domingo, 7 de março de 2010

Guiné 63/74 - P5946: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (2): Evocando o Sold Almeida e o Fur Alcino, da CART 2742, que morreram, mais o Cap Figueiredo e o Alf Félix, na tragédia do domingo de Páscoa de 1972


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Fajonquito [, mapa de Colina do Norte] > Dois furriéis, o Alcino (da CART 2742, morto em 2/4/1972) e o Bebiano, de Informações & Operações, que esteve com o José Cortes ainda uns meses em Fajonquito. A CART 2742 pertencia ao BART 2920 (Bafatá, 1970/72).

Foto: © José Bebiano (2010). Direitos reservados

1. Mensagem, com data de hoje,  do José Cortes, ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884, Fajonquito, 1972/74:

 Luís,  esta foi a resposta do José Bebiano (*). Na foto que ele me envia,  o camarada de bigode  era o furriel Alcino que morreu na tragédia (**).

2. Texto do José Bebiano, com data de 5 do corrente

 Assunto: Fajonquito

Boa noite.

José Cortes: O tempo passa e a tua imagem passou? Pouco tempo estive convosco [ CCAÇ 3549]. Lembro-me bem do Cap Patrocínio.

A história do soldado Almeida, ex-comando,  e que com uma granada na mão matou-se e matou 1 cap + 1 alferes + 1 furriel... Eu, na altura do acidente estava em Lisboa.

Qual a razão para tal atitude? Pelo que me disseram, queria permanecer na Guiné e com uma granada na mão foi pedir para que não o enviassem para a Metrópole (?!)... Passou-se completamente.
Vou enviar uma foto com o falecido Alcino e com o Bebiano. A foto foi tirada em 26 Out 1971. Ainda por lá fiquei mais um  ano.

Cumprimentos
P.S. - Estou reformado/aposentado desde 30 de Novembro. Ex-professor de Educação  Física em Moura.

José Bebiano
3. Comentário de L.G.:
Aproveito o ensejo para agradecer a colaboração do José Bebiano e convidá-lo a integrar a nossa Tabanca Grande. Já agora, gostava de saber se ele vive em Mourta, onde trabalhou como professor. No dia 10 de Abril de 2010, vai realizar-se em Moura uma pequena homenagem aos camaradas do concelho que morreram, no total de 29, durante a guerra colonial.

____________

Notas de L.G.:

(...) Mortos, em 2/4/1972, [da CART 2742, Fajonquito, 1970/72], por acidente (sic), constam os seguintes nomes, na lista dos Mortos do Ultramar da Liga dos Combatentes:

- Alcino Franco Jorge da Silva, Fur


- Carlos Borges de Figueiredo, Cap


- José Fernando Rodrigues Félix, Alf


- Pedro José Aleixo de Almeida, Sold (...)

5 comentários:

Luís Graça disse...

José Cortes: O Sold Almeida, que em princípio terá provocvado a tragédia, era operacional ? Ou era um simples soldado básico, afecto em princípio aos serviços de apoio da CART 2749 ?

No portal sobre a guerra colonial, do nosso amigo António Pires, é a essa informação que vem, na lista dos mortos do Ultramar, por concelho (neste caso, Portel):

http://ultramar.terraweb.biz/03Mortos%20na%20Guerra%20do%20Ultramar/LetraP/MEC_207n.pdf

Anónimo disse...

Luís,
No poste diz que era "ex-comando". É uma coisa estranha esta. Que quererá dizer ex-comando? Teria estado numa CCMDS e depois passou para a CART 2749? Era possível, como castigo, retirar a alguém a especialidade de Comando e passá-lo a básico?
No CIC não me lembro de ter ouvido falar nesta possibilidade. Mas já se passou tanto tempo.
Os Comandos aqui do blogue podem dar uma ajuda.

Abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

...Corrijo-me. Lembro-me da cerimónia de expulsão de militares do Centro de Instrução de Comandos em Luanda. Formavam as companhias, e depois havia uma cerimónia (ou melhor, anti-cerimónia) em que se pegava na espingarda do militar e se atirava para o chão (armas já estragadas, naturalmente), se fosse o caso, arrancava-se as divisas, etc. Nunca quis ver nada disso. Só não sei se isto acontecia com os que já eram Comando. Julgo que sim e arrancavam o crachá, lançavam-no ao chão. Mas não tenho qualquer certeza.
Lembro-me, sim, que as instâncias superiores protestaram contra o rigor disciplinar do Comandante do CIC (Major Gilberto Santos e Castro) pois, por dá-cá-aquela-palha os prevaricadores apanhavam logo com 20 dias de prisão disciplinar agravada, que era para serem despromovidos e transferidos do CIC.
Abraço,
Carlos Cordei

Anónimo disse...

Soldado básico era aquele que não tinha especialidade. Fazia a recruta, o Juramento de Bandeira e depois, por qualquer motivo, não fazia a especialidade. Julgo que era isto. Pelo menos quando digo soldado básico é nesta perspectiva. E é esta a minha questão: era possível retirar a especialidade a um militar, mesmo que fosse castigado? Se sim, passava a "básico" ou seja, sem qualquer especialidade?
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

O Bebiano (olá malandro!) era dos meus, isto é, do grupo de especialistas do S.I.M. espalhados pelo TO. Fez a recruta e a especialidade comigo, para além de me acompanhar no "Ana Mafalda" a caminho de Bissau. Depois de estagiarmos em unidades diversas, ainda nos juntamos no Comando-Chefe para formação durante umas semanas;em seguida, cada um seguiu o seu destino (nunca mais nos vimos nem falámos).
Associo-me ao Luís Graça no convite que é feito ao Bebiano (é uma sensação fantástica, ao fim de tantos anos, depararmo-nos assim, sem contar, com a imagem de um camarada que nos foi tão próximo!...) para integrar a nossa Tabanca Grande.
Mário Migueis