quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3940: Sr. jornalista da Visão, nós todos fomos combatentes, não assassinos (2): J. Mexia Alves, ex-Alf Mil (Xitole, Mato Cão, Mansoa)

1. O primeiro de mais de 3 dezenas de comentários e mensagens que suscitou o poste do Vasco da Gama (*), desta feita enviada pelo nosso camarigo J. Mexia Alves (hoje, à esquerda; ontem, à direita):

O Joaquim Mexia Alves que organizou o nosso último encontro (Monte Real, 2008), vive na Marinha Grande. É autor de letras e cantor de fado. Quando menino e moço, esteve na Guiné e na zona leste (Sector L1) e também na região do Óio (1971/73)... Recorde-se o seu historial de playboy, gozando as delícias do sistema: Depois de Bolama, veio com a sua CART 3942 para o Xitole, comandou, como Alf Mil Op Esp, o Pel Caç Nat 52 (Mato Cão / Rio Udunduma) e esteve ainda, na parte finald a sua comissão, na CCAÇ 15 (Mansoa).

Caros Camarigos

Não sei quem é o sr. Luís Almeida Martins e nem me interessa!

Quando as coisas me tocam cá por dentro, confesso que me irrito, será lá o tal “stress da guerra” como já me disseram, e respondo desabridamente.

Hoje neste país qualquer sujeito escreve nos jornais e revistas porque tem umas ideias sobre umas coisas e vai daí decide expor as suas teorias.

É verdade que muitas baixas foram devidas a acidentes, não só de viação, mas de armas de fogo, mas com certeza e também de emboscadas e ataques e flagelações.

Reduzir a guerra a umas bombas de napalm e a umas aldeias montadas por nós, é de quem não faz ideia do que está a dizer, nem faz ideia do que se passou.

"massacres como armas ditadas pelo desespero."... Será o desespero de quem escreve uma merda destas.

Não seria grave para mim, pois quem escreve tal coisa apenas merece a minha total indiferença, mas nós temos filhos e netos e esses têm obrigação de saber que nós não andámos numa “guerra do Raul Solnado”.

Não vou escrever para a Visão, porque “tão ladrão é o que vai à vinha como o que fica a vigiar”, ou seja, aquela revista há-de ter um director que tem por obrigação dar um mínimo de credibilidade àquilo que na mesma é escrito.

Mas não tenham dúvidas, meus camarigos, isto faz parte de uma “estratégia”, agora que começou a falar-se mais nos ex-combatentes.

Dêem a vida pela Nação, mas não chateiem! Há dinheiro para almoços e jantares, prémios de administrações e quejandos, mas não há para os desgraçados que andaram por África a combater.

Sabem porquê? Porque eles afinal não estiveram na guerra, não houve combates frontais, foram apenas baixas de acidentes e minas!!!!

Não peço nada para mim, mas exijo para aqueles que ainda não dormem e têm os seus sonhos povoados de gritos e explosões, para aqueles que ainda não conseguem dominar as suas irritações, para aqueles que ainda não conseguem ter uma vida familiar estável.

Estes “escritores” não merecem o meu desprezo!

Abraço a todos camarigos e levantemo-nos decididamente, porque todos não somos demais para lutar por aqueles que tendo estado connosco ainda precisam da nossa ajuda.

Joaquim Mexia Alves
________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 24 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3935: O Spínola que eu conheci (2): O artigo da Visão e o meu direito à indignação (Vasco da Gama)

4 comentários:

Anónimo disse...

Caros camarigos

Só para conhecimento do pseudo-jornalista que escreveu o "brilhante" artigo, pois que vós bem sabeis ao que me refiro.

Ontem recebi por carta registada uma solicitação para me deslocar ao Quartel de Leiria para ser testemunha num processo de um soldado meu da Guiné, para que lhe seja considerada a "doença de guerra" que o atormenta há "só" 34 anos.

Neste nosso país o estado tudo faz para fugir ás suas responsabilidades perante aqueles que deram o melhor de si, da sua vida, pela nação.

Há 34 anos que saimos da Guiné, e este homem ainda procura que o estado lhe reconheça o direito a uma qualquer magra compensação pela saúde que ele lá deixou.

E vêm tipos destes escrever coisas destas.

Calo-me agora, porque se não sai asneira.

Abraço camarigo triste, triste, mas de cabeça levantada!

Joaquim Mexia Alves

Anónimo disse...

Caro Camarigo Mexia Alves
Amigo e Camarada Mexia Alves
A redundância é propositada.
Não sabia da nossa proximidade geográfica, nem da existência de um "Figueirinha"na nossa Tabanca.Melhor, pois com mais facilidade nos poderemos juntar.Estou com problemas em mão que não posso abandonar, pelo que vamos deixar passar esta maré para nos encontrarmos.
Também eu já fui chamado mais de uma dezena de vezes como testemunha de camaradas que pediram um complemento qualquer. Enfim..
Deixo-te o meu contacto
309892352
965177363
Um abraço do camarada ao dispor,
Vasco

Anónimo disse...

Caro Mexia Alves e pessoal da nossa tabanca
Só agora entrei no Blog e a minha primeira reacção em relação ao Sr. jornalista só me leva a dizer uma coisa:
É preciso ter lata...
Abraço grande Henrique Matos

Anónimo disse...

NÃO PERCA TEMPO COM JORNALISTAS E JORNAIS.....MUITO MENOS COM ESTE,
QUE DEVE SER ATRASADO MENTAL,NO MINÍMO.