sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3537: Histórias engraçadas (António Matos) (5): Formigas baga-baga...e um capitão em apuros. (António Matos)


Os Baga-Baga que também serviam de abrigos


Não tendo ainda dado uma vistoria exaustiva ao blogue (faço incursões pontuais quando o assunto me toca mais de perto ou se a curiosidade do tema a isso me leva) já notei referências ao Baga-Baga.
Na convicção de que este tipo de informação interessa como peça da imensa reportagem que aqui estamos a fazer, junto um texto, também ele "apimentado" com uma peripécia da altura, para mais agradável "digestão".

O Alferes Matos em cima de um pequeno monte de baga-baga.

Uma constante no cenário da Guiné é a existência de formações tipo arenoso mas duma consistência à prova de bala, formado pelas formigas.
À semelhança das abelhas, também aquela espécie de formiga (baga-baga) trabalha "em manada" e comandadas pela formiga mestra.
São verdadeiros exércitos deste animal estupidamente feroz (a avaliar pelas dentadas onde deixavam parte da carcaça espetada na vítima - falo do que sei!) que constroem estes formigueiros enquanto o diabo esfrega um olho pelo que, aquando da construção das estradas, a engenharia começava pela destruição desses ninhos.
Porém, não raras eram as vezes em que a estrada acabava de ser construída e já despontavam essas pragas destruidoras!
Mas não há bela sem senão e essas mesmas edificações serviram amiudadas vezes de abrigo pela sua resistência à fogachada quando nos encontrávamos debaixo de fogo.

O Alferes Matos na canal bazooca.

Um capitão em apuros

Por curiosidade vos conto que uma noite, numa progressão em direcção a Ponta Matar, com um luar altamente comprometedor, tivemos que parar durante escassos segundos para consultar a carta e eis senão quando, o capitão entra em desvairado desatino começando a despir-se sob o olhar atónito de toda a gajada.

O seu guarda-costas, o corneteiro, de seu nome Reis, foi imediatamente incumbido de o ajudar sem no entanto saber muito bem o que se estava a passar.
Finalmente percebeu-se que o capitão tinha parado exactamente em cima do trilho das amigas formigas que seguiam em bichinha pirilau à sua vida.
Escusado será dizer que o acontecido poder-nos-ia ter sido fatal tal o chavascal que estava a ser feito mesmo nas barbas do IN.

Resolvida a questão, com o capitão repleto de ferrões espetados desde os pés às virilhas, quisemos pensar que o IN foi compincha e bastou-lhe o gozo da situação para não nos atacar.
Uma vez fora da zona complicada, houve lugar ao humor ainda que os inchaços e as comichões do capitão tivessem sido de alguma gravidade e a requerer cuidados médicos.

António Matos

ex-Alf Mil da CCaç 2790

Bula 1970/72

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Notas de vb:

19 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3482: Histórias engraçadas (António Matos) (4): Quando os serviços de oficial de dia passaram a ser feitos pelos oficiais da CCS...

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