segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10232: Recortes de imprensa (55): Os 50 anos da guerra colonial, a saúde publica e a lusofonia (Editorial, Revista Portugal de Saúde Pública, 2011; 29(1): 1-2) (Luís Graça)




A Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (ENSP/UNL) edita, desde 1983, a Revista Portuguesa de Saúde Pública (RPSP), acompanhada a partir de 1999, por um número temático, subordinado a diferentes temas de interesse para a área da saúde em geral.

Razões que se prendem com a responsabilidade de manter a qualidade técnica e científica da RPSP – de molde a que esta possa continuar a ser fonte de referência básica na investigação em saúde pública – têm permitido que a sua cobertura, em termos de assinantes particulares e institucionais (IPSS, Direcções Gerais, Institutos, Empresas, Faculdades, Institutos Politécnicos, Escolas Superiores de Saúde, Escolas Superiores de Enfermagem, Centros Hospitalares, Hospitais, Câmaras, ACES, Centros de Saúde, ARS, Unidades Locais de Saúde) e a sua distribuição, através de permuta e oferta, a mais de trezentos organismos nacionais e internacionais que ocupam lugar relevante no universo da saúde em Portugal.

Apesar do seu elevado custo financeiro anual (cerca de 25 mil), a  edição deste instrumento de reconhecido valor tem importância crucial, não só para a ENSP mas também para a comunidade científica nacional e internacional, uma vez que a Revista está indexada na Latindex – Sistema regional de información en línea para revistas científicas da América Latina, el Caribe, España y Portugal (htpp://www.latindex.unam.mx) e foi considerada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) como preenchendo todos os requisitos de qualidade exigidos em termos de revistas técnico-científicas. 


A RPSP integra o Projecto SciELO Portugal - Scientific Electronic Library Online (http://www.scielo.oces.mctes.pt/) - desde Abril de 2009, passando a ficar acessível em formato electrónico (texto integral) aos investigadores de todo o mundo, 6 meses após publicação, através de uma das maiores plataformas mundiais de conteúdos digitais em língua portuguesa.  Pelas razões acima apresentadas, a RPSP está aberta ao patrocínio de empresas e demais organizações, nacionais e internacionais, e é cada mais procurada por autores de língua portuguesa, inglesa e outras para publicação de artigos científicos originais, sendo hoje considerada uma revista científica, em língua portuguesa, de referência no campo da saúde pública.

Em 2010, a Elsevier ES (http://www.elsevier.es/pt/revistas/revista-portuguesa-saude-publica-323) passou a ser a entidade responsável pela impressão e envio da Revista, pela sua publicação electrónica e atribuição automática do identificador digital único (DOI) para cada manuscrito, pela sua publicação na Science Direct, pela inclusão dos artigos na Scopus, pelo seguimento da indexação para futura inclusão em índices da especialidade (Medline/Pubmed) e pela assessoria de qualidade e estudos bibliométricos da RPSP para melhorar a sua posicão nos índices internacionais (Journal of Citation Reports), solicitando a sua inclusão nos mesmos. 

Em 2011, foi adoptada a plataforma electrónica de gestão editorial da Elsevier que utiliza um sistema integrado (autor/editor/revisor) de manuscritos através de uma página web – o EES – o que contribui para uma maior celeridade do processo de revisão.

Acrescente-se que a Elsevier é a maior editora do mundo no campo nas publicações na áreas das ciências da saúde. Luís Graça é o Director da RPSP, desde 2007 até à presente data. É apoiado por um Conselho Editorial e por um Conselho Científico, constituído por avaliadores internos e externos, nacionais e internacionais, aplicando-se o sistema de double-blind peer review [sistema de revisão duplamente cego em que o revisor não conhece o autor, nem o autor conhece o revisor] na avaliação dos artigos que lhe são submetidos electronicamente através da plataforma da Elsevier em http://ees.elsevier.com/rpsp, acompanhados de uma declaração de autor que garante o seu carácter inédito e de uma declaração de disponibilização para acesso mundial.


Aproveita-se, mais uma vez, este ensejo para fazer aqui, publicamente, um especial agradecimento à ENSP/UNL pelo alojamento da página pessoal de Luís Graça, página essa que está intimamente ligada a este blogue. Fica aqui também a informação para eventuais interessados nos cursos deste prestigiado estabelecimento de ensino: está a decorrer, de 16 de julho a 10 de setembro, a 2ª fase as candidaturas aos seus cursos de  mestrado (Saúde Pública, Gestão da Saúde, Segurança do Doente, Fisioterapia, Saúde, Ambiente e Trabalho) e especialização (Administração Hospitalar, Medicina do Trabalho).  Terminou já, por sua vez, em julho passado, a fase de candidatura ao 4º programa de doutoramento (Saúde Pública).

