sábado, 13 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4517: Controvérsias (22): O outro lado da guerra, os desertores (António G. Matos)

1. Mensagem de António G. Matos, ex-Alf Mil MA da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, com data de 7 de Junho de 2009:

A panóplia de reflexões que se consubstanciam em posts, comentários e (in)confidências que temos com o nosso travesseiro, têm, de algum modo, contribuído indelevelmente para uma melhor percepção da guerra que travámos no ultramar e muito especialmente na Guiné.

Temos relembrado ocasiões que nos marcaram o corpo e o espírito e temo-las transposto para os dias de hoje com um restyling desenvolvido em ateliers mentais, nos quais vamos misturando as cores da nossa vida, retocando aqui ou ali uma imagem que se começou a desbotar, mas que insistimos em preservar.

Relembramos camaradas desaparecidos na voragem da luta e debatemo-nos em perceber os deuses que os não protegeram.

Trazemos à memória os inimigos da altura.

Assina-se uma paz e decreta-se uma vivência irmanada.

Posteriormente percebe-se que a vida não se decreta!

Vamo-nos reunindo para expelirmos algumas confissões inconfessáveis enquanto viverem os protagonistas.
Mas temo-nos esquecido de estudar com profundidade e saber sociológico, uma peça importante na compreensão da complexidade da guerra: o porquê, o como, a corda-bamba das suas vidas, os entretantos, as saudades, os medos, a clandestinidade, os outros que fizeram o quotidiano dos desertores.

Não se tirem conclusões precipitadas a esta minha reflexão!
Tenho amigos que foram desertores e eu próprio fui altamente assediado a fazê-lo.
Não vou explanar sobre o meu caso (já o abordei em antigo post) pois interessa-me saber dos que o consumaram e não dos outros.

Considero que, para uma boa compreensão dos contextos social, político, económico, das relações de causalidade da acção aos resultados, e das novas maneiras de ver estas problemáticas, os então desertores poderão contribuir para o enriquecimento cultural deste blog.

Dentro dos voyeurs desta tabanca haverá, com certeza, quem tenha optado por essa via e, aceitando-lhes a liberdade de o terem feito, desafio-os a tornarem claros os conceitos atrás mencionados.

Aguardemos as contribuições.
António Matos
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 12 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4513: Comentários que merecem ser postes (7): Encontros imprevistos... na latrina (António G. Matos)

Vd. último poste da série de 13 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4515: Controvérsias (17): A César o que é de César! (Mário Fitas)

Guiné 63/74 - P4516: A Tabanca Grande no 10 de Junho (12): As minhas reflexões pessoais sobre esta efeméride (Virgínio Briote)


1. Mensagem do nosso camarada e amigo, co-editor Virgínio Briote, ex-Alf Mil Comando, Brá, 1965/67 (foto, à esquerda):

As minhas reflexões sobre o dia 10 de Junho (actualmente designado por dia de Portugal, de Camões e das Comunidades),

Desde os meus 18 ou 19 anos nunca vi bem a data. Não a considerava como uma comemoração verdadeiramente nacional, que respeitasse uma genuína comemoração popular, sentida pelo melhor do nosso passado e dos valores da lusitanidade. Achava-a e considerei-a durante muitos anos como uma manifestação apenas política, que pretendia, mais que tudo, justificar opções de um grupo.

Por motivos de ordem exclusivamente pessoal, não política, nunca me senti verdadeiramente motivado nessas cerimónias. Obviamente compareci, como era meu dever militar e, como cadete, participei nos dez de Junho de 1963 e 1964, no Terreiro do Paço, respeitei os toques a mortos (de forma diferente da que vi num jovem agente da PSP, a fumar e outro ao telemóvel), e desfilei, a olhar à direita para os altos dignitários do Estado Português de então.

Depois veio o vinte e cinco de Abril. O Povo dividiu-se, as posições extremaram-se e a partir dessa data, passei a ver o Dez de Junho como a manifestação de um grupo, que pretendia a continuação da situação política anterior. Achava que era uma tentativa para extremar posições, que levariam inevitavelmente à divisão do País. Nunca participei nessas cerimónias, nem noutras, aliás.
Acreditei no 25 de Abril e na possibilidade de nos reconciliarmos. E, na altura, fiquei muito orgulhoso de ter sido Camarada de muitos daqueles militares que conseguiram levar a efeito o golpe sem derramamento de sangue.

Depois foi o que se viu. Alguns dos meus Camaradas foram enredados em interesses de grupos. Não largaram as armas, pelo contrário, puseram-nas à disposição de interesses de partidos. Podia ter sido diferente? Podia. Teria sido possível fazer de outro modo? Não sei. Nem tem grande interesse discutir isso agora.

Foi assim.

