sábado, 9 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8074: Convívios (308): Magnífica Tabanca da Linha, dia 28 de Abril em Alcabideche (José Manuel Matos Dinis)

CONVÍVIO DA MAGNÍFICA TABANCA DA LINHA

1. Mensagem de José Manuel Matos Dinis* (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), com data de 7 de Abril de 2011:

Meu Amigo Carlos,
Hoje, sem qualquer hipótese de me baldar, o Cmdt Rosales intimou-me a acompanhá-lo para marcarmos o próximo almoço da Magnífica Tabanca da Linha. Fomos à procura de um lugar condigno, não propriamente luxuoso, mas com condições adequadas e qualidade refeiçoeira da que faz crescer água na boca. Ainda recentemente o Estoril-Praia ali organizou um encontro entre os sócios mais queridos, de entre eles destacou-se a figura do nosso Cmdt.

Para além daqueles requisitos, o local, com acesso pela entrada do Cabreiro, Alcabideche, por trás do hospital, na primeira à esquerda, designa-se por Adega Camponesa, é amplo, arejado, pode-se permanecer até às tantas, e ainda proporciona um bom parque de estacionamento.

Dia do Encontro: 28 de Abril
Hora: 12H30 na zona entre as rotundas de Alcabideche para o hospital.

Quem souber ali chegar tem dispensa desta formalidade. Se alguém me telefonar - 913 673 067 - farei uma segunda repescagem.

Fomos a negociações com a gerência e definiu-se um menú e um preço. O preço, por mastigante, será de 15,20 euros, calculado matematicamente, sem mais, nem menos. Talvez haja vontade de arredondar para gratificação.

O menú constará do seguinte:
- pão, manteiga, azeitonas;
- salgados e patê de marisco;
- sopa (creme de legumes);
- filetes de cherne com arroz de feijão;
- carne de porco à portuguesa;
- buffet de dôces;
- Vinhos branco ou tinto, sangria, cerveja, água, sumos.

Não parece mal e, segundo o experimentado Cmdt, come-se bem. No entanto, quero lembrar os camaradas e convivas, o mais importante será o convívio, ver como têm evoluído as barriguinhas de cada um, discutir os problemas do colesterol e outras mazelas afins, confirmar quantos tiros foram dados na Guiné, e aventurar-mo-nos na contagem de bazukas consumidas em cada dia da comissão. Uma ou outra referência ao glorioso será considerada prejúrio.

Sua Excelência cá vos espera, e este dedicado servo também. Façam o favor de fazer as vossas reservas até ao dia 25, para proceder à reserva definitiva em 26. Nesta Tabanca exige-se organização, nada se improvisos, embora tudo se possa transformar. A crise anda por aí, não deixem que ela se assenhorie do nosso apetite.

Pedido de assistência: de Buarcos:
O conhecido almirante Vasco da Gama, pede que o tragam, e o devolvam em seguida, dadas as suas naturais dificuldades de navegação em terra firme. Ó Reis! Ó Jero!
Mas podem ser outros. Aos restantes, solicita-se a divulgação do evento. Principalmente junto do nosso Chefe Inspirador, o Luís Graça.

Sugestões:
Os senhores da margem sul do Tejo (vulgo deserto), procurem estabelecer contactos no sentido de evitarem demasiada poluição deslocando-se cada um com a sua viatura. Ajuntem-se. Ao Miguel e à Giselda, para não aterrarem em Tires, que ainda fica a uns quilómetros de distância, façam o favor de me providenciar um aparelho "strella", que prometo ajudar-vos a descer quando sobrevoarem o local.

Última informação:
De momento são desconhecidas as coordenadas do GPS.

Abraços fraternos, até ao próximo dia bintóito.
JD

Em tempo:
Para quem possa estar interessado:
Telefone do restaurante: 214 690 328
GPS: N 38º 43' 48.9'', W 9º 25' 14.25''
(Tirado da Net)
Miguel Pessoa
10/04/2011
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 9 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8073: Convívios (223): Pessoal da CCAÇ 816 (Bissorã, Olossato, e Mansoa, 1965/67) dia 7 de Maio de 2011 em Barcelos (Rui Silva)

Guiné 63/74 - P8073: Convívios (307): Pessoal da CCAÇ 816 (Bissorã, Olossato, e Mansoa, 1965/67) dia 7 de Maio de 2011 em Barcelos (Rui Silva)

CONVÍVIO 816

44 Anos após o regresso da Guiné

(Bissorã – Olossato - Mansoa 1965/67)


1. Mensagem de Rui Silva (ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67), com data de 8 de Abril de 2011:

Caros Luís e Vinhal:
Recebam um grande abraço e os maiores votos de saúde e bem-estar em V.as pessoas e familiares.

Agradecia que publicassem no Blogue o evento do nosso convívio (816) do qual se junta em anexo.

Um Alfa Bravo para os dois, assim como para os restantes co-editores e outros colaboradores.
Rui Silva


2. Como é habitual, e realizado anualmente, a ex-Companhia de Caçadores n.º 816 leva a efeito mais uma jornada de confraternização e amizade, no próximo dia 7 de Maio. Comemoração também de 44 anos após o regresso da Guiné.

O evento, terá, desta feita, lugar na bonita cidade de Barcelos e é patrocinado pelo nosso querido amigo e camarada da Companhia José Gonçalves Pereira, na foto

O programa, e como também já tem sido hábito, consta da Concentração, depois a Missa pelos nossos camaradas já falecidos, quer em combate (os nossos saudosos camaradas Furriel João Silva e Soldado Manso), quer por aqueles que por cá tem tido a desdita, também, de nos deixar.

Depois haverá o grande almoço de Confraternização e, mais tarde, o momento alto, que é o partir do grande bolo em forma do Emblema da 816 acompanhado a Champanhe.

A Concentração é feita junto ao Edifício da Polícia de Barcelos pelas 9,30h; a missa será realizada na Igreja do Senhor da Cruz pelas 11 horas e o almoço e ulterior confraternização será no Restaurante – Rodízio –TOURÃO.

Para reservas contacta 968 854 657 / 967 116 756 (José Gonçalves Pereira) ou 918 948 906 (Augusto Araújo).

(Elaborado por Rui Silva)
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 9 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8072: Convívios (222): Almoço Convívio da Companhia de Caçadores 1589 - dia 28 de Maio -, no Luso (Armandino Alves)

Guiné 63/74 - P8072: Convívios (306): Almoço Convívio da Companhia de Caçadores 1589 - dia 28 de Maio -, no Luso (Armandino Alves)

1. O nosso Camarada Armandino Alves (ex-1º Cabo Auxiliar de Enfermagem da CCAÇ 1589 - Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé -, 1966/68), enviou-nos a seguinte mensagem sob a festa anual da sua companhia.



Companhia de Caçadores 1589 Almoço Convívio 2011
Convite


Camaradas,


É com imenso prazer que te convido a ti, à tua família e Amigos se os quiseres trazer, para o nosso convívio que se realizará no dia 28 de Maio no Restaurante O Cesteiro, no Luso – EN 234.
Espero que nesse dia possas estar connosco nesta festa de confraternização e penso que será um momento de muita alegria e muita satisfação.
Esperamos por ti.
A comissão Organizadora: Manuel Joaquim, C. C. Paulo José Castanho e Carlos Carvalho
Programa
11h00 – Concentração na Alameda do Casino (Fonte de S. João);
12h00 – Almoço. Ementa do Almoço/Convívio 2011.
Aperitivos: Camarão, Salada de Orelheira, Polvo com Molho de Vinagre, Queijo Fatiado, Rissóis de Camarão, Croquetes de Carne Bolinhos de Bacalhau, Presunto Fatiado e Enchidos Assados.
Sopas: Canja de Galinha Creme de Legumes
Peixe: Bacalhau à Cesteiro
Carne: Leitão da Bairrada ou Vitela Assada
Sobremesas: Bolo Comemorativo, Mesa de Doces e Frutas, Cafés e Digestivos
Bebidas: Vinho Tinto e Branco da Região, Refrigerantes, Cerveja, Águas e Espumante da Bairrada
Preços:
Adultos…………………………………….25,00 €

