quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15300: Os nossos seres, saberes e lazeres (121): Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (4) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 29 de Setembro de 2015:

Queridos amigos,
Há bem 15 anos que não deambulava calmamente por esta soberba cidade. A gare ferroviária é um luxo, faz parte do tempo em que as nações industriais mais poderosas faziam destas raras espaços sumptuosos, com a ostentação do ferro e da pedra. Há a Antuérpia com a sua arquitetura ostensiva, a suar prosperidade, há a Antuérpia das ruelas de negócios, comércio de curiosidades e há a Antuérpia do próprio Escalda.
Passei, regra-geral, os dias embiocado numa espécie de conferência, tive que m escapar à sorrelfa para captar imagens com luz. Em Bruxelas apanhara bom tempo, aqui começou a chuviscar e o céu enegreceu, não havia condições para captar a beleza dos parques e destes monumentos tão sombrios, tão requintados. Fica aqui uma lembrança de alguns dos primores que esta cidade oferece.

Um abraço do
Mário


Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (4)

Beja Santos




Tinha muitas saudades de Antuérpia, e asseguro que não venho nem à procura de diamantes, nem comprar chocolates nem andar de batelão no rio Escalda, que alberga um dos maiores portos do mundo. Em 1991, e já me tinha passeado algumas vezes por aqui, no âmbito da Europalia portuguesa visitei no Museu de Belas Artes de Antuérpia, uma exposição portentosa “No tempo das feitorias”. Muitas vezes, precisamos do confronto das nossas obras de arte para perceber por onde passam as encruzilhadas de latitudes e longitudes em temos andado metidos. O Infante D. Pedro deve ter andado por Bruges a recrutar flamengos para a Madeira e Açores. No século XVI viemos aqui abastecer-nos, daqui saíram toneladas de mercadoria, incluindo cavalos, para o tráfico de escravos e para o comércio asiático. A cidade mantém a sua opulência, chega-se à gare central e é este espetáculo de grande palácio para quem anda de caminho-de-ferro. Seja bem-vindo à mais importante cidade da Flandres, esteja à vontade, e se quiser compre pedras preciosas!





A cidade está marcada pela sua esplendorosa arquitetura, pela majestosa catedral e pela vida à volta do rio Escalda. Cidade de grandes negócios, cada vez mais atrevida no mundo da moda, da inovação arquitetónica. Dois pintores de culto aqui pontificaram, van Dyke e Rubens. Mas são só dois dos nomes sonantes, por aqui cirandaram Dürer e Mozart, mas há mais gente célebre, caso de Jean Moretus, genro de Christophe Plantin, são os pais da tipografia, é por isso que o museu Plantin Moretus está inscrito no património mundial da UNESCO. Sai-se da Gare Central e é este festival de fachadas nobres, de estátuas solenes, o crisol da afirmação do poder e do espavento.



Alto lá, anunciam que neste edifício há um templo dedicado ao chocolate, à partida não é novidade nenhuma, os belgas têm fama mundial como chocolateiros, lá entrei placidamente, de certeza que isto foi casa de aristocrata ou burguês muito rico, conforme a gravura junta, e não resisti a fotografar este chocolate vendido como na farmácia, os preços é que não se equiparam aos dos medicamentos genéricos…




Já cheguei ao centro da cidade, hoje não tenho tempo para uma visita cuidada à magnífica catedral dedicada a Nossa Senhora, depois falaremos dela. Vejam a magnificência da Grand-Place, imagem do triunfalismo, e temos a estátua do mítico Brabo e a homenagem ao trabalhador, neste caso o escultor Constantin Meunier deixou-nos aqui uma das suas obras-primas, tenho encontrado este trabalhador em vários museus. E justifica-se, é impressionante. Para primeiras impressões, considero-me rendido.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15277: Os nossos seres, saberes e lazeres (120): Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (3) (Mário Beja Santos)

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