domingo, 1 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8188: As Nossas Mães (9): À minha Mãe, lembrada a cada momento (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa tertuliana Felismina Costa , com data de 26 de Abril de 2011:

Caro Editor e Amigo Carlos Vinhal, muito Boa-tarde!

Domingo, dia 1 de Maio, é dia da MÃE!

Mais uma vez aqui estou, para realçar outra efeméride, (se de efeméride se trata, uma vez que não tem data fixa).

Desta vez pretendo prestar a minha homenagem às nossas mães, mães, que de uma forma ou de outra, foram e são, modo geral, a base da família e por conseguinte da sociedade.

Muitas foram e são, grandes heroínas!
Lutaram e lutam contra diversas adversidades: incompreensão, miséria, mãos tratos, injustiça, doenças e guerras.

Homenageio na minha, todas as mães que, contra todas as adversidades, souberam e sabem proteger os seus filhos, e que, com o seu amor, são capazes de semear a esperança, e o gosto pela vida.

Carlos, se entender publicar... o meu obrigada.
Felismina Costa



(…À minha MÃE, lembrada a cada momento, lembrada ao longo do tempo, porque há muito que partiu, à minha Mãe, doce Mãe, que escondia o mal sofrido, e nos mostrava sorrindo, a alegria e o bem...)


Felismina Costa


(As flores, que ora te ofereço, minha mãe, são flores desta Primavera, da varanda do teu neto João, que se encanta nelas, como tu te encantavas).

Mãe!

Na véspera do fim
Disseste-nos um poema
Que começava assim:

(…Um ósculo de sol amanhecente
Raio de luz tremulante, feito vidas
Arrebatou, gota a gota, a fonte querida
Emula de força transcendente!

Agora, caí em pranto sobre a terra.
Fecunda a semente e a árvore robustece!
É sopro de vigor que se engrandece,
Cada vez mais, no mistério que encerra… etc, etc, etc…)

Desconheço o autor, mas… para ti o escreveu, pois te define, melhor do que eu!

PORQUE…

Um ósculo de sol, tu foste sempre
Iluminando as nossas pequenas vidas
E um raio de sol tremulante
Que esteve sempre à nossa beira,
Acarinhando, educando, formando,
Misteriosamente doce… e guerreira!

Emula de força transcendente?
Quem dúvida?
Ninguém! Creio…
Quem mais corajosamente
Fez o Natal estar presente em cada dia de vida?
Quem digeriu frustrações, doenças, dificuldades?
Quem trabalhou noite e dia
Sem olhar ao que fazia
Mas, ao que faltava fazer?
Quem fez a noite ser dia
Tantos dias, tantos anos?
Quem nos guardou os desenganos
Fechados a sete chaves?
Quem fez as dores suaves?
Quem rezou e fez promessas?
(promessas, que não cumpriu,
Porque a vida não lhe deu
O tempo para as cumprir)!

Quem benzia, as minhas dores de cabeça
Em nome de Santa Teresa?
E as minhas dores de barriga
Em nome de Santa Margarida?

Quem fazia os meus vestidos, dos tecidos,
Que a minha tia trazia,
Das terras por onde ia, dar aulas a outras crianças?

Quem me penteava os cabelos e punha uma fita
Todos os dias de manhã, quando ia para a escola?
E depois, quando eu chegava, olhava para mim e dizia:
Felismina! A tua fita?
E eu jogava a mão à cabeça… e não encontrava a dita…
Tinha ficado perdida, em qualquer sítio… no chão!
Mas… isso não tinha importância
- mais fita, ou menos fita!

E eu corria, e eu saltava, na minha liberdade infinda!
Pintei de oiro as flores!
Porque, apesar das muitas cores, que a Natureza lhes deu,
Eu via-as, mais belas ainda!

E à noite, quando cansada, eu chegava da jornada
Deste doce labutar,
Tinha em ti, o doce bálsamo…
Prontinha, para me tratar.
E eu dormia a noite inteira
Porque à minha cabeceira
Um anjo, estava a guardar!

E, no trabalho árduo,
Ao longo da vida, fecundaste as sementes!
(para além das carnais)
Fecundaste mais, mais e muitas mais
Sementes reais, que com a tua força
Se transformaram na nossa medrança
Que fez crescer segura, a nossa infância!

Tu própria, transformaste-te numa árvore robusta
E o teu vigor te engrandeceu!

Mas, chegaste ao fim!
Ao fim da jornada!
Doente, cansada.
Frustrada?
Não creio!
Tiveste os filhos,
Plantaste as árvores,
E o livro, MÃE… escrevo-to eu!

Orgulhosamente… sou a tua filha… Felismina.

Felismina Costa
Agualva 2005
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 21 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8147: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (12): Quero felicitar todos os 490 amigos desta cadeia, ligados por um denominador comum, a Guerra da Guiné (Felismina Costa)

Vd. último poste da série de 8 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7911: As Nossas Mães (8): O tempo passa depressa - Homenagem à Mulher, à Mãe (Juvenal Amado)

1 comentário:

Anónimo disse...

Que o ósculo de nossas mães deixe marcas nos nossos corações!

Obrigado Felismina!

A minha. De novo conseguio requalificar o seu menino chegado da guerra.

Passados vinte anos a esse menino que ela conseguio por duas vezes fazer homem, pediu:
Dá-me a tua mão!
Apertou e encostou no ombro do seu menino a cabeça, partindo para a eternidade.

Obrigado Felismina por estas coisas bonitas que nos diz.

Um beijinho como os que dava a minha Mãe.

Mário Fitas