terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9141: (De)Caras (10): Os camaradas do PAIGC não são nossos camaradas... mas podemos ou não falar aqui deles ? (Parte I) (Amilcar Mendes / Virgínio Briote)


Serra da Carregueira > Centro de Tropas Comandos > 29 Junho de 2011 > Eu e alguns camaradas Comandos Africanos que, passados 40 anos, continuam a amar a bandeira sob a qual combateram e e que mostram um orgulho desmedido em serem Portugueses, e com milhares de histórias de vida para figurar no nosso blogue. Dos nomes, não me lembro de dois, quando souber de todos mando a sua identificação. Amilcar Mendes. Saudações, amigo Luís,  e muito contente fiquei com o teu contacto. Abraço do Amilcar".

Foto: © Amílcar Mendes (2011). Todos os direitos reservados.

1.  Mensagem do nosso camarada Amílcar Mendes (ex-1.º Cabo Comando da 38.ª Companhia de Comandos, Brá, 1972/74; e hoje taxista na praça de Lsiboa):

Data: 31 de Outubro de 2011 18:17
Assunto: Comandante BOBO KEITA

Amigo Luis Graça , estimados co-editores do blog e todos os camaradas ex-combatentes da Guiné:

Com pedido de publicação gostaria de tecer algumas considerações sobre um assunto que já me começa a incomodar e, sinceramente, sem querer puxar ninguém para esta conversa permito-me [dizer] o seguinte:

Durante quase 10 anos todos os dia ouvia o Código Comando  e uma das partes que retenho era o seguinte: Mas respeita os estóicos e abnegados que servem sem preocupação de paga ou satisfação de interesses de qualquer natureza.

 Neste contexto respeito todos os que lutam ou lutaram na defesa de algo em que acreditaram ou julgaram ser o mais certo e aqui englobo todos os que passaram pelos campos de batalha e,  claro,  os antigos combatentes do PAIGC. 

Presto-lhes a minha homenagem enquanto combatentes e respeito-os como seres humanos mas daí a ter que enaltecer o seu papel na Guerra Colonial da ex-Guiné Portuguesa ?!... Escalpelizar o seu desempenho, modo de atuação e armamento que usavam para nos combater, etc.,  acho eu,  evidentemente, que é protagonismo a mais nas páginas deste blogue! 

Acho mesmo, amigo Luís ! Enquanto me lembrar das atrocidades cometidas - e sei do que falo, amigo Luís -,sobre camaradas meus e de todos nós, em particular os que combateram ao meu lado, os Comandos Africanos mas Portugueses, torturados, mutilados, assassinados a sangue frio em [carreiras]  de tiro porque, segundo o PAIGC,  os Comandos Africanos  eram, e cito, "cachorros de duas pernas"! 

Amigo Luís, o comandante Bobo Keita até será uma excelente pessoa mas para ser enaltecido nos blogues do PAIGC! Este é o blogue dos combatentes portugueses da ex-Guiné Portuguesa e é nessa qualidade que aqui estou. E é sobre nós e sermos nós a preenchê-lo é que me agradaria.  

De outro modo peço humildemende,  a partir de agora,  a minha exclusão deste blogue. As notícias somos nós e o que lá fizemos,  bem ou mal,  mas é o nosso bocadinho. Se se quer escrever sobre os Africanos que lutaram à sombra da bandeira portuguesa na Guiné, vamos até ao largo do Rossio em Lisboa e aí,  sim,  temos material para preencher páginas e páginas de blogue .(À consideração do Dr. Beja Santos). 

Para mim,  Bobo Keita aqui no blogue chega!  

Abraços para todos os bloguista e em especial ao meus camaradas comandos, naturais da Guiné, que tão mal estão a passar.  

Amílcar Mendes,  1º cabo comando da 38ª Companhia de Comandos na ex-Guiné Portuguesa em 72-74 com oito baixas mortais e cerca de 40 feridos em combate com as forças do PAIGC.






Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > "Dois homens dos comandos que ainda hoje vivem, à sua maneira, a mística dos comandos: o Virgínio Briote, nosso co-editor, dos velhos comandos de Brá (1965/67) e o Amílcar Mendes, da 38ª CCmds (1972/74)... Tive o grato prazer de lhe dar, a este útimo, o Alfa Bravo (abraço) que nos faltava... Conhecíamo-nos apenas do blogue, dos mails, do telefone" (LG)...


