sábado, 11 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9473: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VII): pp. 25/36

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Reprodução das páginas 25 a 36 do relatório da 2ª rep/CC/FAG, publicado em  28 de fevereiro de 1975, e na altura classificado como "Secreto".

Digitalização do documento: Luís Gonçalves Vaz (2012) / Edição das imagens: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2012)


1. Continuação da publicação do relatório da 2ª Rep/CTIG, sobre a situação político-militar em 1974, documento esse que está a ser amavelmente digitalizado pelo Luís Gonçalves Vaz, membro da nossa Tabanca Grande [, foto à direita ], a partir de um exemplar, original,  pertencente ao arquivo pessoal de seu pai, cor cav CEM Henrique Gonçalves Vaz, último Chefe do Estado-Maior do CTIG (1973/74), entretanto falecido em 2001.


A publicação integral foi-nos sugerida pelo nosso colaborador, camarada e amigo José Manuel Dinis, de modo a poder dar a todos os nossos leitores, e em especial aos camaradas que estavam no TO da Guiné nesta época, a oportunidade de confrontarem o seu conhecimento empírico da situação com a descrição e a análise que é feita pela 2ª Rep do Comando-Chefe/FAG.

Esta iniciativa tem tido, em geral, boa aceitação por parte dos nossos leitores que se interessam pelo período terminal da guerra no TO da Guiné, quer lá tenham estado ou não nessa altura. Não implica, naturalmente por parte dos editores de blogue, qualquer tomada de posição a favor ou contra o conteúdo, o rigor, a importância, ou o interesse - do ponto de vista historiográfico - deste documento. 

Recorde-se que o relatório, datado de 28 de Fevereiro de 1975, é assinado pelo chefe da 2ª Rep do CC/FAG [, Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné, comando unificado criado em 17 de Agosto de 1974], o maj inf Tito José Barroso Capela (de quem diz o Luís Vaz ser ainda hoje vivo, com o posto de major general reformado).


Dá-se início hoje à publicação da segunda  parte do relatório (que tem 74 páginas), relativa ao ponto B (Período de 25Abr74 até 15Out74), das pp. 26 a 36.

Índice do relatório


A. Período até 25Abr74
1. Situação em 25Abr74

a. Generalidades (pp.1/2)

b. Situação política externa:
(1) PAIGC e organizações internacionais (pp. 2/5)
(2) Países limítrofes (pp. 5/8)
(3) O reconhecimento internacional do “Estado da G/B em 25Abr74 (pp.8/9).


c. Situação interna:
1. Situação militar.
(a) Actividade do PAIGC (pp. 10/12)
(b) Síntese da atividade do PAIGC e suas consequências (pp.13/15)
(c) Análise da actividade de guerrilha (pp. 16/18)
(d) Dispositivo geral do PAIGC e objetivos (pp. 18/19)
(e) Potencial de combate do PAIG (pp.19/20)
(f) Possibilidades do PAIGC e evolução provável da situação (p. 21)


2. Situação político-administrativa (pp. 22/24).


B. Período de 25Abr74 a 15Out74

2. Evolução da situação após 25Abr74


a. Generalidades (pp. 25/26)
b. Situação política externa (pp. 26/28)
(1) PAIGC (pp. 29/32)
(2) Organizações internacionais (pp. 32/34)
(3) Países africanos (pp. 34/35)
(4) Outros países (pp. 35/36)

[Continua]
_________________
 
Nota do editor:
 
(*) Últimos postes da série:

6 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9…: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VI): pp. 22/25

4 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9443: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte V): pp. 10/21

31 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9424: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte IV): pp. 1/9

10 comentários:

Antº Rosinha disse...

Embora secreto aqui neste relatório, tudo que se lê nestas páginas eram notícias da emissora nacional, emissora oficial de Angola e Rádio clube de Lourenço Marques, e todas as emissoras em português à volta do mundo.

Principalmente para quem tinha vagar de ouvir, pois só tinha as malas para preparar e zarpar.

Evidentemente que para muita gente em Portugal, estes assuntos já não representavam ou nem chegaram a representar absolutamente nada.

Antº Rosinha disse...

Evidentemente J. Belo que não tinha mais qualquer sentido tentar qualquer consulta, quer com sentido democrático, quer com sentido de qualquer responsabilidade militar, quer se veja a esta distância ou mesmo em cima dos acontecimentos.

