quinta-feira, 16 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11575: Op Lança Afiada (Setor L1, Bambadinca, 8 a 19 de Março de 1969): I Parte: Cerca de 1300 efetivos: 36 oficiais, 71 sargentos, 699 praças, 106 milícias e 379 carregadores

Guiné > Zona Leste > Setor L1 (Bambadinca) > Ilustração de António Levezinho para a capa da História da CCAÇ 12 (1969/71).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2005)

Foto nº 41 >



 Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Foto nº 45 >  Reabastecimento de um heli, provavelmente por ocasião da Op Lança Afiada (8 a 19 de março de 1969). Durante semana e meia, Bambadinca foi um correpio de helis, T6 e DO-27.



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Foto nº 42 >   A presença do ainda brig António de Spínola, que acompanhou pessoalmente a Op Lança Afiada.


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Foto nº 45 >  Invólucros de granadas de canhão s/r 82, usados pelo PAIGC na noite de 28 de maio de 1969, no ataque de 40 minutos a Bambadinca, menos de dois meses e meio depois da Op Lança Afiada. O PAIGC utilizou dois brugrupos e 3 canhões s/r, aém de morteiros, RPG, metralhadores ligeiras e pesadas, e armas automáticas de assalto. Fotos do álbum do José Carlos Lopes, fur mil reabast, CCS/BCAÇ 2852 (1968/70).


Fotos: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)
A. Iniciada em 8 de Março de 1969 com a duração de 11 dias, a Op Lança Afiada foi uma das grandes operações que se realizaram na época, ainda no início do consulado do brigadeiro António Spínola (1968-73), um mês depois da trágica retirada de Madina do Boé (Op Mabecos Bravios).

A Op Lança Afiada envolveu cerca de 1300 homens, entre militares, milícias e carregadores: 36 oficiais; 71 sargentos; 699 praças; 106 milícias; 379 carregadores Houve cerca de duas dúzias e meia de flagelações das NT por parte dos guerrilheiros, os quais no entanto se furtaram ao contacto direto.

As populações sob controlo do IN (balanats e beafadas) passaram, com alguma segurança, para o lado do rio Corubal, margem esquerda. Os fuzileiros não puderam ou quiseram participar nesta operação, que também não envolveu outras tropas especiais (comandos e páras). Foi, pois, uma operação só com tropa macaca, embora a nível de comando de agrupamento (nº 2957), sendo comandada pelo cor inf Hélio Felgas [1920-2008]. Quase um terço dos efectivos eram carregadores.

Pensava-se que em Mina, junto ao Rio Corubal, na margem  estaria sedeado o Comando do Sector 2, da estrutura político-militar do PAIGC. Pensava-se também que havia, na mata do Fiofioli, um grande hospital, com médicos e enfermeiras... cubanos!

Do ponto de vista militar, a operação foi, senão propriamente um fiasco, uma frustração para as NT. Em contrapartida, houve inúmeras evacuações (n=110) dos nossos combatentes, devido a problemas de desidratação, desnutrição, esgotamento físico e stresse psicológico... É interessante a análise do autor do relatório sobre os sucessos e os insucessos desta megaoperação de...limpeza.

Damos hoje início à publicação do relatório da Op Lança Afiada (Na I Série do nosso blogue já publicámos alguns excertos substanciaos). Tratando-se de uma fotocópia de um documento dactilografado e  policopiado a stencil, com data de 1970, há erros e omissões que eu procurei colmatar ou corrigir, sempre que possível. Também substituímos algumas abreviaturas para tornar o texto mais legível para os nossos leitores, os  paisanos ou os que não fizeram tropa nem estiveram na Guiné.

É importante esta operação no seu contexto. Estava-se então em plena época seca: o capinzal já não resiste às granadas incendiárias e as clareiras, abertas pelas queimadas na savana arbustiva, deixam entrever a imensa mole de vegetação tropical para além da qual fica tabanca di bandido, em florestas sombrias onde coabitam dginé & najoré, e que na algaraviada dos meus queridos fulas  (da CCAÇ 12) queria  dizer irãs, diabos, diabretes, duendes e toda a espécie de espíritos (bons e maus)…

O objectivo da operação é, como sempre, aniquilar, capturar ou, no mínimo, expulsar o IN, destruir todos os seus meios de vida e recuperar a população sob o seu controlo... (À força, se a dita população não quiser voltar a viver sob a nossa bandeira e a nossa soberania).

