quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9020: Da Suécia com saudade (32): Geração, a Nossa... (José Belo)


1. Mensagem do José Belo, com data de 30 de Outubro último

Caros Amigos e Camaradas:



Depois da leitura do poste P8961 ("Conversas com o comandante Bobo Keita"), e de alguns e-mails trocados entre camaradas à volta do mesmo, surgiu-me "isto" que fica à vossa disposicäo. Um grande abraco do José Belo. (Erros ortográficos? Do novo? Do antigo?....bom.....). J. Belo




2. Da Suécia com saudade > Velhos do Restelo, não épicos... (*)


 PAIGC? O que poderia ter sido e... não foi? !


O MFA? O que poderia ter sido e...näo foi?!

A Guiné-Bissau de hoje? O que poderia ter sido e...näo é?!

O nosso querido Portugal depois de tantos e tão diferentes (!) governos?!...  O que poderia ter sido...mas...

No espaço de uma geração. A NOSSA!

Criados e educados nos valores do "antigamente", numa ditadura beato-provinciana feita de autoridades várias. O progresso sócio-intelectual de um povo bem entaipado em verborreias conservadoras! A transformacäo de um, (para alguns discutível), heróico Império Colonial de muitos séculos e de muitos mártires em... "Sacro-Império-Provincial", sem quaisquer enraizamentos histórico-tradicionais, e muito menos *a luz do Direito Internacional vigente. Esperteza saloia que nem sequer foi implementada internamente na sua totalidade jurídica (não menos, entre outros, aos níveis das economias inter-"provinciais").

Alturas do campanário da aldeia, para enganar a "estranja" menos douta. A tal que vivia algumas páginas da História... mais à frente! A tal mais interessada em escrever páginas novas que,(por muito erradas), serão as deles.

Geração, a NOSSA, levada a participar numa longa guerra em África de antemão impossível de ganhar. Heroicidades que a todos deveriam orgulhar juntavam-se a sacrifícios já hoje difíceis de compreender.

Geração, a NOSSA, que julgou aprender a Liberdade num misto de idealismos ingénuos, ignorâncias profundas e irresponsabilidades criminosas para com as nossas gentes de África (e as deles!). Uma mascarada de interesses específicos de uma corporacäo que,rápida e convenientemente,  se soube envolver (ou viu-se envolvida) em bandeirolas democráticas várias. (E, destas, algumas näo tão democráticas como isso). Quantas as más consciências em rituais purificacöes pelos fogos sociais?

Geração, a NOSSA, hoje de cócoras e humildemente "desbarretada" frente a uma troika internacional de "feitores" d'alguém. 


Continuará a ecoar o grito de alma de Fernando Pessoa?... "É tempo!".

Stockholm 30/10/11

Um grande abraço do José Belo.


_____________


Nota do editor:


(*) Último poste da série > 2 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8724: Da Suécia com saudade (31): Outras bandeiras, outros costumes, outras gentes... (José Belo)

6 comentários:

Antº Rosinha disse...

José Belo, mais pessimista que tu, penso que só Otelo.

Declara que se se apanhasse a 24 de Abril novamente...só precisava de 800 almas e resolvia de outra maneira.

Mas tens razão José Belo, de cócoras, mas não é a 1ª vez, só que não temos memória.

Cumprimentos.

JD disse...

