quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14240: Inquérito online: somos um povo de afetos ? Resultados preliminares (n=70): 80 % dos respondentes "concordam totalmente", com a proposição segundo a qual "em matéria de afetos, e em relação aos guineenses, levamos hoje a dianteira a russos, chineses, cubanos, suecos e outros que apoiaram o PAIGC no tempo da guerra colonial"...



Um cartoon (ou cartune, como vem grafado nos novos dicionários da língua portuguesa) histórico alusivo ao reconhecimento, por parte do Portugal democrático, da independência da Guiné Bissau, em 10 de Setembro de 1974.

Fonte: Gaiola Aberta. nº8 (1 de Outubro de 1974) © José Vilhena (1974) (com a devida vénia). 

Imagem gentilmente cedida por Jorge Santos, um dos primeiros membros da nossa Tabanca Grande (2005). Foi 1º Grumete Fuzileiro, Companhia de Fuzileiros nº 4 (Moçambique, Metangula, Cobué, Jan. 68/ Abr.70). É DFA, e autor de uma das páginas mais antigas sobre a guerra colonial.

Imagem também disponível  no Centro de Documentação 25 de Abril, da Universidade de Coimbra. Vd. também aqui uma página dedicada ao grande cartunista português José Vilhena (n. 1927, Figueira de Castelo Rodrigo).

I. Mensagem que circulou hoje pelo correio interno da Tabanca Grande;

Assunto: Sondagem > Somos um povo de afetos ? Resultados preliminares (n=70)

Amigos/a, camarada:

É a primeira "sondagem" do ano.... Prometemos, ao pessoal, não o massacrar muito, ao longo de 2015... Mas a tua opinião é importante... Estas sondagens não têm a veleidade de serem "científicas", o seu objetivo é didático, ajudam-nos a conhecer-nos melhor, a nós e aos outros... E animam o blogue. Temos ainda 4 dias para votar. Os resultados preliminares que apresentamos, respeitam a 70 votantes...

Recorde-se a pergunta sobre a qual tens que dar a tua opinião ("concordo", "discordo"...): 

"Em matéria de afetos, e em relação aos guineenses, levamos hoje a dianteira a russos, chineses, cubanos, suecos e outros que apoiaram o PAIGC no tempo da guerra colonial" (*)...

O voto é feito diretamente no blogue, "em linha", no canto superior esquerdo... E podes comentar aqui, na caixa de comentários do poste P14234 (*).

Outra coisa: nunca dês a ninguém, estranho ao blogue, a nossa lista de endereços. Por razões de segurança... Há quem ande a usar,  indevida e abusivamente,  a nossa lista de endereços de email. Nas comunicações entre nós mete sempre os destinários com os endereços ocultos (Bcc).

Obrigados. Um alfabravo caloroso. Cuidado com a(s) gripe(s)...

Os editores
_____________

II.  Resultados preliminares (n=70)

1. Concordo totalmente > 56 (80%)

2. Concordo em parte  > 6 (8%)

3. Não concordo nem discordo / Não sei  > 3 (4%)

4. Discordo em parte  > 2 (2%)

5. Discordo totalmente > 3 (4%)


Votos apurados: 70
Dias que restam para votar: 4

__________________________________


Nota do editor:

(*) Vd. poste de 8 de fevereiro de 2015 >Guiné 63/74 - P14234: Sondagem: opinião "em matéria de afetos, e em relação aos guineenses, levamos hoje a dianteira a russos, chineses, cubanos, suecos e outros que apoiaram o PAIGC no tempo da guerra colonial"...

13 comentários:

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Pelo andar da carruagem (ou seja da votação) ainda há nostálgicos que se farta!
É natural. Os velhos são sempre nostálgicos, lamechas e ternurentos.
É sintoma de maturidade.
Não tenho qualquer dúvida de que o "concordo fortemente" vai ganhar. Mas com o tempo os partidários dessa opinião serão cada vez menos.
Um Ab.
António J. P. Costa

Luís Graça disse...

Tó Zé:

Isto é o que se chama o "enviesamento da amostra"... Na realidade, são os "kotas" como nós que votam... E para mais "kotas" que foram combatentes na Guiné... Não estão aqui os que cá ficaram nem os que deram o salto, não estão cá os nossos filhos,,,

Por outro lado, o facto de a sondagem mostrar instantaneamente os resultados da votação pode levar a influenciar o sentido de voto... Vota-se, de acordo com aquilo que se pensa que seja o "pensamento de grupo"... Mesmo que o voto seja secreto...

