quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5477: Blogoterapia (137): Palavra de honra que não consigo entender (José Brás)

1. Há muito tempo, por vários motivos, alguns dos quais pessoais, não tinha tanto prazer em publicar um texto. Porquê? Porque é diferente, quase se integrando nesta quadra natalícia em que todos os Homens se deviam sentir mais irmãos, mais próximos.
Pena que durante o ano, aqui no Blogue e na vida lá fora, não nos comportemos com o nosso semelhante conveniente. Quem nunca pecou que atire a primeira pedra.

E se prometêssemos todos que a partir de 2010 os assuntos do Blogue serão discutidos com mais elegância e sem ataques pessoais?

Mais ainda, peço que ninguém volte a ameaçar com a saída da tertúlia. Para quê? A marca de cada um de nós está nestas páginas. Para bem, nunca para mal. Dentro ou fora, jamais se apagará uma letra que seja de algum camarada que nos honrou com a sua colaboração. Discordância não levará à desistência e muito menos a apagar um passado recente, onde as histórias de cada um são um pecúlio de valor incalculável deste Blogue.

Considerem isto a minha mensagem de Natal e os meus votos para 2010.

Deixo agora este texto do nosso camarada José Brás, que espero corresponda a um regresso definitivo ao trabalho. Todos fazemos falta e os Josés Brás ainda mais.

Este vosso camarada que vos estima
Carlos Vinhal


2. Mensagem de José Brás (ex-Fur Mil da CCAÇ 1622 (Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68, autor do romance Vindimas no Capim, Prémio de Revelação de Ficção de 1986, da Associação Portuguesa de Escritores e do Instituto Português do Livro e da Leitura), com data de 16 de Dezembro de 2009:

...Carlos
com um abraço e votos de bom natal
José Brás



Palavra de honra!

Palavra de honra que não consigo entender.


Palavra de honra que não consigo entender a discussão continuada e, por vezes a ofensa pessoal, sobre um tema que se conhece há dezenas de anos por ter sido larga e internacionalmente teorizado, antes e depois da nossa experiência, e o façamos como se o estivéssemos a viver hoje, emocionados, sem distanciamento nem abordagem amadurecida no estudo, na comparação objectiva, nas opiniões alheias, coisas todas essenciais à formação de um juízo limpo sobre as coisas difíceis e complexas.

Falo da situação dos povos de África, durante séculos ocupados e colonizados por grandes potências europeias, e da independência da grande maioria desses povos e desses territórios, ganhas em negociações mais ou menos prolongadas com o colonizador e quase sempre sob a perversidade da força como ameaça, e outras vezes em luta armada como solução única porque outra hipótese lhes foi negada.

Mais restrito, entretanto, é o objecto desta minha intervenção porque o que quero é falar da Guerra que travámos em Angola, Moçambique e Guiné entre 1961 e 1974, e mais restritamente ainda, da polémica alimentada entre os que acham que a guerra colonial estava perdida e dependente apenas do tempo, e os que continuam a pensar que a ganharíamos no terreno, não fora a cobardia dos políticos do pós 25 de Abril que, traindo o desígnio nacional, aceitaram de mão beijada ou mordida, a entrega.

Evidentemente, tal tema não é hoje uma questão fundamental na atribulada vida do País, perdido na complexidade mais geral e mais funda da continuidade da Pátria no galope da globalização que tudo arrasa, da história, da cultura e da particularidade do sentir quase milenar deste povo, até ao cozido à portuguesa.

Na Tabanca Grande é frequente a sua chamada à fogueira, quase sempre na sequência da palavra Guilege, dita de um lado ou do outro da divisão, seja a propósito do que for.

Ora, a mim me parece que se torna extremamente redutor, nuns e noutros, fecharem-se as inteligências em muros tão apertados.

E ainda mais redutor é, quando alguém, para apodar de cobarde aos que “abandonaram”, invoca a honra do exército, do regimento, do batalhão, da companhia e, provavelmente, as do pelotão e da secção.

O mundo é muito maior que isso, meus amigos, e muito maior também, o direito de cada qual mandar dentro da sua própria casa, que é como quem diz.

Vejamos!

Em menos de uma década (50/60), 36 novos países surgiram em África, tomando independência de seus antigos colonizadores, quase todos num processo de negociação longo e complexo aceite pelas duas partes.