1. Com a devida vénia, transcreve-se aqui o editorial da Revista Portuguesa de Saúde Pública, vol 29, nº 1, 2011 (janeiro-julho), pp-1-2:






Os 50 anos da guerra colonial, a lusofonia, a cooperação e a saúde pública
por Luís Graça



A guerra colonial (1961/75) terá sido possivelmente o acontecimento mais marcante da sociedade portuguesa do Séc. xx (Em rigor dever-se-ia falar em guerras coloniais, já que há um sucessão de intervenções militares portugueses nos territórios ultramarinos, da Guiné a Timor, desde finais do Séc. xix, ou seja , desde a expansão colonial europeia, na bsequência da Conferência de Berlim, em 1884/85).

O seu desfecho levou não só à restauração da democracia em Portugal, com o 25 de Abril de 1974, mas também ao desmantelamento do velho império colonial (Índia Portuguesa, Guiné, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Angola, Macau, Timor), e ao aparecimento de novas nações lusófonas, mais de cento e cinquenta anos depois da independência do Brasil (em 1822).

Pela primeira vez na sua história, Portugal via-se reduzido, em 1975, aos seus 89 mil quilómetros quadrados de meados do Séc. xv, à sua dimensão atlântica, continental e europeia. E hoje, no seio da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), é um país respeitado e prestigiado, em paz (e cooperação) com as suas antigas colónias.

O enorme esforço de guerra, ao longo de 14 anos (1961/75), teve consequências, relevantes para a demografia, a economia, a política e até a saúde pública: a mobilização de quase um milhão de homens (800 mil do recrutamento metropolitano), e nomeadamente para três teatros de operações, muito distantes da rectaguarda: Guiné (a 5 mil quilómetros), Angola (a 8 mil), Moçambique (a 12 mil); uma despesa militar que chegou a ultrapassar mais de metade do orçamento de Estado (em 1969); o isolamento e o desprestígio a nível internacional, etc.

Em 25 de Abril de 1974, os efectivos das Forças Armadas Portugueses ultrapassavam os 230 mil, três quartos dos quais estavam nos citados teatros de guerra. Segundo historiógrafos militares, o esforço humano despendido por Portugal na guerra colonial, àquela data, terá sido 4 a 5 vezes superior ao do EUA que, com uma população 23 vezes maior, teve no máximo cerca de 540 mil homens no Vietname (em 1969).

Estima-se em 200 mil o número de refractários e em 3 mil o de desertores. Cerca de 9 mil combatentes morreram, em consequência de ferimentos em combate, acidente ou doença. Os feridos terão sido cerca de 30 mil. Mais difícil é contabilizar as vítimas de stress pós-traumático de guerra (cerca de 140 mil, ou seja, 15% dos efectivos metropolitanos), os que morreram precocemente, os que se suicidaram ou tentaram o suicídio, as vítimas de violência, abandono, pobreza e exclusão social (incluindo dezenas de milhares de africanos – cerca de 70 mil, no final da guerra − que combateram nas fileiras do exército português, como soldados do recrutamento local ou como milícias, e cujos direitos – a começar pela sua vida e segurança – não foram devidamente acautelados, para não dizer que foram pura e simplesmente ignorados, desprezados ou escamoteados).

Mais difícil ainda é hoje fazer a estimativa das vítimas, de todo o tipo, entre os combatentes dos movimentos de libertação e as populações africanas, de um lado e do outro. Para não falar da destruição e desarticulação das estruturas materiais e simbólicas das sociedades africanas. E, enfim, está-se longe de saber o impacto, na saúde física e mental das famílias portuguesas que aguardavam o regresso dos seus filhos, sãos e salvos, sendo o único elo de ligação o serviço postal militar (Eram distribuídos anualmente pelo Movimento Nacional Feminino, criado em 1961, cerca de 32 milhões de
aerogramas, nos últimos anos de guerra). Talvez cerca de 80 mil mulheres e outros familiares de ex-combatentes possam ainda hoje ser vítimas da chamada Pertubação Secundária de Stress Traumático (PSST).

Portugal nunca fez (ou está agora a fazê-lo, tardia e lentamente) esse balanço (global) de uma guerra que, contrariamente a outras (invasões estrangeiras, guerras civis…) se passou a muitos milhares de quilómetros de distância da Pátria, em regiões tropicais. Portugal nunca fez o luto da guerra colonial (ou está agora fazê-lo, tardia e lentamente). Mas o mesmo se passa com os novos países que combateram o exército colonial português e que, depois das suas independências, se viram envolvidos em guerras civis (Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Timor)...

