terça-feira, 8 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12128: Notas de leitura (524): Reportagem do enviado especial do Diário de Lisboa, Avelino Rodrigues, CTIG, agosto de 1972 (Mário Beja Santos)



Reprodução da capa do Diário de Lisboa, edição de segunda-feira, 28/8/1972, e da primeira de quatro crónicas do enviado especial Avelino Rodrigues.

Imagens: Cortesia da Fundação Mário Soares.

Nesse espaço de tempo, entre a primeira (28/8/1972) e a  última crónica (31/8/1972), dois militares (metropolitanos), do Exército,  morreram noTO da Guiné: Francisco José Pacheco Marques, soldado, a 29, por acidente; e António João Carreiras das Neves,  alferes, a 30, em combate. O primeiro era do Alandroal, e pertencia à CCAV 3366 / BCAV 3846. O segundo, alf mil art,  era natural de Aviz e pertencia à 2ª CART  / BART 6520/72.

(Preciosas e detalhadas informações retiradas, com a devida vénia, do portal Ultramar Terraweb [Dos Veteranos da Guerra do Ultramar, Angola, Guiné, Moçambique,  1959-1975], a quem saudamos fraternalmente, na pessoa do seu fundador e principal editor António Pires, e demais colaboradores,  pelo seu gigantesco e exaustivo trabalho de pesquisa, registo e divulgação,  nomeadamente sobre os mortos da guerra do ultramar).



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de hoje (há outras notas de leitura, anteriores,  que aguardam entretanto publicação; a decisão é sempre do editor de serviço, em função de critérios de interesse e oportunidade editoriais):

Assunto -  Envio de texto sobre a reportagem de Avelino Rodrigues na Guiné publicada em 4 edições do Diário de Lisboa

Queridos amigos, 

Há pontos surpreendentes nesta reportagem: guerra assumida, sem ambiguidades; a ênfase no desenvolvimento e no reordenamento; a imagem de Spínola como um pacificador, veja-se a captura de Balantas na região de Ponta Varela que serão devolvidos à precedência depois de visitarem o Xime, receberem rádios, roupas e dinheiro; a noção de que a africanização da guerra é uma realidade; o chão Manjaco mostrado como a região modelo de acordo com o projeto de Spínola. 

A despedida da reportagem é cabalística, como consta: o pior será quando a guerra acabar. Para juntar a todas as peças que devem fazer parte da História da Guiné. Um abraço do Mário


2. Reportagem do jornalista Avelino Rodrigues na Guiné, Agosto de 1972

por Beja Santos [, foto à esquerda, 2006]


A reportagem publicada por Avelino Rodrigues nos dias 28, 29, 30 e 31 de Agosto de 1972, no vespertino Diário de Lisboa, está disponível no site da Fundação Mário Soares [, cicar aqui.]

Spínola, em meados de 1972, “namora” a imprensa de oposição, estabelece relações formais com Ruella Ramos e Raul Rego, responsáveis respetivamente pelos jornais Diário de Lisboa e República.

Avelino Rodrigues é convidado a deslocar-se à Guiné, são lhe dadas garantias de ver o que é preciso ver da região em guerra. O jornalista enceta as suas crónicas dizendo:

 “Chega-se a Bissau e logo os canhões do aeroporto, o arame farpado e os postos de sentinela nos dizem que a guerra é a sério”. 

Será uma digressão de nove dias por terras da Guiné. Ouvirá o comandante-chefe dizer: “Infelizmente, ainda tenho que dar tiros”, ao jornalista é dado ver que a ênfase é posta nos reordenamentos e no progresso, a contraguerrilha parece ser um epifenómeno. Nunca se fala em policiamento, é sempre em guerra. Desembarca e sobre Bissau comenta:

 “Tem-se a impressão que a cidade se transformou num grande campo militar e, todavia, os quarteis não se impõem à vista e é preciso procurá-los para os encontrar”. 

