sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P7001: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (3): A(s) Disciplina(s): Ser ou não ser... disciplinado, eis a questão


Foto 1 – Alpendre na margem do Cacheu frente a Farim onde os passageiros aguardavam a jangada ou o autocarro. Serviu de abrigo ao meu pelotão [, da CCAÇ 675,]quando fui ali “testa de ponte” durante uma semana.

Fotos (e legendas): © Belmiro Tavares (2010). Todos os direitos reservados.


A (s) Disciplina (s): Ser ou não ser disciplinado... eis a questão!
por Belmiro Tavares

A Disciplina é dos temas mais abundantemente badalados, quer na vida civil, quer na vida militar; mas há sempre algo mais a acrescentar a este fundamental tema inesgotável.

A Disciplina encontra-se – devia encontrar-se – em todo e qualquer local onde haja seres humanos: em casa, na escola, no local de trabalho, na rua, nos transportes etc. Ela é inerente – devia sê-lo – à convivência entre os humanos; até entre os ditos irracionais ela está, em muitos casos, notoriamente presente. Ela aparece com frequência tão intimamente ligada às pessoas que por vezes se confunde, intencionalmente ou não, com autoridade, obediência, educação; é, por vezes, conotada com ditadura e similares. Pontos de vista!

Em qualquer ramo da actividade a disciplina é imprescindível; ela é a base do respeito mútuo, da união do grupo e inter-grupos; ela é, enfim, a semente do triunfo.

Não é possível progredir em direcção à qualidade (tão badalada nos nossos dias), ser bem sucedido, sem que todos os envolvidos no processo sejam devidamente ou minimamente disciplinados.

Se é assim na vida civil, na vida militar, especialmente em tempo de guerra, a disciplina é, com toda a certeza, a principal âncora para aceder à vitória. As nossas vidas estão permanentemente vigiadas, bem de perto, pelo perigo; a morte está sempre atentamente à espreita, aguardando um passo nosso mal medido ou distraidamente levado a cabo para nos "embrulhar" no seu tenebroso manto escuro.

A Disciplina é aqui tão boa companheira (ou quase) como a própria espingarda à qual os nossos briosos e corajosos soldados, mui carinhosamente, chamavam "a minha Maria".

Unidades bem equipadas, bem treinadas, não serão bem sucedidas se não forem também intensamente disciplinadas.

A Disciplina é sempre (ou quase sempre) imposta – pode também ser auto-imposta – mas só é verdadeiramente bem aceite pelos subordinados quando:

(i) Eles confiam plenamente na chefia;

(ii) Acreditam piamente no que lhes é transmitido;

(iii) O chefe sabe usar a "linguagem" dos seus subordinados ou, no mínimo, sabe fazer-se entender plenamente;

(iv) O chefe usa o próprio exemplo para ser melhor entendido e, consequentemente, obedecido.

Estes princípios são no mínimo uma boa maneira de adoçar a pílula. Todos conhecemos casos como os que aqui vamos citar:

- "É assim porque eu quero!"

- "Aqui quem manda (o chefe) sou eu!"

- "A Lei está na ponta da minha caneta"! frase célebre dum Ministro não menos celebre (badalado) do tempo da outra senhora.

- "Tens de estar a horas na formatura (ou no trabalho) porque eu quero dormir mais uns minutos!"

Isto não é disciplina nem a ela conduz; é arrogância; é uma forma de ditadura implícita, talvez camuflada... a caminho do terror.

Vou citar alguns exemplos; juro que só transmitirei puras verdades:

1 – Em fins de Abril 1966 uma companhia é enviada de Bissau para Farim (através do Oio) totalmente desarmada! Seguia em viaturas da Intendência e só os condutores dessas viaturas levavam as suas espingardas.

De notar que esta estrada (Bissau/Farim) esteve "interdita ao Turismo" (trânsito de viaturas) durante aproximadamente dois anos, especialmente Mansabá/Farim.

É certo que havia Tropa nossa ao longo da estrada; o inimigo, porém, podia colocar-se a escassos metros da berma e disparar livremente sobre a coluna desarmada provocando os costumeiros estragos.

Que aventura! Que falta de respeito pelas vidas dos outros!

2 – Um alferes estava "agarrado" a uma nativa; minutos volvidos dá uns tabefes a um soldado que, a poucos metros, também "massajava" uma negra!

