quarta-feira, 8 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4155: Estórias cabralianas (48): A Bandolândia ou uma aula de história em... 2092 (Jorge Cabral)

1. Mensagem de Jorge Cabral, enviada em 1 de corrente:

Amigos! A propósito de Bandos, uma viagem ao Futuro...
Grande Abraço

Jorge



2. Histórias cabralianas (*) > AULA DE HISTÓRIA – ANO 2092

O Cidadão – Aluno XI7 frequenta a décima semana do Curso Unificado – Primário, Secundário, Universitário, o qual segundo as normas da Declaração de Cacilhas, lher irá conferir o Diploma da Sabedoria.

Claro que, quando entrou na escola, já dominava muitas das matérias que antigamente demoravam anos a aprender, pois logo em criança lhe implantaram um chip com todos os conhecimentos básicos. Porém XI7, hoje chegou à aula cheio de dúvidas. É que encontrou uma fotografia do seu trisavô, vestido com uma farda e empunhando um instrumento, talvez uma arma.

Pediu esclarecimentos no lar comunitário onde reside, mas nem os pais, nem as mães o ajudaram. Levou a fotografia para mostrar ao Cidadão – Professor PY4, que naquele dia, ao contrário da semana anterior, parecia uma mulher.

Há mais de vinte anos que a identificação por género foi proibida e existem grandes progressos na criação do Ser hemafrodita. O PY4 mirou o retrato atentamente, dizendo que a paisagem por detrás da figura era certamente africana. Quanto ao homem fotografado representava sem dúvida um militar.
- Se calhar houve uma Guerra em África - concluiu, prometendo averiguar.

Na semana seguinte, após aturado estudo pode informar o Aluno:
- Sim, existiu uma espécie de Guerra, mas muito peculiar. Tratou-se principalmente de uma experiência para a recuperação de desiludidos e preguiçosos, que foram enviados para interagir entre eles, com a natureza e também com outros que se fingiam inimigos.
- E alguém morreu ou foi ferido? - interrogou XI7.
- Ah! Sim! Alguns. Divertiam-se muito a brincar dentro dos Quartéis. Jogavam futebol com granadas. Até colocavam minas junto das camas para serem pisadas logo ao levantar. E aos Domingos organizavam torneios nas paradas. Os ditos inimigos vinham logo de manhã e passavam o dia inteiro a guerrear. Uma verdadeira paródia!...

XI7, ficou a saber que teve um trisavô desiludido, preguiçoso, mas muito brincalhão e ainda perguntou:
- E nunca saíam dos Quartéis?
- Não, nunca os podiam abandonar. Eram os Bandos e povoavam todo o Território. Aliás, na altura pensou-se mesmo em mudar o nome do País. Quiseram chamar-lhe ... BANDOLÂNDIA.

Jorge Cabral

______

Nota de L.G.:

(*) Vd, último poste da série > 2 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4129: Estórias cabralianas (47): A minha mobilização: o galo dos Cabrais... (Jorge Cabral)

9 comentários:

Hélder Valério disse...

Meu caro Jorge C. isso é apenas ficção, fruto da tua fecunda imaginação ou tens algum "contacto" com o futuro que te permite antecipar estas informações? É que, pelos "geitos", como dizem os algarvios, a coisa pode muito bem ser assim.....
Agora a sério. Parabéns, está bem apanhado. Aliás nada como uma boa gargalhada para desmontar pelo ridículo quem se "põe a jeito" com aquilo que diz e ainda por cima com o ar com que o faz. Estou a falar do A.B. e do "estilo" com que "revela" aquelas confissões dos "bandos" com o ar de quem estava a fazer uma grande revelação, parecendo falar de cátedra, com grande sabedoria e conhecimento para os pobres ignorantes aprenderem...
Um abraço
Hélder S.

Luís Graça disse...

Jorge:

A tua história, desta vez, causou-me um frémito de horror. O cenário, futurista, é o do homem biónico, que as proezas da genómica podem vir a tornar viável no virar do Século. E as lendas que então se contariam poderiam muito bem ser as da Bandolândia...