A ideia de manobra é simples: da Ponta do Inglês (antigo destacamento da CART 1746, evacaudo em 7/8 de outubro de 1968) à mata do Fiofioli, da estrada Mansambo-Xitole à Ponta Luís Dias (outrora um florescente entreposto comercial à beira rio) um enorme cilindro compressor irá empurrando tudo o que for balanta, beafada e bicho do mato para o Rio Corubal onde os esperam os pássaros de fogo dos tugas, os hipopótamos, os jacarés, as formigas carnívoras, os jagudis...

Oficialmente o dispositivo do IN na área compreendida entre a linha geral Xime-Xitole e a margem direita do Rio Gorubal foi desarticulado — um eufemismo, de resto, muito utilizado nos nossos relatórios militares para justificar resultados mais morais e psicológicos do que materiais em operações desta envergadura, e que quando muito só se realizam de dois em dois anos (Na verdade, não era todos os dias que nós podíamos, no TO da Guiné,  dar ao luxo de mobilizar o equivalente a um agrupamento, ou seja, 8 companhias, fora os carregadores civis).

Na prática, os roncos não foram espectaculares: para além de algumas toneladas de arroz destruídas e de umas tantas casas de mato ou cubatas queimadas, enfim, para além de alguns contactos com o IN, sempre à distância, “o que contou sobretudo foi termos penetrado em santuários do IN tão míticos como a mata do Fiofioli” (dizia-me um furriel da velhice com quem gostava de conversar do passado recente, em Contuboel, em junho de 1969).

B. Em Contuboel, verdinho que nem um periquito, fiquei a saber que o Fiofioli era um sítio tão temível para os tugas da Zona Leste como, noutros sectores, o Boé, o Cantanhez, o Morès, o Choquemone, o Caresse ou a ilha do Como.
— Afinal, nem hospital nem enfermeiras cubanas nem sequer o fantasma do Nino vestido à cowboy — comentava, entre irónico e desapontado, à mesa da lerpa, um outro furriel da velhice de Contuboel — Foi só por dizer que estivemos na mata do Fiofioli… Nem sequer fiz o gosto ao dedo!

O que eu na altura, pira,  pude concluir destas conversas entre velhinhos de barba rija, no meio de rodadas de cerveja e de uísque, é que depois do inferno de Madina do Boé (em 6 de fevereiro de 1969), a Lança Afiada teve um certo sabor a vitória para as NT.

0 que se passara, entretanto, é que, na impossibilidade de resistir abertamente à contrapenetração das NT, a guerrilha ensaiara algumas manobras de diversão pelo fogo, enquanto as populações sob o seu controlo, previamente alertadas, se metiam na arca de Noé (quiçá com alguma a bicharada do mato, os porcos, as galinhas, que puderam salvar), cambando o Rio Corubal e pondo-se a salvo na outra margem... Em suma a velha táctica do conhecido mestre escola chinês, Mao Tsé Tung: “dispersar quando o inimigo ataca, reagrupar quando o inimigo retira”…

Um mês depois, e quando os tugas voltavam a dormir de cu para o ar, preparando-se para hibernar nos seus campos fortificados durante a estação das chuvas, os diabos negros da floresta desencadeavam uma série de acções que culminariam no ataque em força, inesperado e espectacular, a Bambadinca, a sede do comando do setor L1 até então inviolável...

Foi a 28 de Maio de 1969, à noite, estávamos nós a chegar a Bissau. Quando passámos por Bambadinca, oito dias depois, a caminho de Contuboel, não se falava de outra coisa…
— Podíamos ter sido todos mortos ou apanhados à unha, tal era a bandalheira em que estava o quartel  — confidenciava-me o meu conterrâneo e amigo, o Agnelo Ferreira, 1º cabo telegraf inf da CCS.