Não conseguiram os Franceses na França nem os ingleses na India, logo que se baixaram os braços.

E a ONU ficou a ser no caso portugu^es a grande responsável pela chacina de 30 anos em Angola e tudo o que desde a droga até às mortandades que houve na Guiné-Bissau houve até hoje.

No caso da Guiné, foi com a benção das Nações Unidas e presença dos seus funcionários (e suecos)que o PAIGC chacinou os nossos comandos africanos, e se assistiu à entrada da da droga e às bichas de 24 sobre 24 horas de venda de pão com farinha com gorgulho, e de leite em pó com anos de validade ultrapassada.

Como se ia ter mão no controle das independências se Mário Soares declarava para todos ouvirmos que se o Algarve quizer ser independente , em democracia temos que lha dar?

J. Belo, aqueles portugueses que tratavam das negociações, tinha sentimentos muito diversos:

Mas o sentimento mais evidente, era que nos livravamos de África e o nosso futuro era a europa.

Mas o laxismo era tal, que alem daquela genial ideia de Mário Soares sobre o Algarve, (tudo fica bem a Mário Soares, nele um casaco é um casaco, noutros é uma albarda),tambem já havia a FLAMA frente de libertação da Madeira, e Açores tambem tinha um cabecilha que não me lembro o nome, com uma equipa já formada para a independência.

J. Belo, aquele laxismo nosso, bem nacional, é bem um retrato fiel do que nós fomos em certas alturas.

Penso que pior terá sido quando o fomos para o brasil e dissemos ao Wellington e ao Junot, entrem e sirvam-se, e ainda traziam uns espanhois que até ficaram em Olivença e nunca mais sairam de lá.

Um abraço

Anónimo disse...

Líder da FLA (Frente de Libertação dos Açores): José Almeida, ex-deputado na Assembleia da Republica, professor de Liceu.
Um abraço,
José Câmara

Anónimo disse...

Camaradas:
Esta parte agora divulgada do relatório, corresponde à verdade gerada pelo MFA: a falta de mão sobre os acontecimentos desencadeados, agravada pela disputa partidária na consolidação de posições, que os revoltoso permitiram e, em alguns casos, estimularam.
Durante o ano passado assisti a uma conferência promovida pela Liga dos Combatentes em Oeiras.
A matéria era o Ultramar e o processo evolutivo para o 25 de Abril.
O senhor general palestrante, homem sobejamente conhecido, ponderado, e com grande experiência e conhecimento sobre os acontecimentos, fez com o brilhantismo que lhe é habitual a exposição das condições do ante e do pós movimento militar.
No final, o sr. general colocou-se ao dispôr para responder a questões. Eu formulei a 3ªquestão, que se consubstanciava em saber se, durante os trabalhos preparatórios do MFA, sob o chapéu protector do sr general Spínola, autor do "Portugal e o Futuro", cujas teses ali foram abordadas, se as mesmas foram discutidas no âmbito das autodeterminações, ou na constituição de nações confederadas.
Depois de ter respondido à 2ª., o sr.coronel que na mesa mediava (controlava?), imterrompeu para anunciar a hora tardia, e que o sr general que preside à Liga ainda pretendia proferir umas palavras.
Na confusão da saída abordei o sr general palestrante e pedi-lhe resposta para a minha questão, e respondeu que não, quase nada, ou muito pouco se tinha reflectido sobre tal matéria.
Isto significou que o MFA só tardia e insuficientemente se deu conta da quantidade de problemas que tinha desencdeado, e para os quais não revelava capacidade para gerir.
Um dos aspectos que o relatório refere e corrobora, ressalta da leitura das condições impostas pelo Paigc na pág.27 que, com vista a negociações, exigia o acantonamento das NT, que ao aceitarem a condição ficaram neutralizadas, o que implicou também o colapso da vida cívil na PU (aparelhos administrativo, judicial, educativo,sanitário, etc).
Ora, desta maneira sugeitos, os portugueses não negociaram, antes tomavam nota das pretensões da outra parte, porque já não havia vontade e força para negociar.
Abraços
JD

Anónimo disse...