É alojado no Grande Hotel, sairá de lá com poucas saudades e nenhumas recomendações.

Se o primeiro texto foi intitulado “Paradoxos da guerra camuflada” [28/8/1972], o segundo, para leitor desacautelado, é enigmático: “A simpatia como arma de guerra” [29/8/1972]. Assim, de chofre, ouvem-se rebentar granadas em Ponta Varela, do outro lado do rio Corubal, quando o comandante-chefe está a impor os galões de capitão nos ombros de um alferes em Gampará. O moço é oficial miliciano e comanda um pelotão da companhia instalada na Península, depois que em Novembro passado numa operação de fuzileiros apoiados pela Força Aérea foi possível abrir a primeira cunha apontada ao território Beafada. 

Gampará, na descrição do jornalista, intimida:

 “À sombra das metralhadoras vivem em Gampará cerca de 900 Beafadas atraídos pelas melhores condições de habitação, de fomento agrícola e de assistência sanitária".

Como se os tempos estivessem sincronizados, os helicópteros põem-se em movimento e atravessam o Corubal, vem em direção a Ponta Varela, está-se no rescaldo de uma operação, destruíram-se cerca de uma dezena de celeiros. E anota: 

“Despojos não houve nenhuns, além de uma carta de Havana estampilhada com selos de Fidel e contendo retratos de família de um possível instrutor cubano”.

 Apareceram entretanto Balantas capturados, Spínola tranquiliza-os, não lhes irá acontecer mal algum, serão levados ao Xime, para verem as obras do Governo e depois serão conduzidos de helicóptero ao mesmo lugar onde tinham sido encontrados. Não será exatamente assim que as coisas irão acontecer, os Balantas capturados serão recebidos dois dias depois no gabinete do Governador antes de serem devolvidos ao mato. Levarão rádios, apresentaram-se de indumentária afiambrada e levaram dinheiro não se sabe bem para que compras. De Ponta Varela partiram para Ingoré, onde Spínola visitou população vinda do Senegal, na região de Tandé, 400 pessoas voltaram para as suas antigas tabancas, eram Balantas Bravos, que meses antes estavam ainda na órbita da guerrilha.

Passamos agora para o terceiro texto de “Guiné, crónica imperfeita” [30/8/1972], a cargo do enviado especial do Diário de Lisboa. Alguém informou  mal o jornalista  [, foto à direita, disponível aqui] e este vazou dados imprecisos, assim:  

“A guerra eclodiu em 1963, logo depois de Amílcar Cabral, então funcionário dos Serviços de Agricultura de Bissau, ter acabado o trabalho de recenseamento agrícola”. 

A realidade Balanta interessou o jornalista, que escreve: 

“A etnia Balanta continua a fornecer ao PAIGC a maioria dos seus combatentes”. 

No Congresso do Povo, em finais de Julho de 1972, Spínola dirigiu-se a esta etnia dizendo-lhes: “Vocês já tiveram oportunidade de verificar de que lado está a justiça, a felicidade da raça Balanta”. E, coisa curiosa como é que a censura deixou passar na íntegra a observação do jornalista:

 “O fruto do trabalho dos Balantas era absorvido pelas duas grandes casas comerciais de Bissau, cujos entrepostos recebiam o arroz e a mancarra por preços irrisórios, para venderem depois a preços especulativos”.

Segue-se um curto historial da guerra, o jornalista observa:

 “Ao contrário do que aconteceu noutros territórios ultramarinos, o movimento separatista da Guiné surgiu desde logo organizado politicamente e provido de estrutura militar eficaz. A ocupação portuguesa limitava-se a pouco mais de três mil brancos, quase todos funcionários administrativos ou comerciantes. Os chefes militares de Bissau reconhecem hoje que o avanço do PAIGC parecia imbatível nos primeiros anos, atingindo o ponto forte em 1968” (Spínola e o seu círculo sempre insistiram em comunicar com o exterior que o ponto de inversão era 1968, por acaso o ano em que chegou à Guiné”.