As comemorações do dez de Junho continuaram anos e anos. Uma parte do país via-as como uma manifestação de saudosismo, a outra como a consagração dos valores de Portugal.

Muitos anos volvidos, reconciliei-me comigo próprio ou estou em fase de o fazer.

Estar presente no Dez de Junho de 2009, foi a alegria de reencontrar Camaradas pelos quais tenho muito mais que apreço e foi também a possibilidade de me manifestar Português, com tudo o que de bom ou de menos bom esse sentir possa ter.

Uma observação apenas em relação à cerimónia do presente ano, 2009.

Compreendo a necessidade das medidas de segurança a individualidades que hoje desempenham altas funções no Estado.

Não compreendo que a maior parte delas se sinta bem em estar resguardada do Sol ou da chuva. Muitas dessas personalidades foram soldados (capitão, cabo, sargento ou alferes são soldados em guerra) que partilharam com dignidade a inclemência dos tempos africanos. Para mim, este simples formalismo desvirtua a comemoração.

(Virgínio Briote)

Fotos: © Virgíno Briote (2009). Direitos reservados.

Foto 1 – Amadora, 1963, corpo de Alunos da Academia Militar.

Foto 2 – Lisboa, Terreiro do Paço, 10 de Junho de 1963 [evento este que, considerando a (então) recente torna-viagem dos primeiros contingentes mobilizados para o norte de Angola, constituiu o primeiro cerimonial público do "10 de Junho" organizado pelo Estado Novo]. Reconhecem-se, da esquerda para a direita, o então Coronel de Engenharia, Joaquim da Luz Cunha (Ministro do Exército 04Dez62-07Ago68), o Ministro [Adjunto do PM (22Jun61-19Mar65) e ministro da Economia (19Mar65-27Mar69), José Gonçalo da Cunha Sottomayor] Correia de Oliveira, o Presidente da Câmara Corporativa [28Nov57-25Abr74, Clotário Luís] Supico [Ribeiro] Pinto [cuja esposa, Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho (Supico Pinto), era co-fundadora e presidente do MNF], [o PM (13Abr33-27Set68) António de Oliveira] Salazar, [o PR 09Ago58-25Abr74, Américo [de Deus Rodrigues] Thomaz, ... General [Manuel] Gomes de Araújo (Ministro da Defesa Nacional 04Dez62-27Set68) ...

Foto 3 – Lisboa, Terreiro do Paço, cadetes da Academia Militar, 10 de Junho de 1963.

Foto 4 – Lisboa, Terreiro do Paço, desfile de cadetes da Academia Militar. À frente, do lado esquerdo, o então Tenente Vasco Villas Boas. 10 de Junho de 1964.

Foto 5 - Porto, 1º Maio de 1974 (Foto de autor desconhecido).

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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

Guiné 63/74 - P4515: Controvérsias (21): A César o que é de César! (Mário Fitas)




1. Mensagem de Mário Fitas, ex-Fur Mil Op Esp da CCAÇ 763, Cufar, 1965/66, com data de 29 de Março de 2009: 



Caro Luís e demais Camaradas, 

Em relação a uma das duas últimas pulblicações que acompanham o jornal "Correio da Manhã", sobre o tema "Guerra Colonial" que, como habitualmente têm sido postas à venda às nas últimas quartas-feiras de cada semana, detetei um erro que considero de palmatória e achei premente denunciar. 

Assim, reenvio este e-mail, para confirmar e verificar a realidade das narraçõe, por quem, nitidamente, não fez a Guerra na Guiné. 


Envio, também, porque estou desiludido com os nossos meios de informação, dado que dois fuzileiros intervenientes nesta operação, são meus conterrâneos e meus amigos, de seus nomes João Bandeiras da Mata - rádio-telegrafista -, que se vê na foto sentado e ferido, em frente do corpo de um camarada morto do DEF 13, então comandado pelo 2º Comandante Rodrigues Leite, dado que o Comandante Almirante Matias se encontrava de férias na Metrópole. 

O DEF13 foi socorrido pelo DEF 12 do qual fazia parte o outro meu conterrâneo Joaquim Mochila Poeiras. 

É incompreensível e inadmissível, que uma fotografia de 1968 numa operação de Fuzileiros, apareça no jornal Correio da Manhã como sendo da CCP122 em 1972/1973.

Se for possível a inclusão deste protesto no Blogue, ficaria imensamente grato, não só pela reposição da verdade, como também, sob forma de demonstração de louvor a todos aqueles meus conterrâneos e amigos, dessa bonita e branquinha aldeia da Planície Alentejana, VILA FERNANDO. 


Caros amigos, aqui temos mais uma vez a confirmação, de que teremos de ser nós os que fizemos a guerra, a contar como ela foi! Fomos nós que vivemos esses momentos horríveis, para que não se perca a verdade e não haja mistificações Históricas. 

A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR! 