3 – Um alferes pede a outro que o substitua no comando do seu pelotão numa batida em zona perigosa, porque "estava muito mal disposto". Quem não estaria mal disposto sabendo que ia participar num petisco daqueles?!

Alguns soldados seguiram o exemplo do chefe, não comparecendo na formatura. O alferes "substituto" entendeu não dever sair para o mato com apenas oito ou dez soldados e três ou quatro furriéis.

O alferes mal disposto procurou logo os faltosos e obrigou-os a comparecer na formatura. Dois soldados, porém, não foram encontrados e ficaram no aquartelamento.

O alferes mal disposto agrediu-os fisicamente várias vezes durante a madrugada e participou deles: embrulhou-os numa folha de papel azul de 25 linhas.

O comandante de companhia (interino) nem pestanejou e, sem qualquer averiguação, castigou os faltosos com a pena máxima da sua competência; o comandante de batalhão também aplicou o máximo e o comandante do Agrupamento (16?) seguiu os exemplos anteriores: cada soldado "levou" trinta dias de prisão disciplinar agravada sem ter direito a ser ouvido para poder defender... o indefensável (?)

O capitão voltou à sua companhia e, ao ler o texto da participação, comentou:
- Está tudo doido! Só em Conselho de Guerra estes soldados podiam ser castigados!

Estes soldados foram severamente castigados (em parte injustamente), porque... seguiram o exemplo do seu alferes.

Os castigos existem... e devem ser aplicados quando tal se torne imperioso, mas é fundamental (obrigatório) averiguar os porquês de qualquer acto. Soldado também é gente!

Foto 2 – O autor deste texto e o seu guarda-costas, Gregório, em plena selva.


Parte II > Uso do Capacete no "mato"

A nossa comissão arrastava-se penosamente para o seu fim com uma lentidão bovina insuportável (quase) que enervava e exasperava toda gente e tirava do sério o mais (e o menos) pintado.

Alguns soldados começaram a entregar (fazer espólio) parte dos artigos que lhes haviam sido distribuídos, especialmente o capacete por o considerarem já dispensável.

Perante esta situação, e porque eu entendia que o capacete devia ser sempre usado, transmiti aos meus soldados que o capacete continuava a ser obrigatório em todas as saídas - era parte integrante do equipamento. Seria uma boa protecção para a "tola" principalmente contra estilhaços de granadas que na Guiné eram abundantemente utilizadas pelos independentistas..., e não só:
- Façam como eu!,  nas zonas que considero menos perigosas, penduro o capacete nas cartucheiras; nas zonas menos seguras, coloco-o na cabeça; em caso de dúvida... vai sempre na cabeça!

Como qualquer Lei deve conter em si a punição pelo seu não cumprimento, estipulei que seriam aplicados três "reforços" de castigo aos infractores.

[Nota: Quero deixar aqui registado que em quase nove anos de serviço militar, como oficial, só castiguei um soldado à Ordem – no Colégio Militar – porque violou a minha correspondência, assenhoreando-se dumas magras notas cujo montante – ele sabia – se destinava a custear lápides para as sepulturas dos nossos 3 mortos em combate e dum que entretanto morreu cá num acidente. Castigos não à ordem... foi o que calhou!].

O tempo ia rolando mansamente! Um dia, em pleno mato, detecto sem capacete o meu guarda-costas, de seu nome António da Silva Gregório, soldado nº 1887, nado e criado em Marinhais, Salvaterra de Magos, onde ainda reside.
- Onde está o capacete? - perguntei.
- Já o entreguei! - respondeu o soldado com quem eu repartia sempre a ração de combate e que tomava a seu cargo a limpeza da minha espingarda.
- Já sabes qual é o castigo!

A pena foi cumprida!

Volvidos perto de trinta anos o Gregório almoçou mais uma vez em minha casa no Porto Alto. Depois do almoço, estava ele, a cavaquear com um dos meus amigos ali presentes. Eu estava "com um olho no burro e outro no cigano", e ouvi o Gregório dizer:
- O nosso alferes era um "gajo porreiro" mas castigou-me e eu era seu guarda-costas!

Interferi logo na conversa convidando-o a relatar como tudo tinha acontecido. Ouvido o relato completo e cabal dos acontecimentos, retorqui:
- Não sei se sabes que dessa vez eu fui... injusto!