Em Portugal, muitos anos antes, Norton de Matos, Craveiro Lopes, Veiga Simão, Adriano Moreira, Botelho Moniz, Costa Gomes, e até Marcelo Caetano e Kaulza de Arriaga, entre outros, cada um de seu modo, haviam concluído que a solução ultramarina era inevitável, tomasse ela o caminho que tomasse.

No terreno da luta, alguns chefes militares o entenderam também, na Guiné, por exemplo, o próprio comandante chefe, Spínola, que reiteradamente o propôs a Lisboa e pela negação do regime se demitiu, convencido que não ganharíamos a guerra, por mais batalhas que vencêssemos.

Estranho é, assim, não terem entendido os ultras do regime o destino que também nós, descobridores antigos, teríamos de encarar, preparando o País para as consequências inevitáveis e as colónias para uma transição amigável e aproveitadora para as duas partes que, sem dúvida, se necessitavam mutuamente.

Mais estranha ainda, diríamos hoje da atitude dos que sofreram na pele, na carne e na alma as consequências do conflito, se não nos dispusermos a encarar a realidade mais complexa que se formou na alma de cada um, na ressaca da sua participação e independentemente da bondade do seu carácter como ser humano, e que nós, hoje, num espaço como a Tabanca Grande, continuemos a viver entre a raiva da derrota de Alcácer Quibir e a esperança imperial de Afonso de Albuquerque, tratando o caso Guilege como se estivesse aí o centro do mundo.

Na verdade, aceitamos que na sequência da guerra dita religiosa contra muçulmanos e da ajuda que estrangeiros vieram dar à península, Afonso Henriques, ou mais propriamente o bispo de Braga, tivesse decidido o corte no Rio Minho, das ligações, religiosa com Santiago de Compostela e política ao Reino de Leão, iniciando com isso a criação de um novo País e a consciência crescente de um povo dono e senhor das suas terras e do se futuro.

A algum de nós passaria pela cabeça discutir a legitimidade da independência do Brasil, cem anos antes de Salazar, sem guerra e numa negociação em que foi português um dos personagens importantes da mudança?

E será apenas porque o tempo que se diz tudo curar, tratou de sarar as feridas da separação, e porque todos nós (ou quase todos) gostemos da música brasileira, das telenovelas, do futebol, da feijoada e do rodízio, ou porque nos parece realmente lógica e justificada a existência do Brasil como nação, e nem pareça muito ajuizado que coloque aqui para abordagem tal hipótese?

Não aceitamos, acho eu, é a desonra da secção!

Meus amigos. Somos, nos dois lados da polémica, muito mais inteligentes e generosos que a esterilidade de tal discussão.

Quanto a mim, que por largos meses vivi e sofri em Guilege e arredores o que ali se sabe que sofreram todos os que por lá passaram; tendo lido argumentos sobre a situação nos dois lados da divisão, sabendo que como povo, como exército em armas, fomos o que de nós se poderia esperar no caldo cultural nos rodeava, em que nascemos e nos fizemos homens e soldados.

Fomos muitas coisas, porque éramos múltiplos e unos ao mesmo tempo, infantes em terra, nas bolanhas e nas matas, tropas especiais ou de quadrícula, marinheiros naqueles rios cercados de tarrafo e mato, pilotos da escassa aviação de que dispúnhamos, gente crente da obrigação de honrar a história como sempre a ouvimos, gente plena de dúvidas na leitura nova de um mundo em mudança, gente que aguentou e sofreu o que está muito para além daquilo que outros povos aceitariam sofrer, gente que deu a vida sabendo ou não que o fazia mais por seu espírito pessoal do que por consciência aguda de que travava o caminhar natural da história.

E no fundo, que prejuízo nos trará a exibição da existência de diferenças entre nós, afinal, como sabemos, unos como povo e diferentes como cidadãos em tantas coisas que constroem a consciência colectiva.

Que prejuízo trará se soubermos dialogar sem raivas nem ofensas e apenas no objectivo de marcarmos o chão de cada um, inevitável e criador, sem objectivo de convencer o outro e, muito menos, de o esmagar de argumento ou de rajada.

Tenho a certeza que nenhum deixou para trás a companheiro, (e algumas vezes mesmo a inimigo), sem dar tudo o que podia para o carregar com ele, doendo-lhe na alma para sempre quando o seu esforço não foi suficiente para o salvar.