Como sempre para todos os amigos desta Tabanca Grande, o velho abraço do tamanho do rio Cumbijã, 

Mário Fitas 
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Nota de M.R.: 

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sexta-feira, 12 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4514: O mundo é pequeno e a nossa Tabanca... é grande (12): O embaixador Manuel Amante, com saudades do Geba, fala da onça e do irã-cego

1. Mensagem de Luís Graça com data de 9 de Junho de 2009, enviada a Manuel Amante

Camarada Manuel Amante:
Diz à Carla que fui ao blogue dela recuperar uma pequena preciosidade... Um texto (belíssimo) sobre o Irã-cego... Está incluído num poste, nosso recente, sobre cobras... na Série Fauna & flora... (**) Qualquer dia vou lá recuperar um texto teu (fantástico), sobre os Bijagós, e me deres autorização... É uma pena o blogue da Clara estar agora inactivo...

Mantenhas. Aparece.
Luís Graça
(Bambadinca, Xime, Mato Cão, Ponta Varela, Ponta do Inglês, Enxalé, Porto Gole, Finete, Missirá, Fá, Santa Helena, Mero... CCAÇ 12, 1969/71...
Estive lá em Março de 2008, mas infelizmente não matei saudades do Rio Geba, do trajecto Bissau-Xime-Bambadinca, este último agora muito assoreado...).


2. Mensagem de Manuel Amante (*), em Macau, com data de 9 de Junho de 2009:

Caro Luís,
Acredita que é raro o dia que não visito a Tabanca Grande. E sempre que posso faço a sua divulgação junto de pessoas amigas.
O nosso blogue tornou-se referência para alguns estudiosos e interessados em saber o que foi a guerra na Guiné-Bissau.

Talvez uma tentativa de se procurar saber o porquê de tanta violência que assola este país que nos é muito caro e do qual nos lembramos com carinho e alguma nostalgia todos os dias. Custa-nos a todos entender esta situação absurda e de como a eliminação voraz de oponentes acabou por fazer doutrina.

Estou em Macau faz um ano. Represento os Países de Língua Portuguesa, enquanto Secretário Geral Adjunto, no Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (http://www.blogger.com/www.forumchinaplp.org.mo).

Passei os primeiros anos da minha infância, no sul da Guiné, perto da estrada entre Empada e Dersalame, mais propriamente em Binhal, onde havia uma única casa comercial, que era do meu Pai. O trecho escrito pela minha filha, curiosa pelas coisas da terra que lhe viu nascer, foram factos aflorados pela minha mãe, desterrada, por força do casamento, ainda jovem, nesse lugar ermo e cheio de animais próprios da fauna do sul da Guiné. Era normal escutar e sentir, após o escurecer, as onças e lobos em certas noites perto da varanda. Tudo leva a crer que o animal que abocanhou de um salto, vindo da mata, o meu cão que estava comigo na varanda da casa, no crespúsculo, terá sido uma das onças que andavam nos arredores. Até hoje pergunto porque terá escolhido o cão e não a mim que era do mesmo tamanho. Ainda conservo ténues imagens de Binhal, do longo acesso, ladeado de árvores, que dava para a estrada, da tabanca distante a cerca de um quilómetro, das grandes árvores, dos tambores desta em noites de festa, dos animais domésticos, de obrigatoriamente se trancar as portas e janelas com o escuro de breu.

Na realidade a minha Mãe diz que vivemos todo o tempo em Binhal com uma grande jibóia, possivelmente albina, pelas discrições, no tecto da casa. Nesta não havia tecto falso pelo que se viam as estruturas de madeira das traves e as telhas. Mas devia ser uma jibóia discreta porque raras vezes se via ou se fazia sentir. Sempre se sabendo que estava lá. Era voz corrente dos empregados que era o irã cego que guardava os moradores da casa. No dia em que nos abandonou o homem grande, de porte sábio, alvitrou de que era altura de irmos embora porque algo de muito sério e triste iria acontecer naquela região que a tornaria deserta e desesperaria os seus habitantes. A família transferiu-se para Empada a nove quilómetros e algum tempo depois, por força das circuntâncias, para Bissau. A luta de libertação tinha-se iniciado e essa região foi onde ela teve um arremedo de grande intensidade. Onde a mobilização das populações foi a maior.

A Carla deixou de poder manter o blogue porque não lhe restava tempo entre o trabalho, estudos e vida familiar. Espero que após o Curso possa retomar o que deixou.