Cinquenta anos do início da guerra colonial (em 1961, em Angola), tem vindo a aumentar a literatura memorialística, a produção ficcional, a produção bloguística, a investigação científica, o interesse dos media (cinema, televisão, imprensa escrita) pela guerra colonial… Mas não há, por exemplo, estudos de epidemiologia histórica sobre a morbimortalidade dos combatentes da guerra colonial… Nem sabemos, ao certo, quanto médicos passaram pelos teatros de operações (entre 1400 a 1600, com base dum rácio de 1 médico por 600 militares, operacionais e não operacionais). Ou a efectividade do papel dos serviços de saúde militar no apoio às populações africanas durante a guerra.

Só em 2000 foi criada “a rede nacional de apoio aos militares e ex-militares portugueses portadores de perturbação psicológica crónica resultante da exposição a factores traumáticos de stress durante a vida militar” (D. L. nº 50/2000, e 7 de Abril), rede essa que é constituída pelas instituições e serviços integrados no Serviço Nacional de Saúde, no Sistema de Saúde Militar e pelas organizações não governamentais com as quais sejam celebrados protocolos.

No entanto, esta rede tem sido acusada de ter um funcionamento demasiado burocrático. Igualmente o Serviço Nacional de Saúde é alvo de críticas pelas dificuldades de resposta, rápida e eficaz, a estes casos de Perturbação Pós Stress Traumático (de acordo com a terminologia portuguesa consensualizada). E muitas dos potenciais beneficiários da rede desconhecem a sua existência.

Há associações da sociedade civil como a Apoiar que fazem acompanhamento gratuito (clínico, médico e social) às vítimas de Stress Pós-Traumático de Guerra, necessitando apenas que o interessado peça ao seu médico de família o Mode 1 devidamente preenchido e assinado por ele,  de acordo com o disposto na Circular Normativa nº 11/DSPSM, de 13/08/2001, da Direcção Geral de Saúde... Esta circular é dirigida aos técnicos dos serviços de saúde e destinada a divulgar os impressos para admissão na rede e a clarificar os procedimentos a ter na elaboração dos processos clínicos.

Talvez nenhum país europeu, em meados dos anos 70, em plena guerra fria, tenha operado tantas mudanças, institucionais, jurídicas, políticas, económicas, sociais, sanitárias, epidemiológicas, demográficas e culturais, desde o fim da guerra colonial à descolonização e à integração dos chamados retornados, da criação do Serviço Nacional de Saúde à drástica redução da mortalidade infantil… Fica-nos a dúvida se não poderíamos ter feito mais, e sobretudo melhor, pela plena reabilitação e reintegração dos combatentes da guerra colonial (aos diferentes níveis, e nomeadamente sanitário, psicossocial e sócio-familiar). Teremos também perdido aqui uma excelente oportunidade de mostrar que cooperação, saúde pública e lusofonia falam (ou devem falar) a mesma língua… e que, afinal, “em bom português nos entendemos”.


Luis Graça
Director Revista Portuguesa de Saúde Pública
Correio electrónico: luis.graca@ensp.unl.pt

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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de dezembro de 2011 >
Guiné 63/74 - P9241: Recortes de imprensa (54): No DN, declarações do Ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, na Associação dos Deficientes das Forças Armadas: Temos que fazer a paz com a História

10 comentários:

Antº Rosinha disse...

..." uma despesa militar que chegou a ultrapassar mais de metade do orçamento de Estado (em 1969)"

Luís, nem tu nem eu somos orçamentistas, dois pontos:

Quando transcreves esta afirmação de qualquer lado, que foi sempre uma das primeiras afirmações ouvidas logo no dia 26 de Abril, será que os economistas se referem ao orçamento do estado que ia do Minho aos Açores ou do estado que ia do Minho a Timor?

Claro que não tens tu nem eu e talvez poucos de nós meios de fazer tais contas.

E mesmo o "mais de metade" é uma coisa muito vaga, embora para os técnicos do 26 de Abril para cá já seja um número de muito rigor.

Sabemos que se dizia que acabando com a guerra sobrava tanta massa que ia dar para tudo e mais alguma coisa.

Mas a ideia "encasquetada" em comícios de Abril, era que se referia aos 89 mil Km2 (do sec xv?)

Luís, penso que é do século XVIII, no XV ainda tínhamos Olivença, dava uns metros a mais.

Eu só pergunto se metade do orçamento do Portugal português dava para manter aquela guerra de 13/14 anos????