Crianças dos 5 aos 12 anos…....12,50 €

Crianças até aos 4 anos….…….…Grátis

NOTA: Quem viajar pela A1 deve sair na Portagem da Mealhada.
____________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série:


Guiné 63/74 - P8071: A minha CCAÇ 12 (16): O 1º Cabo Galvão, ferido duas vezes em 9 de Fevereiro de 1970, segunda feira de Carnaval...Uma violenta emboscada em L em Gundagué Beafada, Xime (Op Boga Destemida)



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > A solidariedade dos combatentes... Dois soldados, guineenses, do 3º Grupo de Combate, do Alf Mil At Inf Abel Rodrigues, aparam o 1º Cabo Carlos Alberto Alves Galvão, metropolitano (vive hoje na Covilhã, estando reformado da Direcção Geral dos Impostos, se não me engano), comandante da 1ª secção, o homem que cometeu a proeza de ter sido ferido duas vezes no decurso da mesma operação (Op Boga Destemida, 9 de Fevereiro de 1970), aqui relatada.~

Estes dois camaradas guineenses podem ser alguns dos seguintes que compunham a 1ª secção do 3º Gr Comb: Soldado Arvorado 82108769 Totala Baldé (Fula); Sold 82108569 Sambel Baldé (Fula); Sold 82108969 Mauro Baldé (Ap LGFog 8,9) (Fula); Sold 82110369 Jamalu Baldé (Mun LGFog 8,9) (Fula); Sold 82109169 Malan Baldé (Fula); Sold 82109569 Iéro Jau (Ap Dilagrama) (Fula); Sold 82110969 Samba Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (Fula); Sold 82109969 Malan Nanqui (Mandinga).

Slide do Fur Mil at Inf Arlindo T. Roda, comandante da 2ª secção, que nesses dias (8 e 9 de Fevereiro de 1970) levou a sua máquina fotográfica... (Não era vulgar levar-se uma máquina de fotografia, para o mato, em operações, numa região como esta em que a probabilidade de contacto com o IN era muito alta. Estou muito grato ao Roda, que já não vejo desde 1994, por generosamente nos disponibilizar a sua fabulosa colecção de slides, convertidos para o digital...)

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados













Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Sequência dramática dos acontecimentos do dia 9 de Fevereiro de 1970, desde o ferimento do 1º Cabo Galvão, na travessia da cambança do Rio Buruntoni, por volta das 5 e tal da manhã, até à violenta emboscada em Gundagé Beafada, às 13h, de que resultariam uma série de baixas entre as NT (CART 2520, Pel CAç Nat 63 e CCAÇ 12), incluindo o 1º Cabo que ia nesse momento em padiola improvisada e foi alvejado a tiro... A helievacuação dos feridos deu-se já em Madina Colhido...

Fotos: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados


A. Continuação da série A Minha CCAÇ 12 (**), por Luís Graça



(8) Fevereiro de 1970:

(8.1) Uma emboscada em L às NT (Op Boga Destemida)


As declarações dos prisioneiros Jomel Nanquitande (capturado em Satecuta, durante a Op Navalha Polida) (*) e Festa Na Lona (capturado em Ponta do Inglês durante a Op Safira Única) trouxeram os seguintes elementos sobre o acampamento IN do Baio/Buruntoni:

(i) Localização: Xime 2D-81;

(ii) A vegetação à volta do acampamento e nas imediações do Rio Buruntoni é do tipo floresta tropical (ou floresta galeria), composta por árvores de grande porte;

(iii) Efectivos: 30 elementos;

(iv) A população sob o controlo IN é numerosa na área, havendo uma tabanca a cerca de 150 metros, a SE do acampamento;

(v) Armamento: 1 morteiro 60, 5 bazucas (RPG), 4 metralhadoras ligeiras e armas automáticas;

(vi) Chefes: Ponhe, Xito Mané, Tchuda Ada;

(vii) Segurança: 1 sentinela para norte, a cerca de 100 metros do acampamento;

(viii) Diariamente, pela madrugada, sai uma patrulha de 15 elementos fortemente armados que reconhece a área para norte até ao Rio Buruntoni. Há aqui uma cambança sobre troncos de árvore;

(ix) Devido à intensa actividade das NT que levou à captura do vários elementos conhecedores da região, é de admitir que o IN se encontre alertado e até mesmo reforçado.

A fim de bater a área do Baio/Buruntoni foi planeada a Op Boga Destemida em que tomaram parte 6 grupos de combate: Destacamento A, constituído por 3 Gr Comb da CCAÇ 12 (Dest A); Destacamento B, formado por forças da CART 2520 (unidade de quadrícula do Xime), reforçadas com o Pel Caç Nat 63, aquartelada em Fá Mandinga (sob o comando do Alf Mil Art Jorge Cabral).


Desenrolar da acção:

Em 8 de Fevereiro de 1970, pelas 9.00h, os 2 Dest saíram do Xime, seguindo por Madina Colhido e Gundagué Beafada até próximo de Darsalame Baio onde se emboscaram, repousaram e almoçaram.

Da parte da tarde, dois Gr Comb da CCAÇ 12 reconheceram com os prisioneiros o local de cambança do Rio Buruntoni, tendo encontrado,e m Xime 2g3-78, uma ponte de rachas de cibe, soltas, com uma extensão de 20 metros, que oferecia pouca segurança, obrigando a travessia a efectuar-se somente de dia e muito lentamente, contrariamente ao que estava previsto.

Os 2 Gr Comb regressaram ao local da emboscada tendo depois os 2 Dest seguido para perto do rio onde pernoitaram. O PCV, em face do reconhecimento da cambança, ordenou que a travessia se fizesse ao amanhecer.

Em 9 de Fevereiro [, segunda feira de Carnaval em Lisboa, e nesse dia embarcava para a Guiné o nosso camarigo Cap Mil Jorge Picado...], pelas 5.30h, iniciou-se a cambança que demorou cerca de uma hora.

Durante a travessia, o 1º Cabo Galvão ( 3º Gr Comb da CCAÇ 12) caiu, ficando lesionado na coxa direita, o que impossibilitava de prosseguir. De forma que teve de ficar o 3º Gr Comb do Dest A emboscado junto ao ponto de cambança.

Como fossem encontrados trilhos e o prisioneiro Festa informasse que o acampamento distava cerca de meia hora, os 2 Dest separam-se, tendo o Dest B seguindo ao longo do Rio Buruntoni e montado uma linha de emboscada a oeste da região indicada como sendo a do acampamento IN.

O Dest A progrediu com o prisioneiro Festa em direcção ao objectivo, tendo passado por um acampamento com vestígios de abandono recente. Depois de progredir mais de 2 horas na direcção sul, e como o prisioneiro continuasse a dizer que era longe, contradizendo-se, o Dest A que só dispunha de 2 Gr Comb, entrou em ligação com o Dest B a fim de tomar uma decisão face à situação.

É de referir que o PCV ainda não aparecera visto que a respectiva DO-27 tivera de ir cumprir uma missão de evacuação outro sector. De modo que foi decidido pelos comandantes dos Dest regressar ao Xime.

Quando ia ao encontro do Dest B, o 1º e 2º Gr Comb do Dest A foram flagelados à distância com metralhadora e lança-rockets. Era evidente que o IN tentava localizar as NT através do reconhecimento pelo fogo.

Cerca das 11.30h, o PCV sobrevoou a zona, quando o Dest B, já feita a cambança, armadilhava o local onde havia vestígios recentes do IN.

Em marcha lenta, devido ao transporte do ferido em maca, os 2 Dest seguiram o trilho de Darsalame/Baio-Gundagué Beafada, através do capim alto.

