domingo, 23 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11753: Inquérito online: Alguma vez tiveste necessidade, camarada, de recorrer ao médico ou ao enfermeiro da tua companhia, no TO da Guiné ? A resposta é múltipla e já temos 42 respostas

A. Mensagem enviada hoje, internamente, aos membros da Tabanca Grande, e que queremos alargar aos nossos camaradas, combatentes, que nos leem...

Quem é que não esteve doente no TO da Guiné ? Já não falo por ferimentos em combate,,, Falo de doença dita "natural"... Quanto mais não fosse, quem é que não esteve doente...  com uma carga de paludismo, uma diarreia valente, uma blenorragia ou com o corpo infestado de "flores do Congo" ?!

E, se sim, tivemos que recorrer ao "pastilhas" (enfermeiro) ou ao "senhor alferes miliciano médico" da companhia ou do batalhão. Médicos civis, nas santas terrinhas por onde passámos e penámos, não os havia... Hospitais a sérío, só o HM 241 (Bissau) ou HMP (Lisboa)... Sabemos que certas doenças transmissíveis como a tuberculose ou a hepatite davam logo direito a "evacuação" para a metrópole... Houve alguns safados que, mal por mal, preferiam uma hepatitezinha do que andar no mato... 

Bom, tudo isto para a gente recordar as nossas doenças e os nossos queridos médicos e enfermeiros... Há uma sondagem a correr sobre o tema. Precisamos das vossas respostas. Já houve 42 camaradas que responderam, às 20h30. Têm, a seguir, as perguntas e as respostas dos 42...Quem ainda quiser colaborar, tem 3 dias. A resposta é múltipla, podem dar mais do que uma resposta... Tem que ser "on line" (, na coluna do lado esquredo) E é anónima, a resposta, pois claro!..

Agradecemos desde já a vossa colaboração... Vocês têm (ou melhor,. todo nós temos) um precioso "capital de memória" que compete ao nosso blogue rentabilizar... Há perguntas que têm de ser feitas (e respondidas) agora, em 2013... No 1º centenário do início da guerra colonial, em 2061, de certeza que nenhum de nós cá estará para dizer que foi assim ou assado... 

Fiquem bem, bom, alegre, divertido e saudável São João!... Divirtam-se!

Um Alfa Bravo. Luís Graça



B. SONDAGEM: 

ALGUMA VEZ TIVESTE NECESSIDADE DE RECORRER AO MÉDICO OU AO ENFERMEIRO DA TUA COMPANHIA, NO TO DA GUINÉ ? (RESPOSTA MÚLTIPLA) (n=42)


1. Felizmente nunca tive necessidade de recorrer ao médico ou ao enfermeiro
n=4 (9%)

2. Fui visto uma vez pelo médico
n=6 (14%)

3. Fui visto mais do que uma vez pelo médico
n=20 (47%)

4. Fui visto uma vez pelo enfermeiro
n=3 (7%)

5. Fui visto mais do que uma vez pelo enfermeiro
n=21 (50%)

6. Não havia médico na minha companhia
n=12 (28%)

7. Não havia médico no meu batalhão
n=0 (0%)

8. Tive de passar pelo HM 241 (Bissau)
n=15 (35%)

9. Felizmente nunca tive de passar pelo HM 241 (Bissau)
n=15 (35%)

10. Tive de ser evacuado para o HMP (Lisboa)
n=4 (9%)

11. Felizmente nunca tive de ser evacuado para o HMP (Lisboa)
n=16 (38%)

7 comentários:

Anónimo disse...

Rui Santos
22:48

Luis, Boa noite!!!

Tive três ataques de paludismo no território da Guiné, um em Bedanda (tratado pelo enfermeiro da unidade 4ª CC) e em Bolama tive dois, penso que porque bebi a autentica água salobra das bolanhas, que tanta gente fala, mas eu bebi-a juntamente com os meus amigos/soldados pretos(tratadas pelo enfermeiro e por ordem do Dr. Guilherme Peixe, médico do CIM).