Avelino Rodrigues teve acesso aos elementos fornecidos pelo comando-chefe, escreve que 2000 combatentes do PAIGC manobram a partir das zonas de “duplo controlo” e a reportagem mostra o mapa da Guiné polvilhado na fronteira de 31 bases onde estariam sete mil combatentes, dos quais cerca de dois mil se internariam no território para espalhar o terror. Outros dados, a força africana era composta por cerca de cinco sodados regulares, cerca de seis mil milícias, mais de seis mil autodefesas, doze companhias de caçadores são comandadas por graduados nativos e diz-se algo de surpreendente: 

“Os milícias são militares em part-time só em circunstâncias especiais participam em operações”.

A última reportagem [31/8/1972] passa-se em chão Manjaco, é aí, essencialmente, que se está a desarmar a subversão. O repórter escreve: 

“Não vi guerrilheiros nas estradas que percorri de jipe sem a proteção de qualquer arma desde Teixeira Pinto ao Pelundo e a Churobrique, onde fui encontrar no reordenamento de Zinco lado Demba que há três anos se apresentou com um grupo de 30 homens”.

 Informa o jornalista que ali está assegurado do domínio militar, aqui é o campo de ensaio da política de Spínola, um exemplo de que foi possível fazer em menos de quatro anos o trabalho de quatro séculos.

Noutra incursão, conversa com Augusto, chefe de tabanca de Bissássema, antigo carregador do PAIGC. O repórter interroga-se sobre os nervos de aço e a temperança indispensáveis para aguentar uma comissão militar tão violenta. Um comandante de um quartel, a tal propósito, fez-lhe o seguinte comentário: 

“Mentalizei os rapazes para aguentaram os dois anos de guerra como pagamento do direito de continuarem a viver em paz na Metrópole. O que é preciso é não morrer, safarmo-nos como podermos”. 

As últimas deambulações decorrem à volta dos reordenamentos. É aqui que Spínola lhe diz que a guerra não se pode ganhar aos tiros, é por isso que os militares trabalham pelo progresso da província. E a reportagem termina de um modo cismático: 

“Mas quando acabar a guerra, quem poderá mobilizar os técnicos para o serviço civil na paz? Parece paradoxal mas é verdade: o pior será quando a guerra acabar”.

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Nota do editor:

Último poste da série > 27 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12092: Notas de leitura (523): "Missão na Guiné", publicação do Estado-Maior do Exército e "Histórias de Guerra, Índia, Angola e Guiné, Anos 60", por José Pais (Mário Beja Santos)

11 comentários:

Luís Graça disse...

Estranha profecia, a do jornalista do "Diário de Lisboa" (que estava longe de morrer de simpatias pelo regime de então)...E acertou mesmo... A elite dirigente do PAIGC, acéfala (com a morte de Amílcar Cabral), mas deslumbrada (pelas efémeras luzes da ribalta do palci internacional...), não conseguiu colmatar a dramática falta de quadros técnicos... De facto, o Avelino Rodrigues já via longe...

“Mas quando acabar a guerra, quem poderá mobilizar os técnicos para o serviço civil na paz? Parece paradoxal mas é verdade: o pior será quando a guerra acabar”.

A. Rosinha disse...

Luis, o deslumbramento como tu dizes da elite dirigente do PAIGC, tinha muita lógica, durante toda a luta.

Diziam eles, os três vitoriosos (PAIGC, MPLA, FRELIMO) que tinham mais gente preparada e formada que os governos coloniais "tugas", que eramos uns atrazados, e no entanto aqueles territórios eram prósperos.

Na lógica deles, e nos discursos era que com a independência o povo ia produzir muito mais riqueza, porque já não trabalhava para o colon.

Mas a euforia desses dirigentes mais enganosa, foi aquela frase para o povo: "não precisamos do colon, porque os nossos amigos, vão-nos ajudar".

