segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14162: Historiografia da presença portuguesa em África (48): Praça de S. José de Bissau, segundo Francisco Travassos Valdez (1864) (A. Marques Lopes)

1.  Mensagem do nosso camarada A. Marques Lopes, coronel inf, DFA, na situação de reforma, ex-alferes miliciano da CART 1690 (Geba, 1967) e da CCAÇ 3 (Barro, 1968):
Data: 18 de janeiro de 2015 às 13:25

Assunto: Praça de S. José de Bissau


Em "Africa Occidental – Noticias e Considerações – Tomo I",  Lisboa, Imprensa Nacional, 1864, pgs. 313-314, diz Francisco Travassos Valdez:

«Passemos agora a descrever a povoação. A praça de S. José de Bissau, com os seus poilões (erio exdentron anfractorum), árvores gigantescas que se erguem com majestade nos quatro baluartes, e que os abrigam com as sombras, sendo de taes dimensões que uma dellas tem 18 metros de perímetro na maior grossura, está situada na foz do rio Geba, e foi construída no ano de 1766, reinando el-rei D. José I.

De seu princípio teve alojamento para o governador, bons quartéis par 200 homens e officiaes correspondentes, igreja da invocação de S. José, alfandega, grandes armazéns, e um poço com agua potável. Mas depois de tudo isto feito com grossos capitaes, pela necessidade que houve de conduzir de Lisboa muitos operários e grane parte dos materiaes, bem como s vazos de guerra e tropa para sustentar a guerra contra o gentio papel e balanta, e para proteger a edificação da praça, que referem escriptores antigos custou a vida a mais de 2:000 portugueses, chegou este estabelecimento a uma decadencia tal que ainda há bem pouco só lhe restava um casarão construído de pedra e barro, aonde o governador e officiaes estavam pessimamente alojados e nas peiores condições hygienicas, um quartel para soldados, quasi em ruinas e em grande parte descoberto, uma mesquinha capella, alguma miseráveis barracas cobertas de palha, destinadas às mulheres dos 
soldados, e um poço cheio de entulho!
Fortaleza da Amura, foto de A, Marques Lopes (2014)

Ultimamente porém, alem de se estabelecer uma nova tarifa para os soldos dos officiaes da provincia de Cabo Verde, destacados na Guiné portuguesa, dando-se-lhe de augmento o equivalente a metade dos seus vencimentos, têem tido certo incremento as obras militares.

O governador geral Fortunato José Barreiros ordenou que se procedesse à reparação do forte do Pigiguiti, da tabanca e da palissada, e auctorisou a construção de uma parede (guarda fogo) no paiol da pólvora.


Sob a direcção do activo e inteligente governador da Guiné, Antonio Candido Zagallo, reconstruiu-se o quartel militar, comprehendendo alojamentos para os soldados e officiaes inferiores, arrecadação e cozinha, e começaram-se também as obras para a reconstrucção da casa de residência dos governadores, cujo madeiramento foi oferecido ratuitamente pelo falecido comendador Honorio Pereira Barreto.»


E acrescenta esta imagem, que me parece representar as construções feitas no interior da praça:



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