Ao que parece, a tranquilidade era tanta que se faziam quartos de sentinela... sem armas! Era o que se dizia, nunca apurei a verdade... Ao que soube mais tarde (e confirmei na história da unidade), o comandante do batalhão (ten cor inf Pimentel Bastos), o major de op e inf  Viriato Amílcar Pires da Silva, o comdante da CCS (cap inf Eugénio Batista Neves)   e o comandante da CCAÇ 2405 (cap mil inf António Dias Lopes) serão, pouco tempo depois,  transferidos por ordem do Com-Chefe, "por motivos disciplinares". Era o tempo em que o ainda brigadeiro António de Spínola se tornou o terror dos comandos de batalhão. (LG)

Op Lança Afiada (8 a 19 de Março de 1969) - I parte

1. Situação: Inimigo



1.1. Desde há anos que a região da margem direita do Rio Corubal até à linha Xime-Xitole, é considerada uma zona de refúgio e preparação do IN [inimigo]. A profundidade continental da região, a sua espessa arborização (excepto na franja marginal do Rio), a falta de trilhos e caminhos, a grande distância a que ficam os aquartelamentos mais próximos (Xime, Mansambo e Xitole), tudo isto são características que convidam o IN a permanecer na Zona, em relativa tranquilidade.

O IN sabe que detecta facilmente qualquer tentativa de aproximação das nossas Forças Terrestres. Se a aproximação terrestre é difícil, a actuação das FN [Forças Navais] parece facilitada pela existência do Rio Corubal. E a tal ponto que, em estudo realizado por este Comando, a área da margem direita do Rio Corubal, desde a Ponta do Inglês a Cã Júlio, foi considerado uma área que devia ser batida pelas NT [Nossas Tropas] em operação conjunta de meios navais e helitransportados.

A deficiência destes meios contribuiu para o quase completo sossego em que o IN tem vivido na área, controlando uma população de balantas e beafadas que o alimenta e que se reputa numerosa. E determinou a realização da Op Lança Afiada com o emprego exclusivo de forças terrestres.


1.2. O reconhecimento aéreo e as poucas operações realizadas não dão uma ideia muito clara acerca do IN na região considerada. Admite-se no entanto que existam na região pelo menos 5 bigrupos e um grupo de artilharia.

As acções ofensivas do IN tem sido relativamente espaçadas e dirigidas contra o Xime, Mansambo e Xitole, além de emboscadas nas estradas Xime-Bambadinca e Mansambo-Xitole e de penetrações contra tabancas fiéis na direcção do [regulado do] Cossé e na área entre o Xitole e Saltinho.

Embora apresentando bom potencial de fogo (canhão s/r, mort 82 e 60, LGFog, etc.), o IN continua a mostrar uma execução deficiente. As reacções à actividade das NT não têm sido muito fortes. Mas os poucos trilhos de acesso estão normalmente armadilhados. O IN embosca por vezes as NT quando regressam a quartéis. Além disso tem tiro de Mort 82 preparados sobre os seus próprios acampamentos, executando-os quando as NT os ocupam. E as arrecadações de material e armamento encontram-se em geral afastados dos acampamentos.

De uma maneira geral podem considerar-se as seguintes áreas principais de concentração IN:

1 – Poindon;
2 - Baio-Buruntoni;
3 - Gã Garnes (Ponta do Inglês);
4 - Ponta Luís Dias (Calága) – Gã João;
5 - Mangai -Tubacuta;
6 - Madina Tenhegi;
7 - Fiofioli;
8 - Cancodeas;
9 – Mina – Gã Júlio;
10 – Galo Corubal – Satecuta;
11- Galoiel.


1.3 [Vd. cartas do Xime, Fulacunda e Xitole]

a) Área de Poindon:

Localização aproximada – (1500 1155 B2). RVIS efectuado em Novembro de 1968 revelou que toda a área se encontrava muito povoada tendo sido referenciadas mais de 15 casas de mato,  distribuídas por 2 núcleos. As bolanhas estavam cultivadas.

b) Área de Baio-Buruntoni:

Baio – Localização aproximada: (1500 1150 G7); deve ser uns dois a três km a Oeste. Chefe: Mário Mendes. Efectivo aproximado: 1 bigrupo dividido com Varela.