Foto: © Luís Graça (2009). Todos os direitos reservados


2. Comentário,  com data de 2 de Novembro, do nosso co-editor Virgínio Briote (que, por razões de saúde, já não pode estar tão ativo como ele e nós gostaríamos, nas nossas lides bloguísticas, mas que continua a ser uma voz respeitada na nossa Tabanca Grande):

O blogue está aberto à participação de todos o ex-combatentes. Mais que uma vez, alguns camaradas, nestas páginas, lamentaram a não participação dos ex-IN. E que eu saiba, o blogue não se destina a fazer a história dos acontecimentos vistos apenas por um dos lados, pelo menos tal não aparece como premissa. Assim, vejo com muito interesse que o blogue esteja aberto a todos os ex-combatentes, qualquer que tenha sido o lado de onde dispararam. Só assim pode vir a ter algum interesse histórico e, contribuir, inclusivamente, para um bom entendimentos dos [nossos dois] povos irmãos.



A guerra acabou em Abril de 1974, passaram já 37 anos. Houve acontecimentos muito dolorosos, excessivos, mas inevitáveis numa guerra que atingiu, em muitas alturas, violência extrema. Esses casos ocorreram, a grande maioria dos camaradas ouviu falar deles e alguns de nós até testemunhámos alguns. Protagonistas? De ambos os lados, naturalmente.



Sempre julguei que para a grande maioria dos combatentes, de um lado e do outro, a causa por que lutam é justa e todos têm o direito de a contarem com os olhos como a viram.



Tudo isto, caro Luís, para te dizer que não só dou as boas-vindas ao livro que acaba de ser publicado (que ainda não o tenho) como não vejo qualquer inconveniente que alguns dos textos sejam publicados no blogue do Luís Graça e Camaradas da Guiné.



Não vou dar seguimento escrito a qualquer opinião contrária à minha. Aceito-a simplesmente. Por isso fica ao teu critério: publicitar esta opinião ou guarda-la para ti.  Espero que já andes, sem dores, pelo teu pé. E que brevemente participes numa meia-maratona...



Um abraço do Briote
___________________

Nota do editor:


13 comentários:

Anónimo disse...

Podemos falar aqui dos militantes e arrebanhados do PAIGC mas com a adequada distância e parcimónia. Não foram amigos, nem gente das nossas relações.
'Os do PAIGC', homens e mulheres e putos, estiveram contra nós de uma forma resistente e objectiva e mesmo sendo Passado, se a memória não for vínculo, decai para mero utensílio que não perdura.
Não vejo que se deva (ou possa) acarinhar a memória do PAIGC e menos ainda dos seus elementos, sobretudo passadas que estão as falácias da 'legitimidade' em que se dizia que se apoiava a sua acção a qual, bem se sabe, não passou de assalto por conta d'outrem, destinado a 'correr connosco' e substituindo a administração portuguesa por outra forma de dominação que pouco tem de autónoma.
Menos ainda se entende a promoção das suas memórias, sabendo que lavando as deles a seu contento, assim se lavariam também as nossas.


SNogueira

Juvenal Amado disse...

Eu penso que há camaradas que estão equivocados quanto às razões que levaram o Luís Graça a criar este blogue.
Estão esses camaradas convictos que ele se reserva para contar as nossas ventura e desventuras omitindo o que se passou do outro lado.
Não é verdade, eu sempre li o que Luís escreveu sobre a necessidade da troca de estórias entre os dois lados. Assim o convite para que ex combatentes do PAIGC contactassem o blogue para assim falarmos do nosso passado em que fomos combatentes debaixo de duas bandeiras diferentes, está no DNA deste colectivo.
Possivelmente haverá dos dois lados, quem não queria ir para a guerra como o contrário. Uns foram convictos com a sua justeza, outros foram arrastados, uma vez em campanha muitos tomaram conhecimento de várias situações, que os fez alterar a sua posição quanto às razões do conflito. Tanto uns como os outros devem em liberdade contar o que passaram e responsabilizarem-se pelo que contam.
Se alguém de qualquer das partes falta à verdade, ou confunde a realidade dos factos, isso é da sua inteira responsabilidade e não deve ser responsabilizado o blogue por isso, a não ser que se queira criar uma comissão de censura para o efeito e outra comissão, para apurar os factos relatados.
Discuta-se pois as várias posições de quem participou na guerra sem medos nem tabus.
Os dois governos trataram e tratam mal os ex combatentes. Uns foram fuzilados e outros morrem à mingua, ao não verem reconhecidos os seus direitos de ex combatentes nem a mazelas que contraíram em campanha.
Só me resta congratular-me com o que o camarada Virgío Briote tão lucidamente escreveu, com o qual concordo plenamente e lamentar que ele se tenha afastado das funções de editor.
Um abraço