O Gregório, com ar malandro, sorriu de orelha a orelha e eu continuei:
- Se eu soubesse o que vim a saber uns dias mais tarde, tu terias levado não apenas três... mas pelo menos seis "reforços" de castigo. Tu eras o meu guarda-costas e sendo o soldado da minha inteira confiança, tu traíste essa confiança; além disso agiste premeditadamente: quiseste experimentar se eu te castigava e até fizeste apostas com alguns elementos do nosso pelotão. Eu fui injusto... por defeito e a ti saiu o tiro pela culatra!

Há dias telefonei-lhe a informar que ia escrever sobre este assunto ao que ele, rindo, perguntou:
- Ainda te lembras disso?!

Foto 3 – Coluna militar em movimento.


Parte III > Salvo pelo capacete

O que atrás foi relatado sobre o uso obrigatório do capacete dizia respeito apenas ao meu pelotão e a quem, por qualquer motivo, saísse comigo para o mato.

Os nossos grupos de combate não incluíam telegrafistas, telefonistas, condutores nem enfermeiros. Sempre que havia uma saída, o oficial "requisitava" aos chefes daquelas especialidades o pessoal e o equipamento tidos por necessários.

Na madrugada do dia 3 de Dezembro de 1965, dois Gr Comb iam tentar localizar e destruir um acampamento inimigo existente (segundo informações) na zona da companhia de Farim a qual fazia parte do BArt 733. Um Tenente/Capitão/Major (nesta data comandava interinamente o batalhão) "colocou" com os seus galões o dito acampamento na zona da minha companhia; pelo "peso dos galões" fomos "persuadidos" a atacar e destruir o dito e os "donos" da zona ficaram no bem bom. Nada mau!

De nada valeram os nossos argumentos fundamentados que o acampamento estava fora da nossa zona. Até ouve ameaça de prisão! Nós éramos adidos (e mal pagos), éramos os filhos bastardos do batalhão 733!

Só a muito custo conseguimos o direito de escolher a data da actuação e seguir o percurso que considerássemos mais conveniente.

No dia aprazado íamos partir para a zona de Sanjalo no cumprimento da missão. A coluna estava pronta. A poucos minutos da partida apercebi-me que o 1º Cabo R.T. condutor-auto nº 2681, José Miranda Pereira, um minhoto puro, não tinha capacete, porque... já havia efectuado a sua entrega.

Falei-lhe com certa rispidez, ordenando:
- Nem tu sais sem capacete... nem eu atraso a saída por tua causa! Desanda!

O telefonista saiu em corrida; voltou dentro do horário e devidamente equipado. Partimos. As viaturas largaram-nos em Temanto (cerca de 10km do quartel) e seguiram para Farim onde aguardavam ordens para ir ao nosso encontro. Pretendíamos assim demonstrar ao comando do BArt 733 que o dito acampamento se localizava mais perto de Farim que do nosso aquartelamento... e na zona deles.

Umas horas depois de largar as viaturas fizemos uma "visita de cortesia" ao inimigo e fomos mal recebidos (a ferro e fogo) no tal acampamento clandestino (mais de 500m fora da nossa zona). Tivemos três feridos,  um dos quais, o fur Rodrigues, foi transportado em maca improvisada durante cerca de 5km, através da mata muito densa, até à estrada Dungal/Farim, onde o heli podia aterrar.

O heli partiu com o ferido a bordo em direcção ao HMP 241 em Bissau. Nós tomámos lugar nas viaturas que entretanto haviam chegado.

Iniciado o regresso, como habitualmente, tirei do bolso o meu pão que não comi ao pequeno almoço (meio casqueiro) e comecei a comer. Como de costume logo os meus soldados me pediram uma "bucha" que ajudaria a engolir um gole de água (se ainda restava!) para aguentar melhor o percurso (perto de 30 km) até aos nossos aposentos.

O 1º cabo Miranda Pereira dirigiu-se-me nos seguintes termos:
- Oh meu alferes, hoje também tenho direito a uma naco do seu pão!
- Enquanto houver, dá sempre para mais um, mas ninguém tem direito ao meu pão!
- Veja isto, meu alferes!

E mostrou-me o capacete todo "arranhado" no cocoruto; havia um sulco com cerca de 4cm de comprimento e 1mm de fundo além de outros mais pequenos. O tecido envolvente tinha desaparecido daquela zona – cerca de 10cm de diâmetro.
- Que foi isto?!
- Quando entrávamos no acampamento vi uma granada no ar e lancei-me ao solo; ela embateu no capacete e explodiu estrondosamente; fiquei um pouco atordoado mas... nada de grave... já passou!
- Vejam isto! - disse eu mostrando o capacete aos meus soldados:
- Este bom malandro se não tivesse sido obrigado a usar o capacete, a esta hora, estaria já a bater à porta de S. Pedro!