Caros Camarigos:
Quem viveu 72/74, participou num esforço tremendo e ingénuo de tentar vencer uma guerra com escolas, com assistência médica,com distribuição de arroz, com a construção de estradas etc.etc. Estradas que uma vez feitas logo eram dinamitados os seus pontões, estradas que custavam uma fortuna em máquinas e camiões destruídos e sobretudo estradas feitas à custa de muito sangue e vidas ceifadas em flor.Do outro lado o desespero por uma guerra teimosa que contrariava o cumprimento das promessas com que os chefes aliciavam os combatentes.
Com o 25 de Abril, nem nós queríamos ser os últimos a morrer nem eles queriam perder uma oportunidade de ouro para, julgavam eles, chegar ao paraíso terrestre. Na verdade foi-lhes dito que, depois de tanto sofrimento, logo que os colonialistas deixassem de sugar a Guiné, sobraria muito mais comida para os guineenses.
Nesta realidade, produzida pelas contingências da história, só há um caminho:uma das equipas em jogo tinha que abandonar a contenda. Se me interrogar sobre a eventual presença transitória de uma força
da ONU, capaz de impedir a selvajaria e colaborar na instalação de um novo estado,acho que sim, até porque havia muitos países ricos e ricos países com meios técnicos, materiais e humanos, capazes para o efeito. Digo isto porque nós estávamos cansados e os guineenses, na sua maioria, estavam cansados de nós.
Devia ter sido de outra maneira mas não pôde ser de outra maneira.
Um Grande Abraço
Carvalho de Mampatá

Luís Graça disse...

Zé Dinis: A frase, célebre, é de um general prussiano Clausewitz, que combateu Napoleão: "A guerra não é mais do que a continuação da política de Estado por outros meios" (in Tratado sobre a Guerra, no original Vom Kriege, 1832).

A guerra, como qualquer outro conflito (social), não é mais do que a continuação da negociação por outros meios. A guerra vem primeiro, a diplomacia depois... No final, os "termos de troca" tenderão a ser mais favoráveis a uma das partes...

No caso da Guiné, é óbvio que se tratou do PAIGC, não por ter ganho a guerra “manu militari”, ou seja , por via das armas, mas por que tinha mais alguns trunfos, incluindo um contexto (geoestratégico e internacional) mais favorável e sobretudo um adversário que não estava mais disposto a continuar a combater...

O gen Bettencourt Rodrigues disse, num dos seus testemunhos (vd. Estudos Gerais da Arrábida), que "um dos efeitos da contra-subversão é a lassidão. Mas a lassidão também os afectava a eles. O PAIGC não estava menos exausto que nós."... É verdade, mas o PAIGC teve uma vantagem: não tinha ninguém, no Senegal e na Guiné-Conacri, a quebrar o moral da retaguarda (e da frente), gritando, logo a seguir ao 25 de abril, slogans "pacifistas" equivalentes aos nossos ("Nem mais um soldado para as colónias!")...

Anónimo disse...

Viva Luís:
Estou de acordo com o teu comentário, cuja ideia já aqui reproduzi por várias vezes, e o último período do meu anterior parcialmente reproduz.
Recentemente referi que a recusa de Salazar em estabelecer negociações com os emancipalistas, foi um primeiro e decisivo passo para a derrota. Inclusivé estabeleci a antítese portuguesa, com os "novos ventos" propalados por MacMillan. Também já anteriormente referi o cansaço que afectou os militares, e a corrosão da rectaguarda sobre o moral das NT. De facto, durante os anos sessenta, Portugal iniciava um período de crescimento económico, as populações atingiram novos níveis de conforto, ocasionava-se frequentemente a discussão ideológica, enfim, acontecia com alguma contradição a panóplia de situações que constam dos manuais da guerrilha. A isso juntava-se, no caso guineense, o recrudescimento da guerra. Repara que digo: no caso da Guiné. E poderia juntar (parcialmente) o caso moçambicano, enquanto em Angola os níveis do expansionismo económico pareciam conduzir ao desprezo pela luta por parte dos militantes do MPLA, onde os mais desenvolvidos eram absorvidos pelas oportunidades de emprego.Os restantes movimentos ficavam reduzidos a pequenas áreas de combate.
O grande ditador caíu, assim, na contradição de, pelo prolongamento do esforço de guerra, não conseguir manter níveis elevados da moral das tropas, nem níveis elevados na capacidade de combate, quer pelo treino e profissionalismo, quer pelos equipamentos disponíveis. Sucedeu-lhe Caetano, que não introduziu novidades, nem tomou iniciativas com vista a alcançar soluções com os emancipalistas, e apenas prolongou a situação até níveis de pré-agonia, como os referidos em outros comentários ou outras publicações no blogue. Daí à rotura, foi um ápice.
Nada de admirar, pois se os americanos não aguentaram o Vietname!
No entanto, Wellington venceu os franceses com tropa essencialmente portuguesa. Depois retirou-se para Yorkshire. Porém, fece à instabilidade em áreas no Afeganistão que perturbavam os negócios britânicos, Sua Magestade chamou-o para ali acorrer. Wellington pôs como condição levar militares portugueses, e perante o espanto de Sua Alteza argumentou que os portugueses eram os melhores soldados do mundo.
Abraços
JD

