domingo, 16 de março de 2008

Guiné 63/74 - P2652: Guineenses da diáspora (3): Nelson Herbert, o nosso correspondente nos EUA, e novo membro da Tabanca Grande (Virgínio Briote)

O Simpósio de Guiledje na Voz da América


Apresenta-se Nelson Herbert, jornalista-editor da Voz da América.

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Guiledje 35 anos depois

Por Nelson Herbert
16/03/2008


Voz da América ▪ Portuguese


Osvaldo Lopes da Silva, um antigo comandante de artilharia da guerrilha do PAIGC, na Guiné-Bissau aborda, 35 anos depois e em exclusivo à VOA, aspectos operacionais da pressão militar montada por aquela guerrilha independentista contra o destacamento militar de Guiledje, que culminaria, em 1973, no seu abandono pela então tropa portuguesa.

Osvaldo Lopes da silva - Download (Real) Osvaldo Lopes da silva - Ouvir (Real)


Na mensagem que nos enviou, Nelson Herbert diz:

São matérias produzidas e emitidas pelo serviço em Português da Voz da América, no âmbito da cobertura do recente Simpósio alusivo a Guiledje e que cedemos a essa vossa Tabanka Grande, da qual me sinto também parte, já que apesar da vivência de muitos anos nos Estados Unidos da América,  nasci nessa Terra a que todos nos sentimos profundamente ligados. E diria que Tabanka Grande (também), de que sou um frequentador assíduo.

Parabéns pela iniciativa. Saudações.

Nelson Herbert
Journalist-Editor
African-Division-VOA

Washington DC, USA

Ps: VOA emite a partir de Washington en 56 línguas distintas, incluindo o Português para a África, Brasil e Timor-Leste.


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Nasci em Bissau, a 16 de Setembro de 1962, (filho) de mãe guineense e pai cabo-verdiano.


Sou da mesma geração do historiador Leopoldo Amado, um amigo e colega de infância e das lides académicas em Bissau e universitárias em Portugal.

Vivi e cresci defronte à messe dos sargentos da Força Aérea em Bissau.
Cenário nos anos 70 de um atentado bombista (seria esse o termo nessa época) que acabou felizmente por não provocar vítimas, uma vez que o autocarro-alvo da Força Aérea que deveria levar os militares para a habitual sessão de cinema na Base Aérea de Bissalanca, contrariando o habitual, saiu minutos mais cedo.

Um ataque atribuído às células clandestinas do PAIGC em Bissau, que conhecia a rotina da concentração de oficiais e militares defronte do edifício da messe, para as habituais sessões de cinema na base em Bissalanca.

Estudei em Bissau, onde vivi toda a minha infância e adolescência. Licenciei-me em Comunicação Social, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com a defesa de uma monografia versando os mascarados rituais africanos, com incidência nos Kankurans (os mascarados da cerimónia da circuncisão masculina na Guiné e Casamance, uma abordagem semiótica).

Parti nos anos 90 para os Estados Unidos, para a frequência universitária, mestrado e especialização, país cuja nacionalidade acabei por adoptar há vários anos e onde desde então me radiquei.

Nelson Herbert num campo de minas, no Planalto Central de Angola.


Como editor e jornalista da VOA, cobri a guerra em Angola, país onde fui durante muitos anos o delegado da Voice of America para a região. Por coincidência a minha missão em Angola culminou com a morte de Jonas Savimbi em combate – facto curioso, a única fotografia que existe de um jornalista – estrangeiro – junto ao corpo daquele líder rebelde, publicado na altura pelos jornais portugueses e mundiais é precisamente uma em que apareço ao lado do corpo de Savimbi, no cenário dos combates que o vitimou.

Fui o enviado especial da VOA ao conflito civil na Guiné-Bissau em 1998/99 e na região senegalesa do Casamance.

(…) e diga-se, sou um apaixonado pelo capítulo da guerra colonial ou de libertação, capítulo esse a que me tenho debruçado como jornalista, com vários artigos e reportagens. Anos antes, a convite do Governo de Cabo Verde saído das primeiras eleições democráticas no arquipélago, assumi num período em que tive que fixar residência em Cabo Verde, a direcção geral da Televisão Nacional de Cabo Verde.

Cumprida essa etapa regressei aos Estados Unidos e desde então sou editor sénior da divisão para a África da Voz da América, Serviço em Português, com incidência para a África Ocidental, em particular para nossa Guiné.

Aqui em Washington já é um pouco mais da meia-noite, pelo que amanhã logo cedo, envio-lhe uma fotografia minha.

Mantenhas,
Nelson Herbert

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Nota de vb:

Obrigado pelas informações que nos tens enviado. Não nos conhecemos pessoalmente (quando de lá saí, tinhas pouco mais de 4 anos). Mas estamos ligados por um sentimento, que ainda que não se veja, tem o cheiro e as imagens de uma Terra que nunca vamos esquecer.

Caro Nelson, esta Tabanca para os Guineenses não tem portas. Passas doravante a fazer parte integrante do nosso blogue e da nossa tertúlia.


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