domingo, 26 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13803: A propósito de paludismo... Quando dispensava de saídas difíceis e quando até atacava na metrópole (Abel Santos / António Tavares)


1. Mensagem do nosso camarada Abel Santos (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), com data de 24 de Outubro de 2014:

Amigo e camarada Carlos,
Envio-te esta pequena resenha sobre o paludismo que atacou alguns camaradas nossos no teatro operacional da Guiné, no qual também fui um dos afectados (apesar de ser consumidor da Pirimetamina), mas que até foi meu aliado nessa altura.

No longínquo ano de 1967 mês de Dezembro, estando a CART 1742, da qual eu fazia parte, posicionada em Nova Lamego no chamado quartel de baixo, no dia 14 do mês de natal de 1967 sou confrontado com uma mudança brusca de temperatura após o almoço dando baixa à enfermaria, local onde o Furriel Enfermeiro Lopes (técnico de farmácia na vida civil na cidade do Porto) me aplicou de imediato a (mezinha) injecção da ordem. Ao fim de três dias tudo tinha passado e fui dado como operacional.

Mas, como disse atrás, o paludismo foi meu aliado, já que no dia 17 o comandante da Companhia, Capitão Cohen, manda formar a tropa e escolhe metade do grupo de combate a dedo, onde o primeiro a ser escolhido fui eu, para irmos a Sinchã Jobel, na mata do Oio, conjuntamente com a CART 1690 e o Pel Mil 110, executar uma batida na região, com o fim de desalojar o IN que possuía base nesse local. Como ia dizendo, o paludismo interferiu a meu favor, manifestando a minha incapacidade através da voz do Furriel Enfermeiro Lopes.
- O Abel está com o paludismo, meu capitão
- Então que vá para a caserna. - E eu fui, pudera.

O segundo caso de paludismo aconteceu após a minha chegada a casa na primeira semana, mas tudo foi resolvido rapidamente, já que eu era portador de um contacto telefónico dos serviços de doenças tropicais e infecto-contagiosas, que na altura (1969) estava instalado em Ermesinde (Porto), que acorreram imediatamente após o telefonema, e assim ao fim de uma semana estava novamente operacional.

Espero com este relato ter contribuído para a temática sobre o paludismo.

Sem mais, um grande abraço a toda tertúlia.
Abel Santos.

Nova Lamego, Natal de 1967. Na foto, em primeiro plano: Abel Santos, Oliveira e Aníbal. De pé, atrás: O Fur Mil Enf Lopes distribuindo os célebres comprimidos preventivos do paludismo.

Foto ©: Abel Santos

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2. Mensagem do nosso camarada António Tavares (ex-Fur Mil da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72), com data de 25 de Outubro de 2014:

Camarigos,
Já escrevi que estive mal com o paludismo quer no CTIGuiné quer no Porto, em Agosto de 1971.
Sim, até na minha terra fui vítima do paludismo.
Terminei a comissão em 23 de Março de 1972. Em Abril de 1972 fui a uma consulta médica de especialidade na Direcção Geral de Saúde. Cumpri sempre a prescrição médica e respectivos exames auxiliares. Procedimento que me conduziu à erradicação da doença.
O meu Processo nos Serviços de Higiene Rural e Defesa Anti-Sezonática, situada em Gondomar, tinha o número 155/4/72.
Porquê em Gondomar? Talvez por ser à época uma zona rural.



Depois de ter lido no blogue bons textos sobre o tema e também com a finalidade de não me repetir é a imagem acima e o seu conteúdo que merece atenção.
(Texto escrito de acordo com a antiga ortografia)

Um abraço do
António Tavares
Foz do Douro,
Sábado 25 de Outubro de 2014
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 Nota do editor

Último poste sobre a temática do paludismo >  25 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13799: A propósito de paludismo... e da arte de bem guerrear (Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf, Bissau, Bambadinca e Saltinho, 1970/72)

6 comentários:

António Martins Matos disse...

Durante a minha comissão nunca tive paludismo, as únicas pastilhas que tomacva eram de sal, já não sei bem para quê!
Verdade seja que, todas as noites, o meu quarto era desinfestado com umas pastilhas prós mosquitos e ainda havia desinfecçao interior com Monks, Chivas e Dimple.
Chegado à Metrópole, estava a ver um filme no cinema Estúdio....a caldeira entrou em ebulição, 3 dias de grandes febres.
Assim como tinham chegado... desapareceram!
As coisas que nos aconteceram por causa da ÁFRICA!!!

Luís Graça disse...

Abel, não sei o que era pior, se uma crise aguda de paludismo, se uma ida a Sinchã Jobel...

Pergunta ao A. Marques Lopes, que dormiu uma noite, lá perto, numa bolanha... E andou lá na porrada, no teu tempo... E voltou a Sinchã Jobel, em abril de 2006, quase 40 anos depois.. Já deves ter falado com ele sobre isso...

Valdemar Silva disse...

Caro Abel Santos.
Eu também tive paludismo, logo no início, em Contuboel e chegou de febre desses dias, se eu já era uma 'fraca figura', depois fiquei com 55 quilinhos.
Como estive, também, no Quartel de Baixo, em Nova Lamego, em 1969/70 não estou a reconhecer o 'cenário' da fotografia que anexas. Qual é o local?
Um abraço
Valdemar Queiroz

Abel Santos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Abel Santos disse...

Caro Valdemar.
Agradeço o comentário ao texto publicado no nosso blogue referente ao paludismo. E relação ao local da foto em que dizes não reconhecer o "cenário" é o refeitório que ficava em frente à entrada do quartel, no lado esquerdo era o campo de futebol, e ainda mais à esquerda ficava a caserna. Os aposentos dos oficiais ficavam do lado direito quem entra nas instalações.
Sem mais, um abraço.
Abel Santos

Unknown disse...

Pois é. Eu estive com o cu de molho na bolanha de Sinchã Jobel desde as 10h00 do dia 24/06/1967 ate às 05h00 do dia 25/06/1967. Fui picado por milhares de mosquitos e, parece-me, só por 999 moscas tzé-tzé. Não apanhei paludismo, porque sempre tomei medicamentos adequados: whisky, gin, cerveja, 1920... Não apanhei doença do sono porque, lembram-se?, ensinaram-me que só uma em mil das moscas tzé-tzé é que a tansmite. A. Marques Lopes