Próximo da antiga tabanca beafada (Xime 3F7-11), cerca das 13h, as NT sofreriam uma violenta emboscada montada em L e com grande poder de fogo, especialmente de lança-rockets e mort 60. A secção que ia na vanguarda do Dest B [CART 2520] ficou praticamente fora de combate, tendo sido gravemente feridos, entre outros, o respectivo comandante e a praça encarregada da segurança do prisioneiro Jomel Nanquitande que, aproveitando a confusão, conseguiu fugir, embora algemado e muito provavelmente ferido. (O 1º Cabo José António Oliveira Bagio era o encarregado da segurança do prisioneiro, ficou gravemente ferido, vindo a morrer no HM 241 em 20/3/1970).

Devido ao dispositivo da emboscada, quase todos os Gr Com foram atingidos pelo fogo de armas automáticas e lança-rockets (testa e meio da coluna) e mort 60 (retaguarda).

Devido à reacção das NT, o IN retirou na direcção de Poindon e Ponta Varela, tendo ateado o fogo ao capim para evitar a sua perseguição. O incêndio lançaria sobre as NT um enxame de abelhas, obrigando-as a fugir para uma mata próxima onde se trataram os feridos.

Em resultado da acção fulminante do IN, as NT sofreriam 1 morto (Sold Manuel Maria do Rosário) e 7 feridos entre graves e ligeiros, sendo 2 da CCAÇ 12 (1º Cabo Galvão, do 3º Gr Comb, e Soldado Samba Camará, nº 8211816, do 2º Gr Comb, evacuados para o HM 241). Ficaram também feridos os Fur Pestana e os Sold Frade e Pinheiro [, pertencentes à CART 2520]. Ferido ligeiro da CCAÇ 12: Sold Arv At Inf Totala Baldé, nº 82108769. Não sei se o Pel Caç Nat 63 teve alguma baixa nesta operação (O Jorge Cabral pode confirmar).

Houve uma tentativa por parte do IN de capturar o 1º Cab Bagio. Devido á atenção do Sold Costa, que abriu fogo sobre eles, esse intento foi gorado. O Costa virá a ser ferido por estilhaços de LGFog.

Feito o reconhecimento, não foi encontrado o prisioneiro. Apesar do incêndio provocado pelo fogo pegado ao capim, ainda se conseguiu recuperar parte do material abandonado, na sequência da emboscada e do ataque de abelhas.

Levados os feridos para Gundagué Beafada (ou talvez Madina Colhido, já não posso precisar, por ser mais seguro...), donde foram heli-evacuados, as NT retiraram para o Xime, protegidas por heli-canhão e T-6, e ainda pela artilharia do Xime (que a pedido fez fogo para região a oeste do local da emboscada), tendo chegado ao aquartelamento por volta das 17h, desse dia, 4 horas depois da emboscada.

Após esta operação o IN manifestar-se-ia de novo em 12 de Fevereiro (atacando uma embarcação em Ponta Varela, do que resultaram baixas civis) e flagelando também, na região de Ponta Varela, forças da CART 2520 durante a Op Tango Variado). (LG)

Fontes consultadas:

História da Companhia de Caçadores 12 (CCAÇ 2590): Guiné 1969/71. Bambadinca: CCAÇ 12. 1971. Cap. II.

História do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70)

Diário de um Tuga




Esposende > Fão > 1994 > A primeira vez que me reencontrei com a malta de Bambadinca (1968/71), incluindo os meus camaradas da CCAÇ 12 (1969/71), e outras subunidades adidas ao comando do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70).

Na foto (parcial) do grupo, estão alguns dos meus camaradas da CCAÇ 12... Na primeira fila, da esquerda para a direita, (i) eu, Fur Mil At Armas Pesadas Inf Luís Manuel da Graça Henriques; (ii) Arménio Monteiro Fonseca (taxista, no Porto, da empresa Invictuas, táxi nº 69, mais conhecido no nosso tempo como o "vermelhinha"; era soldado com funções de cabo, tinha lebvado uma porrada antes do embarque); (iii) Fur Mil José Luís Vieira de Sousa [, natural do Funchal, onde vive, agente de seguros]...

Na segunda fila de pé, da esquerda para a direita: (iv) Abel Rodrigues (hoje bancário reformado, ex-Alf Mil, 3º Gr Comb, CCAÇ 12, membro da nossa Tabanca Grande); (v) Alf Mil Op Esp Francisco Magalhães Moreira [, vive em Fafe]; (vi) Fur Mil Joaquim Augusto Matos Fernandes [, de óculos escuros, engenheiro técnico, vive no Barreiro, e é membrto da nossa Tabanca Grande]; (vii) 1º Cabo Carlos Alberto Alves Galvão [, o homem que foi ferido duas vezes na Op Boga Destemida, vive na Covilhã]; Fernando Sousa (ex-1º Cabo Enf, CCAÇ 12, vive na Trofa, e anda há um ano para entrar na nossa Tabanca Grande, já mandou as fotos da praxe...); e, por fim, (viii) 2º Sarg Inf Alberto Martins Videira [, vive ou vivia em Vila Real].

Na Op Boga Destemida, eu (que não tinha Gr Comb atribuído, mas alinhava em todas...) ia, mais uma vez, integrado no 3º Gr Comb da CCAÇ 12, comandado pelo Alf Mil Abel Rodrigues. (Na 5ª foto a contar de cima, apareço em segundo plano, de óculos, de pé, de perfil, virado para a mata, numa das paragens que fizemos, julgo que antes da emboscada, ainda no 1º dia...).

Fotos : © Arlindo Roda (2010). Todos os direitos reservados
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 2 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7888: A minha CCAÇ 12 (13): Janeiro de 1970 (13): assalto ao acampamento IN de Seco Braima e captura de Jomel Nanquitande (Luís Graça)

(...) Na perseguição as NT fizeram um prisioneiro, de nome Jomel Nanquitande, ferido, deixado para trás pelos seus companheiros, que no entanto recuperaram a sua arma. O seu ferimento não era grave, aos olhos de um tuga. Após uma semana de recuperação e de interrogatórios, o Jomel seria obrigado pelas NT a participar como guia para um assalto de mão ao acampamento IN de Ponta Varela que conhecia bem [, a sudoeste do Xime, na direcção de Madina Colhido]: Op Borboleta Destemida (CCAÇ 12, a 4 GR Comb + CART 2520, a 2 Gr Comb, operação realizada a 13 de Janeiro de 1970, e que descreveremos no próximo poste desta série). (...)


(**) 30 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8014: A minha CCAÇ 12 (15): Op Safira Única, 21 de Janeiro de 1970: Ir à Ponta do Inglês e, sem dar um tiro, recuperar 15 elementos da população, destruir dois acampamentos e aprisionar um guerrilheiro "em férias" (Luís Graça)

(...) (iv) Seguindo um dos trilhos, avistou-se um homem desarmado que seguia em direcção contrárias às NT. Capturado, informou: (a) que ia recolher vinho de palma, (b) que a tabanca ficava próxima, (c) que não havia elementos armados e (d) que a maior parte da população estava àquela hora a trabalhar na bolanha do Poindom.

(v) Feita a aproximação com envolvimento, capturaram-se mais 2 homens, 5 mulheres e 6 crianças, andrajosos e aterrorizados. Um dos homens capturados disse chamar-se Festa Na Lona, de etnia balanta, estar alí a passar férias (sic) e pertencer a uma unidade combatente do Gabu (Nova Lamego). Foi-lhe apreendido uma pistola Tokarev (7,62, m/ 1933) e vários documentos. (...)

Estes dois camaradas guineenses podem ser alguns dos seguintes que compunham a 1ª secção: Soldado Arvorado 82108769 Totala Baldé (Fula); Sold 82108569 Sambel Baldé (Fula); Sold 82108969 Mauro Baldé (Ap LGFog 8,9) (Fula); Sold 82110369 Jamalu Baldé (Mun LGFog 8,9) (Fula); Sold 82109169 Malan Baldé (Fula); Sold 82109569 Iéro Jau (Ap Dilagrama) (Fula); Sold 82110969 Samba Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (Fula); Sold 82109969 Malan Nanqui (Mandinga).