Estive há dois anos e meio em Bissau. Mas não deu para ir aos lugares que tanto queria. Acabei por ficar dois dias com o meu Primo Manuel Simões, em Jugudul. O assoreamento do Geba a partir de Bambadinca era inevitável. A intensa circulação das lanchas pelo Geba acima sempre ia ajudando a desassorear essa via de abastecimento e evacuação de produtos agrícolas e de gado. A circulação de passageiros era considerável. Quase toda a movimentação de população civil e militar se fazia por Bambadinca ou então pelo Xime depois da abertura da estrada alcatroada. A duração era de 5 a 7 horas, dependendo da hora em que se partia por força da maré ou aproveitando-se dela ou ainda de alguma paragem no Xime. Os Bijágos eram um lugar que conhecia bem desde miúdo e navegava por lá sem problemas de maior. Navegação, dependendo das marés e dos canais e do mar às vezes bem encapelado. Mas, mais tarde, gostava mesmo era de navegar no Geba, apesar de alguns sustos e percalços de uma avaria à noite, sem máquina, em pleno Mato Cão em que fomos bordejando ora uma margem ora outra levados pela corrente. Numa outra vez, ainda em Mato Cão, à tarde, um incêndio na casa das máquinas.

Estarei em Portugal a partir de 15 de Junho. Espero poder estar convosco desta vez.

Aceita um forte abraço
Manuel Amante


3. Comentário de CV:

Caro Manuel Amante, uma vez que estará já em Portugal, não quer participar no nosso IV Encontro em Ortigosa? Veja pormenores no Poste > Guiné 63/74 - P4482: O Nosso IV Encontro Nacional, Ortigosa, Monte Real, 20 de Junho de 2009 (6): As inscrições terminam a 15 de Junho (A Organização).

Se não puder estar presente no Almoço, apareça pela tarde e passará uns momentos de convívio connosco até ao fim do dia. Teremos muito gosto na sua presença.
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Notas dos Editores:

(*) No poste com data de 27 de Maio de 2007 >
Guiné 63/74 - P1787: Embaixador Manuel Amante (Cabo Verde): Por esse Rio Geba acima..., podemos ler esta mensagem de Manuel Amante:
Caro Luís Graça,
Há muitos meses que venho acessando, diariamente, por vezes mais do que uma vez, o que se tornou recanto de milhares de militares que passaram pelo TO da Guiné.

Também fui militar (73/74), de recrutamento local, no CIM de
Bolama onde fiz a recruta e especialidade antes de ser colocado no QG (Chefia dos Serviços de Intendência) em Bissau.

No momento de ser incorporado, tal como muitos da minha geração, estava relativamente familiarizado com as questões de foro castrenses. Não se podia viver na Guiné e ficar alheio ao que se passava e à inutilidade que essa guerra significava em termos de vidas humanas.


- Nota de Luís Graça, no mesmo poste, sobre o Embaixador Manuel Amante:

Entre outros cargos e funções, foi conselheiro do Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de Cabo Verde (2005), embaixador de Cabo Verde no Brasil (1992/2002) e em Angola (1995/99), observador internacional da OUA no processo de democratização da África do Sul (1993/94), diplomata em Moscovo, colocado na embaixada de Cabo Verde (1986/90) bem como na missão permanente de Cabo Verde nas Nações Unidas, em Nova Iorque... Enfim, um invejável currículo para quem, tendo nascido na Guiné, ainda em 1973/74 estava nas fileiras do Exército Português, mas já era, muito provavelmente, simpatizante ou militante do PAIGC... (LG)

(**) Vd. poste de 9 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4484: Fauna & flora (20): Histórias de grandes serpentes: da jibóia de 7 metros (Paulo Raposo) ao irã-cego (Clara Amante)

Vd. último poste da série de 8 de Junho de 2009 >
Guiné 63/74 - P4483: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (11): Macau: A. Graça Abreu com José Martins, ex-Cap CCAÇ 16 (Bachile, 1971)

Guiné 63/74 - P4513: (Ex)citações (30): Encontros imprevistos... na latrina (António G. Matos)

1. Antonio Matos, (*), ex-Alf Mil MA da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, no dia 8 de Junho de 2009, deixou este comentário no Poste: Guiné 63/74 - P4477: FAP (29): Encontros imprevist...":

Sempre disse mal da minha vida no que ao ex-ultramar português dizia respeito, muito concretamente à Guiné.

E isto porque desde logo me passaram o atestado de óbito aquando da mobilização (eh pá vais para a Guiné? Tiveste azar!); depois porque passei 2 anos enfiado num sítio onde, nas horas de serviço, estava rodeado de capim, de bolanhas, de mosquitos ou à pancada; fora das horas de serviço ou me metia debaixo dum mosqueteiro a dizimá-los um a um ou lá ia lendo uns livros; finalmente, mas não menos importante, porque até a cidade onde me deslocava por vezes, a coberto de uma consulta externa, não tinha qualquer laivo de interesse capaz de me despreocupar durante as horas que lá passasse.

O tempo era gasto na 5.ª repartição entre dois dedos de conversa pontual ou na apreciação sempre gulosa de verdadeiras misses, fossem pretas, mulatas, cabritas ou brancas!

