quarta-feira, 4 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10114: Patronos e Padroeiros (José Martins) (32): Jozé Maria das Neves Castro - Patrono do Instituto Geográfico do Exército




1. Em mensagem do dia 30 de Junho de 2012, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos mais um trabalho para a série Patronos e Padroeiros.






Patronos e Padroeiros XXXII

Patrono do Instituto Geográfico do Exército





Jozé Maria das Neves Costa 
Brigadeiro 

Nasce a 14 de Agosto de 1774, em Carnide (Lisboa), filho de Manuel Cláudio Costa e Josefa Maria Vieira. Filho de pais não abastados, estudou no Real Colégio das Necessidades, frequentando o curso de Humanidades.

Entre 1791 e 1793 frequentou a Academia de Marinha e, entre 1793 e 1796, estudou na Academia de Fortificação de Artilharia e Desenho, tendo sido considerado um dos melhores alunos na sua época.

Foi promovido ao posto de Segundo-Tenente de Engenharia em 4 de Dezembro de 1796, desempenhando funções na secretaria do Duque de Lafões, e comissões importantes na Brigada de Engenharia até 30 de Março de 1801, altura em que é promovido a Primeiro-Tenente. Em Maio desse ano é promovido ao posto de Capitão de Infantaria e nomeado Ajudante de Campo do Marquês de Marialva.

Por Decreto do Conselho de Guerra de 20 de Julho de 1802, foi nomeado Inspector-Geral das Fronteiras e Costas Marítimas do Reino, o Oficial do Exército Real de França e ao serviço do nosso Exército, Louis-François Carlet, Marquês de la Rosière, em cujo Estado Maior foi colocado o Primeiro-Tenente Neves Costa, onde, se encontrava o Conde de Cambors, pelos quais nutria grande estima e admiração.

Em 1806, com o posto de Capitão de Engenharia a que tinha promovida a 4 de Novembro, é encarregado da reorganização do Arquivo Militar, a convite do Marquês de Marialva, até à entrada em Portugal das tropas comandadas por Junot, que deu inicio ao período das Invasões Francesas.

Durante o governo de Junot, Neves da Costa já com a patente de Major à qual foi promovido em 24 de Junho de 1807, é encarregado pelo Coronel Vicent, engenheiro francês do “Corps du Génie” que acompanhou o exército invasor, e com a supervisão do então Coronel Carlos Maia de Caula, a elaborar o levantamento topográfico das zonas a norte de Lisboa até Peniche.

No ano de 1810, sob a orientação do engenheiro inglês Flether, trabalhou na construção das fortificações que constituem as Linhas de Torres Vedras. Porém, para si, não eram estranhos os projectos adoptados uma vez que lhe é atribuída a autoria, com a indicação dos pontos nevrálgicos, para a defesa de Lisboa. No ano seguinte, 1811, dirigiu os trabalhos de fortificação da Praça de Almeida, finda a qual voltou à sua paixão principal, a topografia, fazendo o levantamento da Carta da Península de Setúbal.

É promovido, a 22 de Janeiro de 1820 ao posto de Tenente-Coronel, e a Coronel, antes do final desse ano, em 18 de Dezembro de 1820. Defensor da ideologia liberal é eleito deputado em 1822 e, por decreto de 28 de Maio de 1823, é nomeado Ministro da Guerra, cargo que não exerceu, por ter sido restaurado o poder absoluto.

Em 1826 é nomeado Governador do Forte de Lippe, também conhecido como Forte Nossa Senhora da Graça, localizado na actual freguesia de Alcáçovas. Foi nesse período que o Coronel José Maria das Neves Costa, em 29 e 30 de Abril de 1827 aquando da revolta aí acontecida, conseguiu repor a ordem, o que lhe valeu ser citado na Ordem do Exército.

Nesse ano de 1827, enquanto esteve no Forte de Lippe, escreveu uma obra acerca dos direitos e deveres dos soldados perante a sociedade civil que intitulou de “Memoria sobre a Organização e Disciplina do Exercito Portuguez, em relação ao Systema Constitucional”.

Em conjunto com o Visconde de Vilarinho de S. Romão e Manuel Gonçalves de Miranda, formaram um grupo de trabalho para participar, em 1835, na reforma do Sistema de Pesos e Medidas e introdução do Sistema Decimal.

A pedido do governo, em 1837, examina a documentação topográfica existente no Arquivo Militar, com a missão de propor a execução da documentação que fosse necessária para um plano de defesa do país, instituição que Neves da Costa bem conhecia, por ter trabalhado nessa instituição por diversas vezes. Reformado por doença, “sem o haver pedido”, e graduado no posto de Brigadeiro, escreveu as suas “Considerações militares tendentes a mostrar quais sejam no território português os terrenos cuja topografia ainda falta conhecer para servir de base a um sistema defensivo do Reino, que seja conforme com a sua natureza geográfica e com os princípios gerais da ciência da guerra” no ano de 1841.

Faleceu em 1841, em Setembro ou Outubro conforme as fontes, no dia 19, com 67 anos de idade, sem ter recebido em vida qualquer distinção, além das insígnias de Cavaleiro da Ordem Militar de S. Bento de Avis.

Foi sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, e o elogio à sua memória foi feito pelo Tenente-Coronel Augusto Xavier Palmeirim e publicado, em 1 de Dezembro de 1841, no Diário da Republica.

Por despacho do General Chefe do Estado-Maior do Exército, de 06 de Outubro de 2005, o Brigadeiro José Maria das Neves Costa foi considerado o Patrono do IGeoE - Instituto Geográfico do Exército, tendo em conta as suas qualidades de topógrafo e cartógrafo, assim como a sua vida dedicada à cartografia e a Portugal.

José Marcelino Martins
20 de Junho de 2012
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10103: Patronos e Padroeiros (José Martins) (31): Patrono do Instituto de Odivelas - Infante D. Afonso de Bragança

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