Guiné 63/74 - P8070: Parabéns a você (240): Ao Pessoa, ao Miguel, ao nosso camarigão, ao companheiro dum anjo da guarda chamado Giselda, ao cartoonista mais strelado do mundo... (O Tabancal... em peso)

PARABÉNS A VOCÊ

09 DE ABRIL DE 2011

MIGUEL PESSOA


No Dia do Combatente seguem-se as manifestações de amizade para um brioso Militar que dignificou a Força Aérea Portuguesa. 
Dos seus camaradas do Blogue:


1. Do Pessoa para o Miguel...



2. Com os parabéns do camarada Alcides Moreira Silva (ex-1.º Cabo Estofador, CCS/BART 1913, Catió, 1967/69)



3. Do camarada Jorge Canhão (que também faz anos hoje), uma canhoada de felicitações ao nosso Pilav:



4. Mensagem do camarada António José Pereira da Costa (andaram juntos na Academia Militar):

Para o Cassola,
aqui deixo também o abração.

Como o gajo tá oh bézio (gordo) não sei se conseguirei dar-lho, mas mesmo assim tento.

Um Alfa Bravo do
PK


5. De José Belo, o nosso  agente em Kiruna (Lapónia, colónia da Suécia)...


O fantástico humor do "Nosso Piloto" tem voado, mesmo até ao Círculo Polar Ártico. Não fora este Lusitano-Lapão um "apanhado contínuo", já há muito teria sido internado, por rir à gargalhada, altas horas da noite, frente ao computador, quando chegam (aqui tão longe) E-Mails "pilotados" pelo Nosso Coronel voador.

Com um grande abraco de PARABÉNS aqui segue(como presente) recomendável modelo de avião... Anti-Strella!
José Belo


6. Do nosso camarada Manuel Augusto Reis, um aveirense que foi Pirata em... Guileje:

Camarigo Miguel Pessoa:
Gostava de evocar a tua data de aniversário com uma banda desenhada, como fazes para os teus camarigos, mas falta-me engenho e arte (parafraseando o poeta). No entanto, vou procurar descrever o boneco que idealizava para o Blogue:

"O Miguel em voo picado abrindo o pará-quedas, arrastando-se naquele matagal, onde o IN se movimentava com alguma facilidade, e estatelando-se no chão com algumas mazelas no corpo e na alma".

Talvez não seja muito apropriado recordar o momento neste dia. No entanto, a grande amizade e admiração que sinto por ti, nasceu nesse momento, no dia 25 de Março de 1973, quando nos procuravas ajudar. A dificuldade do momento que viveste, com muito sangue frio, criou uma onda de admiração, naquele imenso batalhão de socorristas, que transformaram a pequena pista de Guileje num grande aeroporto.

Nem tudo foi mau. No dia seguinte, estavas nos braços da tua ninfa (Giselda) que cuidou de ti carinhosamente.

Viemos a conviver, posteriormente, em 1995, na colaboração na elaboração de um documentário, onde pude apreciar o teu sentido de humor e a tua saudável camaradagem, que ajudou a limar as várias sensibilidades num grupo um pouco heterogéneo.

Hoje, és o mesmo amigo de sempre, de quem muito gosto. Continuas a dedicar-te de alma e coração aos teus amigos e camaradas, ora nos convívios ora na colaboração das actividades do Blogue.

Obrigado por seres meu amigo.
Um forte abraço neste dia de Aniversário que desejo se repita por muitos anos.
Um beijinho de parabéns para a Giselda. Ela também merece.
Manuel Reis


7. De Juvenal Amado, companheiro de cozido na Tabanca do Centro, e um dos nossos grandes contadores de histórias:



8. O ribatejano (exilado em Setúbal) Hélder Sousa, ex-TSF,  fala de Miguel Pessoa, sem se pôr em sentido:

Pois então, também o Miguel Pessoa faz anos…
E isso pode parecer coisa impossível, pois o Miguel Pessoa, na sua qualidade de ‘imortal’ era suposto não fazer…

Há dias disse que antes não conhecia o Mexia, agora também podem acreditar que igualmente não conhecia o Miguel. Então, sendo assim, como é que se ganha tanta estima e admiração?

Bem, quem tiver a possibilidade de privar um pouco com ele (e com a sua ‘sombra protectora’, o seu ‘anjo’ Giselda) não tem qualquer dificuldade em criar, fomentar e aprofundar a amizade.
Recordo-me de ter lido a história da sua odisseia, com o abate, a sobrevivência e o resgaste. Li, e instintivamente procurei colocar-me no seu lugar (faço isso muitas vezes quando leio os relatos dos camaradas) mas não tinha vivência suficiente para ‘sentir’. Vi também as fotos que foram publicadas, dando particular atenção àquela em que os camaradas o mimaram e lhe ofereceram uma garrafita que ele desesperadamente guarda e exibe para a foto.

A partir daqui construi uma imagem simpática que se consolidou a partir dos trabalhos que o Miguel foi colocando no nosso Blogue, com as suas opiniões ponderadas, com as intervenções positivas em prol da união destes grupos de ‘reformados e pré-reformados’ que por vezes tendem a esquecer que a guerra já terminou…

Portanto, mais uma vez e com mais um camarada, por via da Guiné, por via do facto de algures no tempo termos estado ambos na Guiné, por consequência disso acompanharmos o Blogue que em tão boa hora o Luís Graça entendeu fazer, aconteceu o conhecimento e depois o reconhecimento.

Para quem não saiba, o Miguel tem um fino sentido de humor. É uma das suas melhores características. É também um ‘bom garfo’, mas isso não será novidade. Lembro-me de termos trocado alguns mails a propósito de locais de refeições em Bissau e de alguns ‘petiscos’. Só que enquanto eu me referia a eles como lembrança, ‘ninhos de camarão’, por exemplo, o Miguel e a Giselda não perderam tempo e passaram logo à prática… Foi dito e feito!

Mas não é só o humor que o distingue. A maior das suas virtudes é a amizade e a solidariedade. Amigo de seu amigo, é um sólido companheiro, com quem se pode contar.

Hoje é o seu dia de aniversário e à semelhança do que aqui se tem feito, aproveita-se a ocasião para deixar umas palavras sobre o que dele se pensa.

Como é possível deduzir do que está nas linhas acima, torno pública a minha satisfação de o ter como amigo.

Parabéns!
Hélder Sousa


9. Mensagem, com anexo, de José Eduardo Reis Oliveira, o nosso JERO (aliás, só há um):

Remeto em anexo uma edição especial do jornal ALCOA relativa ao aniversário do Miguel Pessoa, que se cumpre a 9 de Abril.

É uma edição única, paga a peso de ouro, mas o nosso Coronel Pilav merece tudo... já que também ele próprio é uma edição única.

Um grande abraço de Alcobaça,
JERO


(Clicar na imagem para a ampliar)


10. Do nosso camarada José Barros, um pira (nestas andanças bloguísticas):

Caro Miguel Pessoa

A Guiné juntou-nos nesta fantástica Tabanca e fez-nos amigos, por isso aqui está este "Senhor e elegante Palhaço", a desejar-te um feliz aniversário junto dos que te são queridos, com muita saúde, paz e amor.

Um grande abraço do "Palhaço" Croquete.
José Barros



11. De Joaquim Mexia Alves, fadista de Monte Real, régulo da Tabanca do Centro, o nosso camarigo-mor:

Para o Miguel Pessoa

Há pessoas de quem é muito fácil gostar, com quem é muito fácil fazer amizade.

São pessoas afáveis, normalmente bem dispostas, que gostam de agradar aos outros, que se disponibilizam para fazer a união, e que têm sempre uma boa dose de humor.

Uma dessas pessoas é sem dúvida o Miguel Pessoa!

Conheci-o, julgo eu, ainda na Base Aérea de Monte Real, no activo, e se bem me lembro, “não me lembro”, de alguma vez termos falado da Guiné.
Mas a memória é curta e por isso posso muito bem, estar enganado.