antonio graça de abreu disse...

Registo as palavras justas e cheias da simples, mas enorme sabedoria, do meu caro Amílcar Mendes, da 38ª de Comandos com quem no CAOP 1, Teixeira Pinto e Mansoa, partilhei parte dos nossos duros tempos de Guiné:

"Respeito todos os que lutam ou lutaram na defesa de algo em que acreditaram ou julgaram ser o mais certo e aqui englobo todos os que passaram pelos campos de batalha e, claro, os antigos combatentes do PAIGC.

Presto-lhes a minha homenagem enquanto combatentes e respeito-os como seres humanos mas daí a ter que enaltecer o seu papel na Guerra Colonial da ex-Guiné Portuguesa ?!.
(...)à consideração do Dr. Beja Santos.)"

Abraço ao Amílcar Mendes e a todos.

António Graça de Abreu

Luís Graça disse...

Caro Salvador Nogueira, caro camarada (tivemos juntos numa mesma operação, no Sector L1, mas continuamos sem nos conhecer pessoalmente, pese embora a troca de mensagens e de comentários):

Não tenho que te lembrar alguns dos 10 princípios que regem, de há muito (desde pelo menos meados de 2006), o nosso blogue, uma vez que não pertences formalmente à Tabanca Grande, embora estejas no teu direito, como camarada da Guiné, de dar a tua opinião sobre este ou qualquer outro tópico. Tu, ou qualquer outro leitor.

Para os que chegaram mais recentemente ao nosso blogue, como membros ou simples leitores, tomo a liberdade de relembrar algumas das nossas regras:

(...) (iv) carinho e amizade pelo nossos dois povos, o povo guineense e o povo português (sem esquecer o povo cabo-verdiano!);

(v) respeito pelo inimigo de ontem, o PAIGC, por um lado, e as Forças Armadas Portuguesas, por outro;

(vi) recusa da responsabilidade colectiva (dos portugueses, dos guineenses, dos fulas, dos balantas, etc.), mas também recusa da tentação de julgar (e muito menos de criminalizar) os comportamentos dos combatentes, de um lado e de outro (...).

Saudações bloguísticas

Luís Graça, editor

Manuel Joaquim disse...

Caros camaradas,é a minha opinião, vale o que vale:

Este blogue tem personalidade própria, bem definida no seu "decálogo", os 10 princípios constituintes que figuram aqui, na coluna à esquerda. Como depositário de opiniões e de informações de diversas origens (de pessoas, de documentos) pode ajudar, pouco que seja, a escrever a história da "Guerra do Ultramar". Mas, para ter esta possível relevância, tem de ser um fiel e imparcial depositário dos textos e das opiniões de qualquer um dos seus membros.

Como nisto de verdades "cada um tem a sua", não pode haver censura ideológica nem sobre factos, sejam verdadeiros ou falsos. Tem de haver, sim, o princípio do contraditório e este ser garantido a quem o queira usar ("da discussão nasce a luz"). Quanto a verdades ou mentiras lembrem-se que "a verdade vem sempre ao de cima" e que " apanha-se mais depressa o mentiroso que o coxo" (é, pode não ser totalmente assim mas a vida tem mostrado que tais frases têm bastante sentido.)

Finalizo, usando a terminologia do facebook, que "Gosto" dos comentários do Briote e do Juvenal, atrás publicados.

Um abraço a todos

Manuel Joaquim disse...

Só para dizer que redigi o meu comentário sem conhecer este aqui acima, do Luís Graça. Por isso , à moda facebookiana, também "Gosto".

Unknown disse...

