sábado, 30 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4442: Blogoterapia (105): Falando de camaradagem, de brancos e pretos (José Eduardo Alves)

1. Mensagem de José Eduardo Alves (Leça) (*), ex-Condutor da Cart 6250, Mampatá, 1972/74, com data de 23 de Maio de 2009:

Camaradas
Luís, Briote, Vinhal e demais camaradas

Hoje vai uma história de camaradagem.

Como sabem, eu África sinto-me como em casa. Na minha última intervenção no blogue, disse tudo.

Quando estive em Angola, perguntei a um angolano se sabia o que era a camaradadagem, ao que ele respondeu que sim, que era aquela coisa que anda dentro do pneu.

Não vim aqui para contar anedotas, mas sim para falar do blogue, o que penso dele. Este blogue deve ser visto como um local quase sagrado, onde todas as pessoas se devem respeitar. Um pouco de cultura é o que falta a alguma gente que diz, mas não sabe o quê, isto é uma expressão africana. Este meu reparo, é para uma boa interpretação, sem ofensas a ninguém. Há bastante tempo que venho a apreciar quem é quem, por isso conheço o pessoal todo do blogue. Por vezes gostava de dar um abraço a certos camaradas, mas dou-o agora através do blogue. Tive um professor na universidade que dizia que quando rodamos a cara para os lados sabemos o que valemos.

Agora vou falar de África, porque uns escrevem o que lhes vai na alma, outros o que passaram, mas poucos são capazes de analisar, porque é mais difícil, é preciso tempo, e eu também tenho pouco. Aqui deixo o meu pensar de que os portugueses em África construiram cidades e amizades nunca esquecidas, tendo o Ocidente aproveitado a teimosia salazarista para destruir o que nós portugueses construimos. Branco e africano comiam na mesma mesa, dormiam na mesma casa, coabitava da mesma maneira e isto foi obra nossa.

Quando estive em Brazzaville, diziam os africanos, que Luanda em África era comparada a Paris na Europa.
Quando entrei nas plataformas de petróleo em 1984, dentro do mesmo barco havia cozinha para branco, cozinha para africano, balneários para brancos e outros para africanos, e eu surpreendido perguntei a um africano se aquilo era normal. Sim - disse ele - E sabes porquê? É que os santos são brancos e Deus também, só o diabo é que é preto.

Chega de histórias reais. A minha luta é ajudar esta gente, na terra deles, porque é lá que eles se sentem bem, por isso eu subscrevi algumas coisas e vamos para frente.
Devo dizer, com alguma modéstia, que por onde passei deixei amigos, e é assim que a vida tem sentido.

Este ano fui à Guiné e gostava de ter encontrado mais gente conhecida, mas como diz o guineense: - Deus não quis, fica para o ano.

Agora vou deixar um alerta, é que as cerejas com esta chuva já começam a ficar recheadas. Para os amigos eu tenho um verde tinto feito só com uva.

Deixo ao vosso critério este texto para publicar, porque tem muitas coisas à mistura, mas com o tempo eu vou aprender a separar os assuntos.

Aquele abraço do J.E.S. Alves a todos quantos o queiram aceitar, e não se esqueçam, quando apartarem a minha mão, façam-no com força.

Um grande abraço.

José Eduardo e António Carvalho durante a recente viagem à Guiné-Bissau

2. Comentário de CV:

Mais um texto do nosso universitário da vida, Eduardo Alves, texto simples que se espera tenha a sua essência intacta, uma vez que precisou, aqui e ali, de uns toques.

Camaradas, analisemos este parágrafo que retirei do texto acima:

Não vim aqui para contar anedotas, mas sim para falar do blogue, o que penso dele. Este blogue deve ser visto como um local quase sagrado, onde todas as pessoas se devem respeitar. Um pouco de cultura é o que falta a alguma gente que diz, mas não sabe o quê, isto é uma expressão africana. Este meu reparo, é para uma boa interpretação, sem ofensas a ninguém. Há bastante tempo que venho a apreciar quem é quem, por isso conheço o pessoal todo do blogue. Por vezes gostava de dar um abraço a certos camaradas, mas dou-o agora através do blogue. Tive um professor na universidade que dizia que quando rodamos a cara para os lados sabemos o que valemos.

Deixo-vos com estas simples, mas oportunas palavras do Eduardo.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 22 de Maio de 2009 Guiné 63/74 - P4400: História de Vida (14): Refazendo a vida correndo o mundo (José Eduardo Alves)

Vd. último poste da série de 28 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4431: Blogoterapia (104): Não façamos deste Blogue um muro de lamentações (António G. Matos)

Guiné 63/74 - P4441: Bibliografia de uma guerra (48) "Os Tempos de Guerra - De Abrantes à Guiné", de autoria de Manuel Batista Traquina

1. Mensagem de Manuel Traquina (*), ex-Fur Mil da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70, com data de 29 de Maio de 2009:

Carissimo Vinhal:

Solicito e agradeço a apresentação do meu livro "Os Tempos de Guerra - De Abrante à Guiné" no Blog.

O livro tem cerca de 230 páginas e 70 fotografias, além de cópias de documentos vários, e um resumo da guerra da Guiné.

Foi uma tiragem de 500 exemplares.

É um relato da minha vida militar, em especial a comissão na Guiné, acontecimentos dentro e fora dos aquartelamentos que de um modo geral são comuns a todos quantos passaram pela Guiné. Penso que muitos dos acontecimentos dizem muito aos milhares de militares que passaram pela região de Buba e Aldeia Formosa.

Além de mais pretendi com este livro deixar um testemunho da realidade que foi a Guerra Colonial e, homenagear todos quantos por lá passaram em especial aqueles que lá perderam a vida.

O livro está a ser vendido ao preço de 15,00 € mais portes, e poderei enviá-lo a quem o solicitar. Poderei também enviá-lo à cobrança ou a quem fizer a tranferncia bancária neste caso 16,00 €.

Meus Contactos:

Telefones: 241 107 046 / 933 442 582
E-mail: traquinamanuel@sapo.pt

Um Abraço
Traquina

2. Comentário de CV:

Fica deste modo apresentado, mais em pormenor pelo próprio autor, o nosso camarada Manuel Traquina, o livro "Os Tempos de Guerra - De Abrantes à Guiné".

Quem quiser adquirir esta obra, poderá fazê-lo de acordo com as modalidades propostas pelo autor, uma vez que não poderá ser encontrado nas livrarias.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 12 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4327: Venturas e Desventuras do Zé do Olho Vivo (Manuel Traquina) (7): O saxofone que não tinha sapatilhas

Vd. último poste da série de 27 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4422: Bibliografia de uma guerra (47): Coutinho e Lima fala do seu livro "A Retirada de Guileje" (José Martins)

Guiné 63/74 - P4440: Controvérsias (18): Direito de defesa (Manuel Maia)

1. Mensagem de Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74, com data de 30 de Maio de 2009:

Assunto: Direito de defesa

Amigo Vinhal,
Mau grado teres alertado da necessidade de enviar um ou dois trabalhos semanais por causa do atraso que existe relativamente à edição, peço antecipadamente desculpa por vir agora pisar o risco.

Para isso e por causa da transcendência e actualidade do tema pedia-te o favor de o colocares antes de qualquer outro meu que eventualmente tenhas em ideia de fazer sair...

Ainda antes de me emaranhar nos considerandos que me levaram a este desabafo que se seguirá, quero aqui manifestar-te, bem como a outros que igualmente procuraram pôr água na fervura, mormente o próprio António Matos autor do excelente texto que receberia 15 comentários (aliás o que escreve é de qualidade indubitável...) (*)
Carregado de razão... A vida tem se ser encarada a rir...

