segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2583: Álbum das Glórias (41): As ostras das esplanadas de Bissau ... ou Quem não arrisca, não petisca ? (Albano Costa / Luís Graça)



Guiné-Bissau > Bissau > Novembro de 2000 > O Hugo Costa, filho do Albano Costa, deliciando-se com as ostras guineenses...

Fotos: © Hugo Costa / Albano Costa (2006). Direitos reservados


Guiné-Bissau > Bissau > 1996 > Rua onde ficava a célebre cervejaria Solmar, já evocada aqui no blogue pelo Hélder Sousa: "Após o jantar, uma voltinha para desmoer e reconhecer os vários locais de interesse, Solmar, Solar do 10, Ronda, o inevitável Café do Bento (5ª Rep.), a casa das ostras na rua paralela à marginal, o Pelicano" (HS) (1).

Foto: © Humberto Reis (2005). Direitos reservados.


Caro Luís Graça:

1. Mensagem do Albano Costa (Guifões, Matosinhos):

Estou a enviar estas duas fotos, para abrir o apetite das ostras, uma marca de Guiné do tempo colonial, e que ainda hoje é procurado pelos ex-combatentes, que regressam à Guiné, o que vai ser o teu caso.

Quando da minha passagem pela Guiné em Novembro de 2000, fomos comer ostras. O Hugo, admirado e torcendo um pouco o nariz com aquele pitéu, meio desconfiado como comprova uma das fotos, lá foi provando, gostou e foi mais um para as devorar.

Um abraço, Albano Costa


2. Comentário de L.G.:


Meu caro Albano:

Quem não comeu ostras em Bissau ? Ou os camarões tigres do Rio Geba ? Mesmo que não houvesse, naquele tempo, estações de depuração de marisco... Tal como não há hoje, segundo sei... Mas também não havia os graves problemas de saúde pública e de segurança alimentar que hoje apresenta uma cidade como Bissau, ou qualquer outra cidade de África, onde faltam os requisitos sanitários mínimos: por exemplo, tratamento da água de abastecimento público, saneamento básico, recolha do lixo, limpeza das ruas, higiene dos alimentos, etc.

Com muita pena minha, não vou provar as ostras de Bissau que faziam as delícias do pessoal da guerra do ar condicionado e dos desenfiados do Vietname, os que de vez em quando escapuliam-se, do mato, para Bissau.... Alimentos só cozinhados, e mesmo esses...

As mais elementares regras de saúde do viajante, em países como a Guiné-Bissau, mandam evitar, entre outras coisas, o consumo de alimentos crus ou mal cozidos... A regra de ouro, fora de casa e do nosso país - e isto é válido para a maior parte dos chamados paraísos tropicais que as agências de turismo nos impingem - é: Alimentos, se os não puderes cozinhar, ferver ou descascar, então esquece-os... E aqui é conveniente não arriscar, mesmo sabendo que Quem não arrisca, não petisca....

Vd. a brochura da UCS - Unidade de Cuidados de Saúde Integrados SA / Grupo TAP > Doenças Tropicais - Diarreia do Viajante.

De qualquer modo, fico muito sensibilizado pela teu gesto ternurento... A malta da minha geração aprendeu, de facto, a comer ostras nas esplanadas de Bissau... Nesse tempo, em Portugal, elas eram um luxo, sendo exportadas para Paris.... Les portugaises eram, então, muito apreciadas pelos franceses... Depois demos cabo dos nossos bancos de ostras com a poluição do Rio Tejo, com a poluição industrial e urbana...

Mas, em Bissau e no Vietname, naquele tempo em que eramos insconscientemente homens de múltiplos riscos e completamente apanhados do clima, quem é que ligava a uma diarreizinha ou a uma crise de paludismo ?

____________

Nota de L.G.:

(1) Vd. poste de 6 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2509: Estórias de Bissau (15): Na esplanada do Pelicano, a ouvir embrulhar lá longe (Hélder Sousa)

2 comentários:

Anónimo disse...

Alguém sabe como se faziam as ostras no Pelicano, na Guiné? O meu pai, que esteve na Guiné de 72 a 74 lembra-se particularmente desse petisco mas não sabe como o reproduzir.

Agradecia que se alguém soubesse o modo de preparação, me informe para o email joseporto@icloud.com

Desde já um muito obrigado.

Mario Tito disse...

Ola Carlos e amigos deste blogue.
Como deves ter notado, tenho estado ausente destes dialogos porque ainda estou no periodo de adaptacao, depois da chegada da minha bagagem, incluindo 2 carros.Por acaso, ja fui ao Porto (Parafita) 2 vezes. Voltarei la novamente quando tiver que assinar uns documentos e gostaria de tee dar um abraco.

Ao mesmo tempo, tenho 2keuros para ajudar a organizer um encontro de ex-combatentes da Guine (e familas se quiserem) na minha aldeia, onde encontrei uma quantidade deles que, antes, durante e depois da minha comissao de service, passaram pela Guine. Tenho intencao de convidar o Embaixador da Guine em Lisboa.Espaco e musica ja existe. Sera uma questao de coordenacao. Agradeco considerares esta ideia e divulgares entre todos.

Quanto ao Livro Bissaulandia nao existe. Existe, isso sim "Bissaulonia". O ponto da situacao, e uma pesquisa a fazer na torre do Tombo, referente ao celebre Momo Ture, meu braco direito no Pelicano.

E, por falar em Pelicano, veem ao "baile" as ostras que la se comiam. Obviameente, deduzo que o amigo-camarada que faz a pergunta, se refere a "ostras recheadas" que periodicamente ou quase todos os dias serviamos. SE forem estas, pois a coisa e bastantee simples porque, na culinaria, quanto mais se mistura menos efeito tem.

"Aquilo" passava por se aproveitar o paio da vespera, a misturar num refogado bem apaladado a base de ceboa, alho, louro tomate e ervas aromaticas, para que o pao nao fique muitto "espapassado. Depois, antes de serem servidas, iam ao forno a gratinar, depois de serem "polvirizadas, com uma mistura de pao-ralado e queijo seco ralado. Quando saiam do forno, polvirizavam-se com um "spray" de limao e picante (pouco) para o limao realcao o sabor.

SE "as ostras a que o amigo se refere, forem das outras (assadas ou cozidas) so as assadas e que levavam um toque extra, com pitada de sal e azeite por cima, quando comecavam a abrir ainda no forno, para que o azeite se misturasse com a gua natural das mesmas ostras.

Finalmente, desejando-se a ti e a todos uma boa passage de ano. SE algum dos amigos quiser passer por aqui entretanto, sera bem vindo. Tenho ca uns tintinhos para compartilhar.

ABRACO A TODOS.