Viva o nórdico!
O teu tema é uma proposta para reflexão extensa, pois não só abarca diferentes épocas, como diferentes sociedades, onde se assistiu a múltiplos acontecimentos determinantes dos caminhos de cada uma.
Além disso, é sensato ter em conta que muitas das nossas convicções podem não corresponder à realidade, pois estamos mais ou menos formatados pelas notícias tendenciosas, e pelo preconceito.
Basta ver que aqui no blogue têm surgido títulos sobre literatura, de tendências tão díspares, quanto de reacções que recusam essas abordagens.
Portanto, partindo do princípio que cada um vê com os seus olhos, princípio que o mais vulgar dos psicólogos e sociólogos refuta liminarmente, os temas propostas iriam gerar controversia certa, no caso de uma conferência entre nós.
Apesar disso, e muito sinteticamente, arrisco:
Se de facto Amilcar tentou uma conciliação com os portugueses que a terão regeitado, terá sido uma única oportunidade perdida. E acredito que Amilcar tenha tido por base a observação e o contacto com os líderes asiático-africanos que eram bandeiras da descolonização, mas não revelavam qualidades de governantes, nem de autonomia. De facto, eliminado o líder catalizador do PAIGC, atingida a independência devem ter ficado atabalhoados com a questão do Estado, de gerir a coisa pública, e a Suécia pode ter sido das solidariedades mais indesejadas, pois ali descarregou dinheiro, volvos, e deslumbrantes louras que podem ter ido além da cooperação, ajudando a criar uma aura governativa de êstaze e deslumbramento.
A génese e desenvolvimento do MFA, a pretexto da lei que adoptava milicianos, e por isso não justificava a ruptura com o poder, concretizou-se como o desejo dos seus mentores em acabar com a guerra para recolherem ao conforto dos lares. A prova disso é a declaração que promovia o abandono das colónias, mas sem rei nem roque, pois não estipulava critérios de objectividade que acautelassem gentes e interesses. Por outro lado, sabiam os membros do MFA ainda antes de despoletar a acção,que não estavam unidos senão por aquele ideal de abandono, que, também eles se veriam atabalhoados com o poder político, com as ambições de uns e as invejas de outros, mas todos deram provas bastantes de incompetência para o que se propuseram.
O que poderia ser a Guiné? Não sei, apesar de me interessar muito pelos acontecimentos nas ex-colónias, não disponho de informação suficiente para opinar a propósito. Mas sei que a Guiné debate-se com dois graves problemas para uma sociedade autónoma e organizada; a falta de instruçã das suas gentes em geral, e a falta de energia. As sociedades como a Guiné, cujos povos se sacrificam sem verem resultados, resulta de ficarem à mercê dos novos empresários e dos pactos comerciais com o exterior.
Não conseguem argumentar, e ninguém lhes liga. Este argumento quase serve para Portugal país periférico e atrasado, mas que beneficia da situação geográfica e do enquadramento político.
Quanto à situaçãoportuguesa depois de tantos governos, constata-se que, para além do truculento período inicial de alguma influência comunista (alguma, porque todos os outros mexiam cordelinhos, ou eram veículos de transmissão dos aterrorizados americanos), o povo "come" esta democracia, iludido pelo bem estar relativo, pelo contacto com a modernidade, pela exuberância dos prazeres, sem se ter dado (ainda?) conta de que somos dependentes dos auxílios desbaratados. Em minha opinião, sem uma reflexão séria; sem a punição dos responsáveis pela desbunda: sem a criação de mecanismos realmente democráticos; sem que se votem os escolhidos e não os auto-propostos, não vejo como dar um avanço qualitativo.
E tivémos o pássaro na mão!
Abraços fraternos
JD

Torcato Mendonca disse...

Olá José Belo
Aqui está um escrito lido, relido e passado a copy/paste para voltar a ler. Ler calmamente, ir anotando e escrevendo.
Em poucas palavras abranges muito...

Gostei e daqui, desta terra que já é atravessada pelo frio e chuva te mando um abraço caloroso e amigo, T.

(e.t. - depois responderei. Isto não pode ficar assim, merece digestão ruminante de rena? ou de bovino alentejano)

Anónimo disse...

Sobre a caracterização de Portugal do "antes do 25 de Abril",o José Belo conseguiu traçar, em poucas palavras, um dos melhores retratos que já vi.

Um abraço para ele, extensivo a todos os restantes camaradas

José Vermelho

Anónimo disse...

Sobre a caracterização de Portugal do "antes do 25 de Abril",o José Belo conseguiu traçar, em poucas palavras, um dos melhores retratos que já vi.

Um abraço para ele, extensivo a todos os restantes camaradas

José Vermelho

Arménio Estorninho disse...

Aos Camarigos, Saudações.

Este assunto tão despretensioso, em que cada um é como cada qual, bebendo da água que quizer e tem a sua opinião.

Assim, dando o exemplo de que encontraram-se determinado dia cinco mancebos (deviam ser estudantes) em uma boa prática e coversação. E como eram lidos nos livros e versados nas histórias antigas, altercaram entre si uma questão "qual fora o melhor pintor do mundo,"em que cada um deu a sua opinião e eram todas diferentes.

Por conseguinte, opinião é uma persuasão em que estamos convencidos de que uma coisa é verdadeira; mas não equivale à positiva convicção. Firma-se na probalidade sem demonstração do facto ou prova.
Então temos de escolher mas, afinal qual é o melhor pintor?

Com Abraços
Arménio Estorninho