Navegava então por esse Cumbidjã acima que o Mário Fitas tão bem canta e reclama como seu (também é meu, Mário...) pelo Mansoa do Picado ou Geba de tantos outros, quando dei comigo a visitar o último poste do António Matos, e entre tantos comentários, aliás como é hábito naquilo que tão bem debita - um dos melhores de entre os cerca de trezentos que habitualmente botamos faladura - fui surpreendido por dois entre os quinze que o texto originou...

O primeiro de um tal João Miguel Almeida, um jovem de 41 anos, que segundo confessa nos acompanha todos os dias na tabanca.

Já o segundo, parece ser sina do camarada Magalhães Ribeiro intervir a despropósito já que usa um espaço não concebido para as suas diatribes, mas sim para um comentário puro e simples ao trabalho em questão.
Já lá vamos...

Entretanto, debrucemo-nos sobre o do sr. Almeida (espero que o nome seja mera coincidência...) que decidiu intervir e ao fazê-lo acabou por ter mérito espicaçando uma polémica que careceu da intervenção sensata, como habitualmente, do Vinhal para além do próprio Matos e do Luis.

Segundo ele, as criticas à actuação de Coutinho e Lima passaram-no de militar experimentado a quase proscrito e Almeida Bruno terá sido travestido ao passar de bestial a besta, ele que era comando...

Vinte e um segundos terão sido suficientes para essa redutora mudança...

Penso que são duas situações que nada têm de similar porque Coutinho e Lima não terá tido alternativa válida.

Ou agia dessa forma ou seria responsável por centenas de óbitos entre militares e população, pelo que o valor da vida humana foi respeitado.
Excelente condutor de homens.

Convenhamos que no segundo caso, a passagem de bestial a besta foi o corolário lógico da sua intervenção televisiva na série intitulada "Guerra" que Joaquim Furtado criou.

Já não é surpresa, o camarada Magalhães Ribeiro, pois já há dias usara o mesmíssimo método de intromissão em área restrita a comentários ao trabalho sujeito a apreciação... foi indelicado para com António Matos. Mas isso são contas de outro rosário...

Será que o seu estatuto lhe dá esse direito? Não me parece...

O membro da direcção da ADE (Associação de Operações Especiais) bem como dirigente da LAAMP (Liga dos Amigos do Museu Militar do Porto) e co-editor deste blogue, saiu a terreiro, para, aproveitando uma deixa criada pelo seu amigo (chama-lhe isso) decidir a coberto da noite, que é o mesmo que dizer, sem referir nomes, zurzir neste vosso camarada.

O alvo da tocaia é este escriba que não está ligado a nenhuma associação militar (JÁ ME CHEGARAM OS TRINTA E NOVE MESES DE TROPA...) e cujo único curriculo foi o ter chegado à guerra em horas de expediente... e não depois da feira levantada, conforme o camarada Magalhães Ribeiro...

Provavelmente estará aqui uma explicação para tanta apetência por fardas, a guerra que nunca teve...

Ah, é verdade, esqueci de referir no meu currículo o facto de nunca ter sido voluntário para nada...

Era assim que nos ensinavam os mais velhos que óbviamente respeitávamos...

Como não gostava de fardas embora as respeitasse, nunca tirei aquelas fotografias parecendo polícia (parece que chamavam àquilo farda de gala...) e que camarada Ribeiro, por razões que lhe assistem, achou por bem fazer...

Ainda a este propósito, tive um Primeiro Sargento (único profissional da Companhia...) o saudoso Júlio César Ginja, de quem me tornaria amigo nos tempos de Guiné, e que representava, à altura, a perfeita antítese de mim próprio, uma vez que era o chamado militar militarista, passe a redundância, estando eu nos antípodas...

Convidou-nos para seguirmos a tropa. Afinal ele começara por Praça e chegaria a Sargento-mor...

Do nosso velhinho Ginja (uma espécie de pai para nós...) no fim da comissão, nada sobrou desse militar/tipo...

Passou a miliciano, no sentir e no viver, graças à acção do irreverente Fernando Teixeira, um curtido...

Pois o bom do Ginja falava-nos muitas vezes na ideia de seguirmos a via das armas.
Não levou nenhum com ele...

Não tenho apetência para isso, dizia...

Fui com orgulho, a par com o Zé Maria Vilares e o Moura, o furriel mais operacional, chegando a sair de uma operação para entrar noutra pelo facto do nosso número estar reduzido ora porque havia doentes ou então porque alguém se desenfiava via consulta/externa em Bissau para fugir um pouco aos tiros... mas também digo, sem rebuço, que nunca gostei de fardas fossem elas quais fossem...

É portanto nesta faceta de ex-militar cumpridor que aqui estou a dar-vos conta da minha defesa face ao ataque (é indubitável que sou alvo privilegiado do camarada Magalhães (o próprio Zé Dinis com o seu característico e qualificado humor nos dá conta disso como comentarista do referido poste do Matos ...)

Escalpelizemos o comentário do camarada Magalhães no dito trabalho do Matos... que acabou por ser uma exposição/carta ao seu amigo (chamou-lhe assim) João Almeida.

Diz-nos a certa altura que anda muito atarefado, que tem coisas bem mais importantes a fazer do que responder a provocações (sendo assim, se tem bem mais que fazer para que se terá envolvido em tantas guerras?)

Volto a cogitar e dou por mim a pensar se esta guerra que comprou comigo (e à qual não darei mais troco...) não será afinal também o reflexo de ter chegado no fim da feira quando os feirantes levantavam já os toldos...

Que respondam os psicólogos...

Sente-se orfão da guerra... por isso envolve-se em associações de veteranos, liga dos combatentes, e em tricas à procura dela...

Mais à frente volta a utiliza aforismos...

Três de uma assentada:

"Quem não se sente não é filho de boa gente"
"os cães ladram e a caravana passa"
"Vozes de burro não chegam ao céu"


Fala em dor de corno por não ter o curso... (Faz-me lembrar a história da fulana que na ourivesaria queria comprar o anel de curso de cabeleireira...)

Chama mesmo inconsolados aos tais sofredores da dita dor de corno.

Pela minha parte, sem melindres aos profissionais da mesma, sempre me borrifei para a tropa, nunca senti o apelo, nunca vesti a tal farda de gala para tirar a fotografia com ar de policia, por isso essa carapuça, não enfio...

Prosseguindo, diz que foge a certas insinuações (não é o que parece... e fá-lo de forma absolutamente incontrolada, despropositada e fala de tudo...

Quando diz que esteve com a tropa dita macaca... ele até se juntou a eles e nunca evidenciou ares de especial.

O camarada Magalhães não sabia que os rangers eram integrados nas Companhias como outros quaisquer e que se limitavam a fazer exactamente o que todos os operacionais faziam...

Os comandos, fuzileiros ou pára-quedistas, esses sim ,actuavam em grupos próprios...

Mais à frente parafraseando, (vejam lá...) Marco Paulo, afirma que nunca lhe disseram ter taras ou manias de especial...

Depois diz: - Para mim soldado ou general para mim é militar... olhe que não, olhe que não é o que parece...

Vem depois o quarto ditado popular... Não há regra sem excepção...

É evidente que que há sempre um ou outro especial que não cumpre as normas todas, que lhe foram ministradas nos respectivos cursos e não seja digno de usar os emblemas que lhe foram confiados...

(tão, tão pobrezinho...)