Burontoni – Localização aproximada: (1500 1150 G7) e (1455 1150 A 7). Efectivo aproximado: 100 homens: Armamento: MP, Mort 82 e 650, LGRFog.





c) Área de Gã Garnes (Ponta do Inglês):

Localização aproximada – (1500 11540 B5-5) com trilhos de acesso a Baio e à Ponta João da Silva. O itinerário a seguir quando se vem da Ponta do Inglês atravessa o Rio Buruntoni em (1500 1150 A2 -82). Efectivos e armamento: mais de 15 homens com Mort, LGFog, etc.




d) Área de Ponta Luís Dias – Gã João:

Ponta Luís Dias – Localização: (1505 11?3 F3 ou G2 G0-44). O itinerário mais fácil parece ser pela margem do Rio Corubal mas na época seca pode ir-se partindo de Gã Garnes. Efectivos: Cerca de 25 (?) elementos, armados de MP, ML, Mort 82 e 60, LGFog., etc. Consta talvez (?) 1 Canhão s/r em Ponta Luís Dias, apontando para o Corubal.

Gã João - Localização: (1505 1150 H5 ou I6 ou 13-55).Acessos idênticos ao acampamento de Ponta Luís Dias. Pode ficar à direita da picada Ponta Luís Dias – Ponta do Inglês sobre um trilho que parte desta. Foi localizado um grupo de casa em 1505 1150 G9-2.





e) Área de Mangai – Tubacuta:

Mangai – Localização: (1505 1145 G8). O acesso é mais fácil pela margem do Corubal. Por terra o acesso mais fácil parece ser por Madina Tenhegi (1500 1150 E2). Efectivos: 1 Gr Artilharia, parte em Tubacuta.

Tubacuta – Localização: (1500 1145 B9 B6 ? ), entre a tabanca e a Casa Gouveia, ao pé da bolanha. O acesso é mais fácil pela margem do Rio Corubal ou partir de Madina Tenhegi. Efectivos: mais de 100 homens com cubanos.

f) Área de Madina Tenhegi:

Não há referências sobre acampamentos IN.

g) Área de Fiofioli:

Localização: (1500 1145 E4 ou D5). Não são conhecidos os acessos à área. A mata do Fiofioli é muito [ densa ? ] e está praticamente cercada por bolanhas que o IN provavelmente baterá. Efectivos: talvez 1 bigrupo. Consta existir um hospital, com médicos cubanos.

h) Área de Cancodeas:

Cancodea Balanta – Localização: (1500 1145 E3). Efectivos: 50 homens armados.

Cancodea Beafada – Localização: (1500 1145 G2)




i) Área de Mina – Gã Júlio:

Mina – Localização: Em (1500 1145 h6 ou I6), na mata próxima da tabanca, dividida em dois núcleos, afastados cerca de 400 metros. Um núcleo é formado pelas instalações de pessoal e pelo posto de rádio. Parece ser aqui o comando do Sector 2 do IN. Consta haver uma enfermaria com cubanos. Há quem diga existir 200 elementos IN. Mas há quem diga serem poucos. A reacção à operação dos páras em 16 de Dezembro de 1968 foi nula. Em Novembro de 1968 foi indicada a existência de canhão s/r, 10 LGFog, 5 metralhadoras Degtyarev, 1 morteiro 60, etc.

Gã Júlio – Localização: (1500 1145 D4 ou E4). Não há outras indicações.


j) Área de Galo Corubal – Satecuta:

Galo Corubal – Localização (1455 1145 D4 ou E4), no fundo do palmar e a cerca de 300 m do Rio Corubal. O acesso tem sido feito pelo Norte do Rio Pulon desde a estrada Xitole-Mansambo, mas as NT têm-se perdido por vezes. O acesso, através do Rio Pulon, próximo da foz, por Seco Braima, pode ser efito na época seca. Efectivos e armamento: Considerados poucos, mas com MP, ML, Mort LGRFog.

