quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9369: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (12): Fragmentos Genuínos - 10




FRAGMENTOS GENUÍNOS - 9

Por Carlos Rios,
Ex-Fur Mil da CCAÇ 1420/BCAÇ 1857, Mansoa e Bissorã, 1965/66






Os fulas
História

Os fulas, cuja origem apresenta algumas dúvidas, é um povo com 80% de pastores nómadas, com um pequeno grupo de sedentários, localizados em distintos países do Sahel, do Chade até o Senegal. Adotam diferentes nomes: sokoto, macina, kano-bororro. Etnicamente são diferentes de outros povos africanos; são de pele mais clara e nariz mais reto. Aliam-se aos negros sedentários, de cuja mescla com os sereres originaram os tucolores, os futandés e os toronkes, importantes grupos do vale do Senegal. Seu auge político foi nos séculos XVIII e XIX, quando conquistaram importantes territórios. Seus primeiros contatos com o islamismo teve lugar no século XVI, como os de outros grupos do Sahel. No século XIX se converteram ao islamismo na totalidade da população.

Situação política
Os fulas de Níger e Senegal tiveram guerra com as tropas francesas e inglesas se opondo a colonização. Nos territórios ingleses (Nigéria) alguns fulas se misturaram com os hausa e adotaram sua língua. Formando a classe governante da Nigéria.

Economia
A maioria são pastores, ainda que haja grupos agrícolas (sokoto) e urbanos. Em alguns países mantém importantes posições políticas e econômicas.

Cultura e educação
A sua sociedade está marcada pelo sistema de castas que compreende: nobres, servos, comerciantes, pastores, poetas e artesãos em couro e madeira, com um arraigado sentimento conservador. Os fulas consideram-se autênticos muçulmanos, ainda que conservem muitos costumes pagãos entre eles. A educação realiza-se nas escolas corânicas.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Estes são os povos sem pinga de hábitos ou tradições portuguesas, onde assisti com um misto de incompreensão e mistério história e modos de viver, de arreigado tradicionalismo que estavam nas antípodas do que estava em mim interiorizado.

Guiné: Amuletos de prata usados por mandingas e fulas" Os mandingas eram quase exclusivamente os artífices destes produtos.


Preparando-se para trepar e recolher os cachos de den-den (palma).

O vinho de palma (siri) também é recolhido lá no alto, onde são colocados recipientes, feitos de folhas, a aparar o líquido que escorre depois de feita uma incisão na base dos estames das flores. Consoante a hora a que é recolhido assim é o seu gosto e grau de álcool. Deve ser bebido no próprio dia.
As flores depois de reduzidas a cinza são usadas na agricultura devido ao seu grande valor em potássio

E lá vai ele a caminho…cá em baixo estão os ajudantes para apanhar.


Etnia Felupe

Os Felupes vivem a norte do rio Cacheu, de São Domingos a Varela, junto da fronteira com a região de Casamansa da vizinha República do Senegal.

Imagem de um baga-aga. Era construído por formigas e tão duro como cimento. Era o abrigo preferido do In, e local donde nunca descolava o Cap. C. assim que havia a mais pequena bernarda.


São referidos como praticantes de canibalismo no passado, são coleccionadores de cabeças dos inimigos que guardam ou entregam ao feiticeiro, e usam com muita perícia arcos com flechas envenenadas .
São igualmente grandes lutadores, fazendo da luta a sua paixão pelo desporto tão vulgarizado, prende-o empolga-o, constituindo um verdadeiro espectáculo. Esta etnia é famosa pela sua combatividade e independência, sendo perfeitamente autónomos, tendo o seu território e fazendo incursões frequentes no Senegal.

Outra actividade notável e que me foi dado observar sub-repticiamente é a sua arte de pesca: a bordo de uma canoa manufacturada pelos próprios num tronco de árvore, dois homens, enquanto um manobra a embarcação, o outro na proa da mesma com um arco e flecha permanece imóvel disparando sempre infalivelmente.

Canoa dos Felupes - Ei-los preparados para a faina da pesca. Importa dizer que este tipo de embarcação era muito usado pelas diversas etnias, tendo em linha de conta o tipo orográfico do território.

Fabricação de tijolos com molde e argamassa para depois secarem ao sol. A argamassa para os blocos era feita de barro e excrementos de gado vacuum. Eram extremamente rígidos e curiosamente não exalavam mau cheiro.

Decorrida que é a maior parte da vida que considero activa e recolhidos desta os exemplos e ensinamentos que neste momento de meditação e retrospectiva, me fazem pensar no Mundo, percurso esse feito de alguns momentos de esfuziante alegria e na maior parte da mesma, de luta e cruéis e dramáticas peripécias, em que a guerra colonial, para a qual foram arrastadas mais que uma geração e que teve a maior transcendência na formação e estruturação do pensamento a maneira de ser de cada um de nós, teve grande importância, e que depois de na minha opinião, julgo ter constatado, pela displicência e menosprezo com que fomos tratados nas semi-clausuras em que se mantinham os restos da carne para canhão, doentes e estropiados que se mantiveram na dependência do Estado, no meu caso foram seis anos de dolorosas peripécias, teremos sido dispensados e ignorados.

Carnaxide, 20 de Dezembro de 2011
CARLOS RIOS

Todos os homens buscam a felicidade. E não há exceção. Independentemente dos diversos meios que empregam, o fim é o mesmo. O que leva um homem a lançar-se à guerra e outros a evitá-la é o mesmo desejo, embora revestido de visões diferentes. O desejo só dá o último passo com este fim. É isto que motiva as ações de todos os homens, mesmo dos que tiram a própria vida.
(Blaise Pascal)

Somente aqueles que nunca deram um tiro, nem ouviram os gritos e os gemidos dos feridos, é que clamam por sangue, vingança e mais desolação. A guerra é o inferno.
(Gen. William T. Sherman)

Quando os ricos fazem a guerra, são sempre os pobres que morrem.
(Jean-Paul Sartre)

Qualquer coisa que encoraje o crescimento de laços emocionais tem que servir contra as guerras.
(Sigmund Freud)

O homem tem que estabelecer um final para a guerra, senão, a guerra estabelecerá um final para a humanidade.
(John F. Kennedy)

Nossos livros de escola glorificam a guerra e escondem seus horrores. Eles incutem ódio nas veias das crianças. Eu preferiria ensinar paz do que guerra. Eu preferiria incutir amor do que ódio.
(Albert Einstein)

A paz é igual a uma grande roda humana, enquanto todos estiverem de mãos dadas, as armas estarão no chão.
Tiago Bicalho

Que eu nunca mendigue paz para a minha dor, mas coração forte para dominá-la.
Rabindranath Tagore
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Nota de CV:

Vd. postes da série de:

28 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9279: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (3): Fragmentos Genuínos - 1

30 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9289: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (4): Fragmentos Genuínos - 2

2 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9302: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (5): Fragmentos Genuínos - 3

4 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9310: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (6): Fragmentos Genuínos - 4

6 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9320: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (7): Fragmentos Genuínos - 5

9 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9336: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (8): Fragmentos Genuínos - 6

11 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9342: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (9): Fragmentos Genuínos - 7

13 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9350: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (10): Fragmentos Genuínos - 8
e
16 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9362: Fragmentos da minha passagem pela tropa (Carlos Rios) (11): Fragmentos Genuínos - 9

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