"Agora quem despeja estas aleivosias sobre os "especiais", blá, blá, blá...

Denegrir os "especiais", é cuspir nos seus mortos e estropiados, blá, blá, blá...

No meu blog está uma relação de rangers mortos em África,blá ,blá,blá


Oh homem, francamente, isto não lhe fica bem ...

Sem pretender atiçar mais polémicas, não podia sob pena de ser considerada cobardia, deixar sem resposta o snr. Magalhães Ribeiro, e desde já digo que por mim está absolutamente encerrado este fait divers, não pretendendo pois gastar mais vela com este defunto...

Só mesmo mais um popularíssimo ditado: NÃO VÁ O SAPATEIRO ALÉM DA CHINELA.

Saudações a todos os tabanqueiros.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 28 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4431: Blogoterapia (104): Não façamos deste Blogue um muro de lamentações (António G. Matos)

Vd. último poste da série de 13 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4336: Controvérsias (13): A acção do IN, face à circunstância, permite julgamento de modo diferente? (António Matos)

Guiné 63/74 - P4439: Convívios (140): Tabanca de Matosinhos organiza sardinhada na noite de S. João (Carlos Vinhal)

TABANCA DE MATOSINHOS PROPÕE SARDINHADA PARA A NOITADA DE S. JOÃO

Não é nenhuma confraternização especial de ex-combatentes da Guiné. É simplesmente mais uma quarta-feira da Tabanca de Matosinhos. No Milho Rei é assim uma vez por semana.

1. Numa das minhas incursões pelo Blogue da Tabanca de Matosinhos, dei com o poste 181 (*) a propôr uma sardinhada para a noite de S. João.

Assim, aconselho os interessados, principalmente os do Grande Porto e que queiram um bocado de noite bem passado, a contactarem aqueles camaradas, porque a diversão é garantida.

Eu tenho programa alternativo, não tão animado, mas como já está programado há bastante tempo, desta vez não vou alinhar.

A propósito e porque temos de ser uns para os outros, rapaziada da Tabanca de Matosinhos, ninguém se inscreve no Encontro Nacional da Tabanca Grande? Já se esqueceram das raízes? Estamos à vossa espera.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Maio de 2009 > P181 - Noite de S.João

Vd. último poste da série de 29 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4438: Convívios (136): Pessoal da CART 3494/BART 3873, no dia 13 de Junho de 2009, em Santa Catarina de Vagos (Sousa de Castro)

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4438: Convívios (139): Pessoal da CART 3494/BART 3873, no dia 13 de Junho de 2009, em Santa Catarina de Vagos (Sousa de Castro)

1. Mensagem de Sousa de Castro, nosso Tertuliano n.º 2, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74, com data de 27 de Maio de 2009:

Pela presente, venho informar que este ano não vou poder estar no IV Encontro da tertúlia.

Por outro lado agradeço a publicação do Programa do XXIV Encontro da CART 3494 (Fantasmas do XIME) em Vagos.



PROGRAMA XXIV ENCONTRO/CONVÍVIO DA CART3494


“FANTASMAS DO XIME”

DIA 13 DE JUNHO DE 2009 EM SANTA CATARINA DE VAGOS, NO RETAURANTE “TRIACENTRO”

- 10,00 horas - Concentração na Praia de Mira, junto à Capela de Nossa Srª da Conceição

- 11,30 horas – Saída em caravana até ao Restaurante “TRIACENTRO”, em Stª Catarina de Vagos

- 12,30 Horas – Início do Almoço

EMENTA

- Entradas/Aperitivos:

- Bolos de bacalhau, Rissóis de carne e de camarão, presunto, queijo, fiambre, Etc.

- Qentes:

Sopa de legumes, Arroz à valenciana e Leitão à Bairrada

- Sobremesas:

Pudim, gelatina, molotofe, salada de frutos e “Bolo comemorativo da CART 3494”

-Bebidas:

Martini, Vinho do Porto, Vinho maduros ou Verde, Sumos e Água

- Digestivos:

Café, Whisky e Vinho Espumante

Preço por pessoa

Adultos: 27,50€
Crianças até aos 10 anos: 12,50€

Contactos:

Manuel Óscar de Aalmeida,
Telef 234781442 – 964198204

Licínio,
Telef 231582239

Guiné - Xime, 1972 - Posto de rádio

Guiné - Xime 1972 - Tabanca das Transmissões

Guiné - Xime 1972 - Vista panorâmica

Castro e alguns colegas no XXI encontro no ex-RAP2 - V. N. Gaia
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 27 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4426: Convívios (135): Pessoal da CCAÇ 2367 (Vampiros), dia 23 de Maio de 2009 (Albino Silva)

Guiné 63/74 - P4437: O Nosso Livro de Visitas (65): L.J.F. Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74

1. Mensagem de L.J.F. Marcelino, ex-Cap Mil, Comandante da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74, com data de 27 de Maio de 2009:

Assunto: Testemunho

Tenho visitado regularmente este espaço, que considero de convívio, recordação e expressão de muita amizade.
Aqui tenho encontrado algumas pessoas que conheci ou conheço, com quem experimentei a vida difícil na Guiné. Algumas tenho visto em encontros que fazemos, outras, nunca mais..

Estive na Guiné entre 1972 e 1974, na CART 6250, em Mampatá. Fui o comandante, na altura, um jovem Capitão miliciano, graduado, de nome Marcelino. Vivo em Leiria.

Muito gostaria de estar presente no almoço do dia 20. Tenho outro compromisso que me impede. Contudo, estarei atento para que em encontros futuros possa ter o prazer de participar.

Ao fundador do blogue, à equipa editorial e a todos os participantes, as minhas saudações amigas e com todo o gosto também poderei participar neste espaço, com alguns episódios ou vivências da Guiné.

Um abraço


2. Comentário de CV:

Caro Marcelino, muito obrigado pelo contacto.

Temos pena que não possa estar presente no nosso próximo Encontro em Ortigosa.

Muito obrigado também pelas palavras amáveis dirigidas ao nosso Blogue, reconhecimento de que o trabalho da Tertúlia é reconhecido pelos leitores. Quando quiser aderir à nossa Tabanca, poderá também contribuir com o seu testemunho como militar e CMDT da CART 6250, Unidade que tem representação no nosso Blogue através do António Carvalho, ex-Fur Mil Enf, Eduardo Alves, ex-Soldado Condutor Auto e José Manuel Lopes, ex-Fur Mil.

Aguardamos o seu próximo contacto desta feita a dizer-nos que quer fazer parte desta grande família em volta do Timoneiro Luís Graça.

Um abraço deste camarada que o cumprimenta
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 27 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4428: O Nosso Livro de Visitas (64): Carlos Valentim, 1.º Tenente da Armada Portuguesa

Guiné 63/74 - P4436: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: tradução de Miguel Pessoa (4): Alguns comentários

1. Mensagem de Miguel Pessoa (*), para Luís Graça, com data de 29 de Maio de 2009:

Assunto: Comentários ao texto do Matt Hurley

Luís

Da experiência que já tenho dos timings da publicação dos Postes no blogue, não me parece que o texto do Matt Hurley venha provocar grandes comentários por parte dos bloguistas. Mas lembro que durante a preparação da tradução solicitaste pareceres a diversos tabanqueiros. Pelo menos tenho conhecimento destes que incluí mais abaixo. Devidamente adaptados, talvez queiras introduzi-los como comentários ao Poste ou incluí-los na série "Comentários que merecem ser Postes" (desculpa lá se não é esse o termo, mas estou a escrever de cor...). Isto é uma simples sugestão.

