segunda-feira, 23 de junho de 2008

Guiné 63/74 - P2979: Exercício do meu direito à indignação (1): Simplesmente obnóxio, senhor anónimo (Vitor Junqueira)

1. Mensagem, com data do dia 20 do corrente, enviado pelo nosso camarada e amigo Vitor Junqueira, médico, organizador do nosso II Encontro Nacional, em 2007, residente em Pombal, ex-Alf Mil Inf, CCAÇ 2753 - Os Barões (Madina Fula, Bironque, Saliquinhedim/K3, Mansabá ,1970/72)

Caros amigos,

Luís Graça, Virgínio Briote e Carlos Vinhal.

Como poderão notar, esta é uma reacção a quente a um post que acabei de ler no nosso sítio. É um daqueles temas que me fazem arripiar os cabelos do espinhaço, sobretudo pela forma como é tratado. Não aceito lições de fedelhos emplumados, cuja educação parece ter ficado na barriga da mãezinha.

Cordiais saudações,

Vitor Junqueira

2. Comentário ao post de um tal “anónimo”
por Vitor Junqueira


Se a estultícia fosse música, certos indivíduos valeriam por uma orquestra inteira. Se o autor anónimo do dito post não fosse um (alto?) quadro, eu diria que possui um dom natural para a asneirada, palavra não aplicável uma vez que apresenta indícios de derivar de asno, sendo por isso equivalente a burrice, e por tabela poderia estar a ofender os jumentos, onagros, jericos e toda a restante família asinina. Se o dito cujo fosse um pouco menos ignaro e tivesse sido convenientemente alfabetizado, do que duvido, uma vez que o editor encima o chorrilho com a advertência “revisão e fixação de texto: vb”, saberia um pouco mais da história de Portugal e dos Descobrimentos do que aquilo que vem na cartilha que lhe enfiaram na cabeça.

Se fosse uma pessoa assisada e prudente, não emitiria juízo tão pesporrente como aquele em que, dirigindo-se a alguém que nem conhece, afirma: “a sua missão na Guiné, como militar …foi igualmente a de opressão e tentativa de submissão de um povo”. Se tivesse sido enviado para o “exterior” numa fase mais precoce da sua vida, teria tido oportunidade de conviver com pessoas educadas e saberia que classificar de “debate estéril” semelhante a “definição do sexo dos anjos” a troca de opinião entre terceiros, é no mínimo descortês e revelador de má-criação.

Se fosse tão intelectual como quer fazer crer ao citar um ícone das letras Argentinas, saberia que ao moldar a argila de que é feito o passado, o presente se metamorfoseia de oleiro e, ao mesmo tempo que dá forma ao barro de que são feitos os humanos, vai edificando o farol que lhes permitirá rumar ao futuro, em segurança. Ao contrário do que pensa, o passado não é menos importante do que o presente. Se fosse corajoso, identificava-se, assinando o que escreveu.

Agora que está no “exterior”, oxalá encontre no “interior” o respeito dos seus concidadãos para que possa apreciar plenamente a “pátria, a bandeira, o hino e a dignidade” que os nacionalistas guineenses, nossos respeitáveis adversários de ontem lhe legaram, à custa de muito sangue, suor e lágrimas. Porque como diz Platão: “Não há nada mais vergonhoso do que alguém ser honrado pela fama dos antepassados e não pelo merecimento próprio”.

Como nota final, não posso eximir-me ao dever de atribuir uma nota ao post: Obnóxio !

Com respeito e amizade,

Vitor Junqueira

4 comentários:

Anónimo disse...

“Ka bu raiba, so alfero !”

Fica-lhe,por razoes profissionais obvias !

Longe vai o tempo em que a canela, que nem “mantampa di tarafo” em dias de harmatao, se nos abanava, cedendo ao minimo berro de um patrao, administrador, cipaio ou alferes. Meus antepassados que o digam!

Sou doutra geracao. Nao tanto catraio emplumado como calcula. Mas jovem feito – que, como tantos outros da minha geracao, nao hesitou num passado nao muito distante em cruzar a linha da demarcacao entre a “Patria” e o “Invasor”,o celebre “Poilao de Bra”,para se alistar na rebeliao armada em defesa da nossa Guine Bissau, das tropas senegalesas e da Guine Conacri.

