terça-feira, 4 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10329: CCAÇ 3325, Cobras de Guileje (1971/73): Parte V: Atividade operacional, de agosto a setembro de 1971 (Orlando Silva)



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Fotos do +álbum do Orlando Silva > Foto nº 19 - Junto a uma das três Peças 11,4 – O Alf Acácio (Médico), o Alf  Rodrigues, o Alf Cristina (Comandante do Pelotão de Artilharia), o Alf Tavares (CPC/BCP 12), eu e o Cap Parracho. 




Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Fotos do álbum do Orlando Silva > 
Foto nº (?) - Vista aérea do aquartelamento, tabanca e pista de aviação.

Fotos (e legendas): © Orlando Silva (2009). Todos os direitos reservados. (Editadas por L.G.)


A. Continuação da publicação da hsitória da CCAÇ 3325 - Cobras de Guilje (1971/73).
Esta unidade, a que pertencia o alf mil Orlando Silva, hoje residente em Aveiro, esteve em Guileje de janeiro a dezembro de 1971. Reprodução de fotos e texto com a devida autorização do autor:

(....) Atividade operacional > De 01 a 31 de Agosto de 1971:

Realizámos mais 22 operações.

Neste período as Bases de fogos do IN,  devido às chuvas, só podiam ser utilizadas para flagelações com Canhão S/R.

Continuaram a realizar-se operações a todas as Zonas de Acção da Companhia, embora nalguns locais a água já atingisse o metro e meio de altura.

Não de confirmaram as notícias de um incremento da actividade do IN. Continuaram isso sim a implantar Minas A/P embora já com menos intensidade, por medo das nossas tropas, pois aparecíamos a qualquer hora de qualquer dia.~

Numa das reacções a flagelações o IN teve muitas baixas. Na Base de fogos do IN foram encontrados vários rebentamentos da nossa Artilharia e Morteiros Pesados.

A actividade operacional das nossas tropas, esteve orientada para o levantamento de algumas Minas e Armadilhas colocadas pelo IN nos acessos às suas Bases de Fogos e locais de passagem, na montagem de minas nos itinerários do IN, e em patrulhar com intensidade a ZA na região Este, para tentar detectar novas Bases de Fogos do IN e criar-lhes insegurança aos seus movimentos.

Levantaram-se neste período 3 Minas A/P e implantaram-se 7 Minas A/P. Causámos várias baixas ao IN numa reacção a uma flagelação.

Devido ao cansaço e às doenças, o pessoal operacional está reduzido a 71%, não sendo a alimentação (em virtude da situação isolada da Unidade), compatível com o esforço operacional exigido e com o trabalho em melhoramentos no Quartel, tanto na parte da defesa, como no do bem estar das tropas.
Em consequência da maneira deficiente com que se processa o reabastecimento de Guileje, apareciam várias deteriorações, violações e faltas de toda a espécie, tendo o Comando problemas administrativos extremamente graves. Como consequência da situação, foi o assunto exposto ao Comandante do Batalhão 2930 sito em Catió, de que dependíamos.

Em resumo podemos dizer que, apesar de tudo, continuámos a manter o total controle da Z.A. e que a actividade do IN, devido à pertinácia das NT em não se deixarem fechar no Quartel, conjugada com a implantação de Minas e com as baixas causadas ao IN no período, devem ter contribuído para que não se confirmasse o aumento da sua actividade, e ainda que, tal como no período anterior, a falta de pessoal e a alimentação estivessem a afectar o rendimento da actividade operacional.


De 01 a 30 de Setembro de 1971:

Realizámos 17 operações de patrulhamento.

As bases de fogos do IN continuam a ser só utilizáveis por Canhão S/R. Continuámos a efectuar regularmente patrulhas a toda a Zona de Acção, apesar das chuvas intensas. O IN continuou a implantar minas A/P furtando-se totalmente ao contacto com as nossas tropas. O único itinerário que o IN utilizava frequentemente era o “Corredor de Guileje”, local onde, num outro reencontro inesperado com as nossas tropas, sofreram assinaláveis baixas.

A actividade operacional das NT neste período, esteve orientada para:

-Levantamento de minas colocadas pelo IN nos acessos às suas bases de fogos e vias de infiltração;
-Colocação de minas nos locais de passagem do IN;
-Patrulhar com intensidade a zona das bases de fogos do IN afim de criar mais insegurança aos seus movimentos no “Corredor de Guileje”, 
- implantar minas e montar emboscadas ao mesmo.

Nesta área tornava-se muito difícil a nossa acção, não só por estar muito bem defendida, mas também por ser intensamente percorrida pelo IN. Daí, termos de procurar sempre itinerários diferentes, para evitar possíveis emboscadas. Acontecia que, por vezes, surpreendíamos o IN pelas costas, e isso tornava-se muito perigoso.

Toda esta actividade causava grande desgaste físico e psicológico na tropa. No entanto procurámos manter o ritmo destas acções, dado o seu extraordinário interesse.

Concluimos mesmo, que a seguir à defesa de Guileje, eram as acções sobre o “Corredor de Guileje” a missão prioritária da Companhia, embora para isso, fosse manifestamente insuficiente uma única Companhia para manter certa continuidade nas investidas sobre o “Corredor”.

Levantámos neste período 01 mina A/P M3 de fragmentação de fabrico português implantada pelo IN. As NT implantaram 05 minas A/P numa base de fogos do IN e 04 minas A/P no “Corredor de Guileje”.

Os transportes são outro grande problema, devido ao isolamento da Companhia. Apesar da deficiente alimentação e do cansaço das nossas tropas, conseguimos evitar que o IN circulasse livremente nas vias de infiltração situadas na nossa Zona de Acção, o que ajudava a manter elevado o moral da tropa.

(Continua)
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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10315: CCAÇ 3325, Cobras de Guileje (1971/73): Parte IV: Atividade operacional, de maio a julho de 1971 (Orlando Silva)

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