quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10511: Contraponto (Alberto Branquinho) (46): Banho... de cobra

1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 8 de Outubro de 2012:

Caro Carlos Vinhal
Depois das anunciadas "dentadas" no nosso orçamento destinadas ao outro Orçamento, junto um história onde se fala de uma dentada, que ninguém provou ter, de facto, existido.
Esta história será incluída no livro "CAMBANÇA II".

Com um abraço do
Alberto Branquinho


CONTRAPONTO (46) 

 BANHO… DE COBRA

Ao fim da tarde, o furriel Melo, responsável pelas Transmissões, passou à frente da construção feita, essencialmente, com madeira de caixotes que era designada por “messe de sargentos”. Ao vê-lo passar, com o seu ar levemente efeminado, somente com a toalha presa à cintura e a caixa de plástico com o sabonete dentro, o furriel Adão, sentado num dos pipos cortados a meio, que serviam de cadeira e com uma “basuca” já meia bebida, encarou-o e atirou-lhe:
- Ó caramelo! Vê lá se não gastas a água toda!

O Melo seguiu e não deu resposta. Ia para o duche – um conjunto de dois bidões, assentes em cima de tábuas, a mais ou menos a dois metros do chão, dos quais pendiam cordas – uma para abrir a água, pintada de verde (já debotado) e outra de vermelho, também debotado, para fechar. Por baixo dos bidões havia um cubículo feito de quatro tábuas, sem porta, para dar uma certa intimidade aos banhos.

Àquela hora, em sol poente, havia uma certa obscuridade no interior do cubículo. O pessoal tomava duche com os chinelos calçados para não pisar, descalço, o interior enlameado, devido à dificuldade de escoamento da água.

O Melo aproximou-se da entrada, abriu a pequena caixa plástica que continha o sabonete, encaixou a tampa na parte inferior e segurou-a com a mão esquerda. Retirou a toalha da cintura e, já nu, pendurou-a no prego grande que havia na tábua do lado direito. Mal deu o primeiro passo para o interior e poisou o pé, deu um grande grito de medo e horror e fugiu. Parou a uns metros a olhar, de olhos esbugalhados, a cobra que fugia do espaço dos banhos. Ao dar-se conta de que estava nu num espaço aberto, tapou, com ambas mãos, o pénis e os testículos.

Acorreram alguns soldados, assim como os furriéis que estavam na “messe” próxima. Ainda puderam ver uma cobra grande, com a espessura de um pulso, amarela-esverdeada, que fugia. Foi refugiar-se nos arbustos próximos, espessos, bem regados com as águas de escoamento dos banhos.

O furriel Melo, passados os instantes de espanto, correu para o seu abrigo junto ao Centro de Transmissões, sempre com as mãos protegendo o sexo.

Os soldados correram procurando paus para, cuidadosamente, esquadrinharem os arbustos, tentando localizá-la.

- Mas a cobra era grande?
- Era grande com’ó caraças! Nunca mais acabava de sair de lá de dentro.
- E que é que foi aquele grito?
- Acho que a gaja deu uma dentada na picha ao furriel cripto.
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9983: Contraponto (Alberto Branquinho) (45): Fogo de rajada com... morteiro

6 comentários:

Anónimo disse...

Ai cobrinha! Ai Cobrinha!

Luís Graça disse...

Na "nossa" guerra, não houve nada - do cómico ao trágico - que não tenha acontecido... Até uma cobra, coitada, assustada, terá coisado o coiso de um pobre tuga à pai Adão...

Alberto, valha-nos o Santo Humor dos Portugueses, um dos que eu e tu veneramos no nosso altar... e procuramos cultivar no nosso blogue... Não sei se é de grande valia para fazer face aos "terrorismos" de ontem e de hoje, mas ao menos ajuda-nos a manter em boa forma a saúde mental... Acho eu de que... LG

PS - Coisar é o verbo transitivo e intransitivo mais polissémico que eu conheço... No norte, é "pau para toda a obra"... Coisa-se a torto e a direito, à direita, à esquerda e ao centro... Biba o Norte!

Luís Graça disse...

Os nossos grão-irmãos do Brasil também saber coisar a coisa... e o coiso...

Ora vejam aqui, com aquela descontração "ca gente cá na teem" (diria o chaparro):

http://desciclopedia.org/wiki/Descion%C3%A1rio:Coisar

(...) "coi.sar (v.) Funciona como quebra-galho para quando você quer expressar uma ação, mas não consegue porque não leu livros suficientes na infância.


Usuário do verbo coisar.

"Obrigado por coisar na linha, dentro de instantes estaremos com vocês".

Operadora burra de Telemarketing

"Pai, deixa eu coisar com o vizinho!!"

Guria retardada sobre sexo e puberdade

"Passa naquele beco sozinha, vai sentir um coiso estranho".

Você sobre pênis medo do escuro ... [Português... do Brasil, muito subtil do que o do velho Portugal LG]

E continua a Disciclopédia:

"Função

"Apesar de não constar oficialmente na relação de vocábulos da Língua Portuguesa, é muito usada nas variantes da Língua pelo Brasil. Pode-se notar o 'coisar' e também o substantivo 'coisa' em 50% das palavras pronunciadas pelas pessoas.

"Especialistas alertam que, se não for feito nada em relação à educação brasileira, toda a língua portuguesa se resumirá na palavra 'coisa' e suas derivadas." (...)

Anónimo disse...

OK!Luís Graça. Emendo o meu comentário anterior para :"Ai cobrinha coisa! Ai cobrinha coisa!"

Anónimo disse...

Pois é, Luis

São essas coisas... do Brasil, levadas de Portugal, pois a culpa é afinal e a final dos portugueses...

Mas essa coisa fez-me lembrar que eu também fui já chamado de "coiso".
Gosto de estabelecer diálogo com criançada de 4,5,6 anos, procurando irritá-los. Por Ex.: - Como é que se chama o animal que ladra?
Resposta deles: - É o cão!
- Não é, não! É o ladrão.
Passada a irritação, passam a dar-me atenção.
Assim aconteceu com o filhito de um casal amigo. Levava-o às cavalitas, em passeio, no meio dos adultos, quando ele: - Ó coiso, ó coiso, põe-me no chão.
A mãe, aflita:
- Ó Pedro! Não é coiso! É Alberto!
- Quê?! Ó coiso, vamos jogar à bola.
O final triste desta história é que o Pedro, agora com quase 40 anos, já não me chama "coiso" nem se lembra de mim.

(N.B. Com esta história fiz "o gosto de falar de mim". Não sei se gostaste da "coisa")

Anónimo disse...

Significado "chulesco" de pénis =

coiso
pinto
cacete
pau
margalho
picha
caralho..etc e tal

Caralho..era a designação que se dava à cesta no alto do mastro das caravelas,onde o vigia se colocava.

Como é evidente era um lugar muito incómodo..daí a.."vais pró caralho".

O homem, entre todos os primatas, é o que o tem proporcionalmente maior.
O do gorila é menor que o do chimpanzé ...será por isso que o gorila bate no peito quando quer demonstrar virilidade ? será ?

A propósito..será que no homem o tamanho é importante..eehh..ehhh

C.Martins