domingo, 13 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6583: Controvérsias (85): O ensino em Portugal após o 25 de Abril (Benjamim Durães)


1. O nosso Camarada Benjamim Durães (ex-Fur Mil Op Esp/RANGER do Pel Rec Inf, CCS/BART 2917 – Bambadinca -, 1970/72), enviou-nos a seguinte mensagem em 12 de Junho de 2010:

O ensino em Portugal após o 25 de Abril
Camaradas,

Depois de ler o poste P6581, em assunto sobre o falecido Furriel Miliciano Atirador Fernando Pacheco dos Santos da CART 2673, em combate na Guiné, venho dar mais uma ajuda a todos, e em particular ao Hélder, e informar que na antiga Escola Industrial e Comercial de Setúbal, hoje Escola Secundária Sebastião da Gama, onde eu e o Pacheco estudamos e fizemos parte da mesma turma, existe uma lápida, a única em Setúbal, onde constam todos os alunos da Escola, os ex-combatentes, que morreram na Guerra.

Após o 25 de Abril, um certo “movimento” de professores tentaram retirar a lápida do local onde se encontra, justificando que a frase existente na mesma era de caris fascista.

Isto mostra como o nosso ensino ia nessa altura, pois a frase "QUANDO A HORA SOOU, ELES ESTAVAM LÁ ONDE O DEVER OS CHAMARA" é uma frase constante dos Lusíadas, mas felizmente um movimento espontâneo de alunos, impediram que os professores retirassem a lápida.

Os antigos alunos dirigiram-se à Escola e obrigaram que o Director os recebesse, e lhes prometesse que a mesma não seria retirada.

A lápida ainda hoje continua lá.

A lápida, que fica no átrio principal da Escola, à entrada no lado direito.

Um abraço para vós,
Benjamim Durães
Fur Mil OpEsp/RANGER da CCS/BART 2917

_____________

Notas de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

6 de Junho de 2010 >

Guiné 63/74 - P6547: Controvérsias (84): O meu grande apreço por este blogue e pelos ex-militares portugueses que ficaram com a nossa terra e o nosso povo no seu coração (Pepito, AD, Bissau)


5 comentários:

Anónimo disse...

Caro Benjamim Durães,
Também na Escola Industrial e Comercial de Ponta Delgada (hoje Escola Secundária Domingos Rebelo) os antigos alunos mortos na guerra tinham as suas fotos emolduradas na Biblioteca, com o nome, posto e data da morte. Também depois do 25 de Abril houve professores que as quiseram retirar de lá, mas os professores mais antigos resistiram. Hoje ainda lá continuam, mas em local menos visível e com falta de uma foto que a família pediu emprestada para reprodução e não a devolveu.
Há cerca de 2 anos, antigos alunos da Escola homenagearam um antigo Professor de Educação Física que completou oitenta anos. Nessa altura, e por proposta do referido professor, foi guardado um minuto de silêncio em Memória dos antigos alunos mortos na guerra do Ultramar.
Abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Também não compreendo, como José Martins, como o Fernando Pacheco dos Santos surge sempre, nos documentos oficiais, na listagem dos mortos e dos condecorados como Cabo-Miliciano. Vi mais dois ou três condecorados e mortos também como cabos-milicianos, mas isto não faz sentido. Éramos "promovidos" e não graduados (confirmei na minha caderneta militar) no dia do embarque, ainda que a antiguidade no posto só começasse a contar um ano após termos sido promovidos a cabos-milicianos. Que situação de excepção seria esta? Algum castigo antes da partida? Mas com a coincidência de também haver um asp-mil castigado?
Mas não perdemos pela demora. Estou certo que José Martins nos irá esclarecer tudo isto. Será que as NNAPU explicam isto?
Abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Como é que os combatentes do ultramar mortos ou vivos, não seriam postos em causa se o próprio Camões foi posto em causa?

Ainda hoje, muitos dos que lá andámos precisamos "envergonhadamente" que A. Barreto que evitou ir à guerra, nos lembre num 10 de Junho.

Já está na hora de termos perdido qualquer complexo em relação aos que por umas questão ideológica nos trataram e olharam com um
estatuto de "menoridade".

Enfim, somos o que somos e não há volta a dar!

Antº Rosinha

Hélder Valério disse...

Caros camaradas

Tal como referi em mail directo para o Benjamim, de facto já tinha visto a placa, mas não tinha relacionado os nomes.

Em relação à questão do "1º Cabo Miliciano" e já agora também ao "Aspirante", trata-se de algo intrigante. Nem que seja só por curiosidade, quero ver se descubro qualquer coisa sobre isso.

Abraços
Hélder S.

Anónimo disse...

Amigo Durães,
Descobri esta página por acaso e fiquei com a impressão que fomos colegas na EICS.
Andei lá a partir de 1960 até 1968, altura em que fui para Força Aérea.
Pertencia à classe especial de ginástica liderada pelo Prof. Domingos do Rosário à qual me parece que também tu fazias parte.
Em 1971 fui destacado para a Base Aérea 12, na Guiné (Bissalanca), onde estive até 1973.
Há dias passei no hall da nossa Escola e reparei que estava colocado na parede uma placa em mármore com alguns nomes de ex-colegas nossos que, infelizmente, deram a vida por uma causa que agora parece ter sido em vão.
Apresento-me: Sou o António Floriano Cabrita, de Azeitão. Temos uma fotografia de grupo com o Professor Rosário.
Será que estou certo?
Mando-te um grande abraço.
meu mail é afcabrita@gmail.com