Abraço
Miguel


2. Assim, seguindo a sujestão do nosso camarada Miguel Pessoa e a indicação do Editor do Blogue...

Comentários ao texto do Matt Hurley:
De João Seabra

Luís
Cá recebi o sumário do trabalho do Matt Hurley. Não tenho grande coisa a acrescentar em relação ao que te escrevi ontem. Tal como o autor, também não vejo que lições se possam tirar de experiências passadas que tenham alguma utilidade para uma doutrina da contra-insurreição actual.

Acho mesmo que as cidades constituem hoje o derradeiro maquis. Já não há, praticamente, terrenos difíceis onde as técnicas modernas não sejam mais do que suficientes para pôr fora de combate potenciais insurgentes. Os helicópteros actuais, os dispositivos de observação nocturna, a observação espacial, o empastelamento electrónico das transmissões adversas, a extraordinária precisão das armas e munições actuais, etc., tornam irrisórios os tradicionais santuários geográficos (montanhas, pântanos, florestas, etc.).

Restam as cidades, onde os guerrilheiros se podem movimentar com facilidade desde que, evidentemente, as forças armadas modernas se abstenham de as arrasar (como os Russos fizeram em Grozny).

Isto vale especialmente para o Iraque, onde 90% da população é urbanizada.

Sobre a tradução do Miguel, diria que escolheste a pessoa indicada. Prefiro (mera opinião) o termo situação para traduzir status, em vez de estado da arte sobre o tema, expressão que, parece-me, talvez mal, poderia induzir em confusão entre o estado da literatura sobre a arte e o estado da arte propriamente dita.

Só há uma expressão que me parece relativamente obscura (mais por culpa do autor do que do tradutor): a que se refere à não linearidade na guerra. (uma vez que) as operações efectuadas a uma escala relativamente pequena e os seus efeitos imediatos tinham desproporcionado profundamente o impacto….

A linearidade de uma função exprime efectivamente uma relação de proporcionalidade (directa). A não linearidade sugere uma desproporção. Entre o quê? meios e resultados? meios e efeitos? meios e impacto? efeitos impacto? O que é o impacto?

Enfim, o problema pode não ser do autor (e muito menos do tradutor), mas deste específico leitor, que é particularmente obtuso.

Acho o texto interessante e gostaria de o ver publicado no blogue. Quanto mais não seja porque enuncia explícitamente uma tese que merece estudo, e com a qual, possivelmente, haverá quem esteja em desacordo.

Mas eu sou dos que pensam que a controvérsia (racional) é mais profícua do que o chamado consenso.

Abraço
João Seabra


De Manuel Augusto Reis

Caríssimo Luís
Aqui vai, tarde e a más horas, a minha modesta opinião sobre o trabalho de doutoramento de Mr. Mattew H. Hurley.

Sobre o estudo de caso considero-o muito bem conduzido e o resultado das investigações vêm de encontro ao que nós, no terreno, vivíamos e sentíamos. Sem a eficácia de actuação da Força Aérea, na Guiné, ficávamos deveras fragilizados.
Mr Matew H. Harley fala na nossa superdepência das NT, no terreno, da eficaz actuação da FAP. Não só no aspecto operacional, mas também no aspecto logístico (alimentação, correio, evacuação de feridos ou doentes, etc...). Esta era, de facto, a realidade.

A sua ligação ao 25 de Abril é feliz, pois com a crescente evolução tecnológica (mísseis terra-ar) e a intensificação da sua utilização por parte do PAIGC, a actuação da FAP ficava bastante limitada (o que foi notório a partir de Maio de 73) e o recolher a Bissau tornava-se inevitável. Havia que fazer algo. Um desaste de grandes dimensões transformar-se-ia num vexame para nós aos olhos do mundo.
Isto apressou o 25 de Abril (estava previsto para Julho, dizia-se nos bastidores revolucionários).

Um abraço amigo
Manuel Reis


De Hélder V. Sousa

Caro Luís Graça
Quase conseguindo cumprir o prometido, aqui vão alguns, poucos, comentários ao trabalho do Matthew Hurley.

Como disse antes, não devo ter reparado ou entendido que o enviado anteriormente seria para comentar e disso me penitencio.

Ontem, como te disse, fui a Vila Franca de Xira para participar na divulgação pública do "Manifesto da Memória" das gentes da Secção Cultural da União Desportiva Vilafranquense, que foi muito interessante. Disso poderei falar mais tarde, se achares que possa ter algum interesse. Entre a malta do meu tempo (geracional e de actividades), encontrei uma amiga minha, chamada Ana Diogo (aliás, a médica Ana Diogo), que me disse que através dum texto que lhe enviei, publicado no nosso Blogue, ela te reconheceu e disse que tinha sido tua aluna numa formação qualquer e que até se conheciam e se davam bem.

Então, agora em relação ao artigo, começo por dizer que não tenho muita coisa a dizer.

No ponto 5. Esboço dos Capítulos, está indicado o conteúdo que ele pretende desenvolver. Parece-me que a sequência indicada é a óbvia, aquela que resultará duma abordagem com a distanciação necessária para obter o que pretende, estudar em simultâneo a acção da FAP e a acção do PAIGC para contrariar ou tentar contrariar a acção da FAP, e vice-versa.

Parece-me que ele irá pelo caminho que tentará mostrar que entre esses dois parâmetros de observação há muito de inter-relação, muito de causa-efeito. Assim, numa primeira fase a FAP, mesmo com meios limitados (relativamente poucos aparelhos e pouco modernos) será senhora incontestada dos céus da Guiné e isso será de uma importância não só inquestionada como irá obrigar o PAIGC a desenvolver actividades de defesa aérea. Com o desenrolar os tempos foi possível ao PAIGC introduzir equipamentos mais modernos e eficazes, obrigando a FAP a reajustar a sua estratégia, o seu modo de operação.

Sabe-se, sentiu-se e o autor faz eco disso, socorrendo-se inclusivamente do nosso Blogue (e também dos relatos datados do livro do A. Graça de Abreu), que a sombra protectora da FAP foi sempre um factor de grande importância para as operações no terreno, fossem elas de apoio às acções propriamente ditas, em acções de evacuações, de cobertura, até de simples meio de ligação com a rectaguarda, de que a distribuição de correio não era a menos importante. A perturbação do modus operandus da FAP, motivada pela adaptação da estratégia a aplicar para contrariar a tal entrada en cena dos "Strella", coincidindo com um cada vez maior efeito diluidor que progressivamente ia desgastando as NT foi também certamente uma contribuição decisiva para ajudar a criar o ambiente que culminou no 25 de Abril.

Do estudo sistemático comparado das acções de uns e outros o Autor tentará extrair as suas conclusões no sentido de retirar daí as lições que considerará relevantes para os actuais desafiosde insurreições com que se defrontam hoje os Estados Unido e os seus aliados, já que é sua firme convicção que esse estudo contém em si o que de mais paradigmático se poderá obter nesse sentido.

Como conclusão acho que é muito interessante que alguém, com a importância que tem o Autor, considere a nossa guerra, em particular a da Guiné, como uma fonte de ensinamentos e que muito poderão ajudar nos actuais desafios. Bem, talvez não seja de espantar assim tanto, afinal não é isso que temos andado a provar este tempo todo? Que a Guiné foi especial? Que essencialmente se deve a isso (não só mas também) o êxito do nosso Blogue?

