terça-feira, 26 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8166: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (21): Saúdo o núcleo permanente de colaboradores que vem mantendo absolutamente impecável este grande projecto (Rui Ferreira)

1. Mensagem do nosso querido amigo e camara Rui Alexandrino Ferreira ou Rui Ferreira ( Cor Ref, que cumpriu uma comissão de serviço na Guiné como Alf Mil na CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67 e outra como Cap Mil na CCAÇ 18, Aldeia Formosa, 1970/72):

Data: 24 de Abril de 2011 15:27
Assunto: 7º aniversário do blogue (*)


Meu caro Luís,

Na tua pessoa saúdo o núcleo permanente de colaboradores que vem mantendo absolutamente impecável esse grande projecto em que se tornou o nosso blogue.

De igual forma saúdo todos que,  pondo de lado o comodismo, a preguiça e  até algum pudor, nos contam as suas vivências no evento que passou  à história com a designação de guerra colonial, de África, do ultramar, de libertação ou como lhe queiram chamar, mas que, tendo constituído o marco que influenciou a vida colectiva dos portugueses na segunda metade do século XX, constituiu a maior epopeia contemporânea de Portugal.

E por um lado é com um misto de gratidão e admiração que me refiro a quem troca horas de merecido repouso pelo trabalho, que se me afigura bastante mais complicado que possa parecer, por outro, em nome do que sinto ser opinião generalizada, aqui lhes peço que permaneçam firmes nos seus postos.

A necessidade de transmitir às novas gerações o que foi para a nossa a guerra colonial, a forma como a vivemos, como sobrevivemos,  o muito que penámos e sofremos, torna a vossa acção absolutamente fundamental.


Aos antigos combatentes da Guiné que hoje sentem na alma a frustração, o desencanto e a ingratidão duma pátria que não lhes reconhece os méritos, os sacrifícios, o muito que fizeram por aquelas terras e aquelas gentes, que continuem com o mesmo orgulho e com a mesma simplicidade e emoção a contar quanto por lá sofreram.

Não há do que ter vergonha, nem mesmo quando a ingratidão duma pátria que desses mesmos combatentes tem mais medo e vergonha que respeito e admiração, nem mesmo quando sentem nos corpos precocemente envelhecidos pela canícula que tudo queimava, pelas oscilações da temperatura nas noites passadas ao relento, debaixo de chuva, nem mesmo quando a tudo isso se juntava a má alimentação, a falta de água potável, a falta de instalações condignas, a desadaptação da hierarquia, a falta de armamento moderno em contraste com o que era usado pela guerrilha.

Durante treze sacrificados, penosos, duros e difíceis anos em que se arrastou, suportou o povo português, contra tudo e contra todos, uma guerra com meios que hoje poucos acreditam ter sido possível e muitos mais se recusam a admitir deixando incrédulo, estupefacto e contrafeito aquela parte do mundo que contra nós estava.

A minha homenagem ao soldado português que,  num misto de desembaraço, adaptação e desenrascanso.  mostrou na sua grandeza de alma todo o valor dum povo anónimo e humilde donde provinha, que deu provas duma imensa solidariedade, camaradagem e amor pelo próximo.

Que consigam continuar a contar o quanto por lá passaram duma forma autêntica pois todos os testemunhos nunca serão demais para contar a verdade.

Verdade que muitos teimam em não ver!

Parabéns a todos.

Um grande abraço,

Rui Ferreira
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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 P8165: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (20): O nosso Blogue serviu para colar partes da vida separadas pela guerra e que através dele se reencontraram (Pepito, AD- Acção para o Desenvolvimento, Bissau)

3 comentários:

admor disse...

Camarigo Rui Ferreira,

Folgo imenso ao ler o teu post. Primeiro porque parece que a recuperação vai em boa marcha.
Segundo pelo seu conteúdo.
Muita saúde!
Um grande abraço.
Adriano Moreira

Anónimo disse...

Boa peça!
Este texto é uma excelente síntese do que se pode esperar do blogue, a partir do que ele tem revelado sobre os eventos e suas interpretações; sofrimento, generosidade e sentiomentos, e as qualidades e os defeitos dos intervenientes na guerra.
Ao Rui Ferreira envio um abraço com votos de saúde.
JD

Anónimo disse...

Apoiado!

Um grande abraço, Rui A. Ferreira, o "verdadeiro" comandante da CCaç.1420 no dizer de um seu ex-fur milº, o meu amigo (e teu) Carlos Rios, já que o comandante nominal não seria mais que isso, nominal.

Força,camarada!

Manuel Joaquim ( ex. fur.milº CCaç1419)