Porque se trata deste Blogue, quiçá o mais conhecido no mundo lusófono, sobre a questão colonial (entre outras), decidi escrever o que se segue.
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Será concerteza do conhecimento de todos, (e daí, talvez não por qualquer razão que não interessa agora) que a comunidade guineense está espalhada por muitas partes da Europa e outros continentes, onde os meios de comunicação (Net) são mais acessiveis, até mais que em Portugal, para não falar no acesso livre a partir de Universidades.
Sim Universidades, e é um considerável número, para não falar (porque alguns estarão a pensar somente naqueles grupinhos de jovens 'exportados' para qualquer escola estranjeira)nos que circulam na Europa entre países e evoluem na sua escolaridade.
É forçosamente, no meu entender, por causa de Textos como este,(e não somente aqui neste blogue) que tenho algumas dificuldades em dialogar em todas as vertentes da história recente de nossos países.
A partir do momento em que referencio-me como ex-militar que esteve na guerra colonial, tenho que invariávelmente seguir um protocolo que corte a desconfiança do meu interlocutor(a). Levando a que eu tenha que ser bem claro.
Mesmo em situações, em que ele anteriormente, me informa ser familiar descendente de um 'ex-combatente do PAIGC'.
Manga de sibe; corpo de bo;amo aquela terra; saudades disto e daquilo, não tem (ou relativamente) valor nenhum. Encobre sim, saudades de momentos de uma juventude, que só o local e o ambiente de guerra lhes porpocionou. De outra forma estariam a trabalhar de sol a sol, nos campos e nas fábricas em Portugal, debaixo de um estado policial.
Os combatentes e revolucionários do PAIGC, merecem mais consideração. Porque nos combatemos directamente. Porque seu líder A Cabral sempre foi claro, que não estava contra os portugueses, mas sim contra o colonialismo português. Porque depois de inimigos fomos amigos. Porque a Guiné-Bissau tem a sua própria história e merece respeito, ainda mais porque não se trata de um povo e um país opressor de outros povos, mas sim oprimido e explorado até a sua independência.
Os combatentes do PAIGC não eram arrebanhados, deste modo não poderiam fazer uma guerra de movimento.
Arrebanhados eram de facto a juventude portuguesa que encheu navios e navios, com destino às colónias.
E que um só que fosse se recusasse seria preso ou deportado.
Seguindo o mote deste meu coments, concluo que um marine americano veterano do Vietname ou do Iraque, tambem não é nosso camarada. As guerras nem foram as mesmas, falamos e temos culturas diferentes.

Não alongo mais. Era só isto principalmente o que tinha p/ escrever.

Cumprimentos para todos e cada um.
Carlos Filipe
ex-CCS BCAÇ3872 Galomaro/71

Anónimo disse...

Caro Luis,
não foi minha intenção julgar mas apenas ajudar,
a repor tendências...
e a rever atitudes.
Não ponho em causa qualquer sentimento actual em relação a cidadãos da Guiné-Bissau,
mesmo ex-combatentes do PAIGC e mesmo que tenham optado por viver cá, connosco.
Não projecto porém estes princípios de avaliação no passado e é esse o sentido do meu comentário.
Inversamente, os ajuizamentos sobre o passado devem ter em conta os referenciais que lhe forem contemporâneos
e, nesta conformidade, não me parece que se deva nutrir qualquer tipo de sentimento amistoso pelos combatentes do PAIGC
e não vejo que se deva fabricar um sentimento moderno, a cavalo numa circunstância antiga que o deveria contrariar.
Há que assumir a fraquezas e as insuficiências.
Cada um deverá assumir as suas fraquezas ou insuficiências, pessoais e colectivas, em vez de dar guarida a actualizações sintéticas do que pretende não ter visto ou, mais recentemente, do que pretende aplaudir.

Podemos 'falar de tudo' mas não deveremos elogiar o ex-inimigo ou promover a sua memória enquanto tal
-parece-me um indício de menoridade ou frouxidão- sem prejuízo de um reconhecimento de natureza técnica-histórica.

SNogueira

Anónimo disse...