Eram, de facto, todas dignas de se lhes tirar o chapéu! Porque seria?

Mas voltando à desgraça de ter ido cair à Guiné, lembro-me que, porque estava em África, teria imaginado fortuitos encontros com elefantes, pacaças, serpentes, leões, etc.

Mas qual quê, o pior, o mais sanguinário, o mais ordinário, a mais temível fera que me foi dado encontrar, foi o mosquito!

Perante as confissões de ignorância do Luís e do Miguel, junto a minha, não sem que não refira uma luta que travei com uma cobrita algures quando me encontrava encavalitado no passadiço suspenso a uns 2 metros de altura de uma construção moderníssima no meu destacamento de Augusto Barros e pomposamente chamada de latrina.

Recordo que a posição que se assumia naquela assoalhada permitia uma visão em grande angular do recinto lá em baixo todo ele repleto de flores de cheiro, e outros despojos.

Pois numa dessas ocasiões, e absorto de qualquer pensamento bélico, começo a reparar num movimento lento mas decidido, que restolhava por entre toda aquela javardice. Mantive-me atento do meu ponto de observação e reparei que era uma cobra.
Sentindo-se, talvez, alvo de atenção, parou.

Foi a altura própria para a tentar atingir entre os olhos com um bombardeamento digno desse nome.

Qual avião que se preparasse para lançar umas cargas de Napalm, também aquela desgraçada cobra foi trucidada por um verdadeiro e repugnante bombardeamento de precisão milimétrica.

Nunca mais fui para a latrina sem G3 e até cheguei a pensar em levar uma HK21 e uma fita de munições, mas o tripé não deixava espaço para outras manobras e desisti.

António Matos
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4471: Encerrar um capítulo de não-vida da nossa vida? (António G. Matos)

(**) Vd. poste de 7 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4477: FAP (29): Encontros imprevistos (Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74)

Vd. último poste da série de 9 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4309: Comentários que merecem ser postes (6): Manuel Moreira Barbosa, um Comando da 38.ª (Magalhães Ribeiro)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4512: Fauna & flora (23): “Por pouco não nos caçamos a nós próprios… em Cufar” (Santos Oliveira)





1. O nosso Camarada Santos Oliveira, ex-2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf, Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66, enviou-nos a seguinte mensagem com data de 11 de Junho de 2009:



Camaradas,


Hoje vou-vos contar como num verdadeiro dia de caça, por pouco não nos caçamos a nós mesmos, em Cufar.

Embora eu tenha sido um dos intervenientes activos nesta Aventura, entendo que devia ser o Mário Fitas a contar este pequeno episódio em que, os Caçadores, estiveram em vias de ser caçados pelos seus “pares”.

Cerca de Março/Abril de 65, um Grupo constituído pelo Santos Oliveira, do PMort. 912, pelo Fur. Milº Alves, chefe da Equipa do Destacamento da CEngª 447, pelo Srgº da Sec AM Daimler e um outro Furriel (que não lembro o nome – seria o Fitas?) com um conjunto de mais 14 Cabos e Soldados, “destinamo-nos a ir á caça aos patos” (ou ao que quer que fosse comestível).

Ao lado e quase na extensão da Pista, havia uma bolanha, há muito abandonada, que mais se assemelhava a uma lagoa.

Deixei instruções ao Pessoal dos Morteiros; o Srgt AM Daimler deixou aos seus e para ali seguimos, não tanto com o sentido de caçar mas de desanuviar um pouco o ambiente que sempre se vive num Quartel, na sua quase totalidade constituído de abrigos subterrâneos, sem camas, mosquiteiros ou outras benesses, mas com o Ar Condicionado ligado quer de dia, quer de noite, tal como a Natureza nos proporcionava com as suas cambiantes.

Se apanhássemos algo que desse para mastigar, tanto melhor, já que a massa e o feijão-frade seriam certamente o prato base.

Foi um andar sem paragens, vagarosamente, para fazer render o tempo. Falava-se de tudo: das saudades, dos projectos, das ansiedades, dos desejos…

Pelo regresso, mais ou menos pelo bordo da lagoa, capim ainda macio, já a subir rapidamente e com um bom meio metro de altura, que convidava a um rebolar refrescante.

Num repente, sem aviso prévio, os Praças que nos seguiam a uns 30/40 metros, desataram a disparar as G3, de rajada, na direcção de nós quatro.

Lançamo-nos de imediato para ao chão, gritando ordens de suspensão de fogo, e rastejando como nunca, continuávamos a ver os ricochetes a lamber a parte superior do Capim e isso trazia-nos á lembrança a possibilidade aterradora de sermos massacrados pelos nossos.

Quase como começou (uma eternidade depois) tudo acabou, pudera, cada um dos soldados havia acabado de disparar os seus 5 carregadores! Mais não tinham!