Satecuta – Localização (1455 1145 D2 ou E2 ou F2), a oeste de Seco Braima. Acesso idêntic o ao de Galo Corubal. Em meados de 67, apresentava grande actividade IN. O acampamento foi detsruído em Maio de 68, baixando a actividade IN. Efectivos: ignoram-se mas parecem dispor de MP, ML, Mort LGRFog.



l) Área de Galoiel:

Localização (1455 1150 F1) próximo de Galoiel. Ataque das NT em 28 de Novembro de 1968 repelido pelo IN. Novo ataque em 23 de Dezembro não tendo o IN oferecido quase resistência. Efectivos entre 20 a 30 elementos, armados com LGRFog, Mort 82, ML, etc.


Guiné > Zona Leste > Croquis do Sector L1 (Bambadinca) > 1969/71 (vd. Sinais e legendas).



1.4. Admite-se que, sendo a Op Lança Afiada, uma operação demorada, o IN tenha possibilidade de reforçar os seus bigrupos, exercendo um esforço sobre este ou aquele dos nossos destacamentos. Admite-se também que quer as populações civis sob controlo In quer o próprio IN atravessem de noite o Rio Corubal, furtando-se assim ao contacto com as NT.


2. Missão:

- Atacar e destruir ou capturar o IN em toda a região da margem direita do Rio Corubal, entre este rio e a linha Xime-Xitole;

- Nomadizar na região procurando trilhos que serão imediatamente explorados;

- Capturar a população civil;

- Destruir todos os meios de vida encontrados e que não possam ser oportunamente transportados.


Carregadores do PAIGC. Fonte: Regiões Libertadas da Guiné (Bissau). Pequim: Edições em Línguas Estrangeiras. Agência de Notícias Xinhua. 1972.© Agência de Notícias Xinhua (1972).


3. Força executante

a. Comandante: Coronel Hélio Felgas.

b. Comandantes das sub-unidades:

[Vd. Caixa a seguir]



[Observações: O ten cor inf Pimentel Bastos era o cmdt do BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70; Dest A: CART 2338: Não temos ninguém que a represente no blogue: é contemporânea da CART 2339, passou por Fá Mandinga, Nova Lamego, Buruntuma e Pirada, 1968/69; Dest B: CART 1746, Xime; Dest C: CART 1743, passou por Tite, Bissássema, Jabadá, Nova Sintra, Bissau, 1967/69; Dest D: CCAÇ 2403, passou por Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga,  Olossato, Mansabá, Bissau, 1968/70; era comandada pelo cap inf Hilário Peixeiro, nosso tabanqueiro] (LG)





[Observações: Agrupamento tático sul: Ten Cor Jaime Tavares Banazol; Dest F &gt: CART 2339 (Mansambo): um  dos oficiais listados é o nosso camarada Torcato Mendonça;  Dest G: CCAÇ 2405 (Galomaro): os dois alf mil referidos são membros da nossa Tabanca Grande: Paulo Raposo e Victor David.:Dest H: CART 2413 (Xitole); Dest I: CCAÇ 2406 (Saltinho).] (LG)



c. Meios



d. Organização

Foram constituídos 2 agrupamentps táticos, o do Norte e o do Sul, cada qual com 4 Dest. O Dest E reforçou sucessivamente os 2 Agerupamentos Táticos,

e. Alterações feitas à organização regulamentar

(1) Pessoal - [Omisso]
(2) Armamentio - Nada
(3) Equipamentp - Nada
(4) Munições - Nada
(5) Material especial distribuído - Potes fumo, redes mosquiteiras e pomada repelente, tudo contra ataques de abelhas. Sacos de linhagem para o arroz capturado.
(6) Material de transmissões - Utilizados  postos ANPRC (Ar-Terra), DHS (Terra-Terra e Ar-Terra), AVF ou AVP. OS postos ANGRC-9 com que se inicvou a Operação  froam recolhidos ao segundo u terceiro dia por inúteis.

(continua)


Fonte: Extratos de: Guiné 68-70. Bambadinca: Batalhão de Caçadores nº 2852. Documento policopiado. 30 de Abril de 1970. c. 200 pp. Cap II. 48-54. Classificação: Reservado  [Agradeço ao Humberto Reis ter-me também facultado uma cópia deste documento em formato.pdf e em papel]

______________

Nota do editor:

(*) I Série > poste de 15 de outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXLIII:Op Lança Afiada (1969): (i) À procura do hospital dos cubanos na mata do Fiofioli

6 comentários:

Anónimo disse...