Entretanto, o mundo continua a mudar e não muito de acordo com as nossas esperanças e conceitos, mas muito mais pelas rédeas de grupos que nem conhecemos, que estão fora das nossas fronteiras mas condicionam o que já somos hoje e seremos no futuro, como País e como povo, enganando-nos com as papas e os bolos do shoping center global, fingindo que ainda temos história, bandeira, raia, mas cobrindo tudo isso com cultura alheia e massificada à escala mundial, vendendo omo e tide em qualquer supermercado do mundo, substituindo a chula do Minho e o vira do Algarve por rock’nroll, o vinho tinto por coca cola, a rolha de cortiça por plástico, o leitão da Bairrada por fast food e adormecendo-nos a consciência na lavagem da televisão por satélite.

E às vezes somos nós próprios que julgamos que tudo isto é apenas ficção. Agarramo-nos ao que nos resta e sonhamos com o antigo Império, desaproveitando até, a mão que poderíamos apertar sobre as águas do mar.

Companheiros!

Discutamos, sim, entre nós, as nossas vitórias e as nossas derrotas, com consciência e o espírito criador do abraço

José Brás
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 15 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4689: Blogpoesia (54) : Abraço com aço não rima, nem rima a morte com sorte... (José Brás)

Vd. último poste da série de 15 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5472: Blogoterapia (136): O Natal dos tertulianos de 2005, embrião da Tabanca Pequena de Matosinhos, criada em 18/11/2008... (Luís Graça)

27 comentários:

alma disse...

Apoiado!

Um Grande Abraço para

ambos,José Brás e Carlos Vinhal.

Jorge Cabral

Amilcar Ventura disse...

IGUALMENTE TAMBÉM APOIO ESTE BELÍSSIMO POSTE.

UM ABRAÇO AMIGO

Anónimo disse...

Caro José Brás,

Nós, todos os membros desta comunidade, nem sempre estamos de acordo. Nem precisamos estar.
Mas hoje, não só pela mensagem natalícia, mas por tudo o que nos transmites neste texto, aplaudo, com ambas as mãos.

Diria mais: Sejamos tolerantes com o passado, menos preocupados com o futuro e vivamos o presente, da melhor forma possível, utilizando a nossa liberdade, até àquela linha, onde começa a libedade dos nossos camaradas.

Um Abraço

Manuel Amaro

Torcato Mendonca disse...

Em muito boa altura colocado.

Tenho que cumprimentar o Carlos Vinhal e o José Brás.

Mais palavras para quê?

Um abraço aos dois e a toda a Tertúlia.

Um voto que 2010 seja um ano em que os debates,as estórias sejam
contributos para que este espaço, este blogue, seja plural e a livre e diversa opinião seja normalmente aceite.
Abraços Torcato

Juvenal Amado disse...

Caros camaradas

Neste poste estão dois homens, que me honram a mim e a todos com a sua amizade.
São homens com paixões, com entrega, com quem é sempre um prazer estar.
Neste poste completam-se, dizem o que nós precisávamos de ouvir.
É uma bela mensagem de de Paz, antecipam melhores relações para 2010 e porque não dizer, que dão uma belíssima prenda de Natal ao blogue.

Um abraço para todos
Juvenal Amado

Jorge Narciso disse...

Amigo (e permite-me) Caro Bras

"Palavra de honra" que consegui entender.

Eis o "amago da questão", explanado com (sendo redutor) incomensuraveis: lucidez e clareza.

Um abraço do tamanho do mundo

Jorge Narciso

Antonio Graça de Abreu disse...

Camarada Zé Brás
Apesar de umas quantas divergências,o que nos une é o mundo e a nossa Guiné.
Um simples e enormíssimo abraço.
António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Operação bem sucedida.
Não esperava outra coisa.
Aqui nem vai haver necessidade de evacuações. Só os reabastecimentos e TGER do costume.
A vida é um "voo" q tem uma trajectoria evolutiva, e estes "textos" tem o seu tempo exato. Parabens.
Jorge Félix

Luís Graça disse...

"Mais ainda, peço que ninguém volte a ameaçar com a saída da tertúlia. Para quê? A marca de cada um de nós está nestas páginas. Para bem, nunca para mal. Dentro ou fora, jamais se apagará uma letra que seja de algum camarada que nos honrou com a sua colaboração. Discordância não levará à desistência e muito menos a apagar um passado recente, onde as histórias de cada um são um pecúlio de valor incalculável deste Blogue.