Era interessante ouvir a opinião dos "outros", a começar pelos guineenses... E no que diz respeito aos suecos, o Joseph Belo não pode respon der por eles, apesar do seu "assuecamento"... Ele, de resto, é mais lapão do que sueco...

Bispo1419 disse...

Vamos aos afectos, queridos camaradas da Guiné! (Veem como estou afectuoso?) Falo por mim que de afectos é o que mais preciso agora, neste momento de opinar.

Isto de levar a dianteira em matéria de afectos será complicado de gerir pelos sujeitos da afeição:"Quero lá eu saber se aquele chegou em 1º ou em último lugar; agrada-me é que gostem de mim, o resto é lá com eles").
Bem, não dirão nada pois não terão conhecimento desta tão agradável notícia, digo eu.

O objectivo é saber se há uma relação afectuosa entre alguns (muitos, poucos?)portugueses e os guineenses. Porque entre os dois conjuntos, "povo português" e "povo guineense", duvido que alguém consiga avaliar essa relação. E penso que, a ser avaliada, não obteria uma posição de relevo se comparada com a de outros povos ditos amigos da Guiné-Bissau.

É verdade que tenho afeição ao povo guineense mas este inquérito não é sobre afectos individuais.
Começo já por dizer que concordo totalmente que "em matéria de afectos e em relação aos guineenses, levamos a dianteira ....". Mas agora me pergunto:
Qual a posição nessa dianteira? Encostados, mais ou menos perto ou muito à frente do segundo lugar?
Não sei responder. Russos, chineses, cubanos, suecos, etc.etc., actuaram na guerra colonial em favor do povo guineense?
Aceitando a linguagem política da questão, digo que sim, que actuaram na retaguarda, na formação militar e ideológica e na logística da guerra do PAIGC, alguns a participarem directamente nos combates (quase só cubanos).
Ajudaram sob o signo da amizade? Ajudaram, sim. Mas não o fizeram só pela amizade (ficava-lhes caro demais).
As «Associação de Amizade X - Guiné-Bissau», (sendo, por exemplo, X o nome de um dos países ajudantes) parecem querer dizer que sim mas a "Amizade" talvez seja o último dos objectivos a atingir pelos parceiros da Guiné-Bissau. Há outros, económicos e estratégicos, mais importantes e prioritários. De resto a chamada "amizade entre os povos", notariada em cerimónias diplomáticas, é quase sempre fantasia para uso político-económico, onde os afectos não contam.

Na dianteira dos afectos vão os portugueses. Acredito, mas até quando?
Afinal o que é que nos liga à população guineense, qual foi o "cimento" e o adubo desses afectos?
Penso que o "cimento" foi a guerra colonial e o adubo tem vindo a ser distribuído desde o início da guerra. Mas não podemos equiparar à realidade actual o grau afectivo das relações entre muitos dos antigos combatentes portugueses e a população guineense com quem conviveram. E é o que pode acontecer quando se escrutinarem os resultados desta consulta pois quer-me parecer que haverá gente a responder pensando "particular" (em si) e não "global".

Esta afectividade ainda existente, não sei em que grau, deve muito aos afectos nascidos durante a guerra e presentes na memória de muitos dos participantes nessa guerra ainda vivos, combatentes ou não, militares ou civis.
Mas o tempo não perdoa. Muitos dos usuários dessa memória, a maior parte deles guineenses, já morreram. Por isso não acredito que os laços afectivos se tenham vindo a fortalecer apesar de não ser difícil encontrar notícias de afectividades recentes resultantes dos contactos de cidadãos portugueses que têm visitado a Guiné nos últimos anos. Tenha-se em atenção que muitas destas afeições são interesseiras, só existem no discurso: "a necessidade aguça o engenho!".

Creio que esta relação afectiva não é igual de parte a parte. Será mais forte do lado guineense do que do lado português. O desenrolar da vida política, social e económica da Guiné tem sido um desastre desde a sua independência. Como não admitir que o povo sabe fazer comparações sobre a sua situação entre os tempos de antes e o pós-independência?

(Continua)

Bispo1419 disse...

Afinal o que é que liga à Guiné, afectuosamente, muitos dos antigos combatentes portugueses?
Será a recordação dos tempos difíceis e das situações aflitivas por que passaram, dos momentos de camaradagem, de alegria e de sofrimento, das marcas deixadas pela guerra e que, para o bem e para o mal, não se apagaram?
Serão as memórias da sua juventude passada na Guiné, para muitos deles tempos de muitas dificuldades mas também tempos de revelação de si próprios, das suas capacidades e do comportamento humano perante o bem e o mal, tempos de descoberta de outros "mundos", de outros lugares, de outro(s) povo(s) com seus usos e costumes?
Será para alguns a lembrança da ternura e da afabilidade sentidas nos momentos de convívio com a população que os rodeava, contrapondo esses consolos aos momentos de tristeza e medo, provocados pela guerra para onde foram obrigados a ir e de onde regressaram (os que regressaram) muito diferentes do que eram quando lá chegaram?

