segunda-feira, 19 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6761: (in)citações (2): Mais duas músicas do tocador de harmónica de Guileje (Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento)


Guiné-Bissau. Região de Tombali. Guileje. Tocador de Harmónica. Antigo milícia, ao tempo do abandono do aquartelamento pelo Exército Português, em 22 de Maio de 1973. Museu de Guileje (em construção), finais da época das chuvas, 2009. Vídeo: AD - Acção para o Desenvolvimento. Cortesia de Pepito, nosso amigo, membro da nossa Tabanca Grande.


Vídeo (''44): Alojado em You Tube > Nhabijoes (Também se pode clicar aqui, em alternativa, para ver e ouvir o vídeo)



Guiné-Bissau. Região de Tombali. Guileje. Tocador de Harmónica. Antigo milícia, ao tempo do abandono do aquartelamento pelo Exército Português, em 22 de Maio de 1973. Museu de Guileje (em construção), finais da época das chuvas, 2009. Vídeo: AD - Acção para o Desenvolvimento. Cortesia de Pepito.


Vídeo (''48): Alojado em You Tube > Nhabijoes (Também se pode clicar aqui, em alternativa, para ver e ouvir o vídeo)




1. Aqui vão os restantes pequenos vídeos com a actuação do nosso tocador de harmónica (ou gaita-de-beiços), um antigo milícia de Guileje, ao tempo da CCAV 8350 (Piratas de Guileje, 1972/73) (*).  A gravação foi feita frente ao Museu de Guileje (ainda em construção),  em Guileje, em finais da estação das chuvas de 2009, se não me engano. Ao fundo, vê-se uma velha anti-aérea do PAIGC, agora peça de museu (Recorde-se que o museu foi já inaugurado este ano, em 20 de Janeiro último).  


A primeira musiquinha está-me no ouvido, mas não consigo relacioná-la com a letra (talvez umas janeiras...). A segunda  parece-me ser  a popularíssima,  no nosso tempo de meninos e moços, Ó Rosa, arredonda a saia... Ou não ? Espero que os nossos especialistas musicais (vg, Abílio Machado, Acácio Correia, Álvaro Basto, David Guimarães, Gabriel Gonçalves, João Graça, Joaquim Mexia Alves, Zé Luís Vacas de Carvalho) nos ajudem a recordar as letras... 


Quanto ao nosso artista, faltam-nos dados biográficos: nome, idade, naturalidade, etc. O Pepito, que deve estar a chegar para férias em Portugal (mais exactamente, na sua belíssima casa no belísismo São Martinho do Porto, com umas fugidas rápidas a Lisboa), vai-nos dar mais pormenores sobre ele: onde e com quem aprendeu a tocar harmónica, quem lhe deu a gaita de beiços, etc. Para já deliciem-se com estas duas musiquinhas... Mas há mais surpresas... (LG)


2. Segundo o o nosso camarada José Corceiro, a segunda musiquinha seria de Santa Luzia dos Meus Amores... E a primeira seria uma Cantiga dos Reis (ou janeiras).


Santa Luzia dos meus amores,
Santa Luzia bonita és,
Santa Luzia dos meus altares,

Tinta de Ana cai a teus pés.


Quem bai a Santa Luzia,
A Biana do Castelo,
O mais lindo panorama,
Que é de todos o mais belo.

Fonte: Aqui. (Com a devida vénia...)



Ó Rosa, arredonda a saia
Música e letra: Popular


Refrão


Ó Rosa, arredonda a saia,
Ó Rosa, arredonda-a bem!
Ó Rosa, arredonda a saia,
Olha a roda que ela tem!


Olha a roda que ela tem,
Olha a roda que ela tinha!
Ó Rosa, arredonda a saia,
Que fique bem redondinha!


[Refrão]


A saia que traz vestida,
É bonita e bem feita,
Não é curta, nem comprida,
Não é larga, nem estreita.


[Refrão]

Cântico dos Reis


Fonte:  Portal das Juntas de Freguesia de Vinhais >
Freguesia de Vilar de Ossos


Ainda agora aqui cheguei,
Pus o pé na sua escada,
Já o meu coração disse
Aqui mora gente honrada.

Vimos-lhe cantar os reis,
Mas não é pelo dinheiro,
É só para lhe provar
O seu rico fumeiro.

Despedida, despedida,
Assim fez a cerejeira ao ramo
Boas noites meus senhores
Adeus, até pró ano.



______________

Nota de L.G.:

5 comentários:

Anónimo disse...

Caro Luís

Fantástico, tem que se ter sensibilidade e dote artístico, para poder tocar com realejo, passados 40 anos, as melodias que outrora ouviu trautear aos militares Portugueses, que estavam na Guiné, que eram interpretadas, sabe-se lá com que sentimento de dor e nostalgia, misturados com saudades das nossas terras.