Só que, agora o alarido era tremendo.

O que terá acontecido, interrogávamo-nos?

Quase de imediato ficou tudo esclarecido.

Uma Grande Gibóia, a quem devemos ter incomodado o sossego da sua sesta, ou caça, depois que passarmos (os quatro), ergueu-se um metro acima do Capim a lamentar-se haver perdido a perninha de qualquer um de nós.

A reacção dos Militares, foi espontânea, embora impensada; é que estávamos na linha do seu enfiamento de tiro. Não havia por onde sair com a rapidez necessária.

Uns 400 metros adiante, no início da Pista e entrada do Quartel, já nos aguardava, praticamente, tudo o que sobrava da CCaç763 e Adidos.

Por mim, ainda hoje sinto o gelo daquela pele, nas costas do meu dedo indicador.

Foi um Ronco de tirar fotografias ao, e com, o Bicho. Para mim, ou comigo, não!

O mais impressionante foi ver a arte como, com a minha faca, os elementos do Pelotão Nativo, cortavam finíssimas tiras e comiam crua aquela carne rosada e linda, mas que eu, meus amigos, ainda não estava à data, nunca estive durante todos estes anos e jamais estarei preparado, para tal experiência.

Estou a escrever “isto”, mas literalmente com pele de galinha.

Uma galinha seria decerto uma boa refeição a disputar: por nós e… pela esbelta e arrepiante Gibóia.

Ehrr, fiquei enjoado, agoniado, ou... já nem me apetece Galinha!

Cufar-Esquadra de Morteiros com Guia Nat.,sobre o abrigo, sem cama e mosquiteiro, mas com Ar Condicionado (Conforme o Tempo). Abr65.


Cufar-Giboia-Pose de Elementos da CCAÇ. 763, onde ressaltam Os Fur.Milº Juvenal (já falecido) e o Mário Fitas. Eu, nem para a pose!..

Fotos: © Santos Oliveira (2009). Direitos reservados

Abraços,
Santos Oliveira
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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

Guiné 63/74 - P4511: Convívios (146): 2º Convívio da CCAÇ. 1589, Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé (1966/68), em Amarante (Armandino Alves)





1. O Armandino Alves foi 1º Cabo Enfº da CCAÇ. 1589 (1966/68), em Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé, enviou-nos mais uma mensagem com notícias da confraternização da sua Companhia, com data de 9 de Junho de 2009 p.p.



Camaradas,

Só ao fim de 40 anos se conseguiu reunir alguns camaradas da Companhia de Caçadores 1589.

O 1º Convívio teve lugar em Cardielos - Viana do Castelo -, no ano transacto em 24 de Maio, tendo ficado acrago do ex-Fur Milº José Couto, a encomenda da Missa de Sufrágio pelos camaradas falecidos, e o “fornecimento” ao pessoal, dos “comes e bebes”.

Deste nosso 1º encontro junto 2 fotos:


Da esquerda para a direita estou eu, o Paulo e o Lemos


Nesta foto: de frente o Com Pel Alf Mil Veleda, à direita dele o Fur Mil Carvalho, à esquerda o Alf Mil Honório e o Fur Mil Rodrigues
O 2º Almoço/Convívio foi realizado no presente ano, no dia 16 de Maio, em que fazia precisamente 41 anos sobre a data do desembarque da nossa Companhia, em Lisboa.

Este segundo convívio realizou-se em Bustelo – Amarante -, e foi completamente organizado pelo 1º Cabo Manuel Carvalho Ribeiro.


O pessoal que compareceu em 2009

Aspecto geral do animado e inesquecível Almoço de 2009

Resta-me realçar, para ser justo, que estes eventos se devem à iniciativa, carolice e tenacidade do ex-Fur Milº Carlos Ferreira de Carvalho que, em 2008, suportou todas as expensas (deslocações, telefonemas, etc.), tendo, posteriormente, contado com a presiosa colaboração do ex-Fur Milº José Castanho Fernandes Couto.

Armandino Alves
1º Cabo Enfº CCAÇ. 1589
___________

Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

Guiné 63/74 - P4510: Memória dos lugares (31): Fá Mandinga, CCAÇ. 1589 (1966/68) (Armandino Alves)




1. O Armandino Alves foi 1º Cabo Enfº da CCAÇ. 1589 (1966/68), em Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé e, respondendo ao nosso desafio, para escrever mais sobre o que de bom, e menos bom, recordar sobre aqueles bura.. kos, enviou-nos mais uma mensagem, que muito agradecemos, com data de 9 de Junho de 2009 p.p.




Camaradas Luís Graça e demais Tertulianos,

Sobre o Aquartelamento de Fá Mandinga, ainda recordo que:

Em Dezembro de 1966, a minha CCAÇ. 1589, recebeu Guia de Marcha para Fá Mandinga.