E aquilo que, principalmente em Angola e Moçambique, muitos brancos e mestiços, funcionários e empresários, já naturais de lá, e que estavam decididos a ficar lá e colaborar, foi tudo por água a baixo, tiveram que fugir em pontes aéreas nas vésperas das independências.

Isto em Moçambique e Angola.

Na Guiné, ainda ficaram muitos capazes, funcionários e comerciantes, e agricultores prósperos, guineenses uns caboverdeanos e metropolitanos outros, durante algum tempo, mas lentamente foram sendo "diplomaticamente" corridos, até que se deu o colapso total com o golpe sobre Luís Cabral em 1980.

Luís, quando Avelino Rodrigues foi lá, já havia o Biafra, Ruanda, Burundi, Zaire...

Mas havia muito optimismo na cabeça dos dirigentes, mas nunca houve esperança naqueles povos.

Nunca houve nenhuma fé na cabeça dos africanos, mas tinham que engolir...mas de braços cruzados.

O que Avelino Rodrigues pensava, já tinha esquecido ao povo, há muito tempo.

É o meu ponto de vista e de muitos sobas, régulos e sèculos, que mais ou menos era o ponto de vista daquele jornalista.

Luís Graça disse...

Meu caro Rosinha: e no entanto nenhum de nós está aqui defender o "colonialismo" (, tal como o conhececemos, desde a Conferência de Berlim), nem sequer o "spinolismo"...

Sobre a euforia e as desilusões dos primeiros anos do pós-independência, leia-se e releia-se este depoimento incontornável e antológico do nosso (meu e de muitos outros grã-tabanqueiros) amigo Pepito, membro da nossa Tabanca Grande, que voltou para a sua terra, como jovem engenheiro agrónomo,com a sua espos e sua a filha, portuguesas, depois da independencia, cheio de ideias, energia e entusiasmo...

(...) "Percebendo que se ficasse à espera de directivas dos dirigentes, nunca sairia do ciclo de actividades avulsas e ocasionais prevalecentes, decidi iniciar em Dezembro de 1975, um programa de ensaios de arroz, a partir de 15 variedades fornecidas pela ADRAO. Negociei com a Central Eléctrica de Bissau, a título de empréstimo, um pequeno terreno e água desperdiçada. Era a primeira vez na minha vida que semeava qualquer coisa. Como técnico recém-formado estava em pânico, oscilando entre a falta de confiança no resultado e a expectativa de vir a ser um sucesso.

Já com a totalidade das variedades em plena floração, convido o Sub-Comissário para visitar o campo de ensaios.

À entrada do campo uma tabuleta dizia DEPA. Ele não olhou para o ensaio, fixou-se na tabuleta.
- O que é isto? - perguntou.
- É o Departamento de Experimentação e Produção de Arroz que criámos - respondi eu.
- E quem é que deu autorização para este nome?
- Escolha então você um outro - concluí eu.

Foi a partir daí que me comecei a aperceber do crime que havia sido cometido com a formação de quadros nos países do bloco soviético. Não do ponto de vista técnico, mas da cultura de passividade que “inculcava” ou “impunha” aos seus formandos. Saía-se de lá com o espírito de obediência passiva aos chefes, esperando sempre “directivas” vindas do alto sem nunca se estimular a capacidade criadora e inventiva dos técnicos, sob pena da mesma poder ser considerada um atentado à autoridade dos chefes e no interesse em substituí-los.

Os primeiros anos foram vividos neste clima, tendo mesmo um grupo destes técnicos, acabado por escrever um opúsculo intitulado “Os bem e os mal servidos do Ministério da Agricultura”. Aqui os técnicos eram divididos entre “socialistas”, os que estudaram nos países de Leste, e “capitalistas”, os que vinham de Lisboa.(...)