"Considerem isto a minha mensagem de Natal e os meus votos para 2010" (Carlos Vinhal).

... Não gosto de assinar por baixo. Mas desta vez, não posso deixar de o fazer... Carlos faz meus os teus votos...

E nada disto, Carlos Vinhal e José Brás, foi combinado por debaixo da mesa... Estou feliz com estes dois textos felizes e oportunos de dois camaradas nossos... Aliás, estou duplamente feliz... Hoje já estava feliz por que foi o dia de comemorarmos, de manhã, na Escola Nacional de Saúde Pública, com a presença de muita gente, incluindo a Sra. Ministra da Saúde, o lançamento do nº temático especial dos 25 anos da "Revista Portuguesa de Saúde Pública", de que sou director desde 2007... Correu tudo bem, a sala estava cheia, e até os rissóis da empresa de catering pareciam aqueles que eram feitos pela minha querida mãe... Até pus gravata, imaginem! Toda a gente a gozar comigo, "olha um sociólogo, de gravata!"...

Espero ainda hoje ficar triplamente feliz, não pelo unanismo (sempre indesejável e que ninguém quer...) mas pelo possível consenso que se possa gerar, aqui no "downstairs", na cave do blogue, à volta da problemática da nossa gestão das questões ditas fracturantes...

CONSENSO não é unanimidade, é apenas o resultado de extensa e intensa discussão em que TODOS os pontos de vista foram apresentados, analisados, discutidos, sem exclusão, e em que depois se toma uma decisão que reflecte o que nos aproxima e os que nos separa...

Felizmente que não temos que tomar decisões, muito menos por consenso... Mas podemos chegar ao consenso... da paz, da tolerância, do respeito pelas opiniões (e versões) dos outros, sonbretudo quando não coincidem com as minhas...

Quando o nosso blogue comemorar - não direi já as bodas de prata... - mas os próximos 6 aninhos, vamo-nos rir de algumas picardias nossas...

Manuel Reis disse...

Amigo José Brás, já sentíamos falta das tuas histórias.

Veio no momento certo.

Bem hajam.

Para ti e para o Carlos um grande abraço.

Manuel Reis

Anónimo disse...

Zé Brás, o meu obrigado por teres voltado.
Hoje foi-te fácil " botar as palavras mais capazes num conjunto certo" pois toda a gente vai ler exactamente o que queres dizer.
Para o Carlos Vinhal, sempre presente nos momentos mais importantes, o meu abraço de amigo que estendo a toda a Tabanca.

Obrigado a ambos.
Obrigado a todos

Vasco A.R.da Gama

JD disse...

Camaradas,
A Tabanca congratula-se, e eu também. O Zé Bráz tem um valor que não podemos desperdiçar. Expôs com clareza e sem acintes algumas questões consagradas pela história.
Fez um apelo à alma colectiva, enaltecendo o valor do grupo sobre a insuficiência do individual. Deu-nos a dica para cimentarmos os alicerces da Tertúlia.
O Carlos Vinhal, arguto e cansado de entradas intempestivas, deu-lhe o necessário realce e lançou-nos para a concórdia.
Ninguém se manifesta contra, e ainda bem, pois quer dizer que todos temos capacidades fraternas, e lucidez quanto baste, quando nos falam sensatamente.
Para aqueles dois que muito prezo, e para o resto da Tabanca, transmito o meu abraço de amizade, e faço votos de que 2010 nos proporcione muitas alegrias.
JD

Joaquim Mexia Alves disse...

Camarigo Mexia Alves!!!

Bradou o Comandante e logo se ouviu a resposta:
Presente! E a assinar por baixo!

Abraço camarigo para todos

Jose Marcelino Martins disse...

Sem comentários, mas um forte aplauso aos autores do post.

Colaço disse...

Mensagem que só os que nasceram com aquele dom, o conseguem fazer.
Claro que assino por baixo.
Aos que tentaram puxar da G3 como diz o provérbio ninguém se levanta, sem primeiro cair.
Um alfa bravo Colaço.

Anónimo disse...