Não temos grande controlo sobre os caminhos do futuro, mas podemos 0ajudar a mapeá-los.

O silêncio de muitos de nós, como cidadãos, como portugueses, como antigos combatentes, é sempre uma via verde para a falsificação da história. É por isso que defendemos a preservação e a transmissão da memória, das pequenas e grandes coisas que marcaram a nossa geração...

Vou hoje encontrar-me com a malta da Tabanca de Matosinhs. O teu humor, a tua sensibilidade, a tua maneira muito própria de estar na vida e no blogue, tocam-nos a muitos de nós, e serás seguramente lembrado. Tens aqui fãs das tuas estórias cabralianas.

Obrigado. Boas miniférias escolares...

Anónimo disse...

J Cabral
Parabens pela descrição da "Bandolândia" futura e dos seus "biónicos"

Brincando,brincando...!?


Hélder
Parece-me não teres razão quando escreves " ... com ar de quem estava a fazer uma grande revelação..."

E não estava??!! Ao que me parece o homem fez mais que isso...lançou uma "bomba de lixo tóxico"que é preciso "incinerar"!


Luis Graça
De férias e sempre atento.
Tens razão no que dizes quanto ao "mapeamento"do futuro e da "via verde... com o nosso silêncio"

Um abraço a todos e Boa Páscoa
Luis Faria

Anónimo disse...

IIIIHHHHH
Li o texto e os comentários...não brinquem assim gaita. A propósito de gaita, ainda por cima hermafroditas?Safa!!!!
O PY4 não pesquisou bem.Não foi ás cápsulas da conservação. Existem lá os Seres desse tempo conservados. De quando em vez saem, porque os desligam e os colocam cá fora, para estudo. Homens nascidos, até, na década de trinta e quarenta e mulheres claro. Não os juntam por causa do "problema"...Os X e Y não sabem nada de erecções e os P sabendo, não gostam de confusões...
Ah, nesse tempo, na tal que quiseram chamar Bandolândia, não é, vinham do ar uns homens para os aquietar. Não conservaram nenhum desses. Hoje é 8 e é quarta? então há relato...tenho a pilha a descarregar o meu...nom...é T...M pi........................aaab.......

Joaquim Mexia Alves disse...

Ó Jorge Cabral, só tu para nos dares esta história magnifica.

Deixo aqui a minha modesta contribuição, numa parceria com um tal Luís de Camões.


As armas e os Bandos assinalados,
Que do arame farpado de origem Lusitana,
Por matos nunca de antes espezinhados,
Não se atreveram a sair da sua cabana.
Em brincadeiras e jogos esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
Bebendo umas cervejas edificaram
Vários Quartéis que nunca abandonaram;

Cessem do pobre Almeida e do Troiano
As operações grandes que fizeram;
Cale-se do Bruno e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o Bando ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que o Bruno antigo canta,
Que outro Bando mais alto se alevanta.


Abraço camarigo

Anónimo disse...

Comentar... comentar o quê?

Desisto... isto está tudo maluco ou quê?

Eheheheheheheheheh...

Magalhães Ribeiro

manuelmaia1950@hotmail.com disse...

Ao Jorge Cabral,o meu profundo agradecimento por este fantástico texto.
Só espero que o criador dos bandos o saiba ler e interpretar...
Fantástico.

Anónimo disse...

Só uma e única PALAVRA.

BRILHANTE.

Só dele.

CMSantos
CART 2339 Mansambo 68/ 69

Anónimo disse...

ATENÇÂO que o texto não é pilhéria.
O meu neto, que já completou seis meses, conversou com um aluno daquela escola e concluiram, que coisas do outro mundo, acontecem em todas as épocas, apesar de algum lixo que pode emperrar a máquina da história e confundir interpretações.
Por imperativo, deixo esta adenda ao esclarecido documento apresentado pelo J.C. (digam lá se não é místico).
Abraços
J.D.