terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7396: (Ex)citações (117): Transição da Soberania da Guiné, Idiotas e Ressabiados (José Brás)

1. Mensagem de José Brás* (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), com data de 6 de Dezembro de 2010:

Carlos, meu amigo
Junto-te aqui mais um texto, desgraçadamente mais uma vez, não de raiz de origem minha, mas enxerto em árvore de outro homem do pomar.
Naturalmente que espero que uses o espaço e o tempo para a edição de forma a que não ocupe eu o que é colectivo.

Um abraço
José Brás


TRANSIÇÃO DA SOBERANIA NA GUINÉ
Idiotas e Ressabiados


Sinceramente gostei da desassombrada franqueza do nosso camarigo editor do blogue, na declaração contida na sua entrada sobre o render da bandeira portuguesa em Mansoa.
E por ter gostado, transcrevo dela a parte que mais gosto e construo outra peça em três partes e um epílogo, garantindo desde o meu agradecimento e o abraço de camaradagem que nos une na Tabanca Grande


I.ª PARTE

Sou leonês, juro aqui solenemente, que sou leonês dos sete costados, fiel a Afonso VI; Rei de Leão e Castela, e com ele profundamente envolvido na luta pela expulsão deste meu território cristão que se estende desde as faldas dos Pirinéus, até ao extremo limite do mar Atlântico a Oeste e a Sul, após dezenas de batalhas e escaramuças com primos e irmãos pela posse e domínio completo desta nossa Hispânia imperial, junta no esforço e no sangue de tantos heróis guerreiros e legitimamente una sob a bandeira de nosso reino e de nosso senhor.

E crendo nisso acima de todas as coisas, crenças e pretensões, revolta-me, irrita-me e desgosta-me profundamente, ler e ouvir tanto dislate e tanta burrice em inúmeras declarações de chamados portucalenses, que, ou são ignorantes, ou são ressabiados e, ou, fantoches apalhaçados de certas filosofias estrangeiras, querelas entre bispos e chefes de condado, separadores daquilo que a nossa luta havia juntado com tanto sacrifício.


E se os idiotas estão perdoados por motivos óbvios, já o mesmo não se pode dizer dos ressabiados que com as suas serventias lacaias, deturpam factos e acontecimentos que, de algum modo, podem vir a ser fatais à honestidade, lealdade e veracidade que se exige nos registos paginais que a esta matéria são, e serão, dedicadas na História de Leão e Castela.


II.ª PARTE

Juro que sou sarraceno, árabe crente profundo do islão, cavaleiro servindo desígnios de Tárique e no esplendor de seu nome, o tarifado Al-Andaluz, território que se estende desde os limites das Astúrias até até ao extremo limite do mar Atlântico a Oeste e a Sul, após dezenas de batalhas e escaramuças entre irmãos árabes e Califas pela posse e domínio completo destas terras nossas por conquista a duras custas em sangue e morte que são parte integrante e natural da expansão muçulmana pelas terras a norte de nosso mar.

E crendo nisso acima de todas as coisas, crenças e pretensões, revolta-me, irrita-me e desgosta-me profundamente, ler e ouvir tanto dislate e tanta burrice em inúmeras declarações de seguidores do visigodo Pelagio que, ou são ignorantes, ou são ressabiados e, ou, fantoches apalhaçados de certas filosofias de cruzados estrangeiros e cristãos, assaltantes de nosso território sagrado e do islão profundo.

E se os idiotas estão perdoados por motivos óbvios, já o mesmo não se pode dizer dos ressabiados que com as suas serventias lacaias, deturpam factos e acontecimentos que, de algum modo, podem vir a ser fatais à honestidade, lealdade e veracidade que se exige nos registos paginais que a esta matéria são, e serão, dedicadas na História de meu povo sarraceno e de meu Deus supremo.



III.ª PARTE

Nobre romano me confesso, comandante de legiões que atravessaram e conquistaram largos territórios, dominando gálios e saxões, subindo e descendo serras até essa longínqua Ibéria que se estende dos cumes pirenaicos até ao extremo limite do mar Atlântico a Oeste e a Sul, após dezenas de batalhas e escaramuças com povos bárbaros, Tartessos, Cónios, Celtas e, sobretudo, com uma aguerrida tribo de lusitanos comandados por Viriato, consolidando a Oeste o vasto e natural e amado Império Romano.

E crendo nisso acima de todas as coisas, crenças e pretensões, revolta-me, irrita-me e desgosta-me profundamente, ler e ouvir tanto dislate e tanta burrice em inúmeras declarações de seguidores dos povos do Islão que, ou são ignorantes, ou são ressabiados e, ou, fantoches apalhaçados de certas filosofias africanas e de deuses estrangeiros e pagãos em prejuízo de nosso direito territorial e de César.