Agora, depois de tantos terem comentado este Poste tão explicito, sereno e digno do José Brás, servido pela não menos brilhante "entrada" do Carlos Vinhal, nada mais me resta do que agradecer a ambos e aos comentadores para o que deve ser de facto a NOSSA TAREFA na TABANCA.
Contarmos as nossas recordações e vivências daqueles tempos, expondo as diferentes opiniões e correcções sempre que haja motivo para tal, mas com a cordialidade e respeito próprios de quem, já sendo SEXA ou MAIS deve demonstrar.

Abraço para todos
Jorge Picado

paulo santiago disse...

Eu entendo o bom texto do Zé Brás,
militarmente, ganhava-se algum controle pela força, mas a Soberania Portuguesa era uma causa perdida, e aos sucessos operacionais e tácticos sucediam-se
fracassos estratégicos e políticos,
e não havia outra solução para lá da encontrada em 74.

Boa introdução do Vinhal

Abraço aos dois

Anónimo disse...

Para os autores de ambos os textos os meus parabéns.

Parece-me ter chegado ao fim um dia e despontado outro, ainda bem, de nada nos servem os livros se as páginas estiverem em branco.

Mesmo não ligando muito, encontro aqui um bom motivo para festejar.

Um abraço para todos e Boas Festas
BS

Luís Graça disse...

Camarigo J. Mexia Alves:

Isto não é um abaixo-assinado!
Sou contra os abaixo-assinados!
O meu slogan é:
Em baixo o comandante,
em cima o combatente.
E, se bem te conheço,
camarigo é desalinhado.

O abaixo-assinado é SPAM!
O SPAM não está previsto no RDM.
Do general
ao cabo mais ocidental da Europa.
A blogar é que a gente se entende.
Nada de chantagem emocional!
Nada de ordem unida!
Desalinhado q.b.

Tuga, trica, truca, troca...
Cada cabeça, sua assinatura!
Agitar antes de usar.
Quem é que não ass(ass)ina ?
Sou contra o pensamento de grupo ("groupthinking").


O espírito de corpo é necessário nas situações-limite
como a guerra,
o terramoto,
o tsuna
Ou quando o barco ameaça
ir ao fundo...

War is over, baby! ... A guerra acabou, meus queridos!
E o barco ká tem,
qe já se forem os dedos, os anéis,
a marinha de pesca,
a mercante, a de guerra,
os canhões de ferro fundido...
Resta-te o barquinho de papel.

- O que é que eu faço agora
ao espírito de corpo ?
Eis uma pergunta bem pouco metafísica.
Chata.
Inoportuna.
Deslocada.
Três anos e meio de tropa,
esquerda, direita,
direita, esquerda...
Não dá para guardar
no congelador,
nem o espírito
nem o corpo.

Combatente uma vez,
combatente para sempre ?
Isso é copy and paste,
meu caro
Por favor,
respeita os direitos de autor,
nada de plágio,
nunca ass(ass)ines por baixo.

Escrevo,
logo ass(ass)ino!
Quem não sabe ler,
ass(ass)ina por baixo.

Mas...

Ao periquito,
ao menino
e ao borracho,
põe Deus a mão por baixo!

Nunca digas:
ass(ass)ino por baixo.
Pensa pela tua cabeça,
nunca pela cabeça do chefe...
que essa pode estar espetada
num pau.

Chefe (do latim caput, cabeça,
que deu chief, chef,
no francês antigo)
é aquele que é mais alto,
aquele cuja cabeça se vê
acima da cabeça dos outros...
(no caso da Guíné,
acima do capim).

Muitos chefes que eu tenho conhecido,
são chefinhos,
tão pequeninos que é preciso
pô-los no palanque,
às cavalitas,
aos ombros,
ou de andas,
no trono,
com coroa, cartola, dragonas...

Os líderes, esses, respeito-os,
posso não segui-los,
mas admiro-os:
são os que vão à frente
mostrando o caminho...
E como que se conhecem ?
Como a árvore, pelos frutos...
"Quando o trabalho do melhor líder fica feito,
a equipa diz:
Fomos nós que o fizémos"...

Podia ser a frase do dia,
mas não é,
pela simples razão
não há texto sem contexto...
E mais vale um camarigo a blogar
que dois textos a voar...

Anónimo disse...

