sábado, 13 de novembro de 2010

Guiné 63/74 – P7277: Controvérsias (110): O que era ser ranger entre 1960 e 1974? (3) (Pedro Neves, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 4745/73)


1. O nosso Camarada Pedro Neves, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 4745/73 - Águias de Binta,
Binta, 1973/74, enviou-nos, com data de 10 de Novembro de 2010, a seguinte mensagem:

Camaradas,
Depois de ler os textos dos Rangers (uma vez Ranger… Ranger para sempre!) José Gonçalves e Magalhães Ribeiro (Grande Amigo), devo dizer que estou de acordo com o pensamento deles e demais camaradas, sobre o treino operacional que nos era ministrado, em Penude-Lamego e devo esclarecer o seguinte:
- Fui colocado na C.CAÇ. 4745-Águias de BINTA e quando cheguei e me apresentei na mesma, já o I.A.O (Instrução de Adaptação Operacional) tinha acabado, tendo seguido dois dias depois, para Binta, sem conhecer praticamente ninguém, fui colocado no 4º pelotão de combate e como se sabe os pelotões eram formados desde os alferes, furriéis, cabos e soldados, por ordem de classificação, sendo 1º pelotão, os elementos que melhores classificações tiveram durante a especialidade e os restantes pelotões formados pela mesma ordem.
- Fui colocado no 4º pelotão, por duas razões:
1ª- Eu era o furriel mais novo da CCAÇ, porque todos os outros eram do 3º turno e eu era do 4º de 72, apesar da minha nota de fim de curso de Operações Especiais ser superior à dos outros camaradas furriéis.
2ª- Fui colocado no 4º pelotão, com o pedido do Comandante de Companhia, Cap. Capucho, de incutir disciplina no grupo, uma vez que era formado com operacionais com as notas mais baixas da especialidade e citando as palavras dele, era o pelotão dos “básicos”.
3º- Verifiquei ser verdade, porque na primeira saída do meu grupo, iam aos pares, falavam alto, riam e mais parecia que iam para uma romaria.
4º- Falei com o Alf Mil Pimenta e com os Fur Mil Andrade e Rebelo e demonstrei, sem grande alarde, como se deveria actuar no mato. Devo dizer que aceitaram de bom grado tudo o que tinha aprendido no curso de Operações Especiais. Pouco tempo depois, actuávamos como um autêntico grupo de combate e a nossa amizade nunca foi beliscada, por eu ser de Operações Especiais e em cada Cabo e Soldado, tinha um amigo (e ainda tenho).
5º- Devo acrescentar que com dois meses de comissão, o Furriel Andrade foi evacuado, ferido na viatura que rebentou uma mina anti-carro e cujo condutor faleceu, o Furriel Rebelo (já falecido), foi destacado para tomar a responsabilidade das minas e armadilhas de protecção do destacamento, isto já em Polibaque, sector de Mansoa, destacamento de apoio à construção da estrada Jugudul-Babadinca (não havia população junto de nós), o transmissões, 1º Cabo Manteigas, do meu pelotão, ficou a tomar conta do gerador do destacamento, porque era electricista, antes de ir para a “tropa” e o Alf Mil Pimenta esteve durante alguns meses com problemas de saúde, em Bissau, no Hospital Militar. Fiquei sozinho a comandar o meu pelotão e era ao mesmo tempo o homem das transmissões. Assumi sem problemas e só cá para nós, preferia ser eu a andar com o AVP-1 (banana), assim sabia de tudo, em 1ª “mão”.
6º- Devo acrescentar que na CCAÇ 4745, só tínhamos, desde a formação da mesma, o Alf Mil Louro e eu furriel, como graduados de Operações Especiais, sendo o Alf Mil Louro do 1º pelotão e 2º Companhia de Companhia.
7º- Tudo isto para vos transmitir, que assumi sozinho, o que acabei de relatar e independentemente de outros terem, eventualmente feito o mesmo, ou mais e melhor, sem serem de Operações Especiais, entendo que o que aprendi em Penude, me foi bastante útil e é com muito orgulho, que posso gritar: “RANGER… YÁÁÁ!!!”.
Só quem passou por lá, sabe dar o real valor à palavra RANGER e ao seu significado!!!
Cumprimentos a todos os membros do Blogue e em especial aos aniversariantes do mês de Novembro e restantes camaradas.
Um abraço,
Pedro Neves
Fur Mil OpEsp/RANGER da CCAÇ 4745

__________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:

3 comentários:

JOSE CASIMIRO CARVALHO disse...

YAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!


J Carvalho
OP/ESP

Joaquim Mexia Alves disse...

Assino o comentário do José Casimiro

Um grande abraço

Jaime Rebelo disse...

Amigo e Camarada Neves. Quem escreve é o Rebelo, desculpa só agora, depois destes anos "ressuscitar", mas nunca me dei bem com estas coisas das redes sociais, no entanto não morri e estou bem vivo da Costa. Hoje vivo na zona de Ferreira do Zêzere e poucas coisas tenho comigo desses tempos da nossa guerra. Fica aqui o meu contacto para futuras conversas, se ainda fores vivo. Um grande abraço.

Jaime Rebelo, Furriel Miliciano 184933/72
O meu contacto - jaime.rebelo@kanguru.pt