quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Guiné 63/74 - P2268: A falsificação da história da CCAV 1484 (Nhacra e Catió, 1965/67)(Benito Neves)

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Guiné > Região de Tombali > Catió > Álbum fotográfico de Vitor Condeço (ex-Furriel Mil, CCS do BART 1913, Catió 1967/69) > Catió, Quartel > 1968> Foto 2-A > Identificação dos edifícios do quartel, existentes e em serviço em Janeiro de 1968:


1 - Porta de Armas
2 - Parada
3 - Edifício do Comando
4 - Camarata de Oficiais
5 - Antiga messe de Sargentos
6 - Camarata de Sargentos
7 - Camarata de Sargentos
8 - Nova messe e bar de Oficiais
9 - Parque Daimler
10 - Caserna nº 3
11 - Caserna nº 2
12 - Balneários
13 - Prisão
14 - Geradores
15 - Caserna nº 1
16 - Refeitório
17 - Padaria
18 - Quartos
19 - Quartos do 7,5
20 - Antiga messe de Oficiais
21 - Posto de socorros e enfermaria
22 - Zona Obuses 8.8cm [e depois 14 cm]
23 - Zona Morteiros 10,7cm e 81
24 – Paiol Velho


Foto e legenda: © Vítor Condeço (2007). Direitos reservados.


1. Mensagem do Benito Neves, membro da nossa Tabanca Grande, bancário, reformado, residente em Abrantes, ex-Fur Mil da CCAV 1484 (Nhacra e Catió, 1965/67) (*):


Assunto - Crónica de um Palmeirim de Catió, de Joaquim Luís Mendes Gomes

Caro Luís, os meus cumprimentos extensivos a toda a equipa de colaboradores.

Em 8 de Janeiro p. p., foi publicada no blogue o post P1411, uma crónica do Joaquim Luís Mendes Gomes, onde ele descrevia a cidade de Catió de uma forma ímpar (**).

Está lá tudo... e de que maneira!!!

Já dele tenho a necessária autorização para utilizar o referido texto num trabalho que estou a elaborar e que não é mais que o reescrever a história da CCAV 1484 que, em Catió, rendeu a CCAÇ 728 há 40 anos.

A CCAV 1484 esteve em intervenção no sector de Catió de Junho de 1966 a finais de Julho de 1967.

Por bem ou por mal, como sabia escrever à máquina e trabalhar com um duplicador de tinta, fui encarregado pelo comandante da Companhia, Cap Pessoa de Amorim, de escrever a história da Companhia. Fiz rascunhos (que ainda guardo) que foram analisados, alterados, cortados e recortados e acrescentados pelo comandante até que finalmente saiu a que foi chamada de versão oficial. E tão oficial foi que nela consta que, "aos domingos, as viaturas da Unidade saíam do aquartelamento e passavam pelas tabancas para recolher os jovens que vinham a Catió participar na missa dominical e participar nas actividades da Mocidade Portuguesa."

Isto não corresponde minimamente à verdade e, portanto, entendo que a verdade deve ser reposta.

Da história oficial não foram tiradas mais do que umas 10 cópias, no máximo, distribuídas pelos alferes (4), pelo capitão (1), pelo Batalhão a que estávamos adidos (1), pelo Sector (1) e julgo que foi enviada uma cópia para o CTIG. Obviamente que tirei uma cópia para mim.

Ao fim de 39 anos (em 2006) conseguiu-se fazer um primeiro encontro dos militares da Companhia e, no ano em curso, foi feito um segundo encontro, mas ainda não conseguimos todos os contactos dos elementos da Companhia.

É meu entender que todos os militares que ajudaram a fazer a história da Unidade deverão possuir um exemplar. E como tenho as datas de aniversários de quase todos, é meu propósito, nesses dias, ofertar a cada um essa "prenda" de aniversário.

Não tenho qualquer propósito comercial.

Assim, uma vez que o texto do Joaquim Mendes Gomes foi publicado no blogue, venho pedir a necessária autorização para o poder utilizar, fazendo, na sua transcrição, como é natural, referência quer ao autor, quer ao blogue que o publicou.

E prometo que logo que o trabalho esteja pronto, vo-lo farei chegar. Será um modesto contributo de quem se atascou e bebeu água nas bolanhas do Tombali.

Desde já grato, envio um abraço e felicitações pelo trabalho que vós tendes disponibilizado a quantos passaram por aquela Guiné inesquecível.

Benito Neves
Ex-furriel mil CCAV 1484
1965/67

2. Comentário do L.G.:

Benito: A quem, como tu, bebeu a água do Tombali, nunca se poderia negar a satisfação dum pedido como teu... O Joaquim já o deu OK, nós também... O teu pedido é uma ordem... Venha de lá esse trabalho, com a honestidade intelectual e a autoridade moral que a gente te reconhece.

A verdade dos factos, acima de tudo: somos absolutamente contra a falsificação da histórica, mesmo que isso muito nos doa... Nenhum povo, nenhuma sociedade, nenhum grupo, nenhum indivíduo pode viver sob uma ficção construída na base da mentira... Sem o querer desculpar, direi que o teu capitão não fez mais do que tentar dourar a pílula!... Eu também fiz a história da minha unidade: face ao resultado final, o meu capitão ficou atrapalhado, porque eu usara informação classificada e os testemunhos dos operacionais, incluindo eu próprio...

No final, fiz como tu: distribuí, à revelia dele, cópias tiradas a stencil do documento que eu acabara de elaborar, sem qualquer censura, e distribuí a todos os milicianos... Esse é, de resto, um dos sinais premonitórios da crise das sociedades, dos regimes, das instituições: quando os seus dirigentes, a sua elite, não consegue mais enfrentar a realidade... Todos mentíamos na Guiné: o soldado aldrabava o cabo, o cabo aldabrava o furriel, este aldrabava o alferes, que por sua vez aldrabava o capitão, e por aí acima,até ao general...

No meu tempo, o Spínola tinha por hábito aparecer, sem se fazer anunciar, em muitos quartéis e destacamentos... Essa era, de resto, uma das razões por que os soldados o admiravam... O Spínola sabia que a hierarquia militar era, com honrosas excepções, uma cadeia de mentiras e de figuras de opereta...

Um Alfa Bravo dos três editores, Luís, Vinhal e Briote.

____________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 18 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1673: O blogue do nosso contentamento (Benito Neves, CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67)


(2) Vd. post de 8 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1411: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (6): Por fim, o capitão...definitivo

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