Depois é reconfortante (e dá uma merecida pontinha de orgulho) saber que o Autor se socorreu do conteúdo do Blogue para defender alguns pontos de vista e que para além de textos e depoimentos lá contidos também o utilizou como veículo de contacto com elementos relevantes, como o caso do Miguel Pessoa. E que também se socorreu do livro do António Abreu.

Quanto aos pormenores de datas e outras questões técnicas, que eventualmente possam conter falhas, erros ou imprecisões (que não se quer que existam, até para não serem factores comprometedores) não me posso pronunciar por desconhecimento de causa.

Bem Luís, não sei bem se era este tipo de comentário que tinhas em mente, mas foi o que consegui fazer.

Um abraço
Hélder S.


De Alberto Branquinho

COMENTÁRIOS

1 - Pág. 9 do texto em inglês - linha 12:
«...I suspect it involves a complex interplay bettween national policy, military will, tactical considerations, weapons technology, superpower rivalry and insurgent motivation

Digo eu: - It's all right, sir !

Já ouvi falar de tudo isso em qualquer parte... mas poderia explanar (se é que está ciente disso) um pouco mais sobre o que é que entende por national policy?

Era só a política de São Bento e arredores ou algo mais? E sobre o estado da Nação?

É preciso ter em atenção a TENTAÇÃO (norte-) americana average de querer simplificar tudo o que não é States. E, além disso, de ver o mundo à sua imagem e semelhança.

E segue:

By unreaveling some of that complexity, I intend to demonstrate the link between the employment of a shoulder-fired air missile and the collapse of an empire!! (o sublinhado e a exclamação são meus).

Ao menos poderia ter dito que o SIMPLES shouder-fired air missile poderá ter sido um possível CATALIZADOR e não a CAUSA que produziu esse EFEITO. But Portugal is so small, gentlemen... don't you agree?

2 - Gostava muito saber o que pensa de todo este escrito do Matt Hurley o nosso camarada António Graça de Abreu, que entende que os Strela não afectaram a supremacia aérea Portuguesa, pois que comia em Cufar os repolhos (transportados pela FAP) que tinham chegado nesse mesmo dia a Bissau por via aérea.

3 - Mais haveria a dizer, mas o que vai em 1. acima é a parte fundamental.

Alberto Branquinho
__________

Notas de CV:

(*) Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, Guiné (1972/74), actualmente Cor Pilav Reformado

Vd. último poste da série de 27 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4430: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: Trad. de Miguel Pessoa (3): Parte III (Bibliografia)

Guiné 63/74 - P4435: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (7): Bissau, a caminho de Fá

Guiné > Bissau > 1968 > Fotos Falantes III (de 48 a 54) > A chegada do Ana Mafalda, o porto de Bissau, uma rua da cidade, navios da marinha, uma LDG a caminho do Xime... Pedaços do puzzle da(s) nossa(s) memória(s)... Fotos do riquíssimo álbum do nosso querido camarada e amigo do Fundão, Torcato Mendonça, que tem já, neste blogue, o estatuto de senador... Espero reencontrá-lo um dias destes, talvez na festa da cereja do Fundão... e dar-lhe um abraço. (LG) Fotos: © Torcato Mendonça (2009). Direitos reservados. 1. Mensagem, de 21 do corrente, do Torcato Mendonça, ex-Alf Mil, CART 2339 (Fá e Mansambo, 1968/69 Meus Caros Editores: Como disse tenho tentado arrumar o que por aqui escrevi. Acontece que no último envio foram 'As estórias do José II, parte A', incompleta. Já tinha sido enviada e segue novamente. Ainda bem que tudo passou a 'Estórias de Manssambo'. A partir de agora não há confusões. Que chato que eu sou...mas devia ter arrumado ou tido mais cuidado com o arquivo do que escrevi. Abraços do Torcato (É pesado, se não der trabalho.... Acusem, não me importo e agradeço). A ansiedade fizera erguer-me mais cedo naquela madrugada. Assistia ao primeiro, e rápido, nascer do Sol naquelas latitudes. Ao longe, muito ao fundo, na linha do horizonte por entre a neblina já se avistava terra. O barco navegava em mar chão. Seguia o rumo das Caravelas. Rumo de impérios do passado, de desencantos e desamores. O Ana Mafalda segue o mesmo destino levando militares, não os de quinhentos para o início mas, isso sim, militares do século vinte para o fim do império. Ontem ou anteontem tínhamos passado pelo porto de Pedra Lume, Ilha do Sal, em Cabo Verde. Hoje aí estava o Continente Africano a vir ter connosco rapidamente. Fiquei encostado à amurada de bombordo, mil pensamentos a irem e virem, num falso isolamento. Àquela hora, já o convés estava a ficar cheio de militares, tão ou mais ansiosos que eu. Os velhos militares como o 1º Sargento ou o Sargento Moura Gomes, com mais de uma Comissão naquela terra, iam dando indicações apontando a terra a aproximar-se, cada vez mais por entre a neblina tropical. Quase na linha do horizonte, ao longe avistava-se um ponto negro. Aumenta de tamanho e começa a tomar forma de barco. Aproxima-se de nós um zebro, três ou quatro fuzileiros lá dentro, camuflados gastos, pele curtida por mil sóis da Guiné, acenam em saudação de boas vindas aos camaradas periquitos. Volteiam, duas ou três vezes e afastam-se acenando. Vão para a Ilha de Jeta, dizem-nos os velhos militares. O estuário do Geba e Bissau estão perto. De facto o tempo passa rápido e a terra está logo ali, verde em vegetação luxuriante. Estuário do Geba acima, pouco depois, vê-se uma ilha a estibordo e, a bombordo, apareciam os contornos da cidade. Recordação difusa, tal como a bruma que dificultava a visibilidade. A manhã já ia alta quando chegamos ao porto de Bissau e aí estava a cidade. (F Falantes III, 52). Fundeou o barco, atrás uma ilhota, à frente o cais a vir rio adentro, a marginal da cidade e um edifício grande com letras já meio apagadas – NOSOCO. Há poucos dias li um escrito e recordei esta imagem. - O que é aquilo? – perguntei. Eram os armazéns de uma Companhia francesa, hoje é tudo CUF (até o navio onde íamos) mas com nome de Ultramarina ou de Casa Gouveia. Vai ver e compreender. Resposta clara pois, para bom entendedor era suficiente. Enquanto esperávamos o desembarque, lembro-me de ter feito promessa a mim mesmo: tenho que sair daqui vivo e inteiro. Partido ou morto é igual e têm que voltar todos. Enganei-me. No regresso a Évora faltavam demasiados… demasiados… Não me lembro do desembarque. Sei que fomos para Santa Luzia. Ficamos num barracão enorme, aberto na fachada principal, um montão de colchões a um canto e pouco mais. Para dar as boas vindas, no largo fronteiro umas quantas viaturas destroçadas pelas minas esperavam para serem transformadas em peças… de três ou quatro nascia uma. Para melhor recepção fiquei de serviço á Companhia. A noite chegou rápida como a madrugada. Crepúsculo breve. Terra diferente onde até o Sol ia e vinha com pressa. Só o tempo, aquelas horas naquele barracão eram lentos a desandar. Pouco me lembro daquela noite a não ser uma partida ou brincadeira que me fizeram. Talvez, por volta da meia-noite, vieram chamar-me: - Está a chover. - O quê? Então que não chovia agora, respondi. Vim ver e senti a água a cair, aos poucos, pelas goteiras do telhado zincado. Saí. Não estava a chover. Riam-se os que me tinham chamado. Pois é, pois é, pensem quando dormirmos com as estrelas como manta…bom clima…fortifica o esqueleto. Ficamos cerca de três dias em Bissau. Vi a cidade por alto. Provei algumas comidas, fiz compras com indicação dos velhos, senti o pulsar de uma cidade com vida dada pelos militares e pouco mais (Fotos Falantes III, 48, 54). Na madrugada do dia 25 embarcamos num barco enorme, disseram-me ser uma LDG. O destino já o sabia – o Leste, quartel de Fá, de barco até ao Xime, depois em coluna auto. Simpáticos… Íamos, segundo as informações recebidas, ser a Companhia de Intervenção ao Batalhão (BART 1904), sedeado em Bambadinca. E, então sim, a comissão e a dança ia começar. Hoje, passados tantos anos, ao reler o que atrás foi escrito tenho que parar. Vêm-me à memória, em catadupa um conjunto de recordações. Paro. Nem sei quanto tempo, recostado no cadeirão fiquei, mais lá do que cá ou praticamente todo lá, naquela terra vermelha e ardente…nesse tempo, um jovem militar de empréstimo e vida interrompida. Tento então, antes de continuar, seguindo a metodologia da escrita referida no início, inserir algumas dessas recordações ou estórias dispersas. Continuarei depois, saindo de Bissau até Fá e, a partir daí 'continuar a comissão'. (*) _________ Nota de L.G.: (*) Vd. poste anteriore desta série de 18 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4368: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (6): Raízes...