Não desejo a ninguém que isso aonteça pois já cá no continente tive mais três vezes, é obra ...
Claro que minha mulher foi assistida ... pelo nascimento da minha filha no Hospital Principal de Bissau (Civil) pelo dr. Círio Andrade, mas como minha mulher teve um ataque de paludismo dias antes de acabar o tempo, eis que tomou por minha autorização e acordo do Dr. Círio, a velha camoquina (anti palúdico mas abortivo), e assim nasceu uma miúda em chão papel. que tem agora 48 anos e três filhos, bem haja dr.Círio.

Abraço
Rui G dos Santos

Anónimo disse...

Antonio melo
22:56

Tive de passar pelo H M 241 (Bissau)

Anónimo disse...

José Santos

12:30


1)--Eu fui enfermeiro em Mampatá
2)--Fui visto no H. M. Bissau
3)--Sim
4)-----
5)-----
6)--Não
7)--Não
8)--Sim, fui queimado estive lá 45 dias internado
9)--------
10)Fui evacuado de avioneta
11)--Não

Fui muita vez ao Hospital levar doentes de mampatá e colegas nossos, andei bastante de avião pois o furriel nunca ia, o capitão tinha mais confiança em mim, porque eu já lidava com medicamentos estava empregado numa farmácia, e ele não tinha confiança no furriel daí ser sempre eu que andava com os doentes.

Um alfa bravo
José sSantos

Anónimo disse...

Mario de Oliveira
13:59


Seria verade que alguns militares "bebiam cerveja, e comiam bananas em jejum...para apanharem uma "hepatite" que dava direito a evacuação?

José Nunes disse...

Camarada,nos dois anos e um dia de Guiné,duas vezes estive com paludismo,na 1ª recorri á Enfermaria do Batalhão Beng 447,depois de trés dias de estágio recorri aos préstimos de um Amigo radicado na Guiné que me deu tratmento de choque,salvo erro 4 Resoquinas de uma Vez,8 Horas depois trés e mais trés,isto em poucos masi de 48 Horas a Caixa foi-se,mais tarde tramento caseiro,estava afazer uma Montagem Eléctrica em casa de um civil Comerciante e senti que o paludismo estava por ali,deu-me trés Resoquinas com meio copo de água de Wisky e abafou-me,passados Horas estava como novo,Recorri duas vezes ao hospital para arrancar dentes o Dr.Malicia o tal que jogou futebol na Académica,as matacanhas eram tratadas localmente,de resto tudo tranquilo em relação a doenças,tinha cuidado nos relacionamentos,no meu tempo era usual fumar cigarros embebidos em óleo de palma,faxer o pequeno almoço á base de banana e cerveja procurando uma Hepatite,nunca tive conhecimento de algum viesse
evacuado mas faziam.
José Nunes
Beng 447
Brá 1968/1970

Anónimo disse...

Jose Manuel Matos Dinis
16:04

Vou procurar responder sucintamente, embora aqui ou ali me espalhe um bocadinho.

1 - Eu tive necessidades várias.
2 - Mais que uma vez.
3 - A minha companhia não tina médico. Em Piche, enquanto ali estivémos, também não havia médico, Mais tarde, a espaços, tivémos um médico de próximidade em Pirada. Só fui visto por médicos em Bissau, no HM.
4 - Usei dos serviços dos enfermeiros por várias vezes. Os enfermeiros da minha companhia, e os que estiveram ao nosso serviço oriundos de outras unidades, foram sempre extraordinários de competência e dedicação. E no que me diz respeito, quero expressar uma grande gratidão. Até um puto que fazia de enfermeiro em Bajocunda tinha a nossa confiança, como se de um profissional se tratasse.
5 - Vide resposta anterior.
6 - Não havia. Faleceu um camarada por indução errada de diagnóstico. Se tivesse sido seguido mais de perto, talvez estivesse entre nós.
7 - Como referi, em Piche, na ocasião, não havia médico. Mais tarde, a espaços, em Pirada havia consulta.
8 - Sim. Estive lá 25 dias, e pedi alta para regressar ao mato. Era um cliente de luxo, e não me queixo do tratamento, nem dos sumos italianos, nem das frutas sul-africanas. No penúltimo dia, um médico (miliciano?) referiu-me que a minha baixa, apesar dos dias decorridos, não justificava a evacuação para Lisboa, mas que podia ali reter-me mais algum tempo. Agradeci, mas senti saudades da família.
9 - Vide resposta anterior e um post publicado.
10- Não senhor, com muita pena!
11- Vide resposta anterior.