E se os idiotas estão perdoados por motivos óbvios, já o mesmo não se pode dizer dos ressabiados que com as suas serventias lacaias, deturpam factos e acontecimentos que, de algum modo, podem vir a ser fatais à honestidade, lealdade e veracidade que se exige nos registos paginais que a esta matéria são, e serão, dedicadas na História de Roma Imperial



FINAL

Eu Português me confesso, transmontano, beirão, algarvio, descobridor de novos mundos, cruzador de mares e de terras, pioneiro, bandeirante, pacificador de negros e de índios, construtor do vasto Império que se estende da Península Ibérica pela costa de África, pelo Oriente até à longínqua Índia e pelo Poente ao Brasil e outras partes, com o extremo sacrifício da Coroa portuguesa, de marinheiros, cavaleiros e infantes; pela dor e morte de tantos e tão ousados heróis, submetendo terras, povos e bens ao domínio português e ao ensino do cristianismo.

E crendo nisso acima de todas as coisas, crenças e pretensões, revolta-me, irrita-me e desgosta-me profundamente, ler e ouvir tanto dislate e tanta burrice em inúmeras declarações de seguidores dos povos das colónias, que ou são ignorantes, ou são ressabiados e, ou, fantoches apalhaçados de certas filosofias de liberdade e do direito dos povos, de Tiradentes e do Imperador D. Pedro, da rainha Ginga, de Gungunhana e tantos traidores aos supremos e naturais direitos da Corôa portuguesa sobre estas terras de Vera Cruz, Moçambique, Goa, Damão e Diu, Angola e Guiné.

E se os idiotas estão perdoados por motivos óbvios, já o mesmo não se pode dizer dos ressabiados que com as suas serventias lacaias, deturpam factos e acontecimentos que, de algum modo, podem vir a ser fatais à honestidade, lealdade e veracidade que se exige nos registos paginais que a esta matéria são, e serão, dedicadas na História de Portugal.


Devo esclarecer que me dei a este trabalho desajeitado e historicamente não muito rigoroso e sem preocupação com o rigor histórico, apenas porque fiquei sem saber em que faixa me cabe, se a dos idiotas, se a dos ressabiados, desorientação que a mim muito penalizaria por aqui estar sem astrolábio, nem sextante, nem bússola, nem GPS.

Ao Magalhães Ribeiro, ao menos pela sua franqueza, pretendo homenagear e abraçar como camarigo e amigo para sempre, sejam quais forem as diferenças que aparentemente nos separam sobre esta questão…apenas.

José Brás

OBS:- Negritos e itálicos da responsabilidade do editor
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7389: (Ex)citações (116): Ainda os Mig... e outras coisinhas (José Brás)

8 comentários:

Anónimo disse...

Esclarecimento

Só depois de enviada a peça ao camarigo Carlos Vinhal, descobri o erro cometido pela troca dos Pirineos pelos Alpes.
Solicitei-lhe a correcção antes que da edição, porém, por razões que me escapam, não foi realizada e aparece aqui com "alpinos" e "Alpes" em vez de pirenaicos e Pirineos
José Brás

Carlos Vinhal disse...

As minhas desculpas ao camarada José Brás por não me lembrar do seu pedido de correcção.
Carlos Vinhal

Anónimo disse...

Excelente texto(ensaio sobre a lucidez?!).
Camarigo Zé Brás!

Estou contigo,(não significa isto que esteja contra alguém, especialmente dentro da n/Tabanca),mas que assino por baixo do que discorreste, ai disso não me restam a mim , quaisquer dúvidas. E não assino por vassalismo, ou por "disciplina de voto" parvo e anacrónico, para não dizer outra coisa. Assino porque gostei, e porque,... porque, eu não o conseguiria dizer assim, mas é o que eu gostaria de ter dito. Só me resta uma dúvida! È que eu, nascido na Taifa de Badajoz, se calhar tal como muitos da n/Tabanca, (inclusive se calhar tu)
não sei muito bem em qual das nacionalidades,(nacionalismos?)me
alistarei?. - Se calhar na parte II(a dos Árabes).
Mas, e agora a sério, tão PORTUGUESA como as demais.

Francisco Godinho
C.Caç. 2753(Açoreana, a do V.Junqueira).

Torcato Mendonca disse...

Valerá a pena, camarada J.Brás?

O escrito é bonito, bem delineado, agradável na leitura.
Escreves bem e assim deves continuar. Cada vez melhor claro.

Mas...não repito a frase - primeira.

Mando um abraço T

manuelmaia disse...

Zé Braz,
Muito obrigado por esta lufada de ar fresco,que emprestaste ao blog através de um escrito verdadeiramente qualificado, satírico quanto baste.
abraço
manuelmaia

Anónimo disse...

Zé Braz

Eh! Eh! Eh! Eh!....
Daqui te cumprimenta este descendente de judeus (dos dois lados),nascido ao lado das terras que foram as fronteiras do Reino de Leão.
Mas que interessa isso... reinos há (houve!) muitos.
Alberto Branquinho

Manuel Joaquim disse...

Meu caro Zé Brás

Gostei, gostei mesmo muito, se é que tem algum interesse esta minha confissão.

Um abraço

antonio graça de abreu disse...

Tudo isto é triste, tudo isto é fado!
O fado do esquerdismo anacrónico, fora do tempo, a tentar deglutir a História. Mas cada um é como muito bem entende.

Abraço,

António Graça de Abreu