domingo, 21 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5859: Ainda o desastre do Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (3): O oficial mais graduado que ia na jangada era o Cap Aparício, comandante da CCAÇ 1790 (Paulo Raposo)

1. Mensagem do Paulo Raposo,  a quem pedi que comentasse o texto do Armandino Alves (*):

 Data: 19 de Fevereiro de 2010 10:59
Assunto: Ainda o Cheche

Olá,  Luís, bem Hajas. Vou responder ao Armandino.

1 – Sou camarada de armas, mas não camarada.

2 – Como é que o Major que estava ao meu lado, quando eu já tinha passado o rio, podia ter dado a ordem de embarque a todo o pessoal ?

3 – Todo o staff que eu conheci ao Spinola foi o Cap Almeida Bruno. Os safardanas dos políticos de hoje é que esbanjam o nosso dinheiro em staff e mordomias.

4 - O Cap José Aparício e Cap Jerónimo são vivos e boa saúde, porque é que o Alf Dinis já podia ter morrido.?

5 – O oficial mais graduado que ia na jangada era o Cap Aparício, portanto…

6 – O meu muito amigo Alf Felício, que é como um irmão para mim, é um homem integro e verdadeiro. Diz ele que o Cap Aparício não fez caso das advertências do Alf Dinis, pelo facto de ir pessoal a mais na jangada.

7 – O Major que estava ao meu lado devia ser do Batalhão que estava em Nova Lamego que coordenava toda a logística.

8 – Na grande operação em que também tomei parte,  ao Fiofioli, [Op Lança Afiada,] na véspera do assalto à respectiva mata, os Ten Cor Hélio Felgas e Banazol, dormiram connosco no mato e tomaram parte do assalto.

9 – O que eu e o Alf Felício dizemos é a verdade e faz fé. Nós precisamos de ser confirmados para...

10 – Podem recolher informações do Alf Diniz, mas nunca para confirmar as nossas declarações.

Um abraço para ti, meu rapaz.

Paulo Lage Raposo
___________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 21 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5858: Ainda o desastre do Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (2): Acima do Alf Diniz, só havia 2 homens, os Cap Aparício (CCAÇ 1790) e Jerónimo (CCAÇ 2405) (Armandino Alves)

6 comentários:

Anónimo disse...

Depois de Fernando Pessoa,Ruy Belo e Torcato Mendonca,sinto-me preparado para as interessantes voltas que a língua portuguesa proporciona. Mas..."sou camarada de armas,mas nao camarada",é algo que me ultrapassa na sua forma exogénica-epitalâmica. Será "Saramago"?

Tabanca Grande Luís Graça disse...

José, Belo e bom camarada:

Estás fora da santa terrinha há muitas luas, vê-se logo...

Se bem te recordas, a seguir ao 25 de Abril de 1974, cá no burgo a palavra "camarada" ganharia uma conotação político-ideológica, a tal ponto que algumas pessoas apressavam-se logo a comentar ou a acrescentar: "Camarada, salvo seja"...

Antes do 25A74, dizia-se de quem era do contra, que era do "reviralho"...

Etimologicamente falando, camarada é aquele que dorme na mesma cama, no mesmo quarto, na mesma camarata, no mesmo buraco... É um termo da gíria "castrense", antes de passar, com a revolução francesa, a assumir outrio sentido, o das afinidades político-ideológicas dos "militantes de esquerda": a palavra remonta ao Sec. XVI, por influência do castelhano: grupo de soldados que dormem e comem juntos... (Do latim, camara=quarto)...

Não sei se o termo camarada (colega de quarto ou de cama...) também pode provocar reacções homofóbicas...

Lembras-te da tropa: colegas, só nas putas; aqui somos todos camaradas... Foi o que o meu amigo Paulo quis dizer, sem ofensa para ninguém...

Como vês, a tua/nossa língua materna continua a ser muito traiçoeira...

É por isso que adorei a crónica, de hoje, no "Público", do Frei Bento Domingues: "De que falamos, quando falamos? "...

Os problemas da comunicação humana (na praça pública, nos jornais, nos blogues, nas organizações...) têm muito a ver com esta questão sibilina: afinal, de que é que falamos, quando falamos ?

Aquele abraço para um camarada lapão... LG

Anónimo disse...

Bom! Sendo assim...lá se evita o telefonema ao.....Saramago quanto a esclarecimentos de....Camaradas nao...Camaradas!(Sem qualquer ironia de Lapao quanto ao ilustre escritor). Um grande abraco.

Unknown disse...

Caro Paulo Raposo

Em primeiro lugar peço-te imensa desculpa, mas sempre pensei que aqui no Blogue a palavra Camarada não tivesse qualquer conotação ideológica.Parece que nem todos pensam assim. Para já informo-o de
que conheço muito bem o Cheche pois atravessei-o duas vezes na velha jangada puxada à força de braços.
Estive em Béli e a minha Companhia em Madina do Boé. Fomos rendidos pela 1790.

Eu no meu poste não disse que foi um Major pois se estava do lado do Aquartelamento como podia dar as Ordens. O que eu disse ao Luís Graça é que se havia um major do outro lado do rio tinha que ser do
Staff do Spínola.Eu não sou obrigado a saber quantas pessoas
fazem parte do Staff de um governador nem quais os Postos e como desde que eu saí de lá a Guerra mudou muito.

4 Para morrer a única coisa necessária é estar vivo. Eu sou mais velho do que o meu irmão e ele já partiu.

5 Agora sim dissiparam-se todas as
dúvidas. Foi posto o nome do Oficial que deu as ordens. Mas para
quem leu os postes sobre esta tragédia e os alinhavou já sabia o
nome. Só que acho que devia ser dito por quem tivesse a certeza.
É por estas e por outras que o nosso País anda assim. A um homem
que salvou centenas de pessoas deram-lhe a cadeia,a outro que matou dezenas enviaram-no para a Metrópole e deram-lhe o Comando da Policia
Final: Nunca pus em dúvida o vosso relato dos acontecimentos. Eu falei no Alf Diniz pois foi ele quem recebeu as ordens. E como em todos os relatos que li ninguém dizia o nome do Oficial que deu as ordens.
Quem estava a perguntar era o Luís Graça e não eu. Eu só tentei elucidar o LG

Um abraço para ti e o reiteramento das minhas desculpas se te ofendi
Armandino Alves

Anónimo disse...

Não me vou pronunciar sobre a questão fundamental deste Poste, mas apenas pela conotação da palavra "camarada" a assuntos extra Tabanca.
Neste Blogue reina o espírito militar e, como tal, eu que assentei praça muito antes do que a grande maioria dos Tabanqueiros (Agosto de 1959), aprendi logo em Vendas Novas que, como o Luís diz, colegas, eram só as putas. Ali só havia camaradas.
Por isso tenho usado e abusado nas minhas intervenções deste termo.
Se algum daqueles a quem me dirigi, se sentiu ofendido, esqueça, pois entre antigos militares, continuarei a usar esta palavra. E nada de conotações com outras coisas mais.
Abraços
Jorge Picado

Carlos Vinhal disse...

De acordo camarada Comandante Jorge Picado.

A palavra camarada acarreta um forte sentido de união, amizade e solidariedade entre pessoas que nem sempre a palavra amigo congrega. Daí o termos que ter cuidado com os "amigos de Peniche", com a devida deferência ao meu amigo (de Peniche) Joaquim Silva, CAMARADA da CART 2732.

Um abraço a todos os meus camaradas
Vinhal