Procurar conviver com a população foi para muitos um objectivo facilmente cumprido pois o povo que os "recebeu" tinha, em geral, um comportamento não conflituoso com os militares. Era mais frequente mostrar afabilidade que indiferença. Sinais visíveis de desprezo seriam raros, o que não quer dizer que não pudessem existir em número mais elevado. Mas também havia sinais de dedicação e de sacrifício no apoio a muitos militares portugueses.

A afectividade ainda hoje existente nasceu de tudo isto?
Os afectos que muitos dos ex-combatentes têm por muitos guineenses poderão assentar nestas recordações de uma terra estranha para onde foram lançados e onde se viram obrigados a situarem-se de modo a lhes ser mais fácil alimentar a esperança de regressarem, vivos e inteiros.

Procurando um ponto de equilíbrio, conscientemente ou não, criaram laços, criaram amigos, "forçaram" relações pessoais e/ou aceitaram de bom grado outras delas, entraram de cabeça, uns, de mansinho e receosos outros. E assim conviveram sem sobressaltos de maior com o povo que lhes rodeava os aquartelamentos.Quem perde a memória feliz daqueles momentos?

(Continua)

Carlos Vinhal disse...

A pergunta do inquérito é: Em matéria de afetos, em relação aos guineenses, levamos a dianteira a russos e outros

Pressupõe-se que temos de responder como portugueses e não na qualidade de ex-combatentes.
Surge-me uma pergunta, por que se põs esta questão em relação à Guiné e não a Angola ou a Moçambique onde residiam mais portugueses (da metrópole) e o número de combatentes foi muito maior? Que diz a Guiné em relação aos normais portugueses? Lembram-se de quando éramos mobilizados para a Guiné, aqui tão perto, as pessoas ficavam mais aterrorizadas do que se fôssemos para o distante território de Timor, lá do outro lado mundo?
Estou-me a lembrar de que nos primórdios dos anos 80, Matosinhos se geminou com Mansoa. Pergunto, quem da minha cidade saberá onde fica Mansoa? E o que fez Matosinhos por Mansoa?
Quebrando o sagrado segredo de voto, digo que respondi que não sabia, porque como português não sei da qualidade dos afectos dos meus compatriotas para com os guineenses. Se fosse sobre o meu afecto, enquanto ex-combatente, a isto sim saberia responder.
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira/Matosinhos

Bispo1419 disse...

Durante algumas centenas de anos não houve naquela terra qualquer tipo de convívio social de portugueses com a generalidade da população da Guiné. Não me admira nada, os tempos eram outros, a visão centralista europeia olhava os povos africanos não como seus semelhantes mas como seus servidores. Portanto não acuso ninguém.
Não houve convívio mas houve muitos conflitos violentos, guerras mesmo.
Algumas relações sociais existiram mas para permitir acordos de negócios entre as partes, entre o poder colonial, oficial ou particular, e o dos chefes tradicionais locais. Acordos estes que variavam "conforme os ventos".
Outras relações, entre patrões e serviçais, entre dominadores e dominados, "colonos" e "colonizados", estavam assentes em posições de domínio absoluto do mais forte.
O poderem ter acontecido relações afectivas, pontuais e muito limitadas no tempo, no espaço e na sua abrangência, não me leva a dizer que as relações do poder com a população criaram afectos que se foram cimentando no decorrer do tempo. Não se acusa ninguém, há que ter em conta a relatividade histórica na análise do comportamento das sociedades.

Para que serve, então, bater na tecla das relações de amizade com os povos da Guiné, de há 500 anos para cá?
Não serve nada, deixemos esta balela para gestão política.
Relações de amizade? Não estou a falar de relações sociais, amigas ou não, entre reduzidos números de portugueses residentes e algumas entidades gentílicas.
Falo dos afectos resultantes da convivência diária, da partilha de vivências, da aculturação mútua surgida de contactos mais duradouros que foi o que se verificou em muitos lugares durante a guerra colonial de 1963/74.
A ida para a Guiné de tantos militares transportando a diversidade cultural existente na sociedade portuguesa, proporcionou ao povo guineense o ter alguma noção do que é "ser português" (o povo não é burro). Apesar de andarem de armas na mão, estes militares, não se pareciam com os antigos que, há séculos, se vinham sucedendo muitas vezes lançados ao deus-dará e a assumirem o poder colonial sem que para isso estivessem preparados nem mandatados, decididos a serem obedecidos a qualquer preço, na satisfação dos seus caprichos e ambições.