31 DE JULHO DE 2008
Guiné 63/74 - P3101: História de vida (12): Desistir é perder, recomeçar é vencer (Carlos Schwarz, 'Pepito', para os amigos)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2007/07/guin-6374-p3101-histrias-de-vida-12.html

antonio graça de abreu disse...

O Avelino Rodrigues foi recebido no nosso CAOP 1, em Teixeira Pinto pelo coronel Rafael Durão e desculpem a imodéstia, também por mim, alferes pequenino no CAOP 1. Falámos muito sobre o chão manjaco e as nossas vidas.
Os seus textos no Diário de Lisboa têm muita qualidade.

Abraço,

António Graça de Abreu

Antº Rosinha disse...

Luís Graça, o nosso confrade Pepito, no meu entender, merecia um tratado muito especial neste blog, pois representa a imagem de milhares de portugueses que nascidos, criados e envolvidos na ideia de uma futura independência das ex-colónias, não queriam ser excluidos do seu direito à sua pátria nova.

Havia milhares de "Pepitos" em potência.

Só em Angola andaram comigo no CSM da Escola de Aplicação de MIlitar de Nova Lisboa, várias dezenas de jovens "Pepitos".

Eles sim é que nos "chateavam" e ensinavam aos jovens que tinhamos vindo das nossas "berças" para a terra deles, e que se auto intitulavam brancos de 2ª, termo que a maioria de nós portugas, caputos, chicronhos e outros nomes que ingenuamente nem conheciamos.

Pena que esses milhares de "Pepitos", uns regentes agrícolas de Santarem e Coimbra, outros directores de repartições públicas, muitos médicos e engenheiros de máquinas e civís, grandes atletas e futebolistas, enfim, a malta mais preparada de toda a juventude portuguesa, tiveram que dar corda aos sapatos, (Portugal, Brasil...)como eu, retornado.

Poucos por lá ficaram, sendo que no caso da Guiné, há demasiada areia na engrenagem atravéz de terceiros.

E Amilcar Cabral e os "Pepitos", foram os principais defensores daquelas fronteiras, pois que, ao lado de Spínola e seus tugas, foi possível as Nações Unidas em 24 de Setembro confirmar que aquele território nunca será uma 2ª Casamance.

Mais do que a independência, aquele 24 de Setembro (nos cús de Boé)foi a confirmação internacional de um novo país, contra a vontade de tudo e de todos.

Penso que enquanto haja algum "Pepito" por lá, e agora Xanana Gusmão...a Guiné vai sobreviver.

Cumprimentos

Luís Graça disse...

"O Movimento dos Capitães e o 25 de Abril", livro de Avelino Rodrigues, Cesário Borga e M+ário Cardoso, foi publicado logo em setembro de 1974, pela D. Quixote, e é considarada a primeira obra impressa com leirura analítica do 25 de abril que derrubou o regime do Estado Novo. Já teve várias edições.

Cherno Baldé disse...

Caros amigos,

Sem querer menosprezar as opinioes antes expostas, na minha opiniao, a visao "profética" do Jornalista, também, seria valida se fosse vista do ponto de vista de uma eventual e (im)possivel vitoria do exercito português e seus aliados.

Na altura era dificil prever como seria o fim da guerra e penso, ingenuamente, que o Jornalista também nao o podia saber.

Acontece que, qualquer que fosse a parte vencedora, a situacao da Guiné seria simplesmente insustentavel se atendermos o que era a economia do pais e donde vinham os recursos para suportar a politica "Por uma Guiné melhor".

Na altura nao passava de uma crianca, mas hoje, retrospectivamente, reconheco o gigantesco esforco (a todos os niveis)que seria preciso fazer para manter e/ou melhorar os niveis da situacao economica e sobretudo social e politica das nossas populacoes e em especial aquela que vivia nas zonas urbanas.

isto, para apresentar, em breves palavras, a forma como eu apreendi a frase do Avelino Rodrigues proferida em 1972.