É curioso que, para se dizer mal de alguém, sempre arranjamos palavras, conceitos, frases feitas, etc., mas para dizer bem, parece que não nos chegam as palavras, que não as encontramos certas, que não lhes conseguimos dar toda a dimensão que queremos dar.

Ainda bem que assim é, porque significa, (digo eu), que quando dizemos mal, dizemos com a inveja do pensamento, (e o pensamento tem muitos argumentos), mas quando dizemos bem, deixamos falar o coração, e o coração só tem um argumento: o amor.

Sim eu sei que esta palavra, amor, está gasta por tantas interpretações falsas que lhe quiseram e querem dar, mas a verdade é que nada melhor define o sentimento de bem entre dois seres humanos, que o amor.

No grego, para o qual foi traduzida a Bíblia, existem quatro termos para definir o amor: eros, philia, ágape, storge.
Todos definem um “tipo” de amor, mas são todos amor.
Na tradução para o Português esta distinção perde-se, e é pena que assim seja.

Tudo isto afinal, para dizer que o Miguel Pessoa é assim o amigo, aquele que não esquece o amigo, aquele que tem pormenores de atenção para o amigo, aquele que desperta em nós a tal amizade que, não tenhamos medo das palavras, é também um tipo de amor.

Para que ele não se envaideça muito, é preciso dizer que tem a companhia perfeita, que cabe também inteiramente dentro desta pobre “descrição” que dele faço, e que é a Giselda, pois claro!

E mais não digo, a não ser dar-lhe um portentoso abraço de parabéns neste dia do seu aniversário.
Monte Real, 9 de Abril de 2011


12. De Buarcos, outro grande camarigo, Vasco da Gama:

Querido Camarigo Miguel Pessoa
Meu pesado e prezado Camarada
Meu bom Amigo

Todos nós que combatemos na Guiné e hoje, graças a Luís Graça, nos sentamos por essas Tabancas que vão povoando o nosso Portugal, apanhámos valentes sustos na Guiné e enfrentámos situações que provocaram, pelo menos em alguns de nós, uma certa revolta que não sabemos disfarçar.

Tu, Miguel Pessoa, abatido nos ares da Guiné, apenas e só irradias simpatia e estás quase sempre de acordo com o que a maioria decide, sem levantares a voz com enfado, utilizando única e exclusivamente o teu sorriso ímpar que “descalça” quem pela discussão quer entrar.

Nunca te ouvi contar com fanfarronice ou vaidade o que te sucedeu e a humildade com que contas a tua história de um homem que salta de pára-quedas de um avião atingido, que passa horas infindáveis sozinho nos matos da Guiné esperando o salvamento ou a morte, revela a excelência e a magnanimidade de carácter de um Homem Grande.
Que bom foi conhecer-te e como me honra a tua amizade.!

Sei que a teu lado está uma grande mulher, do Benfica e tudo, e que só falhou na tua conversão de leão para águia, até mais a condizer com a tua especialidade, mas quero-a envolver neste abraço fraterno que aqui te quero dar, na singeleza da homenagem que entendo dever prestar-te.

Do meu Buarcos lindo, cheio de sol, o meu encanto e a minha alegria, me despeço com a fraternidade de um abraço de combatente.
Vasco Augusto Rodrigues da Gama


13. Do tamanho do Rio Cumbijã, de Mário Fitas (um Lassa, com muita honra) para o Miguel


Caro Miguel, amigo de todos! Que poderei desejar-te neste dia? O melhor que tu desejares.

Que se repita por muitos anos junto do teu Anjo GISELDA e de todos os demais que te são queridos.

Não tendo a veia de vate. No entanto não posso deixar de enviar algo que atrai. Aqui vai da minha querida Florbela reflectindo o anoitecer na Planície:


ANOITECER

A luz desmaia num fulgor de aurora,
Diz-nos adeus religiosamente...
E eu que não creio em nada, sou mais crente
Do que em menina, um dia, o fui... outrora...

Não sei o que em mim ri, o que em mim chora,
Tenho bênçãos de amor p´ra toda a gente!
E a minha alma, sombria e penitente,
Soluça no infinito desta hora...

Horas tristes que são o meu rosário...
Ó minha cruz de tão pesado lenho!
Ó meu áspero e intérmito Calvário!

E a esta hora tudo em mim revive:
Saudades de saudades que não tenho...
Sonhos que são os sonhos dos que eu tive...

(Florbela Espanca)

Do tamanho do Cumbijã o fraternal abraço!
Mário Fitas


14. De Manuel Maia:

AO MIGUEL PESSOA COM UM GRANDE ABRAÇO, AQUI VAI A "PRENDA DE ANOS"
(RECORDAR SAUDAVELMENTE A FORTUNA NO PASSADO...)
manuel maia

Usando um material sofisticado
de misseis terra-ar, com resultado,
o IN derruba um tuga avião...
Piloto se ejectou perante a urgência,
e a sorte o bafejou ante a eminência
de esmagamento em queda ou explosão...

O velho italiano bombardeiro,
conheceria o dia derradeiro
depois de muitas horas prestativo...
Miguel Pessoa, f`rido, teve a sorte
de ser, face à ejecção, roubado à morte
mercê dum sangue frio, decisivo...

Cem anos dure o dito aviador,
protagonista em cena de terror,
que este episódio não olvidará...
Por missil Strela, alvo abatido,
se aos deuses recorreu, foi protegido,
nos céus dessa Guiné que amará...

Domingo Março, quarteirão é o dia,
que em acto esparso se transformaria,
Abril, mais duas naves abatidas...
A guerra passa a ter "nuances novas"
aos "benfeitores" o IN prestou provas,
justificando as verbas recebidas.


15. E por fim, mas não menos importantes..., os senhores Editores:

O editor de serviço quer deixar, em nome da restante equipa, para o nosso ilustrador ("cartoonista", como o Luís lhe chama...),  os votos de muita saúde e um de dia de aniversário repleto de alegria, junto da sua esposa Giselda, filhos, demais familiares e amigos. 

Miguel Pessoa é um colaborador incansável, sempre atento para não nos esquecermos de publicar os seus trabalhos, não por ele, mas para que os aniversariantes, que ele conhece minimamente (é "condiçaõ sine qua non"...), possam ter o seu postal de aniversário. Com recortes de fino humor, muitas das suas ilustrações irão figurar numa qualquer exposição gráfica sobre os ex-combatentes, quando a gente - daqui a muitos anos - bater a bota...

Desde há alguns Encontros da nossa Tabanca Grande, assumiu também a incumbência de actualizar e enviar os crachás aos participantes. Além disso,  o Miguel Pessoa faz parte de uma pequena equipa de conselheiros a quem o nosso chefe Luís Graça recorre em caso de dúvidas quanto ao modo de actuar face a determinadas circunstâncias. É um leal conselheiro, como diria o nosso rei D. Duarte,  com a particularidade de, quando jovem tenente pilav, ter visto o céu "strelado" da Região de Tombali, nas imediações de Guileje, na famigerada noite de 25 para 26 de Março de 1973... Uma inconfidência: como não tinha nada que fazer nessa noite, e achando-se sozinho, no mato, foi aí, nas barbas do Nino, que começou a "fazer bonecos"...

Como já foi referido por outros camaradas, o Miguel é um bom companheiro, leal, bem disposto e sempre disponível para colaborar. Por isto, o nosso obrigado.

É inevitável não referir a nossa Sarg Enf Pára Giselda Antunes, companheira do Miguel, a ele destinada pelas "strelas" do céu a esta vida terrena, que queremos seja  feliz e longa (além de produtiva e saudável, porque vamos continuar a precisar dos seus carta...nitos).