Quando hoje nem há orçamento para dois submarinos boiarem!!!

Não haveria algum saco azul que saía fora das contas e ninguem fala nele?

Só falo por falar, porque hoje ninguem está para fazer contas à vida.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Rolha.
É aquela coisa que, cortada em rodelas e metida nos sapatos, serve para fazer uma menina baixinha sentir-se mais próxima de uma voleibolista ucraniana.
O marco '50 anos' não passa de uma rolha que serve para alavancar qualquer ideia peregrina.

O que é que 'os 50 anos', que ninguem comemora e a que ninguem reconhece valor de referência, têm a ver com a manutenção da saúde pública ou com o estudo e desnvolvimento de uma lusofonia também mal definida e aviltada pelo primo ortográfico?

SNogueira

Luís Graça disse...

Meu caro Rosinha:

A tua observação obriga-nos a sermos rigorosos, embora se trate de um simples editorial onde, como é habitual, não há preocupação com as fontes bibliográficas... Nem o editorial é sujeito a avaliação por pares... Em suma, não é um artigo de investigação científica, e muito menos foi escrito por um especialista em história... Quis, na minha dupla qualidade de homem da saúde pública (e por acaso diretor da Revista) e também de antigo combatente, assinalar a efeméride dos 50 anos do início da guerra colonial...

Concordo que há muito factos e mitos à volta deste tópico da nossa história recente de Portugal (como os há sobre quase tudo: desde a fundação do reino de Portugal à tragédia de Alcácer Quibir...), em grande parte porque é ainda escassa a investigação historiográfica, feita por historiadores académicos, sobre a(s) guerra(s) colonial(ais)... Ou melhor: a investigação de vastas equipas com historiadores especializados em diversos domínios (deste a estratégia militar à logistica, em sem esquecer a socioantropologia do quotidiano de guerra)...

Não tenho acesso - estando de férias - ás minhas fontes habituais, que são as nossas bibliotecas... Mas tenho à mão, na casa da Lourinhã, o Dicionário de História de Portugal, volume VIII, suplemento F/O, coordenado por António Barreto e Maria Filomena Mónica (Lisboa, Figueirinhas, 1999).

Na entrada "Guerras Coloniais", assinada por R. P. [René Pélissier], pode ler-se a pp. 162/163 o seguinte:

"(...) as despesas consagradas às forças armadas no orçamento metropolitano passaram de 38,6% em 1961, para54,7% em 1969, baixando para 38,1% em 1974. São números elevados para um país pobre mas tendiam a baixar face à transferência das despesas para os orçamentos de Angola (em pleno boom económico) e de Moçambique" (...)

Estou-te grato pelo teu oportuno comnetário. Um alfa bravo. Luís Graça

Luís Graça disse...

Meu caro SNog:

Estou a banhos, coko sabes, mas mesmo assim não é difícil encontrar todos os dias, ou quase todos os dias, na Tabanca da Praia da Areia Branca, gente que foi combatente como nós, da nossa geração, e que tem afinidades connosco, a começar pelas afetivas: ainda há dias, como te contei, almocei com o Jaime Bonifácio Marques da Silva e com o Victor Marques, dois camaradas teus, ex-alferes milicianos, do teu batalhão de caçadores paraquedistas em Angola... Num mesa de vinte e tal pessoas (incluindo casais), quase todos os homens tinham passado pela "guerra do ultramar"... Mesmo à volta de uma bela caldeirada na Praia do Porto Dinheiro, é difícil, à malta da nossa geração, não falar da guerra... E se não formos nós, quem falará por nós ?...

Por outro, se a guerra envolveu, diretamente, um milhão de homens (e algumas dezenas de mulheres) - pelo nosso lado, gente da metrópole e das áfricas -, por que é a saúde pública - os brasileiros preferem chamar-lhe saúde coletiva - não deveria também de meter o bedelho ? Refiro-me à nova saúde pública...

A tua pergunta, de algum modo insolente, não deixa de ser bem vinda, como tudo o que é intelectualmente estimulante, e nos obriga a pensar... Traduzida em termos coloquiais, a tua questão pode ser posta assim: por que raio é que a gente tem de comemorar os cinquenta anos de qualquer coisa, dos casório às guerras ?...

Para já, é uma boa pergunta... para quem quiser responder: eu estou de férias, permito-me invocar o meu direito á preguiça (mental)...

Quanto á saúde pública e á lusofonia, binómio em relação ao qual estou mais à vontade, permito-me também guardar-me para melhor oportunidade... Agora, se me dás lciença, vou beber um copo, numa das minhas esplanadas preferidas à beira mar, na Praia da Peralta (Bar do Vitor) ou na Praia da Areia Branca (Bar dos Cinco Paus, Bar do Dantes & Marques, etc.)... Boa continuação do "dolce fare niente"..