E quanto ao futuro?
Vai havendo bom trabalho, feito por organizações portuguesas e guineenses. Mas é pouco. Sei alguma coisa do que falo. Sabemos, aqui no blogue, de algumas associações e do seu trabalho na manutenção deste ambiente solidário e amigo entre muitas pessoas da Guiné e de Portugal.Convivo regularmente com guineenses, alguns deles antigos militares portugueses.
A base de sustentação dos afectos está, principalmente, nos antigos combatentes na Guiné e em poucos mais. Mas estes poucos mais não são
"pouco", são o sinal de que a solidariedade afectiva não morreu. Na Guiné sucede o mesmo. Há muita gente que gosta dos portugueses mesmo que políticos de serviço tenham algumas vezes afirmado o contrário. A população que conviveu com os militares portugueses não os esqueceu.
Não deixámos más memórias ao povo com quem convivemos. Isto na generalidade pois pode sempre haver "fruta podre nas caixas". Mas o povo não é estúpido em lugar nenhum do mundo, ainda que muita gente o afirme.
E, normalmente, sabe relativizar os acontecimentos, princípio básico necessário à sua sobrevivência com alguma dignidade social.
E uma coisa posso dizer com clareza:
O povo guineense é um povo digno de admiração.

Agradecendo a quem se deu ao trabalho
de ler todo este meu "discurso" um pouco atabalhoado,

Abraços para todos

Manuel Joaquim

Cherno Balde disse...

Caros amigos,

A semelhanca de alguns intervenientes, acho que esta sondagem so pode ter interesse na medida em que seja considerada simplesmente pedagogica e, ainda assim, ficam muitas questoes sem resposta, dependendo da posicao em que nos situamos e da perspectiva que temos do assunto, desde o mais pessimista aos mais positivos ou sentimentais.

E, depois do mais que brilhante comentario do Manuel Joaquim, havera muito pouco espaco para acrescemos da minha parte, todavia considero que:
- As respostas serao sempre mais individuais que colectivas, como diz o Carlos Vinhal.
- E as pessoas que responderem, provavelmente, falo-ao mais na qualidade de antigos combatentes do que simples cidadaos portugueses.

- Pode-se perguntar o que a cidade de Matosinhos faz em relacao a cidade de Mansoa, mas podemos inverter e perguntar o que Mansoa faz em relacao a Matosinhos. Por exemplo, nao gostei da declaracao publica do Presidente da FF da Gbissau, em relacao aos candidatos a Presidente da FIFA, independentemente das razoes que o motivaram.

Eu nao votei, na mesma linha que o Carlos porque, tambem, nao sei qual a afeicao que o povo portugues nutre em relacao ao povo guineense, para alem da evidente necessidade de encontrar um refugio temporario que se transformara em definitivo mesmo se a Europa nao levar a cabo a presente integracao forcada com capa de laicidade e de republicanismo que nunca existiram.

E mais, no que diz respeito a afectos, nao creio que haja um unico povo guineense, haveria muitos dependendo de varios factores (origem etnica, condicao social, urbano, rural, regiao de origem). Conheci pessoas que podiam dar a vida por Portugal, que vibram com as suas vitorias e entristecem com as suas desventuras; assim como outros que nem querem ouvir falar.

Quanto aos paises citados, podemos falar, sim, de afectos em relacao aos Cubanos, mas duvido que o mesmo se possa dizer dos Russos e Suecos que sao povos simpaticos, mas nao conhecem o nosso povo, a nossa realidade e so ouviram falar de longe. Com os portugueses eh diferente, foi uma relacao dificil mas que deixou marcas que ninguem pode ignorar.

Sobre a guerra, acho que o povo da Guine e os guineenses em geral, ou ja esqueceram ou ja perdoaram tudo e hoje gostariam de ser vistos e de se relacioanar com o mundo sem se agarrar muito ao passado, e chegado aqui, quero felicitar ao Jose Teixeira que humanamente conseguiu, penso eu, exprimir o verdadeiro sentimento do antigo combatente guineense: “Guerra eh guerra, desculpa meu irmao!”.