Prevenção do conflito:
Todo este blá-blá sobre o chefe,
o mais alto em estatuto...
não tem nada a ver com o facto
de haver camarigos no blogue
que não tem as medidas regulamentares...
Uns pecam por defeito,
outros por excesso.
Uns iam para a polícia militar,
e outros, Luís, iam...
para Paris.
Dorme bvem, camarigo Mexia Alves.

L[uís] G[raça]

PS - Só ass(ass)ino por baixo
opor causa do Vinhal. Que tem o papel (chato) de cumprir e fazer cumprir as regras.

Subcristo em outro computador cá da casa. Irmão, dorme bem!

MANUEL MAIA disse...

CARO ZÉ BRÁS,

FEITA A TERAPIA,PASSADA A "QUARENTENA" AUTO IMPOSTA,É COM UM INCOMENSURÁVEL PRAZER QUE VOLTO A LER-TE.
BEM HAJAS PELO REGRESSO,E FUNDAMENTALMENTE PELO APELO AO DISCURSO CORDATO DOS "TABANQUEIROS",NA DEFESA DA VERTICALIDADE E VERDADE MAS COM ELEVAÇÃO.
SEM TI O BLOG NÃO ERA O MESMO.
UM GRANDE ABRAÇO
MANUEL MAIA

Joaquim Mexia Alves disse...

Ora porra,
não percebo,
porque é um desgraçado,
que tem um metro e noventa,
não pode assinar por baixo,
um texto que aprecia!
Até parece um mau fado
ser alto em demasia!
Mas eu assino na mesma,
baixo-me até me encolher,
nem que seja de rastos,
como a rastejante lesma,
a mim não me impedirão
de assinar o que eu quiser!
Diz-se por aí há muito tempo
que quanto mais um gajo se abaixa
mais parece que se lhe vê o cu,
mas impedir-me de assinar,
nem um exército,
por terra, por mar ou por ar,
e ouve-me bem ó meu caro
nem dois homens muito grandes
agora quanto mais tu!
Que eu assino o que eu quiser,
por cima, por baixo,
ou de lado,
porque enquanto puder escrever,
com tudo o que eu concordar
há-de ser por mim assinado!
Vai-te lá,
ó comandante,
meia volta e retirar,
para o ar condicionado,
que aqui o combatente,
fica com a caneta em riste,
para que tudo o que o contente,
seja escrito,
ou por acaso cantado,
não perca nunca a chancela
de ser por ele assinado!
E se por um acaso terrível,
faltar a caneta,
que a linha traça,
assina-se com um dedo de sangue,
o sangue do combatente,
ouviste-me,
ó Luís Graça!


Dorme bem bem também tu, ó meu camarigão (camarada, amigo, irmão)!

Anónimo disse...

Caros Camaradas e Amigos. Os desejos .As esperancas.As promessas.O melhor de nós próprios a vir ao de cima.Uma nova era nos relacionamentos,nas posicoes extremadas.No respeito mútuo pelos outros. Felizmente que o "velho do Restelo" nao foi posto a falar durante Quadras Natalícias. Duas mensagens necessárias e oportunas as de Carlos Vinhal e José Brás. Um grande abraco do José Belo.

Hélder Valério disse...

Pois sim senhor!
Foi só deixar de vir ao Blogue 2 dias e tem-se destas surpresas...
Fico muito satisfeito pelo regresso à escrita do Zé Brás.
Fiquei agradado pela introdução/comentário do Vinhal.
Gostei bastante do que foi escrito, sentindo-me na obrigação de agradecer as palavras lúcidas e totalmente a-propósito que me foram dadas ler.
Ah, é verdade, os comentários que foram acrescentados não desmerecem em nada os textos e as suas intenções...
Assim, dá gosto este nosso Blogue!
Um abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Os comentários estão a ficar tão bons como a "obra".
Atentem o poema do Luis e a excelente resposta do Mexia Alves.
Tertúlianos poetas. Parabéns.
(isto lido enquanto sentia um pequeno sismo)
Jorge Félix

Anónimo disse...

Uma pergunta ao Camarada Jorge Félix:-O pequeno sismo foi,antes/durante/ou depois/ do poema de Mexia Alves? Um abraco Amigo.

Anónimo disse...

CMSantos
2339/ Mansambo -68/69

Pelo que li e interpretei, estamos unidos(atente-se no n.ºde comentários).

FIM às GUERRAS.

UM ABRAÇO