Este telegrafista nunca compareceu às nossas reuniões anuais, porque... emigrou para França onde viveu cerca de 40 anos.

Falámos ao telefone muitas vezes. Em meados de 2004 disse-me que havia construído numa vivenda em Mindelo, Vila do Conde; que nesse ano vinha viver definidamente em Portugal e que nunca mais faltaria às reuniões da nossa companhia. Faleceu em fins de Abril do ano seguinte, 2005... por acaso no dia do meu aniversário.

Como escreveu o poeta: "Vejam agora os sábios na escritura/ que segredos são estes da natura!"

P.S.: Em Dezembro 2009, o Jero, o Moreira e eu, acompanhados pela viúva do Miranda Pereira, colocámos na sua sepultura numa lápide em nome da CCaç 675. Nesse mesmo dia colocámos mais cinco lápides noutras tantas sepulturas de companheiros nossos de entre o Douro e o Minho. Destes só um morreu na Guiné.

Quem mais procederá como nós?!

Será só a CCaç 675?! Haverá outros casos idênticos?! Gostaria de saber se somos caso único! Digam de vossa justiça!

Agosto de 2010

Belmiro Tavares
Ten Mil Inf

[Revisão / fixação de texto: L.G.]
____________

Nota do Editor

Vd. último poste de 25 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5709: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (2): A(s) guerra(s) e a(s) maneira(s) de a(s) fazer

7 comentários:

José Marcelino Martins disse...

Caro Belmiro, aqui vai o meu comentário.

Parte I Apesar do nosso blogue já ter mais de 2.000.000 visitas, não creio que alguma seja de governantes e/ou quadros superiores. Fazia-lhes bem ler estas frases. Não há dúvida que o "exemplo" é uma virtude.

Parte II - A imposição de "castigos pela falta de material e/ou atenção" devia ser regra. Aqui neste cantinho a "culpa morre sempre solteira".

Parte III - Por a culpa morrer sempre solteira, é que muitas vezes não há a possibilidade de apresentar "exemplos" pelo não cumprimento das regras. Quando se faz qualquer coisa, ou se arranja forma de dar a volta ou se criam excepções. É a mesma coisa de "Se não quero cumprir a lei, altera-se"

Quanto à pergunta final, não sei de nenhum caso igual ao da 675.
No caso da minha CCaç 5 (3ª CCaç no teu tempo) por ser africana e de rendição individual, só há pouco tempo nos começamos a comunicar, tendo havido apenas dois encontros em 36 anos.

Abraça-te o

José Martins

Luís Graça disse...

Belmiro:

Em boa hora entraste pela nossa Tabanca Grande adentro, como o vulgar, anónimo, turista entra nos teus hotéis à procura de um quarto com vista para a cidade...

É claro que já cá estava o Jero, mais uma razão para te sentires plenamente em tua casa... E em boa hora regressas aos teus escritos, com um belo naco de prosa, e as tuas ainda preciosas lições sobre a arte de comandar homens...

Ao ler o teu texto, lembrei-me de "A arte da guerra", do general chinês Sun Tzu (que viveu entre 544 a. C. - 496 a. C.)... É hoje um clássico do pensamento estratégico e da gestão... E lembrei-me da importância que ele atribui à disciplina... Devíamos, de resto, repensar a acção das NT no TO da Guiné, entre 1963 e 1974, à luz dos ensinamentos do Sun Tzu...

Quanto ao caso da tua CCAÇ 675, tenho a dizer-te que deve ser, se não único, pelo menos raro: vocês continuam a ser um verdadeiro clã, uma grande família... Acho que mereciam ser um "case study", um "estudo de caso"... Fica a sugestão para os nossos jovens investigadores, estudantes de doutoramento, etc.... E a propósito, já foi o vosso encontro anual, este ano ?

Tenho o compromisso de ir ao "terroir" do Jero, Alcobaça, este ano, por ocasião da XII Mostra Internacional de Doces Conventuais que deve ser em meados de Novembro...

Haveremosa de nos encontrar. Um Alfa Bravo. Luis

mario gualter rodrigues pinto disse...