Como ve, o que Platao quica nao disse,e tao simples quanto isso “ a dignidade para alem de contagiante, nao se regateia!

E que culpa terei eu, te-lo herdado dos meus antepassados?

Portanto, “So Alfero”, que das palmeiras, jorre vinho de palma em abundancia, para que num ambiente de “ronco” desmedido, brindemos a longividade deste blogue,onde nos permitido divergir de opiniao, mas tal qual, um cordao umbelical, nos amarra a uma terra, onde parte de nos ficou!


Anonimo
Quadro Guineense no Exterior

Anónimo disse...

“Ka bu raiba, so alfero !”

Fica-lhe mal,por razoes profissionais obvias !

Longe vai o tempo em que a canela, que nem “mantampa di tarafo” em dias de harmatao, se nos abanava, cedendo ao minimo berro de um patrao, administrador, cipaio ou alferes. Meus antepassados que o digam!

Sou doutra geracao. Nao tanto catraio emplumado como calcula. Mas jovem feito – que, como tantos outros da minha geracao, nao hesitou num passado nao muito distante em cruzar a linha da demarcacao entre a “Patria” e o “Invasor”,o celebre “Poilao de Bra”,para se alistar na rebeliao armada em defesa da nossa Guine Bissau, das tropas senegalesas e da Guine Conacri.

Como ve, o que Platao quica nao sabe,e tao simples quanto isso “ a dignidade pra alem de contagiante, nao se regateia!

E que culpa terei eu, te-lo herdado dos meus antepassados?

Portanto, “So Alfero”, que das palmeiras, jorre vinho de palma em abundancia, para num ambiente de “ronco” desmedido, brindemos a longividade deste blogue,onde nos permitido divergir de opiniao, mas tal qual, um cordao umbelical, nos amarra a uma terra, onde parte de nos ficou!


Anonimo
Quadro Guineense no Exterior

Luís Graça disse...

Mensagem enviada pelo Vitor Junqueira, em 25 de Junho de 2008, e que faço questão de publicar:

Luís,

Agradeço a alta consideração, porventua imerecida, em que tens os meus "sentimentos" e dou-te razão.

No parágrafo que referes, o nosso visitante aparenta querer transmitir-nos um sopro de cordialidade, porque como diz e bem, estamos ligados à mesma terra por um cordão umbilical.

Como fomos capazes de transformar em amigos do peito os inimigos de ontem, também me parece que podemos atribuir a este guineense o estatuto de personna grata no nosso Blog, na condição de que o mesmo se identifique e que dê sete voltas à língua antes de teclar os seus posts.

De resto, talvez tudo não tenha passado de um excesso de linguagem, o que pode acontecer a qualquer um. Por mim, dou-lhe o benefício da dúvida e fico à espera que ele se apresente, trazendo até nós conversa de geito.
Um abraço do,
Vitor
vitor_junqueira@sapo.pt

Eu tenha escrito a seguinte mensagem ao Vitor:

Vitor:

Pela escrita (sem caracteres portugueses), é alguém que vive na diáspora (EUA, Canadá, França ?...). Não é ninguém da nossa Tabanca Grande, pelo menos conhecido [...].

Mas é alguém que nos lê atentamente todos os dias, e que comunga do espírito do blogue... Provavelmente papel, manjaco ou balanta (referência ao vinho de palma)... Pode se uma figura pública conhecida...

Toma nota do último parágrafo... Sei que te bates em duelo, com honra, coragem e galhardia. Mas esta causa (mesmo nobre) não merece esse risco... LG

Luís Graça disse...

omo purista da língua que é (e eu também) o Vitor mandou-me a seguinte mensagem:

Pois é ... a conversa deveria ter sido de jeito e afinal saíu uma calinada "geitosa", da qual peço desculpa.

VJ

Respondi-lhe no mesmo tom, bem humorado:

Meu caro Vitor: Dessas "calinadas" também eu dou, todos os dias, eu que me prezo de (ou pelo menos esforço-me por ) escrever bem...Dont' worry... É sempre um prazer (re)ver-te, mesmo à distância, mesmo através deste "suporte digital"... LG