São melodias genuinamente populares da música Portuguesa, que são tocadas no realejo por um Guinéu, com alma lusa. Ouvi na minha meninice, na minha aldeia, cada uma destas notas também saídas do som do realejo.
A primeira, não me recordo bem do nome e do intérprete, mas creio que começa assim: “ainda agora aqui cheguei/ já me estou a ir embora…/. Que creio que foi o grupo folclórico de Manhouce que a popularizou.
A segunda, o título creio que é “Santa Luzia” popularizada pelo “Conjunto Típico de Maria Albertina”.
Parabéns ao “Pepito”, por ter feito o registo e tê-lo dado a conhecer e parabéns e felicidades ao intérprete, que nos possa brindar com mais melodias.

Um abraço

José Corceiro

Anónimo disse...

É FABULOSO NÃO TENHO PALAVRAS PARA DESCREVER A ALEGRIA QUE ME VAI NA ALMA AO OUVIR ESTE AMIGO AFRICANO A TOCAR HARMÓNICA, DE MÚSICAS DO NOSSO CANCIONEIRO NACIONAL E MESMO BOM. PEPITO OBRIGADO POR ESTE MOMENTO MUSICAL.

UM ABRAÇO DO TAMANHO DA GUINÉ AÍ PARA TODOS VOCÊS E UM GRANDE BEM-HAJA PARA VOCÊS PELOS TRABALHOS QUE ESTÃO FAZENDO.

AMILCAR VENTURA EX-FURRIEL MILº. MECÂNICO AUTO DA 1ª. CCAV DO BCAV8323 PIRADA-BAJOCUNDA 73/74

Luís Graça disse...

Num sítio, muito interessante, sobre instrumentos tradicionais portugueses (criado pelo Agrupamento de Escolas Padre Vitor Milícias, do concelho de Torres Vedras, Disciplina de Música, 7º e 8º anos), pode ler-se:


"A gaita de beiços, harmónica, ou harmónica de boca (também conhecida como realejo) é um instrumento musical de sopro cujos sons são produzidos por um conjunto de palhetas livres em vibração.

"A gaita possui na sua embocadura um conjunto de furos por onde o instrumentista sopra ou suga o ar. Devido ao seu pequeno tamanho, a gaita não possui caixa de ressonância. O tocador usa as mãos em concha para amplificar o som do instrumento e também para produzir efeitos, como variações de afinação e intensidade ou vibrato. Quando executada em conjunto com outros instrumentos, é comum que ela seja amplificada eletronicamente. A gaita é bastante usada no blues, rock and roll, jazz e música clássica. Também são muito comuns os conjuntos compostos apenas de gaitas, as chamadas Orquestras de Harmónicas, que normalmente tocam músicas tradicionais ou folclóricas.

"A harmónica, também conhecida por flaita, gaita de beiços, gaita das vozes, realejo e piano da cavalariça. era o instrumento mais frequentemente usado para acompanhar os bailadores de fandango ribatejano.

O realejo é um instrumento de sopro portátil, cabendo tipicamente num bolso.

A harmónica/gaita de beiços foi inventada na Alemanha". (...)

Fonte:

http://moodle.apvm.net/

http://moodle.apvm.net/mod/book/print.php?id=10360#ch141

PS - Parabéns aos professores e alunos da disciplina de música do AEPVM. Que belo exemplo de coisas giras que os nossos miúdos podem fazer na Net!!!

Luís Graça disse...

A semana passada o nº de páginas visitadas ficou abaixo do limiar das 2500... E a tendência parece continuar esta semana... Isto quer dizer que a boa parte da Tabanca Grande e dos demais leitores do nosso blogue foram a banhos... Eu vou em Agosto... Boas férias para quem puder tê-las...

Luís Graça

Anónimo disse...

Amigo Luís

A letra da canção que editaste, “ ainda agora aqui chegei” nada tem a ver com a que o nosso amigo Guinéu toca, cuja letra creio que também assim começa, é do Folclore Português.

Esta que editaste faz parte das Canções Tradicionais de Natal das Janeiras.

Uma canção, para pedir as Janeiras, muito parecida a esta que editaste, cantada na minha aldeia.


Inda agora aqui cheguei/ Mal pus o pé na escada/ Logo o meu coração disse:/ Aqui mora gente honrada.

Ó irmãos na caridade/ Notícias vos trago eu/ Às doze horas da noite,/ O Deus Menino nasceu.

Nasceu numas tristes palhas/ Como nasce o cordeirinho;/ Por causa dos meus pecados/ Foi preso ao madeirinho.

Viva lá senhor .../ Casaquinha de veludo,/ Meta a mão no seu bolsinho/ Deite p’ra cá um escudo.

De quem é a bengalinha/ Que está além no bengaleiro?/ É do senhor .../ Que é um lindo cavalheiro.

Vamos dar a despedida/ Que a cereja deu ao ramo;/ Fiquem-se com Deus, senhores,/ Adeus, até outro ano.

Um abraço

José Corceiro