Olá Camaradas
Hoje é difícil de comentar a realização de uma operação como esta. Parece-me que os pressupostos que foram enunciados são demasiado vagos para a montagem de uma operação. No âmbito das informações sobre o inimigo as informações são vagas e pouco credíveis. A transferência, "por motivos disciplinares" de 4 oficiais só pode ser avaliada por análise do decorrer da operação. Parece-me, pelo número de evacuados por razões físicas dá a ideia de que as NT não estariam fisicamente preparadas para uma operação tão longa. A utilização dos E/R GRC - 9 é incompreensível. Era um rádio com mais de 20 anos de fabricado e que trabalhava em AM, como emissor de solo, ligando (com dificuldade) destacamentos. Mais do que isso...
Fico à espera de mais informações.
Um Ab.
António J. P. Costa

Luís Graça disse...

Hilário Peixeiro, Paulo Raposo, Victor David, Rui Felício, Torcato Mendonça, Carlos Marques dos Santos, Antonio vaz, Fernando Calado, Ismael Augusto, Jaime Machado, José Carlos Lopes, Mário Beja Santos...


Amigos e camaradas dos "bons velhos tempos" de Bambadinca & arredores:

Operação Lança Afiada, um mês depois da Op Mabecos Bravios... E dois meses antes do ataque a Bambadinca (28 de maio de 1969)... Tudo isto desperta, ainda hoje, algumas emoções (fortes) em todos nós...Mas será que está tudo dito ?

Comecei a publicar o relatório da Op Lança Afiada, e gostaria muito de poder publicar alguns pequenos depoimentos vossos... Se tiverem fotos, que queiram partilhar , ainda melhor...

Depois de nós, vem o silêncio dos arquivos... Foi há mais de quatro décadas... Resta-nos lutar contra o esquecimento e o branqueamento. Sei que não é uma operação para ficar na história da guerra colonial (nem na história de Portugal), mas foi uma das maiores realizadas no TO da Guiné...

Conto com a vossa melhor atenção e colaboração. Um Alfa Bravo. Luis Graça.

PS - Infelizmente não poderei ir a Seia, ao nosso encontro anual.

Anónimo disse...

Mensagem de Paulo Raposo (de que se retirarm as referência mais pessoais):

Meu caro Luís.

Eu tomei parte nas duas operações – Lança Afiada e Mabecos Bravios.
Custou-me os olhos da cara. (...)

Esta operação Lança Afiada foi contrária aos nossos interesses. Sei que o ministro do Ultramar disse ao Spínola que a política era aguentar e não provocar.

O resultado foi um ataque a Bambadinca e uma emboscada que tive, primeira de muitas, no trilho de Bambadinca/Manssambo.

A Guiné foi a razão da revolta das Caldas, como ensaio para o 25 A.
A solução era ir encolhendo o dispositivo e entregar a Amilcar o governo da Província. Mas isto não era do interesse de Moscovo. Vá de matar Amilcar e Costa Gomes dizer que a Guiné era defensável.
Um ab, meu caro.

Raposo

Anónimo disse...

Lembrando o que o Torcato Mendonça (um dos participantes na Op Lança Afiada) aqui escreveu há dois anos:

Em 8 de Março de 1969, o Agrupamento Norte e a 10, dois dias depois, o Agrupamento Sul, deram início à maior Operação feita no Leste e uma das maiores feitas na Guiné.

A essa operação foi dado o nome de Lança Afiada. Fazem agora 42 anos.

- Foi maior pelos meios humanos empregues: cerca de 1300 homens;

- Pelo número de dias, onze;

- Pelos meios empregues, pela zona onde decorreu: margem direita do Rio Corubal, do Xitole à confluência com o Geba no Xime e daqui a Mansambo e, pela estrada, até ao Xitole;

- Maior ainda pelas elevadas temperaturas: 39º, 43,6º à sombra e 40º a 70º ao sol;

- Maior pelo elevado número de evacuados: 132 (22 feridos e 110 por insolação, doença ou outras causas);

– Menor pelos resultados, apesar do esforço de todos e da completa destruição das bases e do apoio logístico ao IN, em toda essa zona.

