sexta-feira, 12 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14739: Convívios (688): Rescaldo do XIII Encontro do pessoal da CART 2520, levado a efeito no passado dia 30 de Maio em Mira de Aire (José Nascimento)


1. Mensagem do nosso camarada José Nascimento (ex-Fur Mil Art da CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) com data de 4 de Junho de 2015 com o rescaldo do XIII Encontro do pessoal da sua Unidade, levado a efeito no passado dia 30 de Maio, em Mira de Aire:

Amigo Carlos,
A Cart 2520 realizou o 13.º Convívio, no dia 30 de Maio, próximo de Mira de Aire, no Restaurante "A Gralha".

Foi organizado pelo 1.º Cabo Cordeiro, o Apontador de Morteiro 60 do 3.º grupo de combate.
Os antigos combatentes reuniram-se junto à antiga e bonita capela dedicada a S. Silvestre, no pitoresco lugar do Covão da Carvalha. Aí foi celebrada missa em memória dos militares falecidos em combate, pelo padre Luís.
Este pároco, que esteve durante vários anos em Ourique, no Alentejo, teve o ensejo de relatar uma pequena e emocionante história, protagonizada por um antigo militar português que cumpriu o serviço militar em Ingoré, na antiga Guiné Portuguesa.

O Almeida, assim se chamava o militar, passava através da vedação de arame farpado, o que restava da alimentação da nossa tropa e que as crianças nativas recolhiam em latas e que lhes servia para mitigar a sua sua fome e possivelmente de alguns adultos.
Passados alguns anos, depois de ter regressado à Metrópole, por circunstâncias desconhecidas o Almeida tornou-se alcoólico, ninguém queria saber dele e era desprezado pela população, devido ao seu aspecto desmazelado, cabelos compridos, barba por fazer e a roupa sempre suja.
Mas o Almeida haveria de se curar do alcoolismo e certo dia, de cabelo cortado e barba feita, passa junto a uma obra de construção civil que estava a decorrer na sua terra, ouve chamar por "ALMEIDA". Vai ao encontro desse chamamento e qual não é a sua surpresa quando reconhece alguns operários negros a quem ele, algumas dezenas de anos antes, tinha ajudado a matar a fome, naquela terra distante da Guiné. Abraçaram-se longamente...
Algum tempo depois o padre Luís saiu para outra paróquia, mais tarde soube que este seu confidente tinha falecido.

Quanto ao convívio, (este ano com um grupo muito reduzido) foi um reviver de emoções e o recordar de um tempo, que embora passado com muitas dificuldades, ajudou a cimentar muitas amizades e jamais voltará.

Recebe um grande abraço do amigo.
José Nascimento
____________

Nota do editor

Último poste da série de 12 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14732: Convívios (687): A malta da Tabanca Grande no 10 de junho de 2015, Lisboa, Belém - Parte II: homenagem às antigas enfermeiras paraquedistas (Miguel Pessoa / Jorge Canhão)

1 comentário:

Hélder Valério disse...

Caro José Nascimento

Escreves, em jeito de lamento, que o convívio "este ano com um grupo muito reduzido".
Pois, assim será. Foi o possível e é bom que nos habituemos à ideia que essa será a tendência natural...
O que deves valorizar são as presenças.
E as boas recordações.
E as histórias, carregadas de emoção, como a que deste conta!

Abraço
Hélder S.