Embarcamos em Bissau numa LDG em direcção a Bambadinca e daí seguimos em viaturas, pela estrada em terra batida, que estava a ser aberta pelo Batalhão de Engenharia, em direcção a Bafatá.

A certa altura viramos á esquerda e entramos na picada que nos ia levar a Fá. Era tão estreita que mal lá cabiam uma GMC ou uma Mercedes. Passamos o Aquartelamento de Fá de Cima e começámos uma íngreme descida até Fá de Baixo.

O Aquartelamento era constituído por 4 grandes barracões, dois de cada lado, com uma grande parada no meio. À volta era só capim, que era preciso desbastar para podermos ver mais longe e evitar surpresas “desagradáveis”, embora o pessoal de Fá de Cima nos protegesse pois, devido á sua posição no cimo da colina, viam muito mais longe.

Mas, pelo que eu sei, Fá nunca foi atacada.

A partir daqui fizemos várias operações, com outras Companhias que tinham a sua base em Porto Gole. A maior delas foi à mata do Saraoul, durou 10 dias e foi feita a nível de Batalhão.

Nesta operação, quando embarcamos na LDG, tivemos um grande “incentivo” moral e psíquico, para a operação que íamos realizar. No meio da LDG estavam 6 urnas, com 6 camaradas dentro, que exalavam um pestilento cheiro a carne putrefacta devido, não só ao muito tempo decorrido sobre as suas mortes, como pelo efeito do calor do sol, que incidia sobre as urnas que se encontravam a céu aberto.

Não sei se eram para serem inumadas em Bissau, ou serem mandadas assim para a Metrópole.

Entretanto o Capitão da minha Cia. adoeceu, apresentando um elevado estado febril. Tratei dele o melhor que soube e fui ter com o Major dando-lhe conta da ocorrência.

O mesmo, não queria que o Capitão seguisse para o mato e decidiu que ia entregar o Comando da Companhia a outro oficial. Só que, o Capitão mesmo doente opôs-se terminantemente, e, dirigindo-se a mim, disse-me que eu tinha que o repor em condições de seguir viagem, porque se não, quando regressasse-mos a Fá, me dava uma “porrada” e me despromovia.

Dentro dos meus conhecimentos e conforme pude (pois os Médicos não foram feitos para andar em operações), lá consegui que a febre baixasse o suficiente, para ele se aguentar de pé e seguir connosco para a operação. Durante todo o percurso de ida eu fui a sombra dele. Quando paramos para nos instalarmos já ele estava a cem por cento.

Durante a operação fomos fustigados por fogo de morteiro e, como o IN conhecia bem a mata, os rebentamentos davam-se muito perto de nós. Foi então que um dos nossos soldados, foi atingido no pescoço por um grão de areia projectado pela deslocação do ar de uma das explosões.

Julgo que ainda hoje ele o tem no corpo, pois os médicos preferiram não o tirar, visto que o local, onde se encontrava o dito grão, era muito perigoso para a sua extracção clínica.

Quando regressávamos fizemos uma paragem para retemperar as forças. O pessoal foi distribuído de maneira a manter a segurança. No momento em que um dos nossos camaradas foi fazer as suas necessidades fisiológicas, ouviu-se um tiro que felizmente não atingiu ninguém.

Detectado o atirador, no cimo de uma árvore, o mesmo foi abatido de imediato.

Ao reagir ao som do tiro, o pessoal abrigou-se o melhor que pôde e soube , mas um dos nossos soldados, pró azar, encostou-se a uma árvore de pequeno porte e derrubou, inadvertidamente, uma colmeia. Foi o fim do mundo. As abelhas atacaram em força e, quando nos conseguimos livrar delas, tivemos de solicitar a evacuação de dois soldados bastante atacados pelas abelhas, para o Hospital Militar de Bissau.

Claro que, em poucos segundos, os anti-histamínicos desapareceram enquanto o diabo esfregou um olho.

A partir daí tudo correu bem e regressamos a Fá.

Pouco tempo depois recebemos guia de marcha para Madina do Boé.

Quanto ao quartel de Fá, lembro-me que o 1º barracão se situava do lado direito de quem entrava no quartel e servia de caserna dos praças e quartos dos sargentos, e o 2º destinava-se aos Comandantes e, creio que também, a camarata dos oficiais.

Nas traseiras do 1º barracão estava instalado o “meu” Posto de Socorros e o reboque com o material de Campanha do SS, que nunca foi usado.

O 2º pavilhão, do lado esquerdo, só estava meio ocupado por nós, pois a outra metade estava vedada com rede e tinha guardado o material, para a fazenda do Amílcar Cabral.

Não me lembro onde ficavam a cozinha nem as oficinas auto.