Mas aquele recuperou rápido. Há muito que se preparava para nos receber.

Estive lá e tentarei sobre ela escrever. Fui um dos evacuados, durante dois dias. Tenho certa dificuldade em fazê-lo mas irei tentar.

A todos os que nesta operação participaram, de qualquer maneira, o meu Abraço.

Torcato Mendonça

10 DE MARÇO DE 2011

Guiné 63/74 - P7922: Efemérides (62): Op Lança Afiada, triângulo Xime-Bambadinca-Xitole, 8 a 19 de Março de 1969 (Torcato Mendonça)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2011/03/guine-6374-p7922-efemerides-61-op-lanca.html

Anónimo disse...

Rui Felicio
17:58


Meu Caro Luis Graça,
P
ouco ou nada posso dizer sobre esta mega-operação desenvolvida pouco tempo depois da operação de Madina do Boé.

Na verdade, participei na Mabecos Bravios , mas não participei na Lança Afiada.

Da CCAÇ 2405 entraram apenas os Gr. Combate do Paulo Raposo e do Vitor David.

O meu pelotão deslocou-se com eles até Mansambo que era um dos pontos de partida para a operação mas não interveio no deslocamento para a mata Fiofioli.

Estive no quartel de Mansambo ( Comp. de Artilharia ) enqanto a operação se desenrolava, como reforço do quartel e em reserva para a eventualidade de ser necessário reforço..

Assisti, na madrugada do primeiro dia da operação, a partir do quartel de Mansambo, a uma barragem intensa de obuses que o Alf. Mil. Queiros comandava, dirigida às imediações da área IN onde a seguir as NT se internariam depois de percorrerem a distância que separava as duas áreas..

O Raposo e o David saberão explicar melhor o desenrolar da operação porque eles intervieram e eu não.

Um abraço
Rui Felicio

Fernando Gouveia disse...

Caro Luís Graça,
Caros camaradas:
Sobre a nossa Guiné gosto muito de contar estórias mas não histórias. Sobre a op. Lança Afiada, no entanto, como a vivi intensamente, na retaguarda, vou contar algumas coisas.
As minhas funções no Comando de Agrupamento de Bafata eram de oficial de informações, mas como o major que tinha as funções de oficial de operações esteve de baixa muitos meses, acabei por acumular as duas valências. Foi assim que “ajudei” o cor. Felgas a planear a operação. A minha ajuda resumiu-se a estar sempre com ele, normalmente sentados em frente ao grande mapa escala 1/50000, ele a congeminar as posições a assumir pelas NT e suas movimentações e eu praticamente a chegar-lhe os lápis dermatográficos com que ele ia marcando na mica, que cobria os mapas, setas e ovais, que depois eram copiadas e posteriormente enviadas para as tropas intervenientes.
O cor. Felgas era 100% militarista mas demasiado individualista. Com ou sem rasão só acreditava nele próprio. Talvez tenha sido por isso que o major de operações tenha apanhado uma depressão, pois o coronel nunca o incumbiu de qualquer assunto ligado a operações. O senhor major andou por lá muitos meses só a organizar os arquivos.
Sentado à sua beira, aquando da programação da operação, seria impensável sugerir ao cor. Felgas que sem uma operação em simultâneo na margem sul do Corubal a Lança Afiada não teria sucesso. Lembro-me, a propósito, que um camarada que esteve na operação me contou que, durante a operação, se ouvia toda a noite o barulho de motores de barcos a cambar o Corubal.
De qualquer maneira o cor. Felgas demonstrou sempre muita preocupação com o bem estar dos soldados durante a operação. Recordo de o ter ajudado (sem aspas) a conceber uma rede mosquiteira individual para ser distribuída a cada soldado. Recordo ainda que andou dias a magicar um substituto para as tradicionais rações de combate e aí também ele me veio perguntar se achava que a inclusão de fruta em calda estaria correcta em vez de outros produtos que faziam parte das rações mas muito mais açucarados.
Para terminar, penso que foi nesta altura que o cor. Felgas ficou com uma Kalash novinha, a estrear. Nas paredes da minha casa tenho várias peças desse espólio, mas de menor importância.
Um grande abraço a todos.
Fernando Gouveia