quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13949: Manuscrito(s) (Luís Graça) (53): O Mundo é Pequeno e o Alentejo... é Grande: pois que viva o Cante, que já cá canta... e agora para todo o mundo!


1. "O cante do Alentejo já é património mundial: Portugal passa agora a ter três bens que fazem parte da herança imaterial da humanidade." (Público, 27 nov 214, 10h17)

A UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, acaba de integrar o cante alentejano na lista do património imaterial da humanidade. Eram 10 e picos   em Lisboa!

Depois do fado e da dieta mediterrânica, classificados em 2011 e 2013, respectivamente. Portugal passa a ter o cante alentejano na Lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade... Uma candidatura absolutamente irrepreensível, exemplar, que tinha dado entrada  formalmente  a 28 de março de 2013 no comité internacional da UNESCO. As expetativas eram muito altas, mas o nervoso também era miudinho...

2. A adoção provocou emoção em todos os que seguiram os trabalhos, em direto (em áudio, como eu), mas também no representante do Governo brasileiro que fazia parte do comité internacional (aliás, o único país lusófono presente)... Imagino a alegria dos membros do Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa que viajaram até Paris, bem como nos demais elementos ligados à candidatura.

"A partir deste momento, esta forma tão singular de cantar ligada às jornadas de trabalho e de convívio do Alentejo, não é apenas uma tradição do sul do país – é do mundo. O mesmo mundo que fica agora a saber que, em Portugal, há uma região que canta como os homens do Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa, que fizeram 1800 quilómetros para brindar os delegados da UNESCO em Paris com a moda Alentejo, Alentejo." (Fonte: Público)

O cante alentejano tem um sítio oficial, Casa do Cante, em Serpa, de que é diretor o antropólogo Paulo Lima, e coordenador da candidatura. Mas a festa faz-se, no Alentejo, em Portugal e em toda a diáspora lusitana onde haja portugueses, alentejanos ou não,  que cantam (e emocionam-se a cantar ou simplesmente a ouvir) o cante alentejano.

“É de salientar a importância destas duas candidaturas, a do fado e esta”, disse ao Público o cantor Vitorino, presente na sede da UNESCO, em Paris. “O fado é muito solitário e individual. O cante é uma expressão colectiva – ele implica entre 18 e 30 vozes. É inclusiva. É muito atenta ao movimento social.” O cantor, que tem inscrito o cante no seu trabalho musical, acredita que o reconhecimento do mesmo como património da humanidade “vai eternizá-lo”.

Parabéns à Antena 1 que acompanhou esta candidatura e ao nosso camarada da Guiné, antigo locutor do PFA, em Bissau, Armando Carvalhêda, um grande profissional da rádio, que realiza e apresenta esse excecional programa da Antena 1 que é "Viva a Música"  (no ar desde 1996), e que nos foi dando notícias desde Paris sobre o andamento dos trabalhos da UNESCO...

Que o Cante seja um crescente fator de coesão social, de solidariedade intergeracional e de identidade cultural para todos os que, dentro e fora do Alentejo, o praticam, são os meus votos. Um qucbra-costelas para os camaradas e amigos da Guiné que se reveem nesta manifestação cultural da nossa terra.  O Mundo é Pequeno e o Alentejo... é Grande!... Que viva o Cante! (LG)
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Nota do editor:

Último poste da série > 27 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13948: Manuscrito(s) (Luís Graça) (52): O Mundo é Pequeno e o Alentejo... é Grande: pois que viva o Cante, Património Cultural Imaterial da Humanidade

9 comentários:

Anónimo disse...

José Brás (Montemor-o-Novo)

26 nov 2014 21:56

ó patrão dê-me um cigarro,
acabou-se-me o tabaco,
o pão que agora "entarro",
fumado dá mais um saco.

Anónimo disse...

Felismina Mealha

26 nov 2014 21:20

Luís, com todas estas manifestações, vem-me à memória sempre uma canção do Zeca, onde ele diz:

"Meu Alentejo esquecido, inda um dia hás-de cantar", embora não esteja no contexto, não consigo desligar do presente acontecimento, estas palavras.