Guiné 63/74 - P4434: História do BCAÇ 4612/72 (Jorge Canhão) (4): Biologia das Populações



b. População 

(1) Aspecto histórico 

(a) Existem no Sector 04 dois "Chãos" tradicionais, ocupados há longos decénios, ou até mesmo séculos, por duas etnias com características e organizações diferentes: 
 
O "Chão" Balanta, na parte Sul, correspondendo à zona do Concelho de MANSOA que pertence ao Sector; 
 
O "Chão" Mandinga, na parte Norte, abrangendo a área do Posto Administrativo de MANSABÁ que fica dentro do Sector.  

Em qualquer dos "Chãos" predominam as populações da etnia que lhes dá o nome; ambos se prolongam para os Sectores vizinhos. 

(b) Os Balantas, ao que se julga, resultaram do cruzamento de homens Beafadas e mulheres Papeis, na povoação de DUGAL, donde irradiaram para as vastas áreas que actualmente ocupam nas quais predominam as bolanhas. Há notícias de que já no século XIX se encontravam nas áreas pertencentes ao actual Sector 04. Politicamente constituem uma sociedade acéfala, sem máquina administrativa nem instituições judiciais constituídas. O chefe político é o chefe da família; o chefe da povoação tem funções limitadas, não podendo decidir sobre qualquer assunto sem que haja um total consentimento dos chefes de família. Na sua sociedade não existem grandes diferenças de classes sociais ou de riquezas. 

Dada a sua organização político-social, dificilmente aceitaram os Régulos que lhes foram impostos pelas nossas autoridades e que por vezes pertenciam a etnia diferente, do qual resultaram ressentimentos por parte dos Balantas e pouco prestigio para o Régulo que era encarado pelas populações como um funcionário da Administração do que como um chefe natural. 

Constituem a etnia da Província com maiores qualidades de trabalho, mas praticam o roubo de gado - o que entre eles não constitui desonra, mas motivo de orgulho - e por tal facto as outras etnias tem relutância em aceitar os Balantas, visto recearem serem por eles roubados. Esta prática do roubo levou-os a serem considerados, no passado, como sendo possuidores de um elevado espírito guerreiro. Também são considerados como a etnia que mais entraves levantou á penetração portuguesa. Todavia as campanhas contra eles levadas a efeito principalmente nos dois decénios do século XX, por TEIXEIRA PINTO, enquadram-se no plano geral da pacificação da Província não havendo conhecimento de qualquer acção militar em que os Balantas sobressaíssem de forma especial. 

O seu deficiente enquadramento tradicional, antes da eclosão do terrorismo, levou-os a uma dependência económica, política e social de populações de outras etnias, sobretudo os Fulas e Mandingas. Assim as promessas, feitas pelo PAIGC, de libertação dos povos que os subjugavam, induziu os Balantas a facilmente aderirem à subversão; todavia a inclusão sistemática de Balantas nos grupos de guerrilheiros e a contribuição obrigatória de géneros alimentícios aos mesmos grupos levaram-nos a verificar que se tinham libertado duma dependência para caírem noutra; por tal facto deu-se já uma viragem na atitude dos Balantas, face ao PAIGC, nalgumas regiões da província. 

Nos dois CONGRESSOS DO POVO DA GUINE, realizados em 1971 e 1972 nos quais colaboraram todas as etnias, foram abordados alguns dos problemas específicos dos Balantas, podendo a sua solução alterar o panorama da luta que se trava na Província. 

(c) Os Mandingas habitavam já a GUINE antes da nossa chegada; possuidores de vastas tradições e de uma cultura própria, constituíram grandes impérios, dos quais o maior foi o do MALI que durou até ao Século XVII. Distribuíam-se irregularmente por toda a Província e em meados do Século XIX tiveram grandes disputas com os Fulas acabando por ficarem vencidos. 

A sociedade Mandinga, outrora fortemente hierarquizada apresenta-se hoje dividida em dois grupos: a classe dirigente e a classe dirigida; pertencem à primeira os chefes religiosos e políticos; a classe dirigida engloba três ramos de corporações de ofícios: a dos ferreiros, a dos sapateiros e a dos cultivadores de terras e comerciantes ambulantes (Djilas). 
A estrutura judicial andou sempre ligada ao poder político; o chefe da família é o juiz que resolve as desavenças surgidas na família extensa; quando as questões ultrapassam o âmbito familiar, mas se resumem a pequenos delitos, cabe ao chefe da Tabanca com o conselho dos grandes resolvê-los; antigamente só os Régulos julgavam os crimes, mas como os Régulos passaram a ser quase todos Fulas, surgiu uma procura para efeitos de julgamento, junto das autoridades administrativas. 
“O Chão”Mandinga abrangido pelo Sector C4 pertence todo ao Regulado do OIO, cujas populações, por tal facto, tomaram a designação de OINCAS. Os Oincas são considerados pelos outros Mandingas como menos puros, visto terem muitos antepassados Balantas a quem outrora se ligaram por casamentos. A sua organização familiar, social e económica pouco difere da dos outros Mandingas da Província; as maiores diferenças dizem respeito a organização política e religiosa. Assim, a organização política limita-se aos chefes de tabanca, cujos poderes são muito limitados, pois os Oincas sempre recearam estar sujeitos a um só Régulo. Têm o gosto do mando e tendências guerreiras que os levaram muitas vezes a insurgir-se contra a nossa soberania. Salientam-se as campanhas levadas a efeito por TEIXEIRA PINTO, que em 1913 derrotou os Oincas. Desde 1919 que o OIO não tem Régulo, mas os Oincas não se mostram interessados em ter um chefe único. 

Com início do terrorismo, calcula-se que um quinto dos Oincas se refugiou no CASAMANÇA (Senegal), onde mantinham estreitos laços familiares. Dos restantes, grande parte aderiu à subversão, ou por convicção, ou porque a tal foram obrigados, em consequência de as terras onde viviam terem sido envolvidas pela subversão, ou por terem sido acusados muitas vezes de terroristas, o que os obrigou a fugir. A atitude dos que aderiram convictamente à subversão, em grande parte foi devido ao desejo de reaverem a sua independência política e vingar as pressões e prepotências a que foram sujeitos. É de salientar que têm sido raros os casos de apresentação às nossas autoridades de elementos Oincas - população ou combatentes sob controlo IN. 