Em conclusao, qualquer que fosse o desfecho da guerra, a Guiné apresentava desafios enormes a superar para qualquer um que a viesse a governar. O Projeto do Spinola na Guiné apresentava-se como uma armadilha dificil de manipular no futuro.

Um abraco amigo

Cherno Baldé

Antº Rosinha disse...

Amigo Cherno, em 1972 era Angola que permitia que tanto Caboverde como a Guiné-Bissau pudessem sobreviver economicamente, com aquela aparente tranquilidade.

Nem com Guiné melhor ou pior, Portugal podia aguentar aquela guerra sem os recursos angolanos.

Só que visto aos olhos daquele tempo por gente como os que mais tarde fomos retornados, e aqueles sobas e régulos da idade do teu pai, amigo Cherno,era exactamente que tudo ia ser muito mau,como na realidade foi.

Angola com 30 anos de guerra feroz, ultrapassou talvez o que se imaginava, Moçambique foi mais de 15 anos de guerra tambem feroz, e no caso de Caboverde e São Tomé, na realidade pensava-se que ficariam tipo ilha da Madeira e Açores.

Agora o caso da Guiné-Bissau, desde que não apareçam outros tipos de problemas de terrorismo religioso ou étnico que vemos nalguns países africanos, talvez até tenha corrido melhor do que os antigos pensavamos.

Cherno, lembremo-nos que se dizia que Guiné só havia uma.

E ainda se pensa mais ou menos isso na cabeça de muita gente.

Cherno, no tempo colonial,toda a estrutura colonial africana portuguesa com Salazar, funcionava num todo, havia Indianos, e Caboverdeanos e macaenses e timorenses e guineenses a circular por todas as colónias.

Os transportes marítimos de todas as companhias ligavam todas as colónias a transportar mercadorias e gente como um transporte público.

A Guiné colonial nunca foi governada isoladamente, nem podia.

Não tenho estatísticas para demonstrar isto que digo, mas connheci e vivi com gente de todas as ex-colónias e o que digo era do conhecimento geral.

Cumprimentos

Anónimo disse...

"QUADROS" Meus caros.. ou a falta deles...

Que "quadros"...médicos,engenheiros,arquitectos,professores,electricistas,mecânicos,trolhas..etc..etc..tinham os movimentos ditos de "libertação...estes na sua grande "visão histórica"..correram com todos e não foram só os "tugas..depois foi o que se viu e ainda vê..
Não basta fazer a "guerra" é preciso e é fundamental recursos humanos...apenas quiseram a independência..já. e da nossa parte.. ai é...então tomem lá que vos faça bom proveito...

O "colon" tuga era mesmo "bera"

Os russos e afins eram todos boa gente..viu-se

C.Martins

Anónimo disse...

Ontem a noite assisti, pela RTP Africa, a mais um episodio do documentario do Jornalista Joaquim Furtado (2012) e desta vez, por coincidencia, reportava-se sobre o periodo de Agosto a Setembro/73, quando o Governo de Lisboa decidiu substituir o Gen. Spinola pelo Brig.(?) Bettencourt Rodrigues .

Uma bela coincidencia, pois o substituto do Spinola na Guiné foi o primeiro a tentar substituir o Spinola num terreno bastante complicado, lembro-me que na altura a populacao estava muito revoltada e houve até um tipo de arroz de ma qualidade que deram o nome de Bettencourt Rodrigues...depois foi o PAIGC e quando tudo parecia correr sob rodas acontece o golpe de 1980 e a partir dai comeca o descalabro que assistimpos hoje.

Cherno

Anónimo disse...

E pa se os tugas não prestam o chamado colonialistas também não e os que fizeram a guerra eram todos pacicifistas incluidam os que aceitaram ser capitães milicianos e dizem eles que estavam contra a guerra colonial, olha se não estivessem.Vão a merda e viva o PAIGC que deixou o povo na merda.