Sem desfazer nas palavras e nos sentimentos quee legitimamente dão fora e carácter ao Amílcar Mendes, de tudo isto, gostei e muito da nota de Virgínio Briote.
E nem sequer entrarei em comentários acerca de torturas e assassinatos praticados por gente do PAIGC a conterrâneos seus que lutaram do nosso lado, alguns mesmo, a quem nunca chamarei heróis porque o que os animava era mais uma sanha guerreira e algumas vezes mesmo ferozmente assassina, do que esse tal amor a uma bandeira que não poderiam sentir enquanto símbolo de centenas de anos de história de um povo que conheciam apenas nas relações coloniais.
Sempre achei que o seu engajamento nas nossas fileiras se deveu mais a acidentes na sequência das relações de origem tribal ou mesmo pessoal entre os protagonistas dos acontecimentos, do que a devoções nacionalistas, e que alguns ficaram do outro lado obrigados ou por acidente e outros do nosso lado por conveniências de momento.
E não eram melhores uns que os outros, como seres humanos, senão na diferença de carácter que nos distingue a todos, havendo gente boa e má dos dois lados, se quisermos reduzir o conceito de bom e de mau a esta nota simplificada.
Eu perguntaria a mim próprio o que iria eu pensar de um vizinho que alinhasse com uma potência estrangeira que ocupasse o meu País, enquanto eu dava o coiro contra tal ocupação.
Não conheço maus tratos que o PAIGC tivesse infligido a militares portugueses embarcados em Lisboa para os combaterem, ao contrário, sem colocar em dúvida que tivesse havido algum caso fora do quadro dos prisioneiros em Conakri, o que tenho ouvido são relatos de respeito e de bom tratamento na situação precária em que eles próprios viviam.
Para ilustrar o que digo, conto uma pequena história que vivi em Bissau após o 25 de Abril, no período de sobreposição antes da cerimónia de independência.
No roll up de descolagem de um voo da TAP, na volta à cabeceira da pista um reactor engoliu capim e iniciou o que poderia ter sido fogo.
Concluído que seria impossível sair sem assistência vinda de Lisboa, a tripulação foi para o hotel e eu que conhecia a cidade e tinha saudade de ostras convenci parte dos colegas a irmos a um estabelecimento ali para os lados dos fusileiros.
Comemos satisfeitos e na volta, junto ao edifício do BNU estavam quatro ou cinco guerrilheiros em guarda às instalações. Iniciei uma conversa com eles e rapidamente descobrimos termos andado aos tiros uns aos outros na zona de Guilege.
As minhas colegas estavam inicialmente apavoradas e acabaram maravilhadas porque não viram da parte desses guerrilheiros nem um sinal sequer de animosidade.
Se há alguma coisa que diferencia portugueses dos restantes europeus é essa ausência de ódio e essa capacidade de dar as mãos sem grandes preconceitos, que atravessou o nosso processo colonial. Prova disso é que no fim, ao contrário do que aconteceu com outros, fomos capazes de manter respeito e amizade uns pelos outros e mesmo de deixar saudades.
No entanto, bom é que não exageremos ao ponto de concluir que somos santos e que não cometemos também algumas atrocidades.
Afinal, os nossos inimigos de então, acabaram mais maltratados pelos seus dirigentes do que por nós, mas isso, a meu ver, não anula a razão da luta que travaram.

José Brás

Anónimo disse...

Camarigo Amílcar Mendes;

Permite-me que te pergunte pelo Camarada e Amigo Alf. Mil. Nelson,que também era da 38ª de Comandos, será que ele sempre ficou na Guiné, a dar instrução de aeronáutica, conforme sempre me foi dizendo após o 25 de Abril, ou regressou ?

Gostaria apenas de saber alguma coisa dele, pois estivemos muitíssimas vezes juntos e eu fiquei-lhe com amizade e fazia imenso gosto em reencontrá-lo.

Agradecido
Joaquim Sabido
Évora

A, Mendes disse...

