quarta-feira, 20 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8574: Os nossos médicos (41): Por fim, e não menos importantes, os nossos anestesistas (C. Martins / Joaquim Sabido / J. Pardete Ferreira)

1. Reunião de comentários ao poste P8518 (*):



(i) C. Martins (ex-Alf Mil, Pel Art Gadamael, 1973/74; hoje médico, que participou no nosso VI Encontro Nacional, em 4 de Junho de 2011, vd. foto à esquerda, ao lado de J. Casimiro Carvalho):


(...) Finalmente aparecem na lista anestesistas. Já começava a pensar que raio de hospital [, HM 241,] era aquele que não tinha tal...


Oh colega e camarada Pardete daquele hospital tão badalado, de quem eu também fui hóspede involuntário, só restam as paredes e cobertas de mato… do hospital civil actualmente denominado Honório Barreto (...).

(ii) C. Martins:


(...) Num bloco operatório não há mais ou menos importantes, o que há é mais ou menos responsáveis. O anestesista não serve só para pôr a "dormir" o "operado",  tem outras funções muito importantes, depois há o cirurgião chefe, 1.º e até 2.º ajudante, instrumentista etc..etc.

Consoante o tipo de intervenção cirúrgica e respectiva especialidade,  às vezes há equipas de dez ou mais pessoas no bloco operatório... Todas elas com funções específicas e importantes trabalhando para uma única finalidade: cura ou melhoria do doente...


(iii) J. Pardete Ferreira (ex- Alf Mil Med, CAOP, Teixeira Pinto; HM 241, Bissau, 1969/71)


É Camarigos, sempre tive muito respeito pelos anestesista. Já não sou daquela geração em que "o anestesista era aquele colega mais ou menos adormecido à cabeça de um doente mais ou menos acordado!"... Já sei, [essa] tem barbas. Já tive um doente, que eu estava a operar com raqui e me diz:
- Oh! Doutor, chame-me o anestesista porque não me estou a sentir bem! (para os colegas, estava a fazer uma reacção vagal quando fui mais brusco nas mexidas no peritoneu).


Anestesistas [no TO da Guiné]:


(i) o Caeiro, um dos Gurus de Coimbra, da Sociedade e do Colégio;


(ii) Domingos Clemente;


(iii) Soares Pinto (mais interessado em pediatria);


(iv) o Isulino;


(v) a Drª Leonor, esposa do falecido Carlos Ribeiro;


(vi) a esposa do Dr. Maurício Lecuona, chefe da repartição Provincial dos Serviços de Saúde da Guiné e que se veio instalar em Évora, creio.


Outros passaram mas a minha pituitária, por vezes,  só reage ao retardador... mas reage e não é uma caixa de Bilhetes de Identidade. Acumula seres humanos, alguns dos quais foram ou são, meus Amigos.


Quando terminava ou, esporadicamente, termino, uso sempre esta fórmula: "muito obrigadinho a todos, principalmente ao doente, que não se mexeu".


Sem os Anestesistas (e isto está longe de ser "dar-lhes banha"), os progressos actuais da Cirurgia e afins, que se tornaram independentes, para nalguns casos voltarem à especialidade mãe, não haveria progresso tecnológico.



(iv) Joaquim Sabido (ex-Alf Mil Art, 3.ª Cart/Bart 6520/73  e CCaç 4641/73, Jemberém, Mansoa e Bissau, 1974):


Caro Pardete Ferreira: Venho apenas confirmar que o falecido Dr. Maurício Lecuona de Oliveira, efectivamente, se estabeleceu em Évora e ainda fui paciente e amigo dele; tal como também sou paciente (só por vezes) mas sempre grande amigo, do Zé Trigo de Sousa, a quem já te referiste num outro poste, que se aposentou há 2 ou 3 anos do cargo de director do departamento de saúde mental do hospital de Évora, mas continua a exercer, enquanto psiquiatra, agora apenas na privada, concretamente, no Hospital da Misericórdia de Évora.


Também conheci aqui em Évora, o Dr. Pedrosa (já falecido), que exercia na área de medicina desportiva e que também esteve na Guiné.


(v)  J. Pardete Ferreira:


Obrigado a todos, principalmente ao Sabido. Os outros que me desculpem. O Trigo de Sousa apareceu um dia na televisão a socorrer feridos de um acidente em cadeia, junto à ponte sobre o Tejo, a única existente na altura. Era um ponto do caraças e um bom profissional... mas na Guiné trabalhou em Ortopedia. Foi meu companheiro no Uíge. Um pouco de má língua: às vezes, quando estava a ajudar uma intervenção, as suas pálpebras fechavam-se um pouco. Estão ouvia-se o Anestesista:
- Oh Trigo, sai de cima do tórax do doente!


Ainda por falar em Anestesista e também continuando a minha intervenção de ontem, apercebi-me de um falta imperdoável: tinha-me esquecido do Marcus Barroco, Amigo e Companheiro das lutas na Medicina Desportiva.


O Calheiros que há uns dias a trás falei e para esclarecer uma dúvida que foi posta, não tem nada a ver com os Calheiros Lobo,  do Porto. Na Guiné estiveram dois, o mais novo, no final da minha Comissão e ligado às Medicinas, e o mais velho, o Cirurgião, já falecido e que não cheguei a conhecer, que foi substituir o Dr. Bruges e Saavedra na chefia da Equipa Cirúrgica.


Vários nomes continuam a aparecer na minha tola e seria injusto que não os fosse apresentando: Norberto Canha, Cirurgião e poeta; Sequeira, Cirurgião; Vasconcelos, a Marinha; Luiselo de Figeiredo, da Marinha igualmente e Cardiologista.


Hoje fico por aqui.


Boa noite camarigos. (**)


PS - Luís Graça, efectivamente também tive a minha fase poética. A chatice é que os originais estão cheios de frio e atafolhados no fundo duma pilha de documentos... mas hei-de encontrá-los.
_____________


Notas do editor:

(*) Vd. poste de 6 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8518: Os nossos médicos (35): Mais nomes de clínicos do HM241 do meu tempo (J. Pardete Ferreira)


(**) Último poste da série > 16 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8560: Os nossos médicos (40): Em Junho de 2012, vou recordar mais coisas, no 15º encontro da malta do HM241 (J. Pardete Ferreira)

1 comentário:

António Pacheco Viana disse...

Embora não tenha sido militar, vivi na Guiné até aos meus 17 anos (1971) e sigo este blog com bastante interesse. O meu pai foi médico da Missão do Sono durante 20 anos (em Mansoa, Farim e Bissau) e éramos grandes amigos do Dr. Maurício e respectiva família (a esposa D. Maria de Lurdes e os filhos Milucha, Maurício, Rui e Susana). Os meus pais eram padrinhos de um dos filhos (Maurício, entretanto falecido)). Feito este enquadramento, gostaria de fazer 2 correcções. A esposa do Dr. Maurício não era anestesista, nem sequer médica. A D. Maria de Lurdes era professora e possuía um colégio particular em Bissau. E o Dr. Maurício só faleceu ontem (dia 27 de Fevereiro de 2014) e o funeral foi hoje (28/2/2014) no Cemitério Municipal do Pinhal Queimado, na Moita. Tive a oportunidade de me despedir desse grande homem e amigo, de uma generosidade a toda a prova. Parabéns pelo blog e espero que continuem com este excelente trabalho. Um abraço.