domingo, 1 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13220: Blogpoesia (383): Velhas crianças (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa amiga tertuliana Felismina Costa, com data de 31 de Maio de 2014, trazendo até nós um poema dedicado às crianças que nós fomos:

Caríssimo Amigo Carlos Vinhal
Como se aproxima o dia da criança, resolvi enviar um pequeno poema às (crianças) do fim da primeira metade do séc. XX, com especial incidência, aos meus amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné a quem saúdo carinhosamente.

Por seu intermédio, segue aquele abraço de infinita amizade-
Felismina mealha


Velhas Crianças

Que ainda não esquecestes
Os berlindes, as fisgas, e os ninhos que destruías,
Quando ainda não sabias o que era o amor paterno! Velhas crianças!
Como o tempo passou!
Como tudo ficou, perdido no tempo!
Criança, Menino, que trepavas às árvores,
Jogavas pião, arco, e bola de trapo,
Que a mãe te fazia…
Tu, que crescias, sem saber porquê…
Cantavas, sorrias, sonhavas… eu sei!
Quantos sonhos, tão bonitos, foram tuas madrugadas?
Quantas estrelas incendiadas dos alvores da Juventude
Te queimaram, te acordaram, nas manhãs das descobertas?
Quantas letras tinha o teu alfabeto?
Esse mundo descoberto a cada hora do dia?
A quantos sonhos te atreveste?
E a quantos te rendeste, sem pensar no que fazias?
Tu, que crescias, que crescias… docemente… amargamente,
Num tempo de medo…
Tu, que riste do medo…
Que choraste de medo, e do medo dos outros…
Menino… já grande!
Lá longe, distante, em terra estrangeira…
Tu, que muito aprendeste, que tanto sofreste,
Que tanto cresceste!
És velha criança, que guardas no peito
Lembranças, segredos, silêncios e raivas,
Milhares de palavras, surgidas, nascidas,
De um tempo imperfeito!
Criança de um tempo, que foi o meu tempo…
Criança que comento, porque cresceu comigo!
Serás sempre criança!
Nos filhos que embalaste…
Nos netos que embalas,
Nos sonhos que calas
Com medo do demo!

Felismina mealha
30/5/2014
____________

Nota do editor

Último poste da série de 29 DE MAIO DE 2014 > Guiné 637/74 - P13208: Blogpoesia (382): No colo de minha Mãe (J. L. Mendes Gomes, Berlim, 29 de maio de 2014, 7h43m, de chuva e vento frio)

13 comentários:

Anónimo disse...

Tu, que crescias, que crescias...
docemente...amargamente
Num tempo de medo.

Tempo que alguns de nós talvez já tenham esquecido, mas quase todos vivemos

Obrigado Felismina, gostei.

António Eduardo Ferreira

Anónimo disse...

Olha a Minha Vizinha
Há que tempos que não a ouvia!
Mas agora falou e, como de costume falou (muito) bem.
Parabéns e um beijo para Ela.
António J. P. Costa

Torcato Mendonca disse...


LI,como sempre costumo fazer. Senti que o nosso Dia da Criança ficou mais reico, mais terno e saudoso dos velhos que ainda ,de quando em vez, são crianças. Dizm serem elas o melhor do Mundo...dizem mas pouco,muito pouco fazem por isso.

Fez bem em aqui nelas falar, em dizer que Hoje é dia da Criança e, associando ao seu dizer lembrar as crinanças que há em nós, quantas vezes somos as crianças de um passado distante ou somos jovens de juventudes interrompidas.

Hoje na Revista do DN vem uma entrevista sobre a criança, os perigos de colocar fotos na Net. Este louco mundo desrespeita tudo em nome de deuses e, um dos mais aviltantes desreipeitos é para com a mulher e a criança. Sabemos, temos conhecimento e pouco se faz.