Faço votos de muita saúde aos canmaradas.

Abraços fraternos

José Marcelino Martins disse...

(a) Quantos médicos seguiram com o vosso batalhão, no barco?

R: Como fui em rendição individual e num barco de passageiros e carga, seguiam apenas duas tripulações de LDO (8 marinheiros e respectivas lanchas) e 4 Furriéis do Exercito, sendo um do QP (por acaso enfermeiro) com destino à CCaç 6 em Bedanda.

(b) Quantos médicos é que o vosso batalhão teve e por quanto tempo?

R: A unidade era “do recrutamento provincial” e, portanto, não tinha médico. O Batalhão a que a CCAÇ 5 estava adstrita e no período em que lá estive 2 batalhões), tinha apenas um médico.

(c) Lembram-se dos nomes de alguns? E lembram-se se já especialistas na vida civil? Lembram-se da idade?

R: Não me recordo dos nomes, já que não estava na sede do batalhão. Falava-se que o médico do primeiro batalhão, o 2835, tinha a especialidade em ginecologia. Já não eram novos. Provavelmente tinham pedido adiamento para o serviço militar, o que levou à sua mobilização mais tardia. Para o final da minha comissão, apareceram médicos-piras, e aí um bocado mais novos (não esquecer que nós também havíamos envelhecido).

(d) Precisaram alguma vez de alguma consulta médica?

R: Nunca recorri a consultas médicas no batalhão.

(e) Estiveram alguma vez internados na enfermaria do aquartelamento (se é que existia)?

R: No período da minha permanência na companhia e no aquartelamento de Canjadude, a enfermaria começou por ser um tabanca (que ardeu ao esterilizarem seringas) tendo passado para o “armazém central” e mais tarde construída uma enfermaria para atendimento e internamento.

(f) Foram a alguma consulta de especialidade no HM 241?

R: Estive na consulta externa de medicina em Abril de 1970, mas não foi dado seguimento ao tratamento, uma vez que estava a cerca de um mês do fim da comissão, e o tratamento demoraria um a dois meses.

(g) Foram evacuados para a metrópole, para o HMP?

R: Não encontrei nos registos da companhia, apesar de pouco descritivos, qualquer referência a “evacuados” para Lisboa.

(h) Tiveram alguma problema de saúde que o vosso médico ou o enfermeiro conseguiu resolver sem evacuação?

R: Nesse aspecto o Sargento Cipriano “era um às”. Normalmente resolvia os casos que lhe apareciam, mesmo de ordem estomatologia.
Em matéria de evacuações só tive conhecimento de um, um caso de trigémeos, em Agosto de 68, em que foi pedida a evacuação da parturiente. Resultado: um nado-morto, um morto prematuro (não viveu oito dias), e o terceiro morreu, com cerca de um ano em Nova Lamego, vítima de atropelamento.

(i) O vosso posto sanitário também atendia a população local (se sim, como é mais o mais provável, há alguma estimativa da população que recorria aos serviços de saúde da tropa?)...

R: Toda a população frequentava a consulta “médica” do Sargento Cipriano, de etnia manjaca. Era o cipaio que controlava a “obrigatoriedade” desta medida.

Nota: Este inquérito foi respondido com o “conhecimento” do tempo em que lá estive. Não foram remetidos para a metrópole, ou pelo menos não estão disponíveis no AHM, os relatórios sanitários.
Em Agosto de 1974 foi destruída toda a documentação considerada “não relevante”. A documentação que veio para cá, muita foi “perdida” por roubo de bagagens, já em Lisboa.