(d) Merecem uma referencia especial os MANSOANCAS, MANSOANCAS ou CUNANTES, que se localizam na Vila de MANSOA e povoações vizinhas a Norte e Leste, bem como o Regulado do CUBONGE. 

Inicialmente os Mansoancas resultaram do cruzamento de Mandingas e Oincas com Balantas do Norte da Vila de MANSOA; presentemente já se consideram Mansoancas muitos dos indivíduos nascidos em MANSOA, embora filhos de pais de etnia diferente. 


Originou-se assim uma mestiçagem cultural, que faz com que OS Mansoancas não se identifiquem com os Mandingas nem com os Balantas, pois até a sua língua é totalmente diferente. Todavia para alguns autores e em vários documentos, os Mansoancas continuam a ser considerados um subgrupo dos Balantas. 

Revelam uma organização política herdada dos Mandingas, embora rudimentar; estão quase totalmente islamizados, mas não desprezam os antigos ritos animistas. 

Os Mansoancas, principalmente os do Regulado do SANSANTO, aderiram com facilidade ao terrorismo, seguindo as pisadas dos Oincas.  

(e) As populações das restantes etnias existentes no Sector 04 não têm na região um passado histórico que mereça especial destaque. São minorias que vieram mais tarde e embora conservem os seus usos, religião e língua, estão enquadrados na organização político-administrativa local. Faz-se contudo uma referência aos Fulas e Mandingas que habitam em MANSOA, não só pelos seus quantitativos, como também por muitos deles exercerem actividades que os leva a estabelecer frequentes contactos com as outras populações locais (chefes ou dirigentes religiosos, pequenos comerciantes, artífices, cipaios, etc). 

(2) Aspecto humano 

(a) População 

Segundo os elementos colhidos nas administrações do Concelho de MANSOA e do Posto Administrativo de MANSABÁ relativos ao recenseamento de 1972, a população sob controlo das nossas autoridades no Sector 04 totaliza 17117 habitantes. 

Dada a área do Sector - cerca de 1350 Km2 - a densidade da população é de 13 habitantes/quilómetro quadrado. Verifica-se, porém, que cerca de 84% da população habita na região Sudoeste do Sector, na qual se situam 7 das suas 11 povoações (todas menos BISSÁ, PORTOGOLE, CUTIA e MANSABÁ), ocupando uma área de cerca de 25% do total; assim, nesta região, a densidade populacional é da ordem dos 40 habitantes/quilómetro quadrado. Em contra-partida há vastas zonas - principalmente a Leste do ROLOM - que antes do terrorismo já eram fracamente povoadas e no presente se encontram despovoadas. Embora se não disponha de dados concretos, estima-se que haja no Sector cerca de 2.500 elementos da população sob controlo de IN, dispersos pela região de CUBONGE - MORÉS (2.000) e a Norte da estrada MANSABÁ - MANHAU - BANJARA (500).  

(b) Grupos étnicos 

Predomina no Sector a etnia Balanta que totaliza perto de 11.000 indivíduos e constituiu cerca de 63% da população existente. Praticamente, nas povoações situadas no "Chão Balanta" (excepto MANSOA) apenas há populações desta etnia; no Regulado do CUBONGE (a N do RMANSOA) pertencem ao ramo dos Balantas CUNTOI, ou BRAVOS; nos Regulados de JUGUDUL e ENXALE, pertencem ao ramo dos Balantas de FORA. 

MANSOA, tem uma população heterogénea, mas perto de 50% e são Mansoancas (2.583) que, conforme se indicou já, resultaram do cruzamento de Balantas com Mandingas, mas no presente não se identificam com uns nem com outros. 

Segue-se, quantitativamente, OS Oincas e outros Mandingas que constituem a maioria nas povoações de MANSABÁ e CUTIA e cujo total dentro do Sector deve ultrapassar os 2.000 indivíduos. 

As restantes etnias são minorias, que estão deslocadas do seu "Chão" tradicional; de entre elas, são os Fulas que maior influência faz sentir, não só pela sua cultura e modo de vida, como também pela sua expressão numérica e dispersão (por MANSOA, MANSABÁ e CUTIA). 

A população europeia do Sector - metropolitanos e libaneses – é constituída por funcionários e comerciantes com as respectivas famílias e reside em MANSOA, com excepção de 01 comerciante europeu de MANSABÁ, leva uma vida normal, desloca-se com frequência a BISSAU e não há conhecimento de que favoreça deliberadamente ou esteja ligada à subversão. 

DISTRIBUIÇÃO POR ÉTNIAS DA POPULAÇÃO DE MANSOA 

ETNIA ou RAÇA            -               Nº de HABITANTES 

BALANTAS 836 
FULAS 752 
MANDINGAS 485 
MANSOANCAS 2583 
PAPEIS 147 
MANJACOS 68 
BEAFADAS 145 
JACANCAS 61 
SOSSOS 42 
TILIBONCAS 50 
SARACOLÉS 33 
BIJAGÓS 02 
CABOVERDEANOS 29 
BRANCOS > METROPOLITANOS 11 
BRANCOS > LIBANESES 19 

POVOAÇÕES E NÚMERO DE HABITANTES SEGUNDO O RECENSEAMENTO DE 1972

POVOAÇÕES - TABANCAS QUE ACTUALMENTE ENGLOBAM - NÚMERO DE HABITANTES POR TABANCA - NÚMERO DE HABITANTES TOTAL 

MANSOA MANSOA (VILA) 249 5263
LUANDA 2104 
S.TOMÉ                                    984 
ARRIA                                     585 
MANCALÃ 795 
CUSSANÁ                                 286 
MANTEFA 260 
JUGUDUL CUSSANTCHE 55 1525
JUGUDUL 849 
SUGUME 230 
BINIBAQUE     391 
ROSSUM ENCHUGAL 395 1217
BISSORÃ 481 
GAMBIA 142 
ROSSUM                                 199 
UAQUE UAQUE 235 662
CUBOI                                    427 
BINDORO BINDORO           738 1384
DANA 103 
DATE 159 
BARÁ 227 
QUIBIR 51 
POLIBAQUE                            64 
ANSONHE 42 
BRAIA BRAIA 861 1414
QUENHAQUE 351 
CLAQUE-ISMA 75 
INJASSE 127 

POVOAÇÕES - TABANCAS QUE ACTUALMENTE ENGLOBAM - NÚMERO DE HABITANTES POR TABANCA - NÚMERO DE HABITANTES TOTAL 

INFANDRE INFANDRE 376 2909 
CONTUBO 499 
ENCOME 460 
ENCHAQUE 336 
NHENQUE 225 
CLAQUEIALA 151 
INRUIDA 169  
NHAÉ 38  
UANQUELIM 117  
INJASSE 50  
NIMANE I 193  
NIMANE II 295  
BISSÁ BISSÁ 826 826 
PORTO GOLE PORTO GOLE 113 113 
CUTIA CUTIA 137 137 
MANSABÁ  MANSABÁ 1766 1766 
TOTAL 17217 

(c) Modos de vida 

A população autóctone dedica-se quase exclusivamente à agricultura, com especial interesse pelo arroz; há outras culturas – mancarra(amendoim), milho, fundo e mandioca - mas em escala reduzida. O gado, especialmente o bovino, tem também muita importância para os Balantas, não pelo seu interesse comercial, mas porque está ligado às suas cerimónias tradicionais e confere prestígio; daí a sua relutância na sua venda e uma crescente dificuldade no abastecimento de carne. As culturas metropolitanas, mormente os produtos hortícolas, têm fraca expansão e pouca aceitação no nativo, talvez pela dificuldade de obtenção de água para rega. MANSOA constitui o principal centro comercial do Sector; além dos estabelecimentos comerciais dirigidos pelos Brancos e Cabo-verdianos, existem principalmente no mercado local e imediações pequenos "lugares" de venda de panos e bugigangas (quase todos explorados por Fulas e Mandingas) e produtos alimentares. 