Ainda, neste nosso pequeno País, se sente que há tanto para fazer...não votam as crianças, não têm Cartão de Banco, têm número de Contribuinte - éh,lá lá...são futura fonte de receita.

Ai que me esqueci e as teclas tocando...Respeitem a Criança todos os dias. Justiça mais celere para os prevaricadores...e os velhos que voltem de quando em vez a serem crianças...brinquem com os netos...

Um beijo fraterno Felismina.
Gosto da palavra Tertulia e Tertuliano (a). Tabanca? Sim em saudosismo...Tabanqueiro?Não tanto.

Ab,T

José Marcelino Martins disse...

Obrigado, amiga Felismina.
Revi-me no poema.
Foi como "olhar" pela máquina do tempo.
Um beijo e obrigado.

Joaquim Luís Fernandes disse...

Amiga Felismina Costa

Obrigado pelo poema que nos partilhas.
Continua viva em mim a criança que fui
e tão bem se revê nos lugares, situações
e sentimentos que com arte descreves.

Parabéns e aparece sempre!

Um abraço
JLFernandes

Rui Silva disse...

Excelente, Felismina.

Revejo-me nesse passado já distante e pelos vistos "desactualizado", mas que o guardo com orgulho e bem sentido.
Obrigado Felismina pelo "filme" que me fez recordar e portanto viver mais.
Receba um abraço + votos da maior felicidade.
Rui Silva

Luís Graça disse...

Já tinhas saudades da nossa poetisa... Valeu!... Para ser lido por todas as crianças, as pequenas e as grandes... LG

Fernando Gouveia disse...

Amiga Felismina:

Já há muito tempo que não me manifesto, ou melhor, reajo aos seus escritos. Não quer isso dizer que não os siga e os aprecie. Mais uma vez a tocar nos sentimentos de, direi, todos nós.

Fernando Gouveia

Juvenal Amado disse...

Recordar a criança que vive em nós Felismina, faz reviver faz correr a nossas vidas como se fosse um filme em que sabemos o enredo até à actualidade, mas que tínhamos esquecido ou não lhe dávamos importância. Ao ler o seu poema lembrei-me de muitos episódios e pedaços dos que comigo percorreram todos estes anos e os que ficaram pelo caminho.
Um abraço e muito obrigado

Anónimo disse...

Obrigada velhos Amigos pelas vossas palavras. As minhas, quiseram apenas dizer-vos que não vos esqueci, e que recordo o tempo da nossa infância, que, como é óbvio, não foi igual para todos, mas, sem dúvida, muito próximas, a grande maioria.

Depois, todo o trilho é igualmente diferente, mas vivido e sentido, num misto de alegrias e sofrimento.

Desejo a todos uma vida longa e feliz.

Abraço fraterno.

Felismina mealha

Mário Vasconcelos disse...

Dia da criança mas também do pai ou do avô! Afinal, se elas o são, nós o fomos.
Revi-me nos versos e rejuvenesci um pouco, obrigado por mim e por todas elas.

Bispo1419 disse...

Só agora dei por este belo poema. Muito obrigado, minha cara amiga e vizinha Felismina, pela sentida emoção que me provocou.
Um beijo fraterno do
Manuel Joaquim

admor disse...

Amiga Felismina,

Isto de andar pelo facebook é o blog que paga.

Só agora vi o magnífico poema que me agradou imenso.

Parabéns, como sempre é muito bonito e retrata bem os tempos da nossa infância e fez-me pensar mais ou menos nestes termos: Porque carga d água é que eu não levei uma ou duas dúzias de piões para Guidage ou Barro e não pus aquela meninada toda a jogar.

Levava-lhes sempre os rebuçados e guloseimas que eles apreciavam, mas depressa desapareciam, enquanto os piões podiam servir para eles e até para os seus filhos.

Enfim fico muito grato pelo poema, pelas recordações e por estes pensamentos despertados.

Um grande abraço de muita amizade.

Adriano Moreira