Nao posso concordar com aqueles que, por forca do passado, tem o desmerito de correr com um antigo combatente necessitado e lhe fecham a porta com o pretexto de ser do outro lado, nao, amigo Jorge Cabral, com todo o respeito que me merece, tambem nao concordo com os "niilistas" que nao conseguiram exorcizar-se dos seus fantasmas.

Um abraco amigo a todos

Anónimo disse...

Cherno!

Posso garantir que não tenho fantasmas! Sou contra nacionalidades de conveniência. Quanto à sondagem vale o que vale...muito pouco, ou nada..ABRAÇO. J.Cabral

Anónimo disse...

PS/
No quarto paragrafo, queria dizer: "nao sei qual a afeicao que o povo guineense nutre em relacao ao povo portugues" e nao o contrario.

Um abraco,

Cherno AB

Antº Rosinha disse...

Na Guiné ou em outra ex-colónia, quando algum cidadão desses países tem algum bom relacionamento com portugueses, corre o risco de os vizinhos ou colegas o alcunharem de "LACAIO" ou mesmo no caso do crioulo "CATCHURRO" do tuga.

Com o tempo esse risco pode diminuir, mas devido ao discurso político urdido por conveniências políticas, ainda vai demorar uns tempinhos ao estigma colonial desvanecer.

Temos o caso paradigmático do discurso anti-colonial exacerbado à Alberto João, que não tem limites.

Demorei a compreender mais de 50 anos estas coisas, porque sou de compreensão lenta.

Cherno AB disse...

Caro amigo Jorge,

Sobre os fantasmas, nao me referia a ti, leia bem e, quanto a nacionalidade, acho que ela eh e sempre foi de conveniencia.

Para ser sincero, sempre tive dificuldades em compreender porque raio um antigo combatente do PAIGC precisava pedir a nacionalidade portuguesa, mas como dizem 'ha razoes que a razao desconhece'.

Acontece que, como gosta de dizer o A. Rosinha, muitos dos combatentes do PAIGC, de FRELIMO e MPLA ou eram portugueses ou davam a filha para o conseguir ser, um absurdo que deixamos aos estudiosos para desvendar.

Anónimo disse...

Afectos entre povos em busca de graduacöes valorativas?

Nos exemplos apresentados,(portugueses,russos,chineses,cubanos,suecos,alentejanos,etc) aspectos menos platónicos näo deveräo ser escamoteados.
"Com carinho e com afecto" do luso-tropicalismo,ou "com economia e com afecto" à sueca?

(Os que tiveram a oportunidade de conhecer a Daducha,frequentadora do Pub John Bull no Cascais dos anos sessenta,compreenderäo facilmente esta dialéctica economia-afecto)

Para outros,e partindo do täo elevado exemplo anterior,pode-se perguntar:
Nas relacöes afectivas entre o povo da Guiné-Bissau e o povo da Suécia qual terá sido o ganho em "patacäo"...que näo amor?

A abstrair-se... afectos... qual terá sido o "ganho" para a Suécia resultante do somatório de todos os auxílios médico-sanitários,educacionais,logísticos,diplomáticos,etc,etc,etc,prestados aquando da guerra pela independëncia?

Se a esta "afectivdade" somarmos os dois mil milhöes(!) de dólares doados desde a independëncia até 1994,a música celestial de afectos mútuos deveria ser,pelo menos....ensurdecedora.

Isto, quando alguns mais saudosistas aparentam crer que os avultados dividendos(?) obtidos por estas doacöes de capital,a somarem-se aos infindáveis recursos naturais extraídos localmente e desviados para a escandinavia, têm vindo a contribuir para o enrequecimento contínuo da tal Europa do Norte.

Mas,e mais seriamente (se possível), a haver dividendos, estes seräo nos tais afectos profundos entre os dois povos.
Talves românticos triângulos de afectos do tipo..."Päo/Porrada/Amor" quase romance de Camilo Castelo Branco.

Um abraco do José Belo

António J. P. Costa disse...

Olá Luís

Estou como disse o Beja Santos: continuas a provocar o "nativo".
É bom. Para ver se isto aquece e o debate se instala, mas acho que as "declarações de voto" que acabo de aqui ver resumem muito bem a situação.
É certo que só os velhos e ainda por cima que passaram pela Guiné é que votam.
Há um indício técnico para que quero chamar a tua atenção. Neste momento há convívios de ex-combatentes em que as mulheres vão para uma mesa e os maridos para outra.
Isto significa que elas, que nunca lá foram (como o comum dos "cidadões" (kavaku dixit), começam a ter dificuldade em se rever no fenómeno e que os "ex-" estão cada vez mais sozinhos na sua nostalgia.
Um Ab.
António J. P. Costa