Viva o cante!
Viva a minha Pátria Amada!
Obrigada Luisgraaeamaradasdaguine
Beijinhos ao seu criador e editores, meus amigos.

Felismina mealha

Anónimo disse...


Antonio Osorio

27 nov 2014 10:41

Parabéns, o cante Alentejano já é Património Imaterial da Humanidade!
Abraço
AO

Luís Graça disse...

Já que estamos em dia festa, pela consagração do Cante, faço-vos um convite para verem este documentaário (de 47 minutos) sobre a biodiversidade do baixo Alentejo, uma das regiões mais belas da Europa... A produção é da empresa Somincor - Minas de Neves Corvop, cuja política na área da saúde e segurança do trabalho eu acompanhei e estudei nos primeiros anos da década de 1990.

O Cante Alentejano, o “(can)to da (te)rra”, tem a ver com essa ligação umbilical do alentejano à "terra-mãe" (e muitas vezes madrasta)...

Segundo a Moda – Associação do Cante Alentejano, o canto a vzoes (polifónico) tradicional do Alentejo é inseparável, na sua génese, das longas caminhadas dos trabalhadores do campo entre as aldeias onde moravam e os locais de monda ou ceifa, onde tinham que estar anets do nascer do sol.

Só no princípio do séc. XX, é quw surgem notícias (documentadas) de cantos corais, l sem instrumentos, no Baixo Alentejo. Em 1907 é formado o Orfeão Popular de Serpa, terra que é hoje considerada a cpaital do Cante.

Sociologicamente, o Cante está ligado aos ganhões, às ceifeiras, às mondadeiras, aos assalariados agrícolas... Num agricultura dominmadfa pelo latifúndio, não havia "camponeses", como no norte, onde o "pai" é (era) "pai e patrão", e em que a família é (era) antes de mais uma unidade económica em que o número de braços é(era) muito importante...

LG

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"O Cante da Terra"

Documentário de vida selvagem realizado por Daniel Pinheiro, integrado no projecto de divulgação da biodiversidade de Neves Corvo.
Uma produção da Somincor, Mina de Neves Corvo - Lundin Mining Corporation, empresa aderente à iniciativa Business and Biodiversity, com a parceria científica do Centro de Biologia Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Sinopse

Neves-Corvo, Baixo Alentejo. A região mineira mais activa em Portugal, onde se encontra uma das maiores minas de cobre da Europa.
No entanto, a riqueza destas terras não acaba no subsolo. À superfície, a biodiversidade prospera, entre as estepes cerealíferas e o montado de azinho.

Uma viagem ao ritmo das estações pelos vários habitats que constituem esta região, revelando alguns dos seus animais e plantas mais característicos e o modo como se adaptaram a um ambiente de extremos. A relação do Homem com a Natureza e a forma como a moldou ao longo de séculos, numa história de cumplicidade contada na primeira pessoa.

http://www.biodiversidade-somincor.pt/web/index.php/pt/documentario

Valdemar Silva disse...

Viva o Cante e o Alentejo que o canta.
'Lá vai Serpa,lá vai Moura
q'as Pias ficam no meio
e quem for à Aldeia Nova
nã há q'a havera receio'

Parabéns ao Macias.
Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Viva o Cante e o Alentejo que o canta.
'Lá vai Serpa,lá vai Moura
q'as Pias ficam no meio
e quem for à Aldeia Nova
nã há q'a havera receio'

Parabéns ao Macias.
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Só posso estar satisfeito por ver reconhecido, pelos outros e em todo o mundo, o cantar Alentejano.
Os meus agradecimentos a todos que se empenharam nessa tarefa.
BS

Torcato Mendonca disse...

GOSTEI MUITO.

É BOM PARA O ALENTEJO E PARA O PAÍS.

Mais palavras para quê? Ouçamos e deixemo-nos embalar...

Ab,T.

Luís Graça disse...

Leio na página do Facebook da Casa do Alentejo:

(...) A Casa do Alentejo convida todos os alentejanos e amigos do Cante a receber a comitiva que assistiu a Proclamação do Cante como Património da Humanidade, hoje às 20:30h no terminal de chegadas do aeroporto de Lisboa.
VIVA O CANTE. (...)

Quero ver se lá dou um salto...