Luís Graça disse...

Rosinha: Tens tempo e vagar, e sobretudo um grande interesse por tudo o que diz respeito à "tua" Angola, dá uma vista de olhos a este artigo de Edgar Rocha, publicado em 1977, na "Análise Social":

Portugal, anos 60:
crescimento económico acelerado
e papel das relações com as colónias

Está disponível na íntegra em formato pdf:

http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223917849W3hFM5ez8Zs91HT1.pdf

Eis a pergunta de investigação de que parte o autor:

"O estudo da década passada é crucial para a compreensão
da evolução recente da sociedade portuguesa. Industrialização,
aceleração do crescimento económico, emigração maciça e guerra colonial são as principais características desse período. Um dos aspectos interessantes desta situação é o facto de que Portugal,
país pequeno e relativamente pouco desenvolvido, conseguiu suportar os custos da guerra, e mesmo assim apresentou taxas de crescimento relativamente elevadas.

"Assim, a principal questão que o presente texto trata é a
seguinte: como se explica que Portugal tenha apresentado altas
taxas de crescimento durante a década de 60, apesar das despesas
inerentes à guerra colonial? Será tal situação explicável pela
própria exploração colonial?

"Tentar-se-á mostrar que as relações estritamente económicas com as colónias não permitem explicar cabalmente a aceleração de crescimento que se verificou no período em análise; e que certas alterações na estrutura da produção
e do consumo tiveram provavelmente um papel mais importante".

Anónimo disse...

Amigo Luís,
mais uma vez (correndo o risco de ser tido por insolente) interrogo:
o que é que a Saúde Pública -a nova- tem a ver com o postulado pelo autor do artigo?
Mesmo que exisitisse com a incidência e constituição que tem hoje -a nova- o conceito de 'Saúde Pública'.

Nada.

por conseguinte (sempre correndo o risco...) fica-se com a ideia de que poderias ter publicado o artigo -que terá o seu interesse intrínseco- sem recorrer à alavanca de fazer a rapariguita parecer a matulona do voleibol,
-a rolha- os tais '50 anos' que tanto podiam ser ser 47 ou 48.
Ou 25...!

SNogueira

Bons banhos mas cuidado com o sol iodado

Anónimo disse...

Caro camarada Luís Graça

Voltamos ao tema do "S.P.T." de guerra.
Mais uma vez aqui quero realçar a pouca ou nenhuma sensibilidade dos médicos para este tema.
São vários os motivos entre os quais se destacam a ignorância..não tivemos preparação nenhuma sobre isso,a esmagadora maioria não esteve em situação de combate, logo a pouca sensibilidade.
Actualmente julgo que a preparação que é dada nas faculdades é apenas de "stress pós traumático em geral".

Sobre a "economia"..lembro que exportávamos petróleo,diamantes, café,cacau,recebíamos remessas avultadas dos emigrantes..etc.. se bem que uma grande parte do bolo ia para as empresas de exploração a dita cuja tinha que crescer.
Não sei qual era a percentagem do pib gasto na guerra,mas que era avultada era..não convém esquecer que os gastos do estado eram diminutos,nomeadamente na dita "metrópole".

Um alfa bravo

C.Martins

Anónimo disse...

Há muitas situações na vida social, económica, política, etc..., em que se podem dispensar análises mais eruditas ou academicamente sustentadas em favor de uma explicação absolutamente prosaica que toda a gente entende e que ninguém em perfeito juizo refutará. Para quê estudos de orçamentos e contabilidade pública se sabemos,
porque vimos, que fazer estradas e outras obras públicas em ambiente de guerra,levava o triplo do tempo com dezenas de vezes mais acidentes do que numa ssituação de paz?
Um abração
Carvalho de Mampatá

Anónimo disse...

Sinto-me pessoalmente muito honrado e orgulhoso, tal como todos os tertulianos, com a liderança magistral deste blogue....que como aqui fica demonstrado, é um farol de primeira grandeza, neste mar de bruma onde se continua a navegar.
Os meus parabéns, Luís
Joaquim Luís M.Mendes Gomes

arenga disse...

Camarada Luis

Temos de continuar a mostrar a Portugal que existiu uma guerra injusta para todos,para os naturais das provincias e para todos os jovens que foram combater e temos de saber quantos morreram e quantos ficaram feridos nao so fisidamente mas mentalmente.
Força todos nao seremos de mais

um abraço

um ex-combatente