quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Guiné 63/74 - P2296: Notas de leitura (2): Pami Na Dondo, a Guerrilheira, de Mário Vicente (José Martins)

José Martins
ex-Fur Mil Trms
CCAÇ 5
Canjadude
1968/70

1. Não, não é engano. Estamos publicar este trabalho hoje, com alguma vergonha, mas cientes que o nosso camarigo José Martins nos desculpa este atraso que não é fruto de esquecimento ou desconsideração. As justificações agora não interessam.

A propósito do Livro Pami Na Dondo, a Guerrilheira, do nosso camarada Mário Fitas (1), o José Martins fez mais um dos seus trabalhos de pesquisa e elaborou uma lista de Unidades que estiveram em Cufar ou na sua Zona de Acção (ZA).

Assim, iremos publicar futuramente este extenso trabalho, em duas ou três partes, para não se tornar maçador a quem lê, mas que pode ser útil a quem gosta de guardar estes bocados de História. (CV)



Capa e contracapa do livro Pami Na Dondo A Guerrilheira


Dedicatória do autor MÁRIO VICENTE Fitas Ralhete, camarada que muito estimamos ter entre nós.



2. Passemos à mensagem do José Martins, de 10 de Julho de 2007

Caros Camaradas:

Como tinha prometido ao Mário Fitas, na altura em que troquei com ele algumas impressões sobre o livro, aqui vai o meu humilde comentário, ao qual acrescentei as Unidades e os homens que andaram por aquelas paragens.

Para o Virginio Briote, aquele abraço de parabéns, melhor, de parabéns estamos nós pelo cargo que agora ocupa no blogue. É uma mais valia ... sem direito a tributação em impostos.

Um abraço para todos

José Martins

PAMI NA DONDO – A GUERRILHEIRA,

É um livro da autoria do nosso camarada de armas e amigo Mário Vicente [Fitas Ralheta] apoiado, e há que louvar, pela Junta de Freguesia do Estoril, recordando-nos alguns dos muitos episódios vividos pelos militares que, sempre inconformados, partiram para a guerra em África.

Este romance, misto de ficção e realidade, que me parece muito mais realidade que ficção, coloca-nos como que perante um tríptico.

Um tríptico, porque no seu conjunto existem três partes, que em vez de serem distintas, se cruzam entre si, apresentando-nos a realidade do que se viveu antes e durante as campanhas da Guiné.

Pela voz do Alferes Palmeiro, durante aquelas longas conversas que se faziam, após o jantar, nas longas e intermináveis noites em que o silêncio envolvente convida à reflexão, é traçada em linhas gerais a evolução daquela terra formada por várias etnias, costumes e culturas, constituindo o quadro principal, isto é, um mosaico sobre o qual começa e acaba tudo aquilo que àquela terra se refere.

Numa das abas temos os gentios ou indígenas, como nos ensinaram na escola, que vão aceitando a presença dos Ramos (comerciantes) ou dos Francelino (missionários católicos) ou dos Lassas (soldados de Cufar), mas que não deixam de pensar em “Pátria Nossa”, como o Pan Na Ufna, que transmite à filha - Pami Na Dono - essa ideia que, um e outro, acabam por transformá-la na sua própria vivência, dedicando a sua vida a essa mesma causa.

No terceiro painel temos as nossas tropas. Mas a grande novidade, neste romance, é que os factos, que a nós se referem, são transportados para a tela pelos olhos olhos da guerrilheira, entretanto feita prisioneira.

Pami é feita prisioneira pelas nossas tropas, num golpe de mão sobre a base situada entre a bolanha de Cobumba e o rio Cumbijã. É ela que, observando tudo o que se passa à sua volta, identificando a forma de ser e de estar daqueles homens, que transporta para a tela a expressão do que foi a Companhia de Caçadores 763 e, por semelhança, todas aquelas que estiveram não só em Cufar (que se situa sensivelmente nas coordenadas 15º 07” Oeste e 14º 18” Norte), mas em todos os teatros de operações.

Fechemos as abas do tríptico sobre a tela principal!

Ficamos com a história da terra e dos homens que nela combateram, cada um lutando por aquele ideal que julgava ser o melhor!

Ficamos com o pensamento naquela terra que odiámos e que, após longos anos de separação, amamos sem limites.

José Martins
Odivelas, 5 de Julho de 2007
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Notas dos editores:

(1) Mário Fitas foi Fur Mil Op Esp, da CCAÇ 763 (Cufar 1965/66); é autor dos dois romances sobre a guerra da Guiné

Vd. posts de:

12 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2043: Bibliografia de uma guerra (22): Putos, Gandulos e Guerra, de Mário Vicente, aliás Mário Fitas (CCAÇ 763, Cufar)

5 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1926: Bibliografia de uma guerra (21): Pami Na Dondo ajuda-nos à reconciliação com a guerrilha (Virgínio Briote / Carlos Vinhal)

2 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1911: Bibliografia de uma guerra (19): Pami Na Dondo, guerrilheira do PAIGC, o último livro de Mário Vicente (A. Marques Lopes)

27 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1893: Notícias de Cadique (Mário Fitas, CCAÇ 763, Cufar, 1965/66)

26 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1884: Tabanca Grande (16): Mário Fitas, ex-Fur Mil da CCAÇ 763 (Cufar, 1965/66)

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