quinta-feira, 17 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7955: O Nosso Livro de Visitas (108): Homenagem ao Marechal Spínola e ao 2º Sargento Leandro Vieira Barcelos, morto em Cufar (Padre Frei Nélio Leandro Barcelos / Mário Fitas)




Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763 (1965/66), Os Lassas  (abelhas selvagens) > A Secção de cães ... A esta subunidade pertencia o 2º sargento Barcelos, madeirense, morto na sequência de um ataque de abelhas (por trágica ironia) no decurso da Op Trovão, em 19 de Julho de 1965.

Foto: © Mário Fitas (2008). Todos os direitos reservados. 





1. Mensagem, com data de ontem, enviada pelo Padre Frei Nélio Leandro Barcelos

Prof. Luís Graça

Sou sobrinho de Leandro Vieira Barcelos, 2º Sarg Guiné, que morreu em Cufar (*). 


Vários sendas me ligam à Guiné: meu tio morreu lá, minha mãe deu-me o nome dele.
O meu avô comprou a casa que pertencera aos pais e, sobretudo, aos
avós do Marechal Spínola. Meu avô chegou a brincar com ele em criança quando veio à casa dos avós, no Porto da Cruz. Tenho contacto com duas primas legítimas de Spínola na Madeira e possuo fotos únicas do mesmo.

Sou franciscano e já tive um convite para ir à Guiné-Bissau em serviço, como padre.
Penso que este ano ou talvez no próximo poderei lá ir. Estive antes em Moçambique.
Vivi também na Madeira, com o Padre Francisco Rodrigues Macedo que viveu
cerca de 50 anos na Guiné. Trabalhou, sobretudo, no Ministério da Educação e foi Director do Liceu de Bissau, antes e após o 25 de Abril. Organizei uma bela homenagem na sua terra, Ponta do Sol, Madeira. 
Espero levar as fotos da exposição à Guiné-Bissau quando lá for.
Na Ponta do Sol, a Câmara financia livro sobre o mesmo.


No Porto da Cruz, a Junta de Freguesia também mostrou interesse em patrocinar livro sobre a ligação do Marechal Spínola àquela freguesia do norte da Ilha, onde passei os
melhores momentos da minha infância. Um dia gostaria de prestar um tributo à terra dos meus avós, resgatando estas memórias dos antigos. Tenho algumas entrevistas que realizei às pessoas mais antigas da freguesia.

Junto envio texto sobre o meu tio, se houver alguém que o tenha conhecido ou que tenha
fotos do mesmo gostaria que me contactassem.

Seria interessante se pudesse publicar algo nos 50 anos da morte do meu tio. Só por curiosidade, acabo de concluir redacção da tese de mestrado em bioética, com a temática: «O luto como questão bioética». Deverei defendê-la nos próximos meses em Braga. 

Grato pela atenção dispensada,
Fr. Nélio Leandro Barcelos, ofm

PS. Poderia fazer um resumo com foto do meu tio para colocarem no vosso blogue (**)



2. Segundo mensagem de do Padre Frei Nélio Barcelos:


 Assunto: Mário Fitas

Prof. Luís Graça:  Se possível, agradecia que me facultasse email do Mário Fitas que integrou companhia onde estava o meu tio. Creio que até dedica um dos seus livros, entre outros, ao meu tio. Gostava muito de contactar com ele para tentar reconstruir o puzzle. 
Muito agradecido, 


Fr. Nélio Leandro Barcelos, ofm


3. Comentário de Mário Fitas [, foto à esquerda quando jovem], a quem dei conhecimento do mail do nosso amigo Nélio:


Luís,


Fiquei chocado, pois o Barcelos fazia parte do meu grupo de combate.


Estou um pouco fragilizado, pois para além da idade me tornar bastante sensível, tenho um problema de visão no olho esquerdo o que me leva a grandes dificuldades a escrever e trabalhar com o computador.


O Barcelos era uma jóia de homem. Com um relacionamento extraordinário tanto com os colegas como com os soldados. Era daqueles que não deveria morrer, mas, para quem acredita Nele, só Deus sabe porque os chama para junto d' Ele.


Irei escrever ao Nélio Barcelos, a quem darei conhecimento deste e-mail e que se pode orgulhar do tio que teve.

Um abraço,

Mário Fitas
_____________



Nota de L.G.:


(*) Vd.  12 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4018: As abelhinhas, nossas amigas (3): As lassas e os Lassas: a colmeia-armadilha, a morte do 2º Srgt Madeira... (Mário Fitas)

(...) Pag. 94

Voltamos a Cabolol. O guia enviado pelo Batalhão garante-nos haver um novo Acampamento na mata de Cabolol.

Não encontramos nada, leva-nos ao antigo que verificamos continua destruído, desde a Operação Saturno de 10 de Junho. Dirigimo-nos para Cantumane que verificamos se encontra deserta.

Quando procedíamos à sua destruição, fomos violentamente atacados pelo IN que se encontrava emboscado na mata. Três ataques sucessivos, e aqui entramos em contacto com outro truque da Guerrilha: a utilização de abelhas.

Colocam os cortiços em locais estratégicos, fazendo fogo sobre eles, à nossa passagem. As abelhas lassas saem enfurecidas e desarticulam completamente as NT, ficando muita gente incapacitada para o combate.

A CCAÇ [763] sofre mais um ferido grave que não resiste. O sargento Madeira [, Leandro Vieira Barcelos, natural da Madeira, Porto da Cruz, Machico] não se aguentou e morreu no dia seguinte no Hospital Militar de Bissau [, em 19/7/1965]. Com picadas de abelhas e em estado grave, foram evacuadas mais três praças para o HM de Bissau. Acaba assim a operação Trovão. (...)

(**) Último poste da série > 16 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7953: O Nosso Livro de Visitas (107): Alguém desse tempo (1972 a 1974) se lembra do Cap Mil Joaquim Manuel Barata Mendes Correia?

1 comentário:

Anónimo disse...

Com um abraço "Cumbijanense" te desejo as melhoras e um pronto e rápido restabelecimento da vista.

Um abraço amigo

Vasco A. R. da Gama