Muitos beijinhos e abraços da tertúlia para o único casal de militares do nosso Blogue que serviu conjuntamente na Guiné, e cuja presença muito nos honra, orgulha, envaidece, enobrece, enternece (ia a dizer... enternura, mas não vem no dicionário)...
_____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série &gt 9 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8069: Parabéns a você (239): Jorge Canhão, ex-Fur Mil, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612  (Mansoa e Gadamael, 1972/74) (Tertúlia / Editores)

Guiné 63/74 - P8069: Parabéns a você (239): Jorge Canhão, ex-Fur Mil, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612 (Mansoa e Gadamael, 1972/74) (Tertúlia / Editores)

Postal de  Miguel Pessoa (2011) [que só faz postais de aniversário para os camarigos: camaradas que ele conhece, que aparecem, que dão a cara, que contam histórias, que vêm aos encontros, nacionais, regionais e locais...]


PARABÉNS A VOCÊ

09 DE ABRIL DE 2011

JORGE CANHÃO*

Caro camarada Jorge Canhão, a Tabanca Grande solidariza-se contigo nesta data festiva.


Assim, vêm os Editores, em nome de toda a Tertúlia, desejar-te um feliz dia de aniversário junto dos teus familiares e amigos.


Que esta data se festeje por muitos anos, repletos de saúde, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas.


Na hora do brinde não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade. (**)
____________


Notas de CV:


(*) Jorge Canhão foi Fur Mil Inf na 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74.


(**) Vd. último poste da série > 7 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8058: Parabéns a você (238): Fernando Manuel Belo, ex-Soldado Condutor da 3.ª CCAV/BCAV 8323, Pirada 1973/74 (Tertúlia / Editores)

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8068: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (XIV): Nunca fui ao 10 de Junho, mas se um dia for, será no 10 de Junho de todos os combatentes

1. Mensagem do nosso camarigo Vasco da Gama, o tigre-mor do Cumbijã [, foto à direita, actual, como respeitável régulo de Buarcos]:


Data: 3 de Abril de 2011 17:32
Assunto: Comemoração do 10 de Junho


Camarigos, só agora cheguei beneficiando portanto do que vocês já escreveram, o que não me impede de fazer uma abordagem ligeiramente diferente, no que penso dever ser o texto a enviar a todos os nossos Camaradas que combateram nas diversas frentes (*).

Julgo que o texto deve ser, antes do mais, pedagógico e não encerrar apenas e só revolta face á forma como os combatentes são tratados.

Parece-me importante aglutinar todos numa mesma manifestação, mesmo os que politicamente são afastados e pensam de forma diferente.

Há camaradas nossos que partiram para a guerra plenamente convictos da existência de um Portugal uno e indivisível, capazes de dar a vida pela pátria.

Há outros camaradas que, eventualmente com outra preparação política, ou frutos de outro tipo de educação, viam na guerra e na impossibilidade de a ela escaparem, uma tremenda injustiça.

Extremei propositadamente estas duas categorias, pois outros tipos de combatentes poderíamos incluir nesta despretensiosa análise, para dizer que ao chegarmos aos matos da Guiné de Angola ou de Moçambique, por mais abissais que fossem essas diferenças trazidas de Portugal, elas esbatiam-se de imediato, comungando todos na mesma solidariedade, na mesma entreajuda, no mesmo sacrifício até nos tornarmos verdadeiros irmãos.

De outra forma não seria possível existirem todos estes encontros que vamos fazendo de sorriso aberto, de prazer sincero, que terminam com abraços verdadeiros de quem se estima como estima um familiar chegado.

Quero aparecer no dia 10 de Junho ou no 34 de Setembro, de cara lavada,  sem que ninguém nos conote politicamente com qualquer rótulo, mas mostrar aos que nos ignoram que a guerra existiu e que ceifou a vida a milhares de jovens, que destruiu imensos lares, que levou muitos de nós ao suicídio, à interrupção dos estudos, que atirou outros para arrumadores de carros, para a droga ou vivendo da caridade alheia.

É em honra destes meus camaradas que eu marcho, apenas e só em nome deles.

Vasco A. R. da Gama (**)
 ___________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 3 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8040: Carta Aberta ao Presidente da República: o 10 de Junho, Dia dos Combatentes (Joaquim Mexia Alves)


(**) Último poste da série > 3 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 – P7546: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (XIII): A Companhia Maior e a Maior Companhia, partos do mesmo querer?

Guiné 63/74 - P8067: (Ex)citações (135): Reflexão - Será que nos repetimos? (Manuel Marinho)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Marinho* (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74), com data de 5 de Abril de 2011:

Caro Carlos Vinhal
Se assim o entenderes publica


Reflexão

Caros camaradas,
Estas linhas destinam-se apenas a reflectir sobre algumas coisas que podem ser melhoradas no nosso Blogue, quando se aproxima mais um aniversário do mesmo.

Quando camaradas se dispõem a escrever as vivências e memórias da guerra na Guiné, para este Blogue, devem os editores alertar para os escritos já existentes sobre o tema ou assunto sobre o qual o camarada vai escrever, ou escreveu.
Tudo o que se escreve é muito bem-vindo, mas tem de se ter em conta a opinião de outros escritos já existentes. Se acrescenta mais óptimo, se contradiz com factos, melhor ainda, não se não é nada disto….

Porque pode acontecer estarmos a repetir-nos constantemente, e a fazer figuras que poderão ser de formas mais ou menos entendidas como “professorais”.

Vem isto a propósito de um texto escrito por um camarada do meu BCAÇ 4512 sobre Guidaje.

Depois da saudação devida ao camarada no primeiro texto, esperei novidades para o seguinte sobre Guidaje, mas nada de novo se acrescentou, e no meu comentário que teve de ser longo evitei ir por outros caminhos.
Para mim a questão Guidaje está muito bem narrada neste Blogue fruto de excelentes textos de um conjunto de camaradas que para tal contribuíram, eu muito modestamente, mas sempre a incentivar quem tinha mais para dizer.

Mas esse texto remetia o leitor para um link de outro Blogue, com a descrição de outro texto de outro camarada da mesma CCAÇ, eu fui verificar se havia coisas novas, e verifico que o referido texto foi originalmente publicado no nosso Blogue.

Sou assíduo leitor dos Blogues e sites de camaradas ex-combatentes e todos me merecem respeito e consideração, portanto não está em causa nenhum deles, nem tal me passaria pela cabeça. O problema para mim é outro, se o original está cá, é este que deve ser indicado, por uma questão de ética e respeito para com o nosso Blog.

Mesmo que a indicação seja outra, é o texto original que deve servir de referência, senão inadvertidamente, estamos a esfaquear o “pai”.

Cumpro o meu dever para com este enorme Blogue único no género e onde fui recebido como irmão, camarada e amigo, onde tento sempre retribuir da mesma forma.
Devo por isso obrigação de nunca desapontar esta grande família de “camarigos” palavra inventada por um nosso camarada, que define muito bem esta amálgama de fraternidade e amizade.

Ainda hoje lamentavelmente, se escrevem livros sobre a Guerra na Guiné, ignorando, números, datas e vítimas que já foram vividas e narradas pelos ex-combatentes.
Prefere-se consultar apenas os relatórios militares da altura, que omitem demasiadas coisas que se passaram.  A História do meu BCAÇ 4512 é um exemplo.

Vamos fazer todo um esforço para melhorarmos e salvaguardarmos este riquíssimo património escrito que é nosso.
Aos camaradas designados para o corpo redactorial a quem envio um grande abraço compete-lhes zelar para que assim seja.

Aos editores o meu obrigado
Um abraço para todos
Manuel Marinho
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 18 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7631: Notas de leitura (189): A minha coluna emboscada e o livro A Última Missão, do Cor Moura Calheiros (Manuel Marinho)

Vd. último poste da série de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7967: (Ex)citações (134): A propósito do discurso do Presidente da República por ocasião da Cerimónia de Homenagem aos Combatentes no 50º Aniversário do Início da Guerra em África (Joaquim Mexia Alves)

Guiné 63/74 - P8066: Blogpoesia (141): Saudando Abril (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa amiga tertuliana Felismina Costa* com data de 6 de Abril de 2011:

Editor e Amigo Carlos Vinhal, muito Boa-tarde!
Chegou Abril, mês em que a Primavera se mostra exuberante, abrindo em flor por todo o lado e muito especialmente no imenso espaço inculto do meu Alentejo.

