quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15613: Os nossos seres, saberes e lazeres (134): Bruxelas sempre muito amada, e a pensar na Anatólia (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Novembro de 2015:

Queridos amigos,
Só espero não vos enfastiar com estas imagens que fazem parte do meu rincão de alegrias, é território onde me sinto bem, não tenho nada a ver com aqueles diferendos entre valões e flamengos, é o prazer de calcorrear a cidade, vistoriar os seus monumentos, poder ir a concertos a preço abordável, encher traquitana num saco para poder vir num avião num voo low cost.
Numa altura em que a Europalia faz 45 anos, em que sou seu frequentador há mais de 25, foi com enorme prazer que andei por salas a ver obras magníficas de uma cultura de milénios que se implantou na Anatólia, não é todos os dias que se pode ver de enfiada o legado romano, helenístico, bizantino e turco, numa sequência tal que nos temos que questionar quais são as fronteiras da Europa quando neste pedaço extenso da Ásia Menor por ali andaram povos europeus, nossos ancestrais. Mas não tenho resposta, nem o assunto é preocupante.
Despeço-me com um até já, a vontade de regressar a Bruxelas é permanente.

Um abraço do
Mário


Bruxelas sempre muito amada, e a pensar na Anatólia (2)

Beja Santos

Vou a caminho da Feira da Ladra de Bruxelas, a Ika acompanha-me, desde que passámos uma manhã em cima de uma montanha de roupa à procura de lenços, bordados e fronhas, ela está sempre à espera de divertimento semelhante. E lá vamos, passamos por um desses prédios imponentes dos anos 1940/1950, com entradas de meter respeito, olhei para a abóbada do vestíbulo e zás, temos fotografia, não sei se são os signos do Zodíaco, mas que têm beleza têm. Aqui vai.





Até ao meio-dia tivemos feira, seguiu-se uma grossa chuvada, mas nessa altura já tinha dado dores de cabeça a alguns comerciantes marroquinos, enchi um saco com tralha, um álbum de recordações de quem viajou por Lisboa e Fátima em Outubro de 1956, uma moldura em couro, livros de poesia francesa, imagens religiosas do princípio do século XX, mais alguns cds a menos de 1 euro cada. É assim a vida. E fomos comer bife tártaro com uns copinhos de cerveja. E seguimos viagem a caminho da exposição da Anatólia.


Não resisti a esta montra bem antiga, no Bairro de Marolles ainda há vestígios do velho comércio, há cerca de um século Marolles era um bairro popular aberto a uma clientela abonada que vivia no Grand Sablon, hoje a zona dos antiquários de preços mais puxados, não me digam que não é uma beleza.


Chama-se Hotel Ravenstein, é talvez o vestígio melhor conservado do tardo-medievo da arquitetura civil de Bruxelas, contíguo do Palácio das Belas Artes onde vamos ver a exposição sobre a Anatólia. Antes, porém, fotografei a Ika com um quadro de arte congolesa que achei na feira e lhe ofereci, ela está impante de alegria, não é todos os dias que se acha um quadro a óleo intacto deixado na via pública.


E seguimos para ver uma mostra da Turquia. O Palácio das Belas Artes sempre me encantou, não levem a mal mas agora vou andar aqui a disparar em homenagem à Turquia e à espantosa arquitetura que foi concebida por um dos génios da arquitetura belga, Victor Horta.




Lamento ser um fotógrafo amador tão canhestro, não disponho de artefactos que me permitam disparar dentro de uma exposição, o flash é inteiramente interdito. Fixei a entrada da exposição da Anatólia, uma escadaria espantosa em Arte Deco e apanhei esta imagem de uma fotógrafa belga que andou um ano por Istambul a colher instantâneas. Não me digam que esta fotografia não fala por mil palavras.


Acabou-se a festa, vou buscar a mochila a casa do André, transporto este saco de traquitana das coisas da Feira da Ladra mais uns chocolates e umas fatias de queijo duro, se não os serviços de segurança ficam-me com vitualhas consideradas perigosas para transportar num avião, é capaz de ser bem possível fazer uma bomba com patês e queijos moles… Saímos da exposição e entrámos na velha Galeria Ravenstein, um luxo dos anos 1950, já vi esta fonte com repuxos a funcionar, deve ser da austeridade esta falta de funcionamento, mas não queria despedir-me sem vos mostrar esta lindíssima cerâmica que marcou a época. Logo que possa estou de regresso, e por isso digo-vos: até já.
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Nota do editor

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