sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10385: Estórias dos Fidalgos de Jol (Augusto S. Santos) (11): Futebol, coraminas, e não só...

1. Mensagem do nosso camarada Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73), com data de 14 de Agosto de 2012:

Olá Camarada e Amigo Luís Graça,
Sabendo que o "meu" habitual editor Carlos Vinhal se encontra em gozo de merecidas férias, tomo a liberdade de te enviar directamente mais uma estória relacionada com a minha passagem por terras da Guiné, deixando ao teu critério a sua possível publicação.
Junto ficheiro da mesma juntamente com mais algumas fotos do meu álbum.

Para ti, para o Carlos Vinhal, restantes editores, e camaradas em geral, um grande e forte abraço.
Um bem-haja para aqueles que têm a paciência de ir lendo estes meus relatos.
Augusto Silva Santos


ESTÓRIAS DOS FIDALGOS DE JOL (11)
 

Futebol, coraminas, e não só…

Na sequência do comentário a uma das minhas estórias sobre Os Fidalgos do Jol (P10286 - O Tarzan do Jol) por parte do nosso camarada e amigo Manuel Carvalho (que tal como eu também passou por Jolmete), mais propriamente sobre a “pica” que lhe deu depois de tomar uma das famosas pastilhas de coramina, veio-me à lembrança um episódio com estas de certa forma relacionado.

Estando a aproximar-se o final da comissão e, já com os índices de saturação a roçar os limites, o que era perfeitamente natural, alguém resolveu promover (não sei se em boa hora) um “campeonato” de futebol entre Grupos de Combate, na tentativa de suavizar a situação.

Pelo que tenho tido oportunidade de ler aqui no blog, esta era uma prática comum em praticamente todas as unidades, infelizmente nem sempre com os resultados finais mais desejáveis, que deveriam ser de descontracção, distracção e sã camaradagem. É que jogo é jogo, e ninguém gosta de perder nem a feijões.

O “campeonato” lá foi decorrendo de acordo com a disponibilidade dos Grupos, com uns jogos mais “quentinhos” com o aproximar da parte final e, nalguns casos, a acabar prematuramente, face ao número de expulsões.

Eram discussões muito acaloradas que, só por mero acaso, por vezes não davam mesmo em confrontação física. Se isto ainda acontece com profissionais nos dias de hoje, não era de admirar que, num cenário daqueles, com o pessoal psicologicamente bastante afectado, não tivesse também acontecido. Felizmente que, na maioria dos casos, se tratou apenas de jogos assim mais para o “durinho”.

É aqui que entram as famosas “pastilhas quadradas”, se não me falha a memória embrulhadas em prata, e que eram muito famosas entre grande parte dos “atletas seleccionados”. Nos dias dos jogos era vê-los à socapa dirigirem-se até à enfermaria, em diálogo mais ou menos disfarçado com os seus camaradas daquele sector. Depois de “emborcarem” umas coraminas, era vê-los correr, por vezes mais do que a própria bola. Quase parecia mais atletismo do que futebol.

Num desses jogos em que fui convidado a participar, tive a infelicidade de provocar um incidente, por sinal com aquele que considerava ser o meu melhor amigo em Jolmete. Ainda me lembro que, dos meus 1,82 de altura e mais ou menos 80 quilos de peso, e a jogar a defesa central, vejo uma figura franzina (por certo com menos uns 20 quilos que eu) vir direita a mim para disputar uma bola lá nas alturas mas, ao chocar comigo, foi projectada devido ao impacto, e eis que o Cabo “Bigodes” cai desamparado no “relvado” de terra batida, gritando de dor.

Não era para menos, pese embora de início julgarmos ser um pouco de teatro, do tipo que os jogadores profissionais nos habituaram, mas infelizmente não era o caso, pois rapidamente se chegou à conclusão que acabara de partir a clavícula ao meu amigo Borges.

Dali para a frente não quis participar em mais nenhum jogo, pois foi um acontecimento que marcou durante bastante tempo, mas obviamente muito mais a ele que teve de andar de braço ao peito durante algumas semanas. Mais tarde, já na “peluda”, viria mesmo a ter de ser operado, tal foi o estrago que lhe provoquei no ombro.

Felizmente que este “pequeno” incidente em nada alterou a amizade que iniciámos em terras da Guiné, bem antes pelo contrário, pois perdura até aos dias de hoje.

Brá, Dezembro de 1971 > Visita aos arredores

Jolmete, Fevereiro de 1972 > Visita à Tabanca

Pelundo, Abril de 1972 > A caminho do abrigo

Jolmete, Abril de 1972 > A treinar para a carta de condução

Jolmete, Abril de 1972 > Na messe com o Fur Mec Auto

Jolmete, Abril de 1972 > Convivio na messe

Jolmete, Junho de 1972 > Entrada da Capela

Jolmete, Outubro de 1972 > Quem ganhou não interessa... O meu amigo Borges é o da t-shirt vermelha 
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10286: Estórias dos Fidalgos de Jol (Augusto S. Santos) (10): O Tarzan do Jol

2 comentários:

Hélder Valério disse...

Caro Augusto Santos

Esta tua história, apreciada na sua forma mais ligeira, pode gerar dois comentários:
- o primeiro é que tiveste sorte com esse 'encosto' pois se estivesses na pele dum determinado jogador actual que levou 2 meses por uma não-agressão, sem lesões na 'borboleta quase desmaiada', levarias pelo menos uns 6 meses;
- a outra é que se comprova que essa coisa dos 'drunfos' é já bastante antiga.

Abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Pois, esta questão do doping é como o Brandy Constantino, "já vem de longe". Aquele "encosto" agora valia desde logo ser irradiado, o que não era má ideia pois vinha mais cedo para casa :-) O problema foi mesmo a lesão que provoquei ao meu amigo. Ainda ontem estivemos a falar sobre o assunto, e a esposa dele ainda se lembra que, no dia do seu casamento, teve de dar o comer à boca do marido, por ele não conseguir levantar o braço. Foi algo complicado. Felizmente que com a operação ficou tudo ok. Um Abraço. Augusto Silva Santos