Já que à terra foi proibida a sua dádiva natural de alimentar quem nela vive, ao menos as flores campestres teimam em florir e alegrar os seus encantados observadores.
Quero lembrá-la orgulhosamente produtiva, ao mesmo tempo que nos oferecia na Primavera, os seus imensos jardins a perder de vista.
Por isso me ficou na retina, exercendo em mim um fascínio imortal, que me faz cantá-la.

Se entender publicar, o meu obrigada Carlos Vinhal.
Um abraço fraterno
Felismina Costa

Foto de Carlos Vinhal


Saudando Abril

Chegava fulgurante nos dias da minha infância
Abrindo em flor, em cores, em fragrâncias!
Por serros e vales,
Transformando em jardim todo o vasto espaço
A perder de vista, de uma beleza sem igual.
Carregado de luz, ele permanecia inalterável.
Belo, tão belo, que ganhou estatuto de ser:
“Abril em Portugal”

As manhãs cheiravam a magarça e a rosmaninho!
Nas árvores,
Revestidas de verdes luxuriantes,
Exuberante o cântico das aves!
Inebriada com o perfume da vegetação
Que a terra me oferecia em cada dia
Eu trauteava alegre esta canção:

(…Terra, terra bendita
Tu que me crias
És minha mãe.
Terra, do meu encanto,
Aonde canto
Ao sol também,
Ao sol que aquece e me ilumina,
A luz que invade esta colina,
Á fé dos homens e ao seu crer.
Eu canto à vida!
Eu canto ao sonho!
Eu canto à esperança…
E ao renascer!..)

Essa luz e essa cor dos meus dias de menina
Tão intensas, tão presentes na retina
São lembranças da criança, que permanece desperta
Na mulher, que acordou as madrugadas
Para aspirar o perfume, que a essas horas se liberta.

Os dias que Abril pintou na minha infância
Permanecem para sempre!
E não há distância que apague a visão precisa
Da eterna Primavera,
Onde a luz e as cores, compunham
Memorável e incomparável tela!

No céu, de um azul majestoso,
Nuvens brancas corriam flutuando no espaço
Onde a minha imaginação, desmultiplicava formas,
Visionava figuras fantasmagóricas
E outras de uma beleza incrível…
Nuvens dos sonhos, da imaginação da infância
Meu imaginário de criança feliz,
Onde se perdia o meu olhar inventivo e sonhador,
Que as observava a partir do solo enfeitado a esmo
De mil cores, de aromas, de paz e de amor!

Abril… pintor único, da terra constantemente em mudança!
Abril, das Primaveras da infância… Volta outra vez…
Faz-me de novo… criança!

Felismina Costa
Agualva, 5 de Abril de 2011
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7971: Blogpoesia (118): A Primavera voltou (Felismina Costa)

Vd. último poste da série de 4 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8046: Blogpoesia (140): Tabancas e Tabanqueiros (Manuel Maia)

Guiné 63/74 - P8065: Episódios da Guerra na Guiné (Manuel Sousa) (4): Não cheguem tarde como eu

1. Quarto dos Episódios da Guerra na Guiné, trabalho do nosso camarada e Manuel Sousa (ex-Soldado da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Jumbembem, 1972/74), enviado em mensagem do dia 15 de Março de 2011:


EPISÓDIOS DA GUERRA NA GUINÉ 1973/1974 (4)

NÃO CHEGUEM TARDE COMO EU

Volvidos alguns dias após a descrição dos factos que acabaram de ver, proponho-me a produzir mais este pequeno texto, sem o qual aquele trabalho ficaria incompleto.

Entre os dois episódios de guerra que vivi e que relatei naquele trabalho, abri um parêntese com um texto a que, estranhamente, dei o nome de “afinal os anjos acompanham-nos”.

Utilizei esta imagem para ilustrar o facto de eu referir que no meio daquele ambiente adverso de guerra, entre tiros e bombas, havia lugar a actos de solidariedade e generosidade humanas.

Soldado Orlando Augusto Pires

Referi-me concretamente aos gestos que o soldado Pires teve em relação a mim e ao nosso reencontro em Casal de Cambra, emocionando-me de tal modo que, estranhamente, não consegui conter as lágrimas.

Depois desse reencontro em Casal de Cambra, ali vivemos como vizinhos durante o ano de 1977 até meados do ano de 1978, altura em que fomos transferidos, a nosso pedido, aqui para o norte, tendo ele sido colocado no Posto Territorial da Guarda Nacional Republicana de Torre D. Chama, próximo de Mirandela, e eu no Posto Territorial de Vila do Conde, onde fiz toda a minha carreira, com uma pequena passagem pelos Carvalhos e por Matosinhos, até a minha reforma.

Absorvido pelas lides do dia-a-dia, que nem sempre é justificação, fui adiando sucessivamente o contacto com aquele meu amigo.
Provavelmente com ele aconteceu o mesmo, a ponto de nunca mais nos contactarmos até hoje.

Terminado este trabalho, já publicado no blog “Guerra na Guiné 63/74”, e já enviado a alguns camaradas de guerra, quis fazer uma surpresa, em especial, ao meu amigo soldado Pires de lho enviar, para lhe relembrar aquelas peripécias de guerra que vivemos em comum e, principalmente, aqueles gestos de solidariedade que ele teve comigo, restabelecendo assim novamente o contacto entre ambos.

A surpresa foi minha e foi dura!
Apercebi-me de quão tarde já era.

Um dos anjos que me acompanhava na terra, já me acompanha a partir de outro lado, seja de onde for e, provavelmente, aquando do ataque de choro a que acima me referi, seria ele a dizer-me através do meu subconsciente que já me acompanha a partir de outra dimensão.

Do outro lado do telefone, do Posto de Torre de D. Chama, foi-me dito friamente que o meu amigo Pires, de seu nome completo Orlando Augusto Pires, já não faz parte do número dos vivos. Faleceu há cerca de quatro anos!

Sobre o que senti naquele momento…, poupem-me descrevê-lo!

Continuei na minha investigação, fui encontrar a esposa, D. Clarinda, na aldeia de Martin, próximo de Bragança, onde ele vivia também.
Localizei um dos filhos, o Jorge, a criança loura de 4 ou 5 anos que nos encantava com as suas traquinices quando vivíamos em Casal de Cambra, hoje com idade próxima dos 40 anos, também soldado da Guarda Nacional Republicana, a prestar serviço no Posto de Izeda, Bragança.

O mínimo que posso fazer em homenagem àquele meu amigo, é enviar todo este trabalho aos familiares, bem sabendo da chaga que irá reabrir no coração daquela família com derramamento de mais lágrimas.
Mas queria com isso deixar o meu testemunho da simplicidade, generosidade, solidariedade, em suma, da nobreza de carácter daquele meu amigo, de quem os familiares muito se devem orgulhar de o terem tido como marido e como pai.

Este recorte da vida, lição de vida, o que lhe quiserem chamar que convosco quis partilhar, visa essencialmente sensibilizar-vos para que não deixem correr o tempo como eu, adiando ir ao encontro de um familiar, de um amigo. NÃO CHEGUEM TARDE COMO EU.

Um abraço para todos.
Manuel Sousa
Fevereiro de 2011
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 6 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8056: Episódios da Guerra na Guiné (Manuel Sousa) (3): Minas entre Jumbembem e Lamel

Guiné 63/74 - P8064: O meu baptismo de fogo (24): Num ataque de... formigas (José Barros)

1. Mensagem do nosso camarada José Barros (ex-Fur Mil Atirador de Cavalaria, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68), com data de 4 de Abril de 2011:

Caro amigo e camarada Carlos Vinhal
Envio uma pequena história do meu tempo de “periquito” a que dei o nome de Baptismo de fogo.

Junto ainda fotografias de Mansoa e Cutia, que farás com elas, e com o texto, o que bem entenderes.



