia pastoral. O viajante põe-se ao caminho, quer registar árvores eternas, ou quase, o rio que murmureja sem parar, o anúncio floral, estamos na Pedreira, há propósitos daqui voltar para ir à Fábrica de Papel do Prado, para tirar fotografia àquela casa em que nasceu Arnaldo Schulz, que foi Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas na Guiné, antes de Spínola, a história tem-no injustiçado, e no entanto…




Enfim, são flores singelas que não aparecem nas floristas, outrora as crianças cantavam-nas como prendas do céu, sinais das maravilhas de Deus, hoje estão reduzidas a uma imperdoável insignificância, são poucos os passantes por estas paragens, os outros não sabem ao que perdem, temos orquídeas silvestres ou bravias, esplêndidas, funcho e jacinto bravo, ora aqui ora acolá, algumas têm cores tão brilhantes que parecem artificiais. Bendito início de Primavera, que assim se anuncia pelo Nabão sinuoso.


É um local encantador, no Verão esta piscina está a reluzir, cheira a limpeza, por aqui se piquenica, há gente a passear e a banhar-se, faz pena certos equipamentos darem sinais de degradação, de puro abandono, estamos em território da Pedreira, há mesmo escadaria que leva aos patamares superiores do local da freguesia. Apesar destes sinais de abandono, é um local idílico e no Verão goza-se de boa sombra, apetece ouvir o bulício da criançada e fruir destas copas que dão frescura.





Não estamos nas Montanhas Rochosas, nem se anda à procura do Grand Canyon, trata-se da pedreira que a todos surpreende, o viandante vai em grupo e há quem questione se daqui não se cortaram grandes pedras que fora içadas para castelo, convento e companhia, lá no alto a dominar Tomar. Demorou a escolher a hora para obter estes efeitos, possantes rochedos nitidamente golpeados para dar vida a edificações. São mesmo coisas específicas do viajante, a luz crua e o seu sombreado, quem descer até esta pedreira tem pormenores lunares, pedra arrancada, cortada, à espera que se descubra função, não é crível que este potencial de riqueza jaz ao deus-dará. E mais flores para culminar este lindo passeio, vem Primavera e manda para longe estas brumas matinais e estes ventos uivantes da tirana invernia!

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de junho de 2016 Guiné 63/74 - P16153: Os nossos seres, saberes e lazeres (157): A pele de Tomar (7) (Mário Beja Santos)

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