Um abraço para todos do,
Armandino Alves
Ex 1º Cabo Enfº da CCAÇ. 1589
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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:


Guiné 63/74 - P4509: Estórias do Juvenal Amado (17): Ataque a Campata

1. Mensagem de Juvenal Amado (*), ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74, com data de 8 de Julho de 2009:

Caro Luis, Carlos, Virgínio, Magalhães e restante Tabanca Grande

As estórias são motivos de prazer quando delas não resultam lembranças que nos traumatizam.

Ao longo destes meses em que me expus com as minhas estórias, tentei ser o mais próximo daquilo que se passou ao tempo. Um ou outro facto, data ou acontecimento a memória nem sempre fiel, foi e é objecto de dúvida e imprecisão. Mas essas nunca foram relevantes no contexto das mesmas estórias.

Do que relatei efectivamente houve trauma em alguns acontecimentos.
Nenhum de nós passou por eles de forma ligeira.
Neste contexto fico feliz, que não tenha praticado nenhum acto, que me desonrasse como militar e como homem.

Um abraço para todos
Juvenal Amado


ATAQUE A CAMPATA

O nosso camarada ex-Alferes Dias, traz ao poste 4466 (**) o relato dessa sangrenta noite, com o rigor de quem se habituou durante aqueles anos, a ter que fazer relatórios sobre a operacionalidade das tropas sobre o seu comando.

O Dias foi um oficial operacional responsável pelos os seus soldados, combateu, arriscou a vida possivelmente convencido que esse era o caminho mais certo para não ter baixas.

Era norma operacional, que o trabalho desenvolvido nas patrulhas e nas operações, afastava o IN e reduzia o sangue derramado.

Efectivamente também lá estive nessa noite e depois na reconstrução da aldeia.

Connosco para Galomaro veio um guerrilheiro ferido, que veio a falecer tal era a gravidade dos seus ferimentos.

Juntamente veio um menino gravemente queimado, que ficou a viver no quartel até praticamente ao fim da nossa comissão. O seu sofrimento bem como o cuidado com que foi tratado pelo pessoal médico da CCS, foi por mim aflorado em jeito de comentário numa estória, que relata uma patrulha nocturna.

Quanto ao jovem prisioneiro posteriormente mencionado, foi um episódio, que tenho guardado estes anos todos, porque me chocou a forma como ele foi tratado.

Seria filho de um homem grande de uma aldeia relativamente perto, ou foram buscar logo o pai que apareceu no quartel a exigir uma arma para matá-lo e assim lavar a honra dele e da sua família.

O homem queria estar nas boas graças das autoridades nem que, para isso tivesse que verter o sangue do seu sangue.

Quanto ao filho, não faço ideia nenhuma do que lhe aconteceu, mas eu e mais camaradas, ainda que fugazmente, assistimos a parte do tratamento que ele levou durante o interrogatório.

Mais não assistimos, pois os interrogadores ao se aperceberem de que nós os estávamos a observar, deram-nos violenta ordem para recolhermos ao abrigo.

O interrogatório foi feito na traseira do quarto do Comandante, por conseguinte, virado para a porta do meu abrigo.

Recordo como, na altura, fiquei agoniado ao ver a cara inchada e as canelas, do prisioneiro, a escorrer sangue.

Ainda hoje lamento, mas nada podia fazer, aquela gente estava acima da lei.

Dirão que os fins justificavam os meios.

Um soldado combate, defende-se ou ataca, mas não tortura.

Não estive de acordo na altura e continuo a não estar de acordo agora. Resta-me a consolação de que nenhum militar do 3872 participou nesse acto.

Galomaro > Aquartelamento > No primeiro edifício do lado esquerdo há a parede e no final do passeio estão umas tábuas. Foi nesse local que o interrogatório ocorreu. Na frente, tapados com trepadeiras, está o quarto do comandante e messe de oficiais e sargentos.
Foto do ex-Alf Mil Vasconcelos


Na foto, em cima: Correia, Catroga, Fur Mil Graça, Alf Mil Médico Vieira Coelho e André. Em baixo: Santos. No menino que ficou gravemente queimado, é o que está em pé e nota-se que está todo ligado por baixo da camisa. O maqueiro André foi quem prestou os primeiros socorros ao Teixeira, (15 de Novembro de 1972) quando este caiu na mina a caminho do Saltinho. Mais tarde quando do ataque a Galomaro (1 de Dezembro 1972) fez fogo com o morteiro 60 mm, para o qual não tinha formação especifica. Com esta acção evitou, de certo, que houvesse baixas do nosso lado.
Foto do ex-Alf Mil Médico Vieira Coelho


Um abraço
Juvenal Amado
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 2 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4450: Estórias do Juvenal Amado (16): Borrasca no Pilão

(**) Vd. poste 5 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4466: O Grupo Especial do Marcelino da Mata em Galomaro (Luís Dias)