paulo santiago disse...

Caro Luís Vaz
Este meu comentário nada tem a ver
com este post,relaciona-se com um
anterior que não consegui localizar.

Hoje tive a certeza que o Ten-Cor.
Sousa Teles,comandante do batalhão
de Cadique,era Artilheiro,António
Sousa Teles,sendo que o irmão,de
Infantaria,tinha como primeiro nome:Arnaldo.
Pela foto publicada,tinha quase a
certeza,que se tratava do Artilheiro.Os rostos são parecidos,
mas o porte militar não engana,o
Infante Sousa Teles era um civil
mal fardado,se é que me entendes.
Quanto ao facto de um BCaç.ser
comandado por um TC de Artilharia,
nada de estranho,estive num BArt.
comandado por um TC de Infantaria.
Abraço

Juvenal Amado disse...

“O regresso dos nossos soldados já"
" Nem mais um soldado para as colónias"
O poder reivindicativo da sociedade Portuguesa apareceu em toda a sua força, como um dique que rebentou e as suas águas inundaram tudo. A justiça das reivindicações misturou-se com o oportunismo de muitos, que se tornaram revolucionários de um dia para outro.
Algum “patriotismo”, levou a que transferissem as suas riquezas ganhas à nossa custa nas fábricas, no mar e em terra para outros países. Mais tarde voltaram quando a coisa já lhes era favoravelmente para receberem as indemnizações.
Pode-se dizer que o MFA destapou em 25 de Abril a caixa de Pandora.
Os populares saíram à rua logo às primeiras horas, fazendo tábua rasa das ordens difundidas pela rádio. Condicionaram desde logo as intenções de muitos dos participantes, que não sabendo o que fazer com o poder obtido, entregaram-no ao G. Sepínola confiante que o seu prestígio acalmaria as coisas e que por milagre se resolveriam com o tempo.
Mas o tempo foi o que faltou desde logo.
Aqui entrou a dinâmica popular, mais os partidos, mais as instituições internacionais, mais os movimentos de libertação e não podemos esquecer os "colonos", que também desejosos com o fim da ditadura, advogavam para si a criação de um poder branco em terra de pretos. A proximidade com a África do Sul a quem interessava manter uma zona tampão, potenciava a isso. Uma minoria branca a governar Angola e Moçambique era muito do agrado do poder do apartheid.
Juntamos isto tudo, temperamos com o nosso cansaço em continuar a alimentar uma guerra que ninguém acreditava nem queria, como resultado temos um país com várias direcções e velocidades.
A partir dali nada seria como antes.
A situação mudava de hora a hora, as pressões e movimentações eram de tal monta, que o que era verdade de manhã era mentira ao almoço e já para não falar ao jantar.
Eu sou dos que agradeço todos os dias aquele dia. Confesso que ainda olho para trás, vejo que nós não tínhamos força para impor condições, para além termos criado expectativas, que mais tarde ou mais cedo se desmoronariam. Não havia nada, que este país a lutar também pela sua sobrevivência pudesse ter feito, tendo em vista as forças em presença e a sua radicalização.
Estou plenamente de acordo que o prolongamento da guerra, transformou aqueles países ingovernáveis, mas não esqueçamos os interesses externos eram vastos demais para serem dominados por nós.
Um abraço

Anónimo disse...

Caros Tabanqueiros:
Para mim, a análise do Juvenal sendo sintética não deixa de abranger quase todos os aspetos de ordem militar, económica, social e política que caraterizavam a guerra do ultramar, em 1974.
Quanto à qualidade dos soldados portugueses permitam que vos diga que todos os soldados são bons quando defendem a sua casa.
Um abração.

Carvalho de Mampatá