sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3267: Controvérsias (1): Sedengal, 21 de Dezembro de 1970 (Carlos Matos Gomes / J. M. Félix Dias / Carlos Silva / José Martins)

Guiné > Região de Cacheu > Ingoré > CCAÇ 1590 (1966/68) > Aquartelamento de Ingoré. Ao fundo, a ponte sobre Ingoré e saída para o Senegal" (Luís de Matos). Até à data não temos fotos de Sedengal... apenas a carta.

Foto: Luís de Matos (2007) (Bogue de Luís de Matos >
Memórias da Guerra da Guiné > Fotos da CCAÇ 1590, 1966/68) (Com a devida vénia...)

Uma unidade que
também passou por Sedengal e Ingoré, foi a CCAÇ 1590 (1966/68), segundo imnformaçãop do nosso camarada A. Marques Lopes:

(...) "A CCAÇ 1590 ficou colocada inicialmente em Bissau, como subunidade de intervenção e reserva do Comando-Chefe e foi prioritariamente atribuída em reforço do BCAÇ 1857, tendo-se deslocado para Mansoa a fim de actuar em diversas operações realizadas nas regiões de Date, Bará, Bissorã e Olossato, entre outras, de 23 de Agosto de 1966 a 1 de Setembro de 1966, de 19 de Setembro de 1966 a 10 de Outubro de 1966 e de 21 a 24 de Outubro de 1966.

"Em 3 de Dezembro de 1966, foi integrada no dispositivo do seu batalhão instalando-se em Ingoré, com vista à realização de operações nos corredores de Canja e Sano e mantendo um pelotão destacado, ora em Barro, ora em S.Domingos, ora em Susana.

"Após deslocamento para S. Domingos, desde 4 de Maio de 1967, para realização de acções de contrapenetração naquela área, com destaque para a operação Drambuie I, regressou a Ingoré, a fim de, em 13 de Julho de 1967, em substituição da CCAV 1482, assumir a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Sedengal.

"Em 23 de Abril de 1968, foi rendida no subsector de Ingoré pela CCAÇ 1801 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso" (...).


1. Relembremos a mensagem do Cor na Ref Matos Gomes, com data de 21 de Setembro de 2008:

Assunto - Um pedido de ajuda

Olá, Luís, mais uma vez parabéns pelo excelente local de convívio e memória que tu e os “camaradas” criaram. Aproveito-o para um pedido de ajuda.

Eu e o Aniceto Afonso estamos a ultimar uma colecção de livros sobre a história contemporânea de Portugal que se centra nos “Anos da Guerra”. Algo que contribua para conhecermos melhor este período recente da nossa vida colectiva. Vamos incluir os factos que consideramos mais importantes para a compreensão do que se passou em cada um dos territórios, em Portugal e no mundo e cheguei a uma dúvida: o nosso comum amigo Josep Cervelló, que é, mais uma vez, nosso colaborador, inclui um facto que não consigo confirmar.

Escreve o Josep Cervelló nos factos relevantes de 1970:
- Dia 21 de Dezembro de 1970, ataque do PAIGC ao aquartelamento português de Sedengal, que causou onze mortos.

Alguém, entre os tertulianos, pode confirmar, ou dar alguma informação relativa a este ataque, ou a ataques a Sedengal? Ficaria muito grato por esta ajuda.

Entretanto, quando a obra tiver data de saída informarei a tertúlia.

Recebam os melhores desejos de felicidades, de continuação de êxito e de sã camaradagem que tenho tido a oportunidade de verificar nas minhas frequentes e sempre proveitosas visitas ao site.
Carlos Matos Gomes


2. Face ao pedido do Cor Matos Gomes, além da publicação do poste 3251 (*), foi enviada mensagem à tertúlia no sentido de conseguir algum esclarecimento.

Caros camaradas e amigos tertulianos:

O Cor Matos Gomes precisa de recolher informações sobre um ataque que houve a Sedengal, no dia 21 de Dezembro de 1970, do qual resultaram baixas com mortos.
Se entre os que nos lêem, houver alguém que tenha informações que possam ser úteis ao nosso camarada Matos Gomes, por favor encaminhem-nas para ele ou para nós.

Um abraço e desde já obrigado.
Carlos Vinhal

3. No mesmo dia, o nosso camarada João Manuel Félix Dias, dizia-nos:

Estive no destacamento de Sedengal na CCAV 2540, não me recordo se em 1969 ou 1970, com o Pelotão do ex-Alf Manuel Luís Ramos, de Santiago do Cacém, salvo erro.

Faziam-se rotações em cada 3 meses. Não sei quem estaria no destacamento aquando desse ataque. Eu estava em Sedengal num dia de ataque a Canjandi, tabanca próxima na estrada de/para S. José.

O senhor General Vieira, que o senhor Ayala (1) conhece, era o Comandante de Companhia.

No RC3 existe um arquivo da CCAV 2540 igual ao que está em Santa Apolónia no Arquivo Histórico Militar.

João Manuel Félix Dias
_________

(1) - Carlos Ayala Botto, hoje Cor Cav, na situação de reforma


4. Ainda no dia 30, o nosso camarada Carlos Silva adiantava

Luís

Acabo de ler o pedido do nosso camarada Carlos Gomes sobre o ataque do PAIGC ao Sedengal em 21-12-1970 que causou 11 mortos, não referindo se das NT ou se civis.