Caros amigos bloguistas se me permitem gostaria de fazer um breve comentário e aproveitar para deixar uma pergunta a todos os camaradas que deixaram comentário a favor ou contra o a minha opinião expressa no post acima . Nunca em momento algum eu teci criticas ou ofensas aos ex combatentes do PAIGC .pelo contrário disse que os respeito e não os critiquei pelo seu papel enquanto combatentes e como seres humanos enem por motivo nenhum mas dai a ter que partilhar memórias .mantenhas e que mais .NESTE BLOG ná não tou de acordo e disse-o ! Tenho esse direito. Este o comentário e agora deixo a pergunta; Acredita o camarada Carlos Filipe que os antigos combatentes Potugueses mas nascidos na Guiné Portuguesa querem socializar com os ex guerrilheiros do PAIGC? Depois do que lhes aconteceu por terem defendido a minha .sua e bandeira deles a PORTUGUESA? E ainda mais um comentário se me permitem ao comentário do camarada José Bráz em jeito de pergunta; com que legitimidade o camarada põe em causa o empenho .lealdade .disponibilidade e amor á PATRI A PORTUGUESA dos ex combatentes naturais da ex Guiné Portuguesa que derramaram o seu sangue em defesa da mesma bandeira que é a sua? Meus amigos eu nao confundo nacionalismo com racismo! AMILCAR MENDES 1cabo COMANDO da 38COMANDOS na GINÉ PORTUGUESA noa anos d2 72 a 74

Unknown disse...

Felizmente que vivo num Portugal livre com o 25Abril, e não sou circundado por nenhum 'muro' que me impeça de saber alguma coisa do mundo.
Claro que acredito que muitos guineenses recrutados (por variados meios)pelo exército português vivem hoje nos seus bairros (tabancas), aliás, como até é facilmente comprovável neste Blogue. Ninguém me nomeou advogado de ninguém. Por isso os textos e comentários, fica com quem os escreveu. Tal como os mesmos militares africanos que vieram para Portugal e por cá ficaram, só eles sabem porque não regressam. Não passando despercebido quais os seus antigos atributos militares. À quantidade de bombas, napalme e tabancas icendiadas, para não falar em mortes, creio que é preciso um povo ser muito nobre por ainda nos querer tanto, quando há ainda quem tente alimentar directamente ou inderectamente e noutros casos de forma sublinar, o rancor patrioteiro, o tribalismo, etç.
Lamento não sei falar de forma figurativa, que no meu entender só confunde e descompromete quem dessa forma escreve ou fala.

Um abraço.
Carlos Filipe
ex-CCS BCAÇ3872 Galomaro/71

A, Mendes disse...

Amigo e camarada de Guerra Carlos Filipe , ainda bem que vivemos num pais livre e não circundado de nada o que nos permite ter opiniões diversas mas opiniões são isso e isso não apaga a verdade dos factos e essa é que os naturais da ex Guiné Portuguesa que combaterem a á sombra da bandeira de PORTUGAL o fizeram com empenho e orgulho sem ninguem lhes esconder a verdade e são tão legitimos Portugueses como eu ou (por muito que lhe custe) como o Carlos Filipe. Nunca vi nenhum combatente natural carregar napalm ou armas de destruição massissa as costas .eles limitavam-se a ser portugueses ir cumprir o serviço militar e lutar a nosso lado .e se calhar a maioria deles teve um papel menos interventivo na guerra que eu ou o Carlos Filipe. Respondo-lhe á sua intorrogação .sem ser advogado deles, a razão porque vieram para cá, e já agora sabe quem os ajudou a vir para cá?,pois náo foi o Estado Portugues foarm organizações de ex combatentes,mas dizia eu ,eles ficaram cá por esta razão ; Capitão Saeg , Tenente Jamanca, Capitão Vieira, Furriel Pedro Noca e mais umas centenas foram a razão dessa decisão porque nesta parte de Portugal que é deles, os amigos politizados e esclarecidos do PAIGC não os pudiam chacinar! E esta não é forma figurativa de ver nada, é tal e qual !
A maneira depreciativa com insinua que eles eram recrutados bateu- me fundo ! Nem eu fui tão longe ao referir-me aos querrilheiros do PAIGC! Assistiu a isso? Eu assisti amigo Carlos Filipe a minha companhia (38comandos) deu instrução a uma companhia operacional e digo-lhe que nunca assisti a métodos obscuros ou de manipulação e eles sabiam ao que iam! Acredite! Se quiser contacte-me que eu tenho muito gosto em levá-lo ás casas pobres onde eles habitam nos arredores de Lisboa ,conversar com eles e vai ficar surpreso de ver nas suas casas a bandeira Portuguesa numa qualquer parede! Abraço Carlos Felipe do Amilcar Mendes ex 1cab da 38COMADOS na ex Guiné Portugues em 72 a 74