Nalgumas povoações existem caçadores e pescadores profissionais; os primeiros são em regra, Fulas. Não havendo cidades no Sector, a população nativa pode considerar-se toda rural. Verifica-se, porém, que BISSAU constitui Um pólo de atracção e que muitos autóctones - sobretudo os mais evoluídos - procuram arranjar empregos ou modo de vida na capital da Província, abandonando as suas povoações. 

(d) Línguas e dialectos 

Cada etnia fala a língua ou dialecto que lhe é própria; os Balantas Cuntoi e os Balantas de Fora compreendem-se, visto que as maiores diferenças linguísticas são na pronúncia. Os autóctones que estão mais em contacto com outras etnias falam frequentemente mais de uma língua ou dialecto. O crioulo - vínculo comum na Província - é compreendido por elevado número de nativos, principalmente pelos mais evoluídos

(e) Religiões, Crenças e Seitas 

Os Balantas, pouco dados à contemplação religiosa, são um povo animista, praticando o culto dos mortos e dos IRÃS. A eles oferecem o melhor que têm: o arroz e o sacrifício dos animais domésticos. Não há, entre os Balantas, qualquer classe sacerdotal, pois o ritualista é na maior parte das vezes o chefe da família. Os Oincas e restantes Mandingas estão islamizados, se bem que o islamismo por eles praticado seja do tipo africano, revelando resíduos do antigo animismo. Os Mansoancas estão quase totalmente islamizados, embora não desprezem os antigos ritos animistas (choros, culto dos antepassados, etc.). Também os Fulas seguem a religião islâmica, com práticas de fundo animistas, como por exemplo, o uso de amuletos, o culto dos mortos e a prática da circuncisão. Nas povoações em que há populações islamizadas há uma mesquita - por vezes rudimentar - e chefes religiosos que presidem as cerimónias. Os chefes religiosos muçulmanos de maior prestígio na região são os Chernos ALAJE INJAI (Futa-Fula), MAMADU DJALÓ (Fula) e MAMADU CASSAMÁ (Jacanca), todos residentes em MANSOA. Por seu turno a população Branca, muitos Cabo-verdianos e alguns nativos são católicos. Há em MANSOA a Missão Católica dirigida por 01 sacerdote, realizando-se actos de culto numa igreja, construída para tal fim na vila.  

(3) Aspecto económico 

A economia do nativo, no Sector, assenta fundamentalmente na agricultura, em especial na do arroz. Embora alguns se dediquem também à pesca, à caça e ao pequeno comércio, a sua influência no aspecto económico, pouco se faz sentir no contexto geral. 

Os comerciantes de MANSOA e de MANSABÁ dedicam-se ao comércio geral, mas raramente dispõem de víveres para alimentação da população europeia; as sucursais da casa Gouveia abastecem de combustível as Unidades e particulares.

Em MANSOA existe uma estação dos CTT, com serviço postal (incluindo encomendas), telegráfico e telefónico. Não há no Sector grandes proprietários nem fazendas que tenham explorações agrícolas ou pecuária. 

As actividades industriais limitam-se, praticamente, ao corte e serração de madeiras feitas por 01 europeu em MANSABÁ. Dada a escassa ocupação europeia e a reduzida actividade industrial, a influência da população Branca no desenvolvimento económico do Sector tem sido pequena. 

Nalgumas povoações existem caçadores e pescadores profissionais; os primeiros são em regra, Fulas. Não havendo cidades no Sector, a população nativa pode con-siderar-se toda rural. 

Verifica-se, porém, que BISSAU constitui Um pólo de atracção e que muitos autóctones - sobretudo os mais evoluídos - procuram arranjar empregos ou modo de vida na capital da Província, abandonando as suas povoações.

(d) Línguas e dialectos 

Cada etnia fala a língua ou dialecto que lhe é própria; os Balantas Cuntoi e os Balantas de Fora compreendem-se, visto que as maiores diferenças linguísticas são na pronúncia. Os autóctones que estão mais em contacto com outras etnias falam frequentemente mais de uma língua ou dialecto. 

O crioulo - vínculo comum na Província - é compreendido por elevado número de nativos, principalmente pelos mais evoluídos (e) Religiões, Crenças e Seitas Os Balantas, pouco dados à contemplação religiosa, são um povo animista, praticando o culto dos mortos e dos IRÃS. A eles oferecem o melhor que têm: o arroz e o sacrifício dos animais domésticos. 

Não há, entre os Balantas, qualquer classe sacerdotal, pois o ritualista é na maior parte das vezes o chefe da família. Os Oincas e restantes Mandingas estão islamizados, se bem que o islamismo por eles praticado seja do tipo africano, revelando resíduos do antigo animismo. 

Os Mansoancas estão quase totalmente islamizados, embora não desprezem os antigos ritos animistas (choros, culto dos an-tepassados, etc.). Também os Fulas seguem a religião islâmica, com práticas de fundo animistas, como por exemplo, o uso de amuletos, o culto dos mortos e a prática da circuncisão. 

Nas povoações em que há populações islamizadas há uma mesquita - por vezes rudimentar - e chefes religiosos que presidem as cerimónias. Os chefes religiosos muçulmanos de maior prestígio na região são os Chernos ALAJE INJAI (Futa-Fula), MAMADU DJALÓ (Fula) e MAMADU CASSAMÁ (Jacanca), todos residentes em MANSOA. 

Por seu turno a população Branca, muitos Cabo-verdianos e alguns nativos são católicos. Há em MANSOA a Missão Católica dirigida por 01 sacerdote, realizando-se actos de culto numa igreja, construída para tal fim na vila. (3) Aspecto económico A economia do nativo, no Sector, assenta fundamentalmente na agricultura, em especial na do arroz. Embora alguns se dediquem também à pesca, à caça e ao pequeno comércio, a sua influência no aspecto económico, pouco se faz sentir no contexto geral. 

Os comerciantes de MANSOA e de MANSABÁ dedicam-se ao comércio geral, mas raramente dispõem de víveres para alimentação da população europeia; as sucursais da casa Gouveia abastecem de combustível as Unidades e particulares. 

Em MANSOA existe uma estação dos CTT, com serviço postal (incluindo encomendas), telegráfico e telefónico. Não há no Sector grandes proprietários nem fazendas que tenham explorações agrícolas ou pecuária.

As actividades industriais limitam-se, praticamente, ao corte e serração de madeiras feitas por 01 europeu em MANSABÁ. Dada a escassa ocupação europeia e a reduzida actividade industrial, a influência da população Branca no desenvolvimento económico do Sector tem sido pequena. 

(Enviado por Jorge Canhão – Ex-Fur. Milº da 3ª Cia do BCAÇ 4612/72) 

________

Nota de MR:

Vd. último poste desta série em:

21 de Maio de 2009 > 
Guiné 63/74 - P4398: História do BCAÇ 4612/72 (Jorge Canhão) (3): Área de intervenção do Comando Chefe