O meu baptismo de... formigas


Cutia, 1966-68 > Estes eram os homens da minha Secção.

Às primeiras horas da manhã de um certo dia de Novembro de 1966, tudo apostos para mais uma operação de treino operacional.

Saímos do quartel em fila indiana na direcção da mata, não me recordo que sentido seguimos.

À frente ia um Pelotão de Milícias, seguidos pelos elementos da Companhia dos “velhinhos” que nos iam dando algumas dicas sobre os perigos que poderíamos encontrar.

Andámos horas e horas pelo meio da mata, até que saímos do mato e entrámos numa bolanha, que na época estava seca. Caminhávamos há já algum tempo, quando reparo que em determinado local os homens da frente davam um salto, e toda agente a seguir chegava aquele local e saltava.

No lugar onde seguia não era visível nenhum obstáculo. Ia perguntando a mim mesmo o porquê daquele salto!

Não demorou muito para ficar a saber o porquê de tal salto.

No momento em que me aproximo do local, rebenta uma emboscada vinda da orla da mata. Vai toda a gente de imediato para o chão e vira fogo contra o IN.

Secretária improvisada para escrever o meu primeiro bate-estradas para minha mãe

Eu não fugi à regra, também fui para o chão, mas nem um tiro dei. Mal caí fui atacado por uma enorme quantidade de formigas, que imediatamente se meteram pelo camuflado dentro e foram alojar-se nas zonas mais sensíveis do corpo, nomeadamente nos “ditos cujos”. O desespero era tanto que nem conta dei da emboscada ter acabado. Os camaradas que seguiam junto a mim, nomeadamente o pessoal da minha Secção, fartaram-se de gozar com o sucedido durante algum tempo.

Continuamos o nosso caminho de regresso ao aquartelamento. As dores e o desespero lá foram desaparecendo com o decorrer do tempo.

Chegado ao aquartelamento, fui tomar banho. Espanto dos espantos! O raio das formigas estavam mortas, mas com as suas tenazes cravadas na pele. Tive que as catar como quem cata piolhos.

Nunca soube qual o nome dessa formiga. Sei apenas que era uma formiga preta e pequena.

Foi este o meu baptismo de fogo. Não fiz fogo, mas sofri a bom sofrer com as malfadadas formigas.

Um grande abraço
José Barros
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 22 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7984: Memórias de Mansabá (11): A construção da estrada Cutia-Mansabá e a defesa dos seus pontões (José Barros)

Vd. último poste da série de 24 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3511: O meu baptismo de fogo (23): Uma vacina para o enjoo... (António Paiva)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8063: Controvérsias (118): 10 de Junho: “Passagem final pelas lápides”, ou “Desfile” (António Martins de Matos)

1. O nosso Camarada António Martins de Matos (ex-Ten Pilav, BA12, Bissalanca, 1972/74, hoje Ten Gen Pilav Res), enviou-nos em 5 de Abril a seguinte mensagem:


10 de Junho: “Passagem final pelas lápides” ou “Desfile


Caros amigos Em vista ao interesse demonstrado por muitos de vós para “participarem” no 10 Junho, num desfile junto ao Monumento em Belém, justa homenagem aos camaradas aí referenciados, ficou-me no entanto o receio que, com o programa da cerimónia eventualmente já delineado, exigiria a anuência dos organizadores e um ou outro acerto.

No sentido de tentar solucionar eventuais problemas, esta segunda-feira entrei em contacto com a Comissão Executiva do Encontro Nacional de Combatentes (CPHM) através do Sr. Coronel Morais Pequeno e hoje, 5 Abril, com o Presidente e responsável máximo pela cerimónia, o Sr. Tenente General Piloto Aviador Vizela Cardoso.
Ambos me confirmaram que o programa já está definido (já estava, é o mesmo desde 2008), sendo o seguinte:
10H15 - Missa no Mosteiro dos Jerónimos;
11H30 - Concentração junto ao Monumento;
12H00 - Discurso alusivo por orador convidado;
12H10 - Cerimónia inter-religiosa (católica e muçulmana);
12H20 - Homenagem aos mortos e deposição de flores;
12H40 - Hino Nacional (salva por navio da Marinha Portuguesa)
12H45 - Sobrevoo por aeronaves da Força Aérea;
12H50 - Passagem final pelas lápides;
13H10 - Salto de Pára-quedistas;
13H15 - Almoço convívio (pode ser adquirido nos local).
A “Passagem final pelas lápides” tem o seguinte descritivo:

Finda a passagem dos aviões da Força Aérea, inicia-se o movimento dos Guiões que, por ordem de antiguidade, passarão à frente do Monumento e farão uma passagem de homenagem e despedida pelas lápides, no sentido directo (contrário ao dos ponteiros do relógio). Quando houver acompanhantes dos Guiões, estes juntar-se-ão no início da passagem pelas lápides. Guiões e acompanhantes igualmente completam a passagem pelas lápides, saindo, no final, para o lado da Torre de Belém.

Logo atrás dos Guiões, o Presidente convida os Convidados de Honra para passarem à frente do Monumento e fazerem o mesmo percurso, voltando ao local de partida. Logo após será a vez do público em geral, o qual terá também oportunidade para depor as suas flores e passar, em recolhimento, pelas lápides, seguindo o mesmo trajecto dos guiões.
No final saem em frente para verem o salto dos pára-quedistas ou para almoçar. Todos estes movimentos são anunciados pelo locutor.
Mais uma vez se realça o solene cerimonial desta passagem e para o atavio que todos devem usar na circunstância.

Em vista do programa acima referido a minha solicitação era tão só a substituição da “Passagem final pelas lápides”, pelo “Desfile”, o resto do programa mantinha-se inalterado.

Sem pretender fazer juízos de valor sobre o significado de, numa cerimónia militar, se comparar um “Desfile” versus uma “Passagem pelas lápides”, (o que quer que isso signifique) entendia e entendo que a cerimónia seria altamente prestigiada com o desfile dos Guiões seguido pelos vários pelotões de combatentes.

E, na minha ingenuidade, julgava eu que a hipótese de haver um número significativo de “marchantes”, fosse aceite pelos responsáveis de braços abertos.

Pura ilusão.

A minha (nossa) pretensão foi recusada.

Ainda consegui rebater a maior parte dos argumentos que me foram apresentados para justificar a recusa do desfile, que, por decoro, me dispenso de vos enumerar.

O argumento que não consegui ultrapassar foi o de:

“Já está tudo planeado e como tal não se pode alterar”

Quero terminar penitenciando-me por vos ter incutido infundadas esperanças que este ano íamos ter uma cerimónia diferente.

Os portugueses são assim, parcos em ideias mas com o copy-paste a funcionar na perfeição.

O meu 10 de Junho termina aqui.

Abraços AMM

__________

Notas de M.R.:

Gostava de deixar aqui um comentário à foto inserida neste poste, onde se vê claramente vários elementos da Associação de Operações Especiais, DESFILANDO como o têm feito em quase todos os anos no fim das cerimónias do 10 de Junho, em Belém, frente ao NOSSO Monumento, para quem muitos de nós contribuíram monetariamente.

Também as suas congéneres dos Comandos, Fuzileiros, Paraquedistas, Grupos Especiais, etc. organizam DESFILES dos seus veteranos.

Aos velhos Camaradas - ex-Combatentes da Guerra do Ultramar, têm-se juntado e bem (digo eu) os associados mais novos, que muito se têm sentido honrados e orgulhosos em poderem DESFLIAR ao nosso lado.

Se a organização gosta tudo bem, se não gosta o problema é deles.

Este ano vamos desfilar novamente se Deus quiser!

Penso eu que também a malta do blogue pode e deve organizar-se e DESFILAR no fim das cerimónias, em frente ao Monumento.

Vd. último poste desta série:

2 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8034: Controvérsias (117): No rescaldo do Almoço da Tabanca do Centro, onde mais uma vez se falou do nosso dia, o dia dos ex-combatentes (António Martins de Matos)