De imediato fiz as minhas investigações e presunções:

(i) Não consta tal facto relevante na História da Unidade? Seria falha grave.
E que os nossos camaradas Aniceto Afonso e Carlos Matos consultaram de certeza absoluta, tendo sido aquele Director do AHM.

(ii) No livro [Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África 1961-1974, 8 Vol - Mortos em Campanha Tomo II – Guiné Livro I, do Estado Maior do Exército, Comissão para o Estudo das Campanhas de África], na página 567, relativamente ao dia 21-12-1970, são referidos um soldado e o meu grande amigo Alferes Ambrósio que morreu em Lamel nesse dia (e a propósito do qual, eu disse de forma revoltada, para o meu Capitão, que nunca mais sairia para o mato).

Logo seria outra falha grave.

(iii) Acabo de falar com o nosso camarada e meu amigo Arquitecto Francisco Machado de Lima, ex-Alferes, que em Março passado [, 2008,] também me acompanhou na visita ao Sector de Farim e ao dele a Ingoré.

O Lima pertenceu à CCS do BCAV 2876 sediado, ao tempo em Ingoré, onde estava a CCAV 2540, a qual tinha destacado nessa altura um Pelotão no Sedengal e Antotinha, e, sobre o assunto ele disse-me ser essa história pura ficção.

(iv) Também me parece. Pois não constar da História da Unidade um facto desses????

Tens aqui uma resposta para o Matos Gomes (...)

Eu não tenho mail dele e não consta da vossa lista, caso contrário, também lhe enviava a resposta ao pedido

Recebe um abraço
Carlos Silva


5. Destas informações foi dado o devido conhecimento ao Cor Matos Gomes, que hoje mesmo nos enviou esta mensagem

Meu caro Carlos Vinhal e restantes companheiros:

Obrigado pela vossa disponibilidade e pronta resposta.

Eu sabia da força do blogue e das gentes que o habitam, mas nunca imaginei que fosse tanta. Só posso sentir-me feliz por saber e verificar que, passados tantos anos, se forjaram nos tempos difíceis amizades e cumplicidades tais que permitem desenvolver relações tão fortes e tão francas.

Só posso congratular-me por, em termos geracionais, pertencer a uma geração que soube ultrapassar as dificuldades com galhardia e coragem, que soube ser generosa, solidária e bem disposta.

Por fim, mas não no fim, gostaria de salientar a correcção e a educação (ou o que assim era designado) de todos os participantes neste fórum que, respeitando as divergências e as diferenças, sabem e querem manter o diálogo cortês e sereno. (Com o que se lê por aí não é pequena coisa sermos educados).

Quanto ao assunto sobre o qual pedi a vossa a ajuda fiquei esclarecido sobre a não existência do ataque ao Sedengal em Dezembro de 1970.

A obra terá, certamente, erros e falhas, mas não terá este.

Logo que eu e o Aniceto Afonso tenhamos conhecimento da data de apresentação da obra (são 15 volumes) terei o maior gosto em o comunicar a todos por este meio.

Recebam, meus caros amigos, a expressão da minha amizade e disponibilidade, além dos votos de continuação do êxito do blogue.

Do Carlos Matos Gomes

6. O nosso camarada José Martins não podia deixar de dar o seu contributo e escreveu hoje:

Bom dia Camaradas

Sobre o poste referido e correspondendo, com muito prazer, ao pedido do camarada e amigo Matos Gomes, procurei obter alguns dados e constatei o seguinte:

(i) Sedengal foi guarnecido por um Pelotão do Exército desde 28Jul63 até 30 de Agosto de 1974.

(ii) Na data indicada, 21 de Dezembro de 1970, era ocupada por uma força da CCAV 2540

(iii) Na data indicada não existe registo de mortos nesta Unidade nem, eventualmente, de milícias que pudessem estar em reforço daquele destacamento.

Por hoje é tudo e, se for o caso até amanhã.

Um abraço
José Martins
_________________

Nota de CV

Vd. poste de 30 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3251: Em Busca de ... (41): Notícia sobre o ataque a Sedengal, em 21/12/1970 (Cor Carlos Matos Gomes)

1 comentário:

Luís Graça disse...

Amigos e camaradas:

Encontrei ontem o Zé Martins na conferência do António Graça de Abreu,, no Museu-Biblioteca Reppública e Resistência, em Benfica...

Não érmaos muitos, mas estávamos em maiotia, a malta da nossa Tabanca Grande: além do António (que era o artista principal) e do Zé, o Fernando Franco, o Mário Fitas, o Humberto Reis, o Artur Conceição, o Alberto Branquinho... Cito de cor, não tenho aqui à mão a lista... Havia mais uns paisanos e antigos militares. O António Graça de Abreu trouxe o primo, marinheiro da Oiron (1966/68) que se fartou de levar porrada no Cacheu - Augusto Lenine, de seu nome... O António trouxe ainda um coronel - "o homem que melhor conhecia o Cantanhez, "libertado do PAIGC", em 1973, Nelson Almeida, se não me engano...

Tudo isto para dizer que o Zé Martins, que é uma companheiraço, já me mostrou mais ums dados novos sobre Sedengal e as unidades que por lá passaram... Fico/amos à espera... Bem como das fotos que ele tirou. No meio da sessão fiquei sem pilhas... Luís Graça

PS - Comentário enviado já no fim de semana onde, por um questão de princípio, não costumo "visitar" o blogue... O Carlos Vinhal está nas vindimas. Ficou de serviço o Virgínio Briote.