Caro Camarada

Pois! Pois! a disciplina era importante, mas quem a devia administrar com actos e exemplos, era o primeiro a ser indisciplinado.

Sempre me ensinaram que os exemplos e a disciplina devia vir de cima, mas poucos foram os casos referenciados porque a maioria era por imposição dos galões ou divisas.

Os superiores que primavam pela auxencia das ZA, que disciplina ou exemplos poderiam dar ás tropas.

No fim da comissão numa das raras visitas de Oficiais superires à nossa unidade. Houve um Sr. Coronel de Bissau que foi a Mampatá e quiz castigar a minha Companhia por se apresentar na formatura de camuflados velhos, rotos e de botas de borracha todas gastas.
Era o que havia.

Aos berros chamou-nos um bando de maltrapilhos.

Se calhar julgava que estáva nalguma parada dum qualquer quartel da Metrópole.

Estes eram os Senhores que impunham a disciplina não pelos seus feitos mas pelo seu poder.

Ainda hoje se o chefe diz uma bacorada ou faz asneira, toda a gente se ri. Se for um subordinado é um ordinário se fizer asneira levanta-se um processo disciplinar.


Um abraço


Mário Pinto

Anónimo disse...

Kamarada, Amigo e Irmão da 675

É um dia grande "ver-te" no nosso blog e uma emoção especial ler "coisas" em que eu estava por perto.
Subscrevo os comentários anteriores e tal como o Comandante Luis Graça bem gostaria de te ter mais vezes no nosso blog.Ao menos uma por mês...Afinal é só um caso de maior disciplina... para "molhar a pena" com mais regularidade.
Abraço fraternal do JERO.
PS- Os Doces Conventuais de Alcobaça devem realizar-se no 3º. fim de semana de Novembro. A seu tempo informarei do "tempo" exacto.

Luis Faria disse...

Caro Belmiro

Um tema interessante este da Disciplina e se me permitem vou aproveitar o espaço e mandar uns, poucos, "bitaites"!


Uma Força Militar implica necessariamente disciplina e obediência à hierarquia. Sem estes dois pilares ,não é uma FM e antes um bando de militares .

A verdadeira disciplina incute-se, aprende-se, apreende-se, treina-se , exerce-se e não deve ser imposta.

Não deve ser estática e sim evolutiva.

Ela está na base da segurança colectiva e individual das F. Militares, em especial dos Operacionais.

A sempre famigerada “ordem unida” é uma das bases da aprendizagem de disciplina

Autoridade e disciplina…não são o mesmo! Uma FM (como tal disciplinada) dispensa a autoridade e segue a hierarquia de comando, que poderá ter que a exercer.

Uma hierarquia que dê o exemplo e a saiba exercer, tem a confiança dos seus homens.

A disciplina é contagiante, a indisciplina é contagiosa e perigosa.

Disciplina e a hierarquia não deverão significar afastamento e sim complementaridade na proximidade pessoal.

Uma “palada” a um superior que a ela tenha direito, é um acto de disciplina e de respeito (no meu tempo, se não se tivesse respeito pelo superior, tirava-se a “cobertura “ da cabeça!!) pelo que a patente superior deve saber merecê-la. Muitas vezes aconteceu e/ou foi exigida debaixo de fogo!

Não me vou alongar mais neste meu conceito adquirido e aplicado tanto nas bases como nas matas e que nos terá poupado a muitos dissabores!

Um abraço
Luís Faria

Hélder Valério disse...

Caro camarada Belmiro Tavares

Um post cheio de fôlego!
Abordas nele vários aspectos que, por si só, podiam ser assuntos independentes e tratados cada um em seu artigo próprio.
Assim dificultas o comentário pois são vários os aspectos que se podem considerar, embora o de maior destaque seja o da 'disciplina'.

Tudo o que referes é bem verdade, não o vou repetir, mas é bom que o tenhas escrito até para que seja mais evidente a necessidade da 'disciplina'.

Os acontecimentos à volta do capacete são também interessantes e didácticos.

Já conhecia as histórias do Jero, que aprecio, fico agora a aguardar as que se irão seguir por um novo 'contador de histórias' da CCaç. 675.

Um abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Citando:"Uma hierarquia que dê o exemplo e a saiba exercer tem a confianca os seus homens". Tirando a maioria das tropas especiais,